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Fuvest 2022 - 1ª fase


Questão 81 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Guerra de Canudos

Antônio Vicente Mendes Maciel, Conselheiro de alcunha, (...) era cearense e nasceu (...) a 13 de março de 1830. (...) Aprendeu a ler, escrever e contar. (...) Andou estudando latim, enxertando frases da língua de Horácio nos seus longos "conselhos", geralmente baseados na Bíblia sagrada, que conhecia razoavelmente. (...) Era apenas um peregrino, acompanhado de numeroso séquito; pequenos agricultores, negros 13 de Maio, caboclos de aldeamentos, gente sem recursos, doentes. (...) Em 1893 (...) Antônio Vicente se estabeleceu em Canudos (...). Rebatizou a localidade, dando-lhe o nome de Belo Monte. Criou um clima de tranquilidade local. Respeitavam-no. Seu monarquismo era utopia. De vários pontos do sertão apareciam os conselheiristas (...). Caminhavam para lá movidos pela fé. Queriam morar ali, sem pensar em conquistar novas terras. Nem restaurar a monarquia. Cá de fora, não entenderam assim. Interesses políticos e patrimoniais deram novos rumos e destino sangrento ao sertão do Conselheiro. (...)

José Calazans. “O Bom Jesus do sertão”. Caderno Mais, Folha de S. Paulo. São Paulo, 21/09/1997.

O texto sugere que Antonio Conselheiro



a)

representou a luta da Igreja Católica contra o regime republicano recém-instaurado no Brasil.

b)

fez uso da sua educação formal para colocar em xeque os dogmas do catolicismo no Brasil.

c)

defendeu a restauração da Monarquia por identificar-se com os interesses políticos e patrimoniais das elites locais.

d)

atraiu pessoas pobres do sertão nordestino com mensagens de fé e de acolhimento na comunidade.

e)

liderou uma insurreição contra as estruturas sociais e políticas implementadas pela República.

Resolução

Antônio Conselheiro nasceu por volta de 1830 e teve uma educação fortemente religiosa, embora não tenha seguido a carreira religiosa. Por volta de 1871, dirigiu-se ao sertão nordestino, onde tornou-se um pregador místico, auxiliando populações miseráveis e seguidores, que passaram a acompanhá-lo em suas andanças. Por volta de 1893, Antônio Conselheiro e seus numerosos discípulos fixaram-se na fazenda Canudos, às margens do rio Vaza-barris, no interior da Bahia. O arraial de Canudos organizou-se de forma comunitária, onde os habitantes trabalhavam coletivamente para sua sobrevivência, chegando a contar com uma população de 25 mil pessoas. Canudos foi uma comunidade autônoma, com suas próprias regras de sobrevivência, não se submetendo aos poderosos coronéis, aos governos estadual e federal e nem à Igreja. 

a) Incorreta. O texto enfatiza que Conselheiro era "apenas um peregrino acompanhado de um numeroso séquito", ou seja, não possuía um vínculo formal com a Igreja Católica e não expressava uma luta desta enquanto instituição. Pelo contrário, Conselheiro incomodava as autoridades eclesiásticas, para as quais a pregação era uma atribuição exclusiva do vigário. 

b) Incorreta. O texto afirma que Antônio Conselheiro fornecia seus "conselhos" tendo como base a Bíblia sagrada, ou seja, sua pregação não visava colocar em xeque os dogmas do catolicismo no Brasil e tampouco ele utilizou sua educação formal para isso. No entanto, vale destacar que suas pregações incomodavam a Igreja Católica, conforme exposto na alternativa A.

c) Incorreta. Conselheiro não se identificava com os interesses políticos e patrimoniais das elites locais. Pelo contrário, o estabelecimento de Canudos passou a representar uma ameaça significativa à ordem republicana recém-estabelecida e à própria organização econômica do sertão nordestino. A autonomia da comunidade desagradava às autoridades e a grande força de atração que o arraial exercia entre os camponeses passou a causar dificuldade para obtenção de mão-de-obra nas fazendas da região. 

d) Correta. Antônio Conselheiro pregava, dava conselhos, sendo para alguns um enviado de Deus e milagreiro. Em seu arraial foram construídos cemitérios, tanques d'água e casas para os camponeses. Assim, podemos afirmar que tanto o acolhimento da comunidade quanto suas mensagens de fé foram responsáveis pela atração de diversas pessoas, que buscavam se estabelecer e morar ali, sem pensar em conquistar novas terras.

e) Incorreta. Embora Conselheiro tenha estabelecido uma comunidade que passou a ser considerada uma ameaça, não podemos afirmar que Canudos era uma insurreição contra as estruturas sociais e políticas implementadas pela República. O texto afirma que os conselheirista caminhavam para lá "movidos pela fé" e que não pretendiam "restaurar a monarquia". 

Questão 82 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Economia colonial

Se vamos à essência da nossa formação, veremos que na realidade nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde ouro e diamantes; depois, algodão, e em seguida café, para o comércio europeu.

Caio Prado Jr. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p. 29.

Sobre o sentido da colonização do Brasil, é correto afirmar:



a)

Permitiu o desenvolvimento de um extenso parque industrial.

b)

Caracterizou-se pela forte presença da mão de obra assalariada.

c)

Esteve voltado, principalmente, para o mercado externo.

d)

Baseou-se na produção de manufaturas têxteis ou alimentares.

e)

Garantiu a expansão da pequena propriedade agrícola.

Resolução

a) Incorreta. Durante o período colonial, não ocorreu o desenvolvimento de atividades industriais. A economia colonial caracterizou-se pela predominância das atividades agrícolas, com destaque para a monocultura açucareira voltada para a exportação.

b) Incorreta. A base da economia colonial foi a escravidão africana, sendo o trabalho assalariado minoritário nessa sociedade. 

c) Correta.  “Todo povo tem na sua evolução, vista à distância, um certo ‘sentido’". Essa frase de Caio Prado Júnior inicia sua obra Formação do Brasil Contemporâneo, na qual o autor busca compreender o sentido da formação brasileira. O conceito de "sentido da colonização" busca compreender a finalidade (motivação) da manutenção do sistema colonial por Portugal, e, segundo a análise do autor, a sustenção de tal sistema visava exclusivamente complementar a economia da metrópole.  A relação entre colônia e metrópole tinha com um de seus eixos centrais a ideia de pacto colonial (ou exclusivo comercial), ou seja, a colônia só podia realizar comércio exclusivamente com sua metrópole. Assim, para Caio Prado, o "sentido" da formação brasileira esteve vinculado de forma indissociável à nação portuguesa, vulnerável portanto a seus avanços e retrocessos. Desse modo, as relações econômicas de produção resultantes desse "sentido" basearam-se na predominância das grandes propriedades monocultoras e escravistas, voltadas para o mercado externo (abastecimento de Portugal). Assim, tudo que não fosse voltado para fora, ou seja, que não se inserisse nesse "sentido" original teria, segundo o autor, um caráter secundário.  No entanto, vale destacar que a historiografia mais recente problematiza esse conceito, pois considera que foram desenvolvidas diversas atividades na colônia que estavam vinculadas a uma lógica interna própria, aspecto não contemplado de forma adequada pelo conceito.  

d) Incorreta. Não é correto afirmar que a produção de manufaturas têxteis ou alimentares foi a base da economia colonial. A produção manufatureira no Brasil colônia passou pelos seguintes períodos: durante o período pombalino (1750-1777), foi incentivada, embora não proeminente; tal atividade foi proibida pelo Alvará de 1785 na política conhecida como "A viradeira", de D. Maria I; por fim, em 1808, com a vinda de D. João VI, tal alvará foi suspenso. No entanto, em nenhum desses períodos, essa foi uma atividade de grande destaque, pois, mesmo posteriormente à suspensão do Alvará que proibia esse tipo de atividades, a produção manufatureira no Brasil não apresentou um crescimento significativo, devido principalmente à tributação favorável à importação de produtos britânicos, que dificultava e desestimulava a concorrência nacional. 

e) Incorreta. O Brasil colonial teve como característica central a presença de latifúndios monocultores, sendo que as pequenas propriedades existiram, mas não foram predominantes. 

Questão 83 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Revolta dos malês

A revolta dos Malês, ocorrida em Salvador em 1835,



a)

foi uma revolta organizada por escravizados e libertos, contra a escravidão e a imposição da religião católica.

b)

expressava as aspirações de liberdade dos escravos urbanos impedidos de comprar as suas cartas de alforria.

c)

externava a indignação da população urbana branca com as práticas da violência e dos castigos públicos.

d)

reivindicava mais autonomia para as províncias, contrapondo-se à política centralizadora empregada pelos gestores imperiais.

e)

fracassou em decorrência das dificuldades encontradas na arregimentação de escravos dos engenhos do Recôncavo.

Resolução

a) Correta. A Revolta dos Malês (1835) foi um movimento ocorrido durante o Período Regencial (1831-1840) no Brasil. Em meados do século XIX, Salvador era uma cidade onde mais da metade da população era de negros, mulatos e ex-escravos, que tinham vindo de diversos locais da África e possuíam diferentes culturas. Os muçulmanos, na língua iorubá, eram conhecidos como imalês e, devido ao aportuguesamento, passaram a ser conhecidos como malês. Muitos desses escravos conheciam a escrita e sabiam ler. Esses escravos, seguidores da religião islâmica, sentiam-se fortemente reprimidos em suas manifestações religiosas, devido a episódios como a destruição de uma mesquita e a interrupção de uma festa islâmica. Diante desse contexto, em 1835, em Salvador, um grupo de mais de 600 negros, liderados por Manuel Calafate, conspiravam para soltar companheiros presos, matar brancos e pôr fim à escravidão africana. A revolta foi planejada com antecedência e descrita em árabe, estando marcada para a data de 25 de janeiro de 1835. No entanto, os negros foram delatados antes e severamente reprimidos pela Guarda Nacional, sendo que cerca de 200 sobreviventes foram presos e condenados a penas que variavam de açoitamento à morte, enquanto outros 400 foram deportados para a África. 

b) Incorreta. A Revolta dos Malês não possuía relação com impedimento de compra de cartas de alforria. 

c) Incorreta. A Revolta dos Malês foi uma revolta escrava, ou seja, não expressava indignação da população branca, mas sim da população negra. 

d) Incorreta. As motivações da Revolta dos Malês eram religiosas e anti-escravistas, não tendo esse movimento qualquer relação com a questão política da autonomia provincial. 

e) Incorreta. A Revolta dos Malês não teve dificuldade em arregimentar escravos dos engenhos do Recôncavo baiano, pelo contrário, tinha uma significatia adesão desses. O principal problema enfrentado pelos revoltosos foi o fato de o movimento ter sido denunciado, de modo que as forças policiais, pouco tempo depois da realização da denúncia, encontraram e invadiram a casa onde os participantes conspiravam . 

Questão 84 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Guerra do Peloponeso

A respeito da Guerra do Peloponeso no séc. V a.C., é correto afirmar:



a)

O conflito resultou das disputas comerciais e militares entre a Liga de Delos, liderada pela cidade-estado de Atenas, e os interesses assírios.

b)

A guerra afetou a autonomia política e administrativa das cidades-estados, dando lugar à organização imperial.

c)

A hegemonia ateniense foi dissolvida com o triunfo da Liga do Peloponeso e as colônias na Ásia Menor foram devolvidas aos persas.

d)

A guerra marcou a decadência do militarismo espartano frente aos exércitos atenienses, que defendiam a democracia.

e)

O desabastecimento de escravos e a desorganização da produção agrícola contribuíram para a perda da hegemonia grega no Mediterrâneo.

Resolução

Durante o século V a.C, Atenas vivenciou seu auge cultural e político, tendo uma supremacia incontestável, com uma política externa expansionista e forte interferência nas outras cidades. A consolidação de sua força ocorreu nas Guerras Médicas (500-479 a.C) contra os persas, conflito motivado pelo avanço expansionista dos dois povos. Temendo uma nova ameaça persa, as cidades gregas formaram a Confederação de Delos, grupo liderado por Atenas que reunia tributos pagos pelas outras cidades e armazenados na ilha de Delos. Com a vitória definitiva contra os persas, muitos participantes da Confederação desejavam se desligar dela, já que não havia mais motivos para sua existência. O dinheiro da Liga de Delos, originalmente guardado para combater a possível ameaça persa, passou a ser utilizado por Atenas em sua fortificação e em diversas melhorias, tornando assim iminente o conflito com Esparta. Assim, em 431 a.C, eclodiu o conflito que só terminou em 404 a.C, conhecido como Guerra do Peloponeso. Tal conflito opôs a Confederação de Delos, liderada por Atenas, à recém formada Liga do Peloponeso, liderada por Esparta e com apoio de Corinto, disputando a hegemonia do mundo grego. Esparta, contando com o apoio do rei da Pérsia, derrotou Atenas no mar e por terra, impondo-lhe a rendição. Assim, iniciou-se o período de hegemonia espartana, que exigiu a derrubada das muralhas que protegiam a cidade de Atenas e dissolveu a Liga de Delos. A partir de então, os conflitos entre as cidades gregas pela hegemonia sucederam-se, aumentando a vulnerabilidade do mundo grego e facilitando a ação de conquista por Filipe II da Macedônia. 

a) Incorreta. A Guerra do Peloponeso foi um conflito que opôs as próprias cidades gregas, não apresentando qualquer relação com os assírios. 

b) Incorreta. A Guerra causou grandes impactos nas cidades gregas, no entanto, não alterou sua forma característica de organização política, marcada pela autonomia. Os gregos nunca chegaram a constituir uma organização imperial, sempre conservaram a independência típica da organização em cidades-estado. 

c) Correta. A Guerra do Peloponeso marca justamente o fim do período de hegemonia ateniense, iniciado no século V a.C, conhecido com "século de ouro" devido à prosperidade da cidade de Atenas nessa época. A derrota ateniense na Guerra do Peloponeso impactou também suas conquistas nas Guerras Médicas, de modo que algumas colônias na Ásia Menor foram devolvidas aos persas mediante troca por ouro. 

d) Incorreta. A Guerra marcou a vitória da Liga do Peloponeso e o início de um breve período de hegemonia espartana. 

e) Incorreta. A Guerra do Peloponeso não teve impacto especificamente no abastecimento de escravos e tampouco na desorganização agrícola. O que causou o enfraquecimento da hegemonia grega foram os conflitos internos que aumentaram a vulnerabiliade e a suscetibilidade às invasões estrangeiras. 

Questão 85 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Renascimento cultural

Leonardo da Vinci: Leben und Werk. Stuttgart, Zürich: Belser Verlag, 1989, p. 171.

O “Homem Vitruviano” foi desenhado por Leonardo da Vinci (1452-1519) com base em um tratado sobre Arquitetura escrito e ilustrado por Marcus Vitruvius no século I a.C., na Roma Antiga. A obra ganhou versões impressas e traduções nos séculos XV e XVI. O desenho de Da Vinci expressa propostas do movimento Renascentista ao 



a)

buscar perpetuar obras da Antiguidade Clássica por meio da cópia e da salvaguarda.

b)

censurar os estudos da anatomia humana herdados da Antiguidade Clássica.

c)

retomar a percepção da simetria e das proporções humanas como ideal do Belo.

d)

apoiar-se no legado da Antiguidade greco-romana para reafirmar o teocentrismo.

e)

separar a arte do pensamento humanista e do conhecimento matemático.

Resolução

a) Incorreta. O desenho de Da Vinci não propõe a "cópia e a salvaguarda" de obras da Antiguidade em si, mas sim ressaltar a perfeição da simetria e das proporções do corpo humano.

b) Incorreta. As obras renascentistas são resultado de amplos estudos sobre a anatomia humana, sendo inválido sugerir que a obra de Da Vinci "censurava os estudos" no referido campo. Para além dos avanços médicos e científicos, a investigação anatômica propiciou aos artistas do Renascimento o aprimoramento da técnica de reprodução do corpo humano nos desenhos, pinturas e esculturas da época.

c) Correta. Conforme o enunciado apresenta, "O Homem Vitruviano" é um desenho de Leonardo da Vinci feito após a leitura das obras do arquiteto romano Vitrúvio. O sentido principal da obra é apresentar a excelência da proporção do corpo humano na visão de Da Vinci, situando-o dentro de duas formas geométricas perfeitas: um círculo e um quadrado. A reflexão sobre a relação entre o corpo humano e as figuras geométricas fora feita pelo próprio Vitrúvio, embora Da Vinci tenha alterado detalhes sobre a proporção a partir de estudos anatômicos feitos pelo próprio artista em Milão, imprimindo assim o próprio referencial de Belo na obra.

d) Incorreta. É correto afirmar que o desenho de Da Vinci expressa propostas do movimento renascentista no que se refere à retomada do legado da Antiguidade greco-romana, sendo esse uma das principais características desse movimento. No entanto, a alternativa está incorreta pois o Renascimento foi antropocêntrico, ou seja, a concepção do "homem como centro", glorificando seus feitos e sua capacidade inventiva. O teocentrismo, doutrina que considera Deus o centro do Universo, foi predominante durante a Idade Média (século V-XV), época a qual os renascentistas buscavam se contrapor.

e) Incorreta. No contexto do Renascimento Cultural, novas interpretações feitas por estudiosos conhecidos como humanistas colocaram em circulação novas ideias. Esses estudioso tinham como proposta o retorno aos textos clássicos, para supostamnte restituir sua "pureza original", além de estudarem línguas, instituições políticas e saberes científicos dos homens do passado. Esse espírito investigativo, proposto pelos humanistas, fez surgir importantes expressões não só na filosofia mas em várias áreas do conhecimento, incluindo a arquitetura e a matemática. Assim, a alternativa está incorreta pois o Renascimento foi um movimento de renovação em diversas áreas do conhecimento, e não na separação e fragmentação das áreas.

Questão 86 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Roma Ditadura Militar Nazismo

A noção de ditadura variou ao longo da História e dependeu das características políticas de cada sociedade. A esse respeito, assinale a alternativa correta:



a)

Na Roma Antiga, durante o período republicano, a ditadura era uma magistratura de caráter extraordinário, delimitada legalmente e estabelecida por um período determinado, com uma finalidade definida.

b)

Com o golpe do 18 Brumário (1799), instaurou-se uma ditadura parlamentar na França, sob o comando de Napoleão Bonaparte, cujo objetivo fundamental era reescrever a Constituição francesa.

c)

A ditadura militar brasileira, estabelecida em 1964, teve como característica o poder exclusivo das Forças Armadas e o fechamento das instâncias parlamentares durante toda a sua vigência.

d)

O conceito da ditadura do proletariado foi elaborado por Karl Marx, defendido por anarquistas e comunistas, e previa a instauração permanente de um regime autoritário, como o da antiga União Soviética.

e)

A ditadura nazista caracterizava-se por um complexo arranjo institucional baseado na articulação política entre o Poder Executivo, as Forças Armadas, o Parlamento alemão e os poderes legislativos municipais.

Resolução

a) Correta. Embora aplicada em momentos históricos diferntes, o termo "ditadura" abrange experiências políticas bastante singulares e diferentes entre si. No caso da Roma Antiga, as ditaduras (dictadura, em latim) representavam magistraturas extraordinárias convocadas para atuar em períodos de emergência, como rebeliões ou crises econômicas, e que tinham um prazo definido para sua duração. O ditador tinha poderes extraordinários e excepcionais, "ditando" regras com valor de lei no mundo romano. Sua escolha ocorria a partir da indicação dos cônsules em consonância com o Senado, e seus objetivos de governo eram estabelecidos e delimitados previamente. Um exemplo de ditador romano foi Sila, eleito em 82 a.C., durante o agravamento da chamada crise da República Romana.

b) Incorreta. O golpe do 18 de Brumário (1799) não tinha como fundamental objetivo a reescrita da Constituição francesa, mas sim a estabilização política e social do país. O episódio ocorreu com apoio da burguesia e dos girodinos, preocupados com forte tensão existente na França durante o governo do Diretório. Na época, devido sua elevada popularidade, Napoleão era visto como o personagem ideal para pacificar o país e restaurar a ordem política local, tomando o poder no chamado "18 de Brumário" e inaugurando o período do consulado.

c) Incorreta. As instâncias parlamentares não foram fechadas durante o todo o período da Ditadura Militar. Com a edição do AI-5 em 1968, o fechamento e a suspensão do congresso passou a ser uma das competências do Presidente da República, situação que ocorrera logo após a publicação oficial do mencionado Ato Institucional, por exemplo. Neste caso, o Congresso permaneceu fechado até outubro de 1969 - totalizando cerca dez meses de trabalhos suspensos. Ademais, embora concentrassem o poder institucional, é questionável afirmar que todo o poder estava exclusivamente nas mãos dos militares, tendo em vista que setores civis também exerciam alguma influência no regime, a exemplo do apoio de empresários à OBAN, da atuação de parlamentares civis ou de integrantes do judiciário, por exemplo.

d) Incorreta. Segundo o pensamento marxista, a "Ditadura do Proletariado" seria o período de transformação revolucionária entre uma sociedade capitalista e a comunista. Nesta etapa, o poder do Estado estaria concentrado nas mãos do proletariado, que atuaria no intuito de construção do comunismo. Portanto, é incorreto sugerir que o conceito defende a instauração permanente de um regime autoritário, além de que os anarquistas não reivindicavam tal conceito ou situação políticas.

e) Incorreta. Durante a ditadura nazista, o Parlamento não apresentava uma autonomia ou uma relevante atuação política dentro do arranjo institucional, servindo principalmente para endossar as decisões estabelecidas por Hitler. Tampouco é correto atribuir uma importância aos legislativos municipais, tendo em vista que a política institucional local e estadual na Alemanha sofrera intervenção e fora cooptada pelo governo nazista durante os anos de sua ditadura.

Questão 87 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Semana de Arte Moderna (História)

Martín Fierro acredita na importância da contribuição intelectual da América, prévia tesourada a todo cordão umbilical. Acentuar e generalizar para as demais manifestações intelectuais o movimento de independência iniciado, no idioma, por Ruben Darío, não significa, entretanto, que haveremos de renunciar, nem muito menos que finjamos desconhecer que todas as manhãs nos servimos de um creme dental sueco, de umas toalhas francesas e de um sabonete inglês.

Martín Fierro tem fé em nossa fonética, em nossa visão, em nossas maneiras, em nosso ouvido, em nossa capacidade digestiva e de assimilação.

“Manifesto Martín Fierro”, de Oliverio Girondo, 15/5/1924. In: Jorge Schwartz, Vanguardas latino-americanas: polêmicas, manifestos e textos críticos. São Paulo: EDUSP; Iluminuras; FAPESP, 1995, p. 116.

A revista de vanguarda literária Martín Fierro foi fundada em Buenos Aires, na Argentina, em 1924. O “Manifesto”, publicado no seu nº 4, apresentava sintonias com o movimento modernista paulistano, ao



a)

propor a ruptura com tradições estéticas e valorizar a autonomia criativa local, sem desprezar os intercâmbios com a Europa.

b)

defender a obediência aos modelos artísticos da França e da Inglaterra, reconhecendo sua contribuição intelectual.

c)

repudiar o movimento de independência iniciado, na língua espanhola, pelo poeta nicaraguense Ruben Darío.

d)

buscar inspiração nos modos de expressão popular e artística originários da América e revolucionar os hábitos de consumo.

e)

condenar a inquietação intelectual e a experimentação literária em favor da cultura de massas e do conformismo.

Resolução

a) Correta. A Revista Martin Fierro circulou na Argentina entre 1924 e 1927, e tinha como principal objetivo a veiculação do trabalho de jovens artistas vanguardistas em diversos campos, como literatura, cinema e artes plásticas. De forma análoga à Semana de 1922 no Brasil, os artistas vinculados à Revista também propunham a criação de uma arte nacional, sem, contudo, romper em definitivo com as influências e com o diálogo com as vanguardas europeias. Seu contraponto era voltado especialmente ao academicismo e ao que era considerado como a arte "tradicional" e institucionalizada em seus respectivos países, além de criticar a mera reprodução do estilo europeu sem o esforço de construção de uma arte genuinamente lcoal. Essa relação de intercâmbio com as vanguardas europeias é tangenciada pelo manifesto quando ele se propõe acentuar o movimento de "independência" linguística de Ruben Dário para outros campos intelectuais, sem, entretanto, "renunciar, nem muito menos que finjamos desconhecer que todas as manhãs nos servimos de um creme dental sueco, de umas toalhas francesas e de um sabonete inglês".

b) Incorreta. Embora os modernistas paulistas e o manifesto da Martin Fierro reconheçam a contribuição intelectual europeia, é exagerado afirmar que propunham uma firme "obediência" a seus modelos artísticos. O intuito de tais movimentos era dialogar com as influências das vanguardas europeias, mas misturando com características locais e produzindo uma arte original de seus países.

c) Incorreta. O manifesto não repudia o trabalho de ruptura linguística de Ruben Dário, mas sim busca acentuá-lo e generalizá-lo "para as demais manifestações intelectuais".

d) Incorreta. Ainda que certos vanguardistas argentinos e brasileiros buscassem inspirações nas expressões populares de seus países, é incorreto sugerir que tais movimentos intuíam "revolucionar os hábitos de consumo". Afinal, seu objetivo consistia promover transformações nas manifestações artísticas, e não nos padrões de consumo da população.

e) Incorreta. As artes de vanguarda vinculadas ao modernismo e à revista Martin Fierro não condenam a inquietação intelectual. Pelo contrário, buscam trazer novas sensibilidades artísticas às populações de seus países, contrastando com a arte tradicional, institucionalizada e demasiadamente vinculada aos estrangeirismos.

Questão 88 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Segunda Guerra Mundial

Robert Capa. Omaha Beach, 6 de junho de 1944. In: Robert Capa. São Paulo, Cosac Naify, 2012; foto 39.

Yevgeny Khaldei. Berlim, maio de 1945. In: Letícia Yazbek, Aventuras da História. Disponível em https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/.

As fotos de Robert Capa e de Yevgeny Khaldei foram produzidas para documentar eventos da Segunda Guerra Mundial. Referem-se, respectivamente,



a)

ao desembarque dos Aliados para libertar a França da ocupação nazista e ao avanço decisivo das forças Aliadas frente à Alemanha.

b)

aos conflitos no Canal da Mancha, que deram início à Primeira Guerra Mundial, e à tomada de Berlim pelas tropas soviéticas.

c)

à fuga de membros da Resistência francesa para a Inglaterra após a invasão nazista e ao início da construção do Muro de Berlim.

d)

às batalhas no Mediterrâneo, que deram início à Segunda Guerra Mundial, e à incorporação da Alemanha à “cortina de ferro”.

e)

ao confronto entre a República de Vichy e a Resistência francesa e à vitória da União Soviética sobre os Aliados.

Resolução

a) Correta. A primeira imagem mostra uma cena do chamado Dia D, quando tropas aliadas atravessaram o Canal da Mancha para desembarcar na Normandia, em 06 de Junho de 1944. O episódio foi o maior desembarque da história militar até os dias atuais, sendo protagonizada por tropas aliadas, sobretudo as britânicas, canadenses e norte-americanas. Foi também o episódio inicial da liberação da França na Segunda Guerra, ocupada pela Alemanha Nazista desde 1940, num dos momentos mais marcantes e lembrados do conflito. Por sua vez, a segunda imagem apresenta dois soldados hasteando a bandeira soviética no edíficio do Reichstag, o parlamento alemão. Trata-se de uma das mais icônicas imagens relativas à vitória aliada na Segunda Guerra Mundial, simbolizando a vitória soviética após os esforços finais na Batalha de Berlim, capital da Alemanha.

b) Incorreta. As imagens trazem cenas relativas à Segunda Guerra Mundial, e não à Primeira Grande Guerra (1914-1918). As datas, presentes na referência da imagem já invalidam a alternativa. 

c) Incorreta. A primeira foto traz a imagem de embarcações com tropas aliadas que rumavam à Normandia, e não da fuga de soldados da resistência para a Inglaterra. Por sua vez, o Muro de Berlim foi construído posteriormente à Segunda Guerra Mundial, sendo inaugurado em 1961,

d) Incorreta. O desembarque de Omaha Beach envolveu a passagem de embarcações no Canal da Mancha, e não no Mediterrâneo. A cronologia sugerida pela afirmativa também está incorreta, já que a Segunda Guerra teve início em 1939, enquanto que a foto foi tirada em 1944. Por fim, a segunda foto apresenta o momento da conquista de Berlim pelas tropas soviéticas, e não um posicionamento definitivo da Alemanha como um todo na "Cortina de Ferro" - expressão característica da Guerra Fria.

e) Incorreta. A primeira foto não trata da batalha entre a França de Vichy - governo francês colaboracionista com a Alemanha nazista - contra a Resistência, mas sim o avanço de tropas aliadas para o desembarque na França ocupada. Ademais, a União Soviética era parte dos aliados, sendo incorreto sugerir que a segunda foto trataria de uma vitória soviética sobre tal grupo.

 

Questão 89 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Política (Sociologia)

No cerne da ideologia Bannon há uma série de contrastes extraordinariamente simplificadores entre bom e mau, sagrado e profano. Essa série semiótica cria perigosos outros, cuja existência contínua ameaça a boa gente que constitui o que Bannon descreve como a “verdadeira América”(...). Numa ordem social democrática, o conflito entre oponentes partidários é agonístico, não antagonístico. Bannon vê de outra forma. Não há espaço para a cortesia em seu universo (...).

Jeffrey Alexander. “Vociferando contra o iluminismo: A ideologia de Steve Bannon”. Sociologia & Antropologia, vol. 08, n. 3, set-dez, 2018.

O antagonismo é a luta entre inimigos, enquanto o agonismo representa a luta entre adversários. (...) o propósito da política democrática é transformar antagonismo em agonismo. Isso demanda oferecer canais por meio dos quais às paixões coletivas serão dados mecanismos de expressarem-se sobre questões que, ainda que permitindo possibilidade suficiente de identificação, não construirão o opositor como inimigo, mas como adversário.

Chantal Mouffe. “Por um modelo agonístico de democracia”. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, n. 25, nov. 2005, p. 11-23.

A primeira citação foi retirada de um texto em que o sociólogo Jeffrey Alexander desenvolve o que compreende ser a ideologia de Steve Bannon, assessor do ex-presidente norte-americano Donald Trump. A segunda citação foi extraída de um artigo em que a cientista política Chantal Mouffe desenvolve a noção de “pluralismo agonístico”. A partir da perspectiva apresentada nas citações, é correto afirmar que a ideologia de Steve Bannon



a)

defende uma ordem social agonística baseada na divisão entre grupos e nos conflitos entre inimigos políticos.

b)

sustenta uma ordem social baseada em consensos e que não admite conflitos entre adversários.

c)

defende a possibilidade de conflitos entre adversários, mas não admite a lógica antagonística da aniquilação e exclusão do inimigo.

d)

defende uma ordem social dividida entre bom e mau e que transforma o antagonismo em agonismo.

e)

sustenta uma ordem social antagonística fundada na divisão da sociedade entre lados opostos que devem ser entendidos como inimigos.

Resolução

a) Incorreta. Segundo a reflexão de Jeffrey Alexander, Steve Bannon distancia-se da ordem social agonística, característica dos sistemas democráticos. Em suas palavras, Bannon vê a ordem social "de outra forma", interpretando as relações políticas através de uma simplificação entre bom e mau ou sagrado e profano, numa divisão binária e congruente ao antagonismo político conceituado por Chantal Mouffe.

b) Incorreta. Pelo contrário, a lógica de Bannon atua pela simplificação e pela divisão antagonista da sociedade, sem espaços para consensos ou cortesias.

c) Incorreta. Segundo as colocações do primeiro excerto, Bannon distancia-se da ordem social agonística, caracterizada pela a disputa entre adversários políticos - e não inimigos. Para o autor, o personagem interpretaria o tecido social por uma lógica antagonista, simplificadora, excludente e polarizada entre dois lados: os puros e "inimigos".

d) Incorreta. Ainda que seja correto mencionar que Bannon defende uma ordem social dividida entre bom e mau, sua visão política transforma o agonismo em antagonismo, e não o contrário.

e) Correta. Segundo o texto de Jeffrey Alexander, Steve Bannon interpretaria a política numa lógica simplificadora e binária, com dois polos antagônicos que travam uma constante batalha entre si. Dessa forma, o lado "puro" representaria a "verdadeira" América, e estaria ligado aos princípios nacionalistas, à religião cristã, ao Ocidente e à civilização, enquanto que os profanos (ou inimigos) representariam o globalismo, os princípios seculares e a barbárie. Em tal narrativa, tais polos não atuam numa lógica de agonia - na qual, embora discordassem politicamente em certos aspectos, seriam adversários políticos no campo democrático -, mas sim como duas facções opostas e que vivem uma guerra inexorável, marcada pela atuação de "heróis" e "vilões" e pelo conflito do bem contra o mal.

Questão 90 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Escravidão Escravidão no segundo reinado

O IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro envidaram esforços no sentido de deixar exposta para a contemplação da população parte do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo, com o objetivo de apresentar ao visitante, através daquele pequeno, mas representativo espaço, a materialização do momento mais trágico da nossa história, fazendo com que ele não seja esquecido. (...) A história do Cais do Valongo e do seu entorno está indissoluvelmente ligada à história universal, por ter sido a porta de entrada do maior volume de africanos escravizados nas Américas. O Rio de Janeiro era, então, a mais afro-atlântica das cidades costeiras do território brasileiro (...).

Disponível em http://portal.iphan.gov.br/.

O texto integra a proposta elaborada pelo IPHAN, em 2016, para inscrição do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo na lista do Patrimônio Mundial. Com base no documento, a história do Cais do Valongo se entrelaça à história universal, pois se relaciona ao



a)

tráfico de africanos escravizados para a América de colonização portuguesa.

b)

Rio de Janeiro como única cidade escravista das Américas na época colonial.

c)

trabalho de escavação realizado por arqueólogos estrangeiros no passado.

d)

fluxo de escravizados do Brasil para outras partes das Américas, após as independências.

e)

esforço do IPHAN para silenciar a história da escravidão no mundo atlântico.

Resolução

O Rio de Janeiro foi reconhecidamente um dos principais polos escravistas da modernidade, sendo responsável pela recepção e passagem de cerca de um quarto da totalidade de africanos escravizados nas Américas. Nesse sentido, o Cais do Valongo representa um importante local de memória sensível sobre a temática, já que se trata do principal ponto de desembarque dos cativos no Rio do século XIX e o único cais ainda preservado nas Américas. Para além do cais em si, seu entorno abrigava locais de relevância histórica sobre a escravidão, como o lazareto, local de tratamento para os enfermos que chegavam dos navios negreiros, e o Cemitério dos Pretos Novos, destinado aos que faleceram durante a viagem. Portanto, a região é compreendida como um memorial ao ar livre na cidade do Rio, propiciando a reflexão e memória sobre o doloroso e nefasto passado da escravidão.

a) Correta. Conforme o texto de apoio apresenta, "a história do Cais do Valongo (...) está indissoluvelmente ligada à história universal, por ter sido a porta de entrada do maior volume de africanos escravizados nas Américas". Ou seja, trata-se de um local de memória vinculado não apenas à história do Brasil, mas do próprio sistema atlântico de tráfico de escravos, que ligava os continentes americano, africano e europeu numa complexa dinâmica social e econômica.

b) Incorreta. O Rio de Janeiro não foi a única cidade escravista nas Américas, tendo em vista que o uso do trabalho cativo era difundido em várias regiões da América Colonial. Basicamente, todas as cidades brasileiras do período colonial conviviam com a realidade da escravidão, sem contar nos exemplos da América Espanhola, Francesa e Inglesa.

c) Incorreta. A relação com a história universal não se dá pela participação ou interesse de arqueólogos estrangeiros nas escavações, mas sim pela profunda relação do espaço com o tráfico atlântico de escravos.

d) Incorreta. A construção do Cais do Valongo é datada de 1811, ainda no Período Colonial. Além disso, a região era utilizada como um mercado de escravos desde o século XVIII, sendo cronologicamente incorreto restringir sua importância histórica ao período pós-independência.

e) Incorreta. O IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) não atua no silenciamento da memória da escravidão, mas sim no reconhecimento internacional do Cais do Valongo como um valioso espaço de memória relativo à escravidão nas Américas.