Antônio Vicente Mendes Maciel, Conselheiro de alcunha, (...) era cearense e nasceu (...) a 13 de março de 1830. (...) Aprendeu a ler, escrever e contar. (...) Andou estudando latim, enxertando frases da língua de Horácio nos seus longos "conselhos", geralmente baseados na Bíblia sagrada, que conhecia razoavelmente. (...) Era apenas um peregrino, acompanhado de numeroso séquito; pequenos agricultores, negros 13 de Maio, caboclos de aldeamentos, gente sem recursos, doentes. (...) Em 1893 (...) Antônio Vicente se estabeleceu em Canudos (...). Rebatizou a localidade, dando-lhe o nome de Belo Monte. Criou um clima de tranquilidade local. Respeitavam-no. Seu monarquismo era utopia. De vários pontos do sertão apareciam os conselheiristas (...). Caminhavam para lá movidos pela fé. Queriam morar ali, sem pensar em conquistar novas terras. Nem restaurar a monarquia. Cá de fora, não entenderam assim. Interesses políticos e patrimoniais deram novos rumos e destino sangrento ao sertão do Conselheiro. (...)
José Calazans. “O Bom Jesus do sertão”. Caderno Mais, Folha de S. Paulo. São Paulo, 21/09/1997.
O texto sugere que Antonio Conselheiro
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representou a luta da Igreja Católica contra o regime republicano recém-instaurado no Brasil. |
b) |
fez uso da sua educação formal para colocar em xeque os dogmas do catolicismo no Brasil. |
c) |
defendeu a restauração da Monarquia por identificar-se com os interesses políticos e patrimoniais das elites locais. |
d) |
atraiu pessoas pobres do sertão nordestino com mensagens de fé e de acolhimento na comunidade. |
e) |
liderou uma insurreição contra as estruturas sociais e políticas implementadas pela República. |
Antônio Conselheiro nasceu por volta de 1830 e teve uma educação fortemente religiosa, embora não tenha seguido a carreira religiosa. Por volta de 1871, dirigiu-se ao sertão nordestino, onde tornou-se um pregador místico, auxiliando populações miseráveis e seguidores, que passaram a acompanhá-lo em suas andanças. Por volta de 1893, Antônio Conselheiro e seus numerosos discípulos fixaram-se na fazenda Canudos, às margens do rio Vaza-barris, no interior da Bahia. O arraial de Canudos organizou-se de forma comunitária, onde os habitantes trabalhavam coletivamente para sua sobrevivência, chegando a contar com uma população de 25 mil pessoas. Canudos foi uma comunidade autônoma, com suas próprias regras de sobrevivência, não se submetendo aos poderosos coronéis, aos governos estadual e federal e nem à Igreja.
a) Incorreta. O texto enfatiza que Conselheiro era "apenas um peregrino acompanhado de um numeroso séquito", ou seja, não possuía um vínculo formal com a Igreja Católica e não expressava uma luta desta enquanto instituição. Pelo contrário, Conselheiro incomodava as autoridades eclesiásticas, para as quais a pregação era uma atribuição exclusiva do vigário.
b) Incorreta. O texto afirma que Antônio Conselheiro fornecia seus "conselhos" tendo como base a Bíblia sagrada, ou seja, sua pregação não visava colocar em xeque os dogmas do catolicismo no Brasil e tampouco ele utilizou sua educação formal para isso. No entanto, vale destacar que suas pregações incomodavam a Igreja Católica, conforme exposto na alternativa A.
c) Incorreta. Conselheiro não se identificava com os interesses políticos e patrimoniais das elites locais. Pelo contrário, o estabelecimento de Canudos passou a representar uma ameaça significativa à ordem republicana recém-estabelecida e à própria organização econômica do sertão nordestino. A autonomia da comunidade desagradava às autoridades e a grande força de atração que o arraial exercia entre os camponeses passou a causar dificuldade para obtenção de mão-de-obra nas fazendas da região.
d) Correta. Antônio Conselheiro pregava, dava conselhos, sendo para alguns um enviado de Deus e milagreiro. Em seu arraial foram construídos cemitérios, tanques d'água e casas para os camponeses. Assim, podemos afirmar que tanto o acolhimento da comunidade quanto suas mensagens de fé foram responsáveis pela atração de diversas pessoas, que buscavam se estabelecer e morar ali, sem pensar em conquistar novas terras.
e) Incorreta. Embora Conselheiro tenha estabelecido uma comunidade que passou a ser considerada uma ameaça, não podemos afirmar que Canudos era uma insurreição contra as estruturas sociais e políticas implementadas pela República. O texto afirma que os conselheirista caminhavam para lá "movidos pela fé" e que não pretendiam "restaurar a monarquia".