O IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro envidaram esforços no sentido de deixar exposta para a contemplação da população parte do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo, com o objetivo de apresentar ao visitante, através daquele pequeno, mas representativo espaço, a materialização do momento mais trágico da nossa história, fazendo com que ele não seja esquecido. (...) A história do Cais do Valongo e do seu entorno está indissoluvelmente ligada à história universal, por ter sido a porta de entrada do maior volume de africanos escravizados nas Américas. O Rio de Janeiro era, então, a mais afro-atlântica das cidades costeiras do território brasileiro (...).
Disponível em http://portal.iphan.gov.br/.
O texto integra a proposta elaborada pelo IPHAN, em 2016, para inscrição do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo na lista do Patrimônio Mundial. Com base no documento, a história do Cais do Valongo se entrelaça à história universal, pois se relaciona ao
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tráfico de africanos escravizados para a América de colonização portuguesa. |
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Rio de Janeiro como única cidade escravista das Américas na época colonial. |
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trabalho de escavação realizado por arqueólogos estrangeiros no passado. |
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fluxo de escravizados do Brasil para outras partes das Américas, após as independências. |
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esforço do IPHAN para silenciar a história da escravidão no mundo atlântico. |
O Rio de Janeiro foi reconhecidamente um dos principais polos escravistas da modernidade, sendo responsável pela recepção e passagem de cerca de um quarto da totalidade de africanos escravizados nas Américas. Nesse sentido, o Cais do Valongo representa um importante local de memória sensível sobre a temática, já que se trata do principal ponto de desembarque dos cativos no Rio do século XIX e o único cais ainda preservado nas Américas. Para além do cais em si, seu entorno abrigava locais de relevância histórica sobre a escravidão, como o lazareto, local de tratamento para os enfermos que chegavam dos navios negreiros, e o Cemitério dos Pretos Novos, destinado aos que faleceram durante a viagem. Portanto, a região é compreendida como um memorial ao ar livre na cidade do Rio, propiciando a reflexão e memória sobre o doloroso e nefasto passado da escravidão.
a) Correta. Conforme o texto de apoio apresenta, "a história do Cais do Valongo (...) está indissoluvelmente ligada à história universal, por ter sido a porta de entrada do maior volume de africanos escravizados nas Américas". Ou seja, trata-se de um local de memória vinculado não apenas à história do Brasil, mas do próprio sistema atlântico de tráfico de escravos, que ligava os continentes americano, africano e europeu numa complexa dinâmica social e econômica.
b) Incorreta. O Rio de Janeiro não foi a única cidade escravista nas Américas, tendo em vista que o uso do trabalho cativo era difundido em várias regiões da América Colonial. Basicamente, todas as cidades brasileiras do período colonial conviviam com a realidade da escravidão, sem contar nos exemplos da América Espanhola, Francesa e Inglesa.
c) Incorreta. A relação com a história universal não se dá pela participação ou interesse de arqueólogos estrangeiros nas escavações, mas sim pela profunda relação do espaço com o tráfico atlântico de escravos.
d) Incorreta. A construção do Cais do Valongo é datada de 1811, ainda no Período Colonial. Além disso, a região era utilizada como um mercado de escravos desde o século XVIII, sendo cronologicamente incorreto restringir sua importância histórica ao período pós-independência.
e) Incorreta. O IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) não atua no silenciamento da memória da escravidão, mas sim no reconhecimento internacional do Cais do Valongo como um valioso espaço de memória relativo à escravidão nas Américas.