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Questão 90 Fuvest 2022 - 1ª fase

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Questão 90

Escravidão Escravidão no segundo reinado

O IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro envidaram esforços no sentido de deixar exposta para a contemplação da população parte do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo, com o objetivo de apresentar ao visitante, através daquele pequeno, mas representativo espaço, a materialização do momento mais trágico da nossa história, fazendo com que ele não seja esquecido. (...) A história do Cais do Valongo e do seu entorno está indissoluvelmente ligada à história universal, por ter sido a porta de entrada do maior volume de africanos escravizados nas Américas. O Rio de Janeiro era, então, a mais afro-atlântica das cidades costeiras do território brasileiro (...).

Disponível em http://portal.iphan.gov.br/.

O texto integra a proposta elaborada pelo IPHAN, em 2016, para inscrição do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo na lista do Patrimônio Mundial. Com base no documento, a história do Cais do Valongo se entrelaça à história universal, pois se relaciona ao



a)

tráfico de africanos escravizados para a América de colonização portuguesa.

b)

Rio de Janeiro como única cidade escravista das Américas na época colonial.

c)

trabalho de escavação realizado por arqueólogos estrangeiros no passado.

d)

fluxo de escravizados do Brasil para outras partes das Américas, após as independências.

e)

esforço do IPHAN para silenciar a história da escravidão no mundo atlântico.

Resolução

O Rio de Janeiro foi reconhecidamente um dos principais polos escravistas da modernidade, sendo responsável pela recepção e passagem de cerca de um quarto da totalidade de africanos escravizados nas Américas. Nesse sentido, o Cais do Valongo representa um importante local de memória sensível sobre a temática, já que se trata do principal ponto de desembarque dos cativos no Rio do século XIX e o único cais ainda preservado nas Américas. Para além do cais em si, seu entorno abrigava locais de relevância histórica sobre a escravidão, como o lazareto, local de tratamento para os enfermos que chegavam dos navios negreiros, e o Cemitério dos Pretos Novos, destinado aos que faleceram durante a viagem. Portanto, a região é compreendida como um memorial ao ar livre na cidade do Rio, propiciando a reflexão e memória sobre o doloroso e nefasto passado da escravidão.

a) Correta. Conforme o texto de apoio apresenta, "a história do Cais do Valongo (...) está indissoluvelmente ligada à história universal, por ter sido a porta de entrada do maior volume de africanos escravizados nas Américas". Ou seja, trata-se de um local de memória vinculado não apenas à história do Brasil, mas do próprio sistema atlântico de tráfico de escravos, que ligava os continentes americano, africano e europeu numa complexa dinâmica social e econômica.

b) Incorreta. O Rio de Janeiro não foi a única cidade escravista nas Américas, tendo em vista que o uso do trabalho cativo era difundido em várias regiões da América Colonial. Basicamente, todas as cidades brasileiras do período colonial conviviam com a realidade da escravidão, sem contar nos exemplos da América Espanhola, Francesa e Inglesa.

c) Incorreta. A relação com a história universal não se dá pela participação ou interesse de arqueólogos estrangeiros nas escavações, mas sim pela profunda relação do espaço com o tráfico atlântico de escravos.

d) Incorreta. A construção do Cais do Valongo é datada de 1811, ainda no Período Colonial. Além disso, a região era utilizada como um mercado de escravos desde o século XVIII, sendo cronologicamente incorreto restringir sua importância histórica ao período pós-independência.

e) Incorreta. O IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) não atua no silenciamento da memória da escravidão, mas sim no reconhecimento internacional do Cais do Valongo como um valioso espaço de memória relativo à escravidão nas Américas.