Fuvest 2022 - 1ª fase

Para a resolução da questão são necessários conhecimentos de Geografia para determinação da localização das regiões do Brasil e de Genética sobre doença genética com herança recessiva ligada ao sexo. A deficiência na enzima G6PD é uma condição recessiva ligada ao cromossomo X, que pode ser diagnosticada no teste do pezinho expandido. Segundo o enunciado, pessoas com deficiência nesta enzima são suscetíveis à anemia hemolítica ao serem expostas à cloroquina ou primaquina, drogas amplamente prescritas por médicos no tratamento da malária.
A prevalência é a proporção ou porcentagem de indivíduos de uma população que são afetados por uma doença em determinado momento. O gráfico indica que a prevalência da deficiência na enzima G6PD na população varia em diferentes regiões do Brasil, sendo que, é possível determinar valores de 1% na região Centro-Oeste e parte do Sudeste, 3% em parte do Nordeste, do Sudeste e do Sul e 5% na região Norte. Quanto maior a prevalência da deficiência dessa enzima maior o risco de anemia hemolítica com o uso de cloroquina, medicamento geralmente utilizado para o tratamento da malária, que é uma doença endêmica da região Norte do Brasil.

As doenças de herança recessiva ligada ao cromossomo X afetam homens e mulheres, mas são mais frequentes no sexo masculino já que apenas uma cópia do alelo mutante é suficiente para que o indivíduo manifeste a doença. No sexo masculino, a pessoa com deficiência na enzima G6PD possui o genótipo X^aY, enquanto as mulheres afetadas pela doença possuem o alelo recessivo em homozigose, com genótipo X^aX^a. O gene da G6PD está localizado no cromossomo X e exibe uma grande quantidade de variação (polimorfismo), resultando em uma gama de atividade de G6PD de normal a gravemente deficiente. A deficiência de G6PD é o distúrbio mais comum do metabolismo dos eritrócitos e como o gene está ligado ao cromossomo X, os homens têm mais probabilidade de apresentar hemólise com repercussão clínica, embora as mulheres homozigóticas ou heterozigóticas com inativação do X funcional também possam ser atingidas.

Fonte: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/hematologia-e-oncologia/anemias-causadas-por-hem%C3%B3lise/defici%C3%AAncia-de-glicose-6-fosfato-desidrogenase-g6pd. Acesso em: 12 dez 2021.

a) Incorreta. Os casais que apresentarem deficiência da enzima G6PD terão os genótipos X^aY (pai) e X^aX^a (mãe) e todos os descendentes de ambos os sexos seriam deficientes para essa enzima. Assim, o valor de 3% dos testes positivos é incorreto, já que seria 100% dos testes positivos.
b) Incorreta. Na região Centro-Oeste do Brasil a prevalência é de 1% de uma população de 17 milhões, ou seja, 170 mil pessoas apresentam a deficiência em G6PD. Dos indivíduos afetados, os homens apresentam somente um alelo recessivo (X^aY), mas as mulheres devem apresentar dois alelos recessivos X^aX^a para manifestarem a doença de herança autossômica recessiva. Ainda, é importante ressaltar que somente as mulheres portadoras do alelo (X^AX^a) poderiam ser assintomáticas, pois conseguiriam produzir a enzima G6PD com a partir do alelo funcional (X^A) nas células nas quais não fossem inativados. 
c) Correta. Na região Norte do Brasil a prevalência é de 5% de uma população de 18 milhões, ou seja, 900 mil pessoas apresentam a deficiência em G6PD e poderiam desenvolver anemia hemolítica devido ao tratamento com cloroquina. As doenças de herança recessiva ligada ao sexo são mais frequentes em homens, já que apenas uma cópia do alelo mutante leva à manifestação da doença. Enquanto as mulheres precisam de duas cópias para manifestar a deficiência.
d) Incorreta. Os casais que não apresentam a deficiência possuem genótipos X^AX^_ e X^AY, sendo que os homens não apresentam o alelo recessivo e as mulheres podem ou não serem portadoras de um alelo recessivo. Assim, só haverá descendente portador do alelo se a mãe também for portadora, algo que não poderia ser afirmado com os dados fornecidos. Contrariamente, os descendentes de casais que apresentam ao menos um dos genitores com deficiência possuem chances maiores de apresentam o alelo recessivo relacionado com a deficiência da enzima.
e) Incorreto. O alelo recessivo ligado ao X dos homens é recebido por herança materna, sendo que, o pai contribui com genes presentes no cromossomo Y. Assim, os pacientes do sexo masculino devem ser investigados quanto à presença de anemia hemolítica na família materna, caso vivam em regiões onde a malária é endêmica e nas quais há uso de cloroquina. 
 

a) Incorreta. O primeiro parágrafo afirma que, mesmo uma pessoa bem informada, deve ter cautela no que se refere às notícias falsas.

b) Incorreta.  O posicionamento político, segundo o professor de psicologia Van Bavel, é um fator que pode afetar o modo como o cérebro “processa informações”, como aceitar fatos que questionem crenças pessoais.

c) Correta. O texto explica que a aversão aos fatos que divergem das crenças pessoais e que podem comprometer o senso de identidade é um comportamento recorrente do ser humano. Desse modo, é possível inferir que a tendência de não se afastar das crenças pessoais impede que o indivíduo tenha posicionamentos antagônicos, ou seja, que diferem daqueles já incorporados.

d) Incorreta.  As memórias seletivas são responsáveis por reforçarem crenças pessoais, desse modo não se pode afirmar que essas memórias contribuem para uma leitura imparcial de reportagens.

e) Incorreta. Os fatos divergentes são desprezados por configurarem uma ameaça a identidades de grupos, e não por compô-las.

As mutações são alterações nas moléculas de DNA que constituem o material genético das células. Elas podem ser classificadas em dois grupos, dependendo da escala em que a alteração ocorre: mutações gênicas (ou de ponto), quando um par de bases ou poucos pares de bases são substituídos, duplicados ou deletados; e mutações cromossômicas, quando grandes trechos do material genético sofrem alterações, como, por exemplo, as euploidias, as aneuploidias, as duplicações, as deleções, as inversões e as translocações.

O meteorito que teria atingido a região oriental da África equatorial, há 10 mil anos, continha uma substância metálica fictícia conhecida como Vibranium. Esse metal é, provavelmente, um agente mutagênico, ou seja, um fator capaz de induzir alterações no DNA das células. No local da queda do meteorito, existia uma população de uma certa espécie de planta herbácea do grupo das angiospermas (plantas com flores). A presença do Vibranium no solo onde essa espécie de planta crescia causou mutações aleatórias no seu material genético.

As células da erva que sofreram mutações induzidas pelo Vibranium incluíram as pertencentes à linhagem germinativa. Essa linhagem celular é a responsável pela produção de gametas, tanto em plantas quanto em animais, em oposição às células da linhagem somática, não envolvidas com a reprodução sexuada. Desse modo, as células da linhagem germinativa estão comprometidas a sofrerem mitose (nas plantas), ou meiose (nos animais), e formarem células haploides, as quais, após a fecundação (fusão de gametas masculinos e femininos), restauram o número cromossômico diploide da espécie. Qualquer alteração do material genético nuclear das células da linhagem germinativa, portanto, será transmitida à geração seguinte.

Como a erva em questão é uma espécie do grupo das angiospermas, ela é provavelmente capaz de se reproduzir tanto de forma assexuada quanto de sexuada, sendo que, nesta última, há a formação de gametas por mitose pela geração gametofítica encontrada nos grãos de pólen (microgametófito) e no óvulo (saco embrionário). A formação dos gametas acontece somente durante a estação do ano em que as plantas produzem flores, ramos reprodutivos onde os esporos são produzidos e onde os gametófitos são formados.

Portanto, caso o meteorito tenha colidido com a Terra na época de floração das ervas, o Vibranium presente no solo deve ter induzido mutações nas células responsáveis pela formação dos gametas (linhagem germinativa). Essas mutações, consequentemente, foram passadas à próxima geração de plantas após a fecundação e o desenvolvimento embrionário. Pelo menos uma das mutações deve ter conferido alguma vantagem adaptativa aos vegetais naquele ambiente (além de conferir novas habilidades ao Pantera Negra), permitindo que, por seleção natural, ela se tornasse cada vez mais comum na população, chegando até aos dias atuais.

a) Incorreta. Se as mutações fossem induzidas apenas nas células somáticas, ou seja, nas células não envolvidas com a formação dos gametas, as alterações na sequência de bases nitrogenadas do material genético não seriam transmitidas às gerações seguintes.

b) Incorreta. Como as habilidades sobre-humanas do Pantera Negra perduram por toda a vida, as mutações devem ter ocorrido no material genético das células, ou seja, no DNA. Os erros que surgem durante a formação das moléculas de RNA (transcrição) não são permanentes, já que essas moléculas apresentam um curto período de viabilidade no citoplasma.

c) Incorreta. Como é dito no enunciado, as alterações físicas induzidas pelo uso da erva não são transmitidas aos descendentes, de modo que o seu uso não poderia causar mutações nas células da linhagem germinativa do Pantera Negra.

d) Incorreta. A região equatorial da África apresenta uma fitofisionomia característica de ambientes quentes e úmidos, ou seja, ela é caracterizada pela presença de florestas tropicais. A tundra é uma vegetação típica de regiões polares, onde o clima é frio a maior parte do ano.

e) Correta.

a) Incorreta. A inferência de que quem gere o transporte público é o Estado não pode ser feita pelos elementos presentes no texto, pois o adjetivo 'público' é apresentado apenas no item, e não na tira, na qual o termo transporte não aparece caracterizado. Pode-se inferir, entretanto, que a gerência do transporte público é feita pelo Estado, caso se recorra ao fato de haver um senso comum de que os serviços por ele administrados são de péssima qualidade e seriam uma punição. De qualquer modo, essa inferência não resulta da construção irônica, a qual se pauta na negação do senso comum presente nos últimos dois quadros, contrapostos ao dado do primeiro quadro.
b) Correta. A ironia presente na tira consiste na ideia de impunidade. Na composição da frase entre o segundo e o terceiro quadrinhos, é referida a ideia de senso comum a respeito de o país ser famoso por sua impunidade. Nesse contexto, o termo se relaciona à falta de justiça, de punição para determinados crimes, geralmente vinculados a esferas empresariais e políticas. Entretanto, no contexto da tirinha, ao apresentar tal senso comum, a personagem coloca-o antecipado pelo advérbio ‘ainda’ e pela conjunção ‘e’ de valor adversativo. Indica-se, assim, um pressuposto, a partir do qual acreditar que haja impunidade no país se contrapõe à situação exposta no primeiro quadro. Ou seja, é possível inferir que as “péssimas condições de transporte” enfrentadas “todos os dias” são uma punição, resultando, pois, na ironia que provoca o humor.
c) Incorreta. De acordo com a tirinha e a sua ironia, os responsáveis pelo transporte não são punidos, apenas os usuários.
d) Incorreta. A tolerância à criminalidade está presente no senso comum, mas não na construção irônica que se propõe na tirinha inteira.
e) Incorreta. A responsabilidade a respeito da mobilidade urbana não pode ser inferida e não resulta da relação irônica apresentada na tira.

Analisaremos as alternativas. Os destaques em verde em cada item são pertinentes às análises.

a) Incorreta. É possível ver que há valores acima de 380 (nm/s)² nos sábados (quadrados azuis).

b) Incorreta. É possível ver que, em nenhum dia de semana (círculos pretos), a fração de pessoas em casa foi menor do que 40%.

c) Incorreta. É possível ver que, em nenhum domingo e/ou feriado (triângulos vermelhos), a energia sísmica excedeu 380 (nm/s)².

d) Correta. Nota-se que, para valores similares de F, mesmas linhas horizontais do gráfico, as energias médias nos dias de semana (círculos pretos) são maiores ou iguais do que nos outros dias (triângulos vermelhos e quadrados azuis).

e) Incorreta. Vemos que há sábados (quadrados azuis) em que a energia média excede 190 (nm/s)² já para 40% das pessoas fora de casa.

A vacinação é uma técnica de imunização ativa artificial, que consiste na inoculação, no organismo humano, de antígenos presentes em patógenos atenuados, inativados ou em partes deles, com o objetivo de gerar uma resposta imune. As vacinas disponíveis contra o vírus Sars-CoV-2, agente causador da pandemia de Covid-19, são diferentes e empregam estratégias diversas para a sua produção e para o modo como induzem imunidade, como a vacina de vírus inativado ou “morto” (CoronaVac), a vacina de vetor viral replicante (AstraZeneca) e a vacina de RNA (Pfizer e Moderna). Cada uma dessas vacinas apresenta diferentes eficácias, embora para a maioria delas pelo menos duas doses são recomendadas para uma imunização eficiente.

A resposta imune produzida em um indivíduo vacinado envolve a participação tanto de linfócitos B (resposta imune humoral), responsávei pela produção de anticorpos, quanto de linfócitos T citotóxicos (resposta imune celular). Esses leucócitos são ativados durante a resposta imune, proliferando e atuando contra os antígenos presentes na vacina. Um dos tipos celulares que se diferenciam a partir dos linfócitos são as células de memória, que permanecem no corpo por um determinado tempo, ou indefinidamente. A função da memória imunológica é engendrar uma resposta imune mais rápida, mais eficiente e mais duradoura (resposta imune secundária) em um segundo contato com o mesmo antígeno, impedindo que o indivíduo vacinado fique doente ou que manifeste sintomas graves da doença, reduzindo hospitalizações e óbitos (Figura 1). Assim sendo, a taxa de mortalidade por Covid-19 tende a se reduzir conforme aumenta a proporção da população em uma dada região ou país que se encontra vacinada.

Figura 1: Diferença entre a resposta imune primária, que pode representar a vacinação, e a resposta imune secundária, que pode representar o encontro com o patógeno para o qual as células de memória foram formadas durante a imunização ativa.

a) Correta. As regiões do município de São Paulo com maior IDH - indicador socioeconômico composto pelas variáveis de renda per capita, expectativa de vida e escolaridade - são aquelas onde existe uma cobertura vacinal maior, onde o grau de escolaridade é maior e onde as campanhas de vacinação têm maior apelo à população.

b) Incorreta. A virulência das variantes de Sars-CoV-2 não é influenciada pelo IDH, mas varia conforme as mutações aleatórias sofridas pelo material genético viral e conforme as populações virais evoluem em cada local.

c) Incorreta. A eficácia das vacinas ou o tempo necessário para a imunização dos indivíduos não são influenciados pelo IDH, variando conforme o tipo de vacina e o sistema imune de cada pessoa.

d) Incorreta. O tamanho da população e o seu grau de agregação são variáveis inversamente proporcionais à taxa de mortalidade por Covid-19. Dessa forma, áreas com maior concentração populacional tendem a ter maior número de casos e, consequentemente, mortalidade maior.

e) Incorreta. A prevalência de variantes de Sars-CoV-2 é maior em áreas onde a imunização das pessoas é menor, ou seja, em áreas de menor IDH, como se observa em áreas periféricas da Zona Leste da capital paulista.

A expansão das áreas destinadas à agricultura e pecuária tem aumentado de forma consistente no Brasil desde os tempos coloniais. A chamada fronteira agrícola demarca as regiões que estão no limite entre as áreas cultivadas e as áreas de matas nativas. Ao passo que tal fronteira se expande, o consumo de água também tem aumentado de forma ostensiva, tanto no que se refere à sua utilização para consumo humano quanto para a produção agropecuária.

Uma alternativa à intensificação do uso da terra para a produção de alimentos pode ser o aumento de produtividade, tanto na agricultura quanto na pecuária. Plantas mais produtivas podem produzir mais frutos e mais sementes ou podem apresentar um ciclo de vida mais curto. Animais mais produtivos podem produzir mais leite, mais carne, mais lã etc.

Um aumento de produtividade pode ser obtido por meio do melhoramento genético clássico, no qual variedades diferentes são cruzadas e os descendentes são classificados e selecionados, objetivando-se a formação de indivíduos que apresentem fenótipos mais produtivos. Outra forma de aumento de produtividade pode envolver técnicas de engenharia genética, em que o DNA de um indivíduo é editado (inserção ou remoção de bases nitrogenadas) ou genes de outras espécies são inseridos em seu material genético, criando-se assim, organismos geneticamente modificados (OGMs).

A preservação dos mananciais, ou seja, das fontes de água doce para o uso pela população, envolve a preservação das áreas nativas no entorno de lagos e rios, bem como a promulgação de leis e fiscalização relacionadas à proteção desses corpos d’água contra o despejo de poluentes.

As matas nativas que ladeiam os rios e circunscrevem os lagos e lagoas são chamadas de matas ciliares e sua importância está em impedir ou limitar o assoreamento, ou seja, a deposição de detritos oriundos de processos erosivos no leito desses corpos d’água. Portanto, as matas ciliares auxiliam na manutenção do fluxo hídrico dos rios e do volume de água dos lagos e represas, que fornecem água para abastecimento das zonas urbanas e industriais.

Outra vantagem das matas ciliares é a sua função como corredor ecológico, o qual conecta diferentes fragmentos de vegetação nativa, mantendo o fluxo gênico entre populações, aumentando o seu tamanho efetivo e impedindo extinções locais de espécies.

Diante do exposto, é possível afirmar que:

a) Incorreta. O aumento da exportação de produtos agropecuários causaria uma elevação na expansão do uso da terra para a agropecuária. A simples criação de novas represas, além de economicamente inviável, não garante a qualidade da água para consumo humano.

b) Correta. Como mencionado, o aumento da produtividade nas áreas em que já se desenvolvem atividades agropecuárias e a proteção de matas ciliares colaborariam para conservação de áreas de mananciais evitando degradação e garantindo a sustentabilidade de recursos hídricos.

c) Incorreta. O comércio interno de produtos de origem agropecuária não é o fator que pressiona a expansão das fronteiras agrícolas, mas sim o comércio externo. O aumento do uso dos aquíferos não garante a qualidade da água para abastecimento das cidades.

d) Incorreta. O aumento da exportação de produtos agropecuários causaria uma elevação na expansão do uso da terra para a agropecuária.

e) Incorreta. O comércio interno de produtos de origem agropecuária não é o fator que pressiona a expansão das fronteiras agrícolas, e sim o comércio externo. A simples criação de novas represas, além de economicamente inviável, não garante a qualidade da água para consumo humano.

Os três gráficos mostram a variação na quantidade de espécies em diferentes áreas, após um evento de desmatamento. No gráfico I a quantidade de espécies caiu drasticamente após a perturbação, permaneceu baixa e estável por cerca de 25 anos e passou a aumentar lentamente após esse período. No gráfico II houve um aumento gradativo e persistente da quantidade de espécies logo após o desmatamento e, por fim, no gráfico III a quantidade de espécies permaneceu baixa e estável por todo o período analisado.

A diferença no comportamento das curvas de biodiversidade, após o desmatamento, pode ser explicada pelas diferentes formas de uso das áreas analisadas. O aumento gradativo da biodiversidade indica a ausência de forças impactantes na biodiversidade e a permanência da biodiversidade em valores baixos indica a existência permanente de um agente impactante na biodiversidade local. A questão considera três usos distintos para as áreas:

1. Uso para pastagem e depois para cultivo de soja.

2. Uso para cultivo de soja nos primeiros 20 anos, seguido do abandono da área.

3. Abandono da área logo após o desmatamento.

O uso para pastagem, seguido para cultivo de soja, produz um impacto constante na biodiversidade, podendo ser relacionado com o gráfico III, no qual a biodiversidade permanece baixa, mesmo após 40 anos.

O uso para cultivo durante 20 anos, seguido de abandono, é consistente com a curva observada no gráfico I, no qual o aumento da biodiversidade só ocorreu após um grande período.

Por fim, o abandono da área, logo após o desmatamento, pode ser relacionado com o gráfico II, no qual a biodiversidade começa a ser restaurada, mesmo que lentamente, devido à ausência do uso da área para outras finalidades.

As associações feitas acima são as mesmas apontadas na alternativa C, que é a alternativa correta da questão.

O gráfico apresentado permite verificar qual o hábitat natural do protozoário ciliado, bem como se ele ganha ou perde água, em função da concentração da água do meio no qual ele se encontra. No eixo das ordenadas, a variação do volume é indicativo do ganho ou da perda de água. O aumento do volume relativo indica o ganho de água por osmose, fenômeno no qual o solvente (água) passa do meio hipotônico, menos concentrado, para o meio hipertônico, mais concentrado. Com isso, é possível concluir que, em ambientes de concentração menores que a da água do mar, o protozoário é hipertônico, pois ganha água e aumenta de volume. 

Quando ele possui o volume relativo 1,0, significa que está em seu habitat natural e, analisando o gráfico, esse volume é atingido apenas quando a concentração do meio é igual à concentração do mar. Dessa forma, é correto afirmar que o ambiente natural do protozoário em questão é o marinho.

Quando o protozoário é levado para ambientes de concentração menor, hiposmóticos, ocorre ganho de água, revelando a inexistência de mecanismos de controle osmótico capazes de contrabalancear a entrada de água por osmose. Protozoários de água doce possuem tais mecanismos e conseguem evitar o aumento do volume celular; mesmo estando em ambientes hiposmóticos, utilizam o vacúolo pulsátil para bombear para o ambiente externo a água que entra por osmose e conseguem, dessa forma, manter o volume inalterado.

a) Incorreta. O protozoário é de água salgada e não consegue manter o volume típico em ambientes hiposmóticos.

b) Incorreta. O protozoário ciliado é marinho, conforme o que já foi mencionado acima.

c) Incorreta. Embora seja marinho, o protozoário em questão é isotônico em relação ao seu meio e não há dados no gráfico capazes de nos assegurar a existência de mecanismos de equilíbrio osmótico para ambientes hiperosmóticos.

d) Incorreta. O protozoário ciliado não é de água doce.

e) Correta. O protozoário ciliado é marinho e não possui mecanismos de controle osmótico em ambiente hiposmóticos, pois, se os possuísse, seria capaz de evitar o aumento de volume verificado no gráfico.

A eutrofização é um fenômeno natural ou induzido pelos seres humanos (antrópico), que consiste no crescimento descontrolado das populações de algas unicelulares e cianobactérias, que perfazem o fitoplâncton (Figura 1). O fitoplâncton representa a porção autótrofa do plâncton, conjunto de organismos pequenos ou unicelulares que flutuam na coluna d’água de ambientes de água doce ou de água salgada.

Figura 1: lagoa eutrofizada, apresentando a superfície repleta de algas unicelulares que compõem o fitoplâncton, muitas delas produtoras de substâncias tóxicas. Fonte: acervo pessoal.

A causa para o aumento das populações de algas é, muitas vezes, o despejo de esgoto doméstico não tratado, bem como efluentes industriais ou o escoamento da água proveniente da irrigação de cultivos agrícolas, contendo fertilizantes sintéticos. Em todos esses casos, a concentração de nutrientes minerais, como o nitrato (NO₃^-) e o fosfato (PO₄^3-), aumenta na água da lagoa, sendo então incorporados pelos organismos autótrofos, que proliferam a taxas muito elevadas.

A consequência imediata do aumento da quantidade de algas na superfície da lagoa será a limitação da penetração dos raios de luz do Sol nas camadas mais profundas do ambiente lêntico. Por conseguinte, ocorrerá o aumento da taxa de mortalidade das algas, tanto daquelas que constituem o fitoplâncton quanto das algas multicelulares que vivem fixas ao substrato, perfazendo parte do bentos. As algas de superfície morrem devido à competição por nutrientes minerais ou quando completam seu ciclo de vida, enquanto as algas multicelulares morrem devido à baixa disponibilidade de luz no fundo da lagoa, em decorrência da camada espessa de algas fitoplanctônicas que cobre a superfície.

Na sequência, haverá o aumento da quantidade de matéria orgânica morta na lagoa, elevando a DBO (demanda bioquímica de oxigênio) e, portanto, a taxa de decomposição aeróbica das algas mortas. A decomposição aeróbica realizada por bactérias que dependem do oxigênio para o seu metabolismo acaba por reduzir a concentração desse gás na água.

Em consequência da drástica redução da concentração de oxigênio (hipóxia), haverá a morte dos animais característicos da fauna lêntica, como peixes, crustáceos e moluscos, bem como das algas e das próprias bactérias aeróbicas, levando a uma redução geral da biodiversidade. No ambiente pobre em oxigênio que sucede o aumento da DBO, proliferam as bactérias decompositoras anaeróbicas, que irão degradar a matéria orgânica morta que ainda se acumula nas águas da lagoa. Os produtos dos processos de respiração anaeróbica realizados por essas bactérias incluem gases malcheirosos, como o metano (CH₄) e o sulfeto de hidrogênio (H₂S).

Portanto, as linhas de tendência dos cinco parâmetros da água mostradas no gráfico, a partir do momento em que começou a haver aporte de esgoto não tratado e antes de haver a estabilização do sistema, devem seguir o seguinte padrão:

1. Densidade de algas: aumento.
2. Concentração de compostos nitrogenados: aumento.
3. Número de espécies em geral: diminuição.
4. Concentração de O₂: diminuição.
5. Densidade de decompositores: aumento.