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Questão 10 Fuvest 2022 - 1ª fase

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Questão 10

Poluição das águas e do solo Eutrofização

O gráfico mostra linhas de tendência de cinco parâmetros da água (eixo y), medidos por pesquisadores, durante os estágios iniciais do processo de eutrofização de uma lagoa, a partir do momento em que começou a haver aporte de esgoto não tratado e antes de haver a estabilização do sistema. Entretanto, os técnicos da companhia de saneamento notaram que nem todas as tendências mostradas no gráfico estão corretas.

São corretas apenas as linhas de tendência representadas em 



a)

1, 2 e 3.

b)

1, 2 e 4.

c)

2, 3 e 5.

d)

2, 4 e 5.

e)

3, 4 e 5.

Resolução

A eutrofização é um fenômeno natural ou induzido pelos seres humanos (antrópico), que consiste no crescimento descontrolado das populações de algas unicelulares e cianobactérias, que perfazem o fitoplâncton (Figura 1). O fitoplâncton representa a porção autótrofa do plâncton, conjunto de organismos pequenos ou unicelulares que flutuam na coluna d’água de ambientes de água doce ou de água salgada.

Figura 1: lagoa eutrofizada, apresentando a superfície repleta de algas unicelulares que compõem o fitoplâncton, muitas delas produtoras de substâncias tóxicas. Fonte: acervo pessoal.

A causa para o aumento das populações de algas é, muitas vezes, o despejo de esgoto doméstico não tratado, bem como efluentes industriais ou o escoamento da água proveniente da irrigação de cultivos agrícolas, contendo fertilizantes sintéticos. Em todos esses casos, a concentração de nutrientes minerais, como o nitrato (NO3-) e o fosfato (PO43-), aumenta na água da lagoa, sendo então incorporados pelos organismos autótrofos, que proliferam a taxas muito elevadas.

A consequência imediata do aumento da quantidade de algas na superfície da lagoa será a limitação da penetração dos raios de luz do Sol nas camadas mais profundas do ambiente lêntico. Por conseguinte, ocorrerá o aumento da taxa de mortalidade das algas, tanto daquelas que constituem o fitoplâncton quanto das algas multicelulares que vivem fixas ao substrato, perfazendo parte do bentos. As algas de superfície morrem devido à competição por nutrientes minerais ou quando completam seu ciclo de vida, enquanto as algas multicelulares morrem devido à baixa disponibilidade de luz no fundo da lagoa, em decorrência da camada espessa de algas fitoplanctônicas que cobre a superfície.

Na sequência, haverá o aumento da quantidade de matéria orgânica morta na lagoa, elevando a DBO (demanda bioquímica de oxigênio) e, portanto, a taxa de decomposição aeróbica das algas mortas. A decomposição aeróbica realizada por bactérias que dependem do oxigênio para o seu metabolismo acaba por reduzir a concentração desse gás na água.

Em consequência da drástica redução da concentração de oxigênio (hipóxia), haverá a morte dos animais característicos da fauna lêntica, como peixes, crustáceos e moluscos, bem como das algas e das próprias bactérias aeróbicas, levando a uma redução geral da biodiversidade. No ambiente pobre em oxigênio que sucede o aumento da DBO, proliferam as bactérias decompositoras anaeróbicas, que irão degradar a matéria orgânica morta que ainda se acumula nas águas da lagoa. Os produtos dos processos de respiração anaeróbica realizados por essas bactérias incluem gases malcheirosos, como o metano (CH4) e o sulfeto de hidrogênio (H2S).

Portanto, as linhas de tendência dos cinco parâmetros da água mostradas no gráfico, a partir do momento em que começou a haver aporte de esgoto não tratado e antes de haver a estabilização do sistema, devem seguir o seguinte padrão:

  1. Densidade de algas: aumento.
  2. Concentração de compostos nitrogenados: aumento.
  3. Número de espécies em geral: diminuição.
  4. Concentração de O2: diminuição.
  5. Densidade de decompositores: aumento.