Se vamos à essência da nossa formação, veremos que na realidade nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde ouro e diamantes; depois, algodão, e em seguida café, para o comércio europeu.
Caio Prado Jr. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p. 29.
Sobre o sentido da colonização do Brasil, é correto afirmar:
a) |
Permitiu o desenvolvimento de um extenso parque industrial. |
b) |
Caracterizou-se pela forte presença da mão de obra assalariada. |
c) |
Esteve voltado, principalmente, para o mercado externo. |
d) |
Baseou-se na produção de manufaturas têxteis ou alimentares. |
e) |
Garantiu a expansão da pequena propriedade agrícola. |
a) Incorreta. Durante o período colonial, não ocorreu o desenvolvimento de atividades industriais. A economia colonial caracterizou-se pela predominância das atividades agrícolas, com destaque para a monocultura açucareira voltada para a exportação.
b) Incorreta. A base da economia colonial foi a escravidão africana, sendo o trabalho assalariado minoritário nessa sociedade.
c) Correta. “Todo povo tem na sua evolução, vista à distância, um certo ‘sentido’". Essa frase de Caio Prado Júnior inicia sua obra Formação do Brasil Contemporâneo, na qual o autor busca compreender o sentido da formação brasileira. O conceito de "sentido da colonização" busca compreender a finalidade (motivação) da manutenção do sistema colonial por Portugal, e, segundo a análise do autor, a sustenção de tal sistema visava exclusivamente complementar a economia da metrópole. A relação entre colônia e metrópole tinha com um de seus eixos centrais a ideia de pacto colonial (ou exclusivo comercial), ou seja, a colônia só podia realizar comércio exclusivamente com sua metrópole. Assim, para Caio Prado, o "sentido" da formação brasileira esteve vinculado de forma indissociável à nação portuguesa, vulnerável portanto a seus avanços e retrocessos. Desse modo, as relações econômicas de produção resultantes desse "sentido" basearam-se na predominância das grandes propriedades monocultoras e escravistas, voltadas para o mercado externo (abastecimento de Portugal). Assim, tudo que não fosse voltado para fora, ou seja, que não se inserisse nesse "sentido" original teria, segundo o autor, um caráter secundário. No entanto, vale destacar que a historiografia mais recente problematiza esse conceito, pois considera que foram desenvolvidas diversas atividades na colônia que estavam vinculadas a uma lógica interna própria, aspecto não contemplado de forma adequada pelo conceito.
d) Incorreta. Não é correto afirmar que a produção de manufaturas têxteis ou alimentares foi a base da economia colonial. A produção manufatureira no Brasil colônia passou pelos seguintes períodos: durante o período pombalino (1750-1777), foi incentivada, embora não proeminente; tal atividade foi proibida pelo Alvará de 1785 na política conhecida como "A viradeira", de D. Maria I; por fim, em 1808, com a vinda de D. João VI, tal alvará foi suspenso. No entanto, em nenhum desses períodos, essa foi uma atividade de grande destaque, pois, mesmo posteriormente à suspensão do Alvará que proibia esse tipo de atividades, a produção manufatureira no Brasil não apresentou um crescimento significativo, devido principalmente à tributação favorável à importação de produtos britânicos, que dificultava e desestimulava a concorrência nacional.
e) Incorreta. O Brasil colonial teve como característica central a presença de latifúndios monocultores, sendo que as pequenas propriedades existiram, mas não foram predominantes.