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Enem 2022 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas


Questão 10 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

textos híbridos

Ser cronista

    Sei que não sou, mas tenho meditado ligeiramente no assunto.
   Crônica é um relato? É uma conversa? É um resumo de um estado de espírito? Não sei, pois antes de começar a escrever para o Jornal do Brasil, eu só tinha escrito romances e contos. 
    E também sem perceber, à medida que escrevia para aqui, ia me tornando pessoal demais, correndo o risco de em breve publicar minha vida passada e presente, o que não pretendo. Outra coisa notei: basta eu saber que estou escrevendo para o jornal, isto é, para algo aberto facilmente por todo o mundo, e não para um livro, que só é aberto por quem realmente quer, para que, sem mesmo sentir, o modo de escrever se transforme. Não é que me desagrade mudar, pelo contrário. Mas queria que fossem mudanças mais profundas e interiores que não viessem a se refletir no escrever. Mas mudar só porque isso é uma coluna ou uma crônica? Ser mais leve só porque o leitor assim o quer? Divertir? Fazer passar uns minutos de leitura? E outra coisa: nos meus livros quero profundamente a comunicação profunda comigo e com o leitor. Aqui no jornal apenas falo com o leitor e agrada-me que ele fique agradado. Vou dizer a verdade: não estou contente.

LISPECTOR. C. ln: A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.


No texto, ao refletir sobre a atividade de cronista, a autora questiona características do gênero crônica, como



a)

relação distanciada entre os interlocutores.

b)

articulação de vários núcleos narrativos.

c)

brevidade no tratamento da temática.

d)

descrição minuciosa dos personagens.

e)

público leitor excluviso.

Resolução

a) Correta. Vemos como a autora reflete sobre a atividade de cronista tomando por base a escrita de romances e contos, o que ela havia feito até o momento. Partindo desse pressuposto, é possível identificar a preferência da autora pela ligação que ela consegue estabelecer com seus leitores em seus romances e contos. Neles, que atraem leitores realmente interessados naquilo que ela escreve, Clarice Lispector consegue ser profunda e, nesse sentido, ter uma proximidade ou intimidade maior com os leitores. Nas crônicas, a autora parece sentir que deve se manter mais distante, não consegue estabelecer uma “comunicação profunda” com ela mesmo e com o leitor. Sendo assim, é possível afirmar que, a partir da reflexão sobre a escrita de crônicas, a autora questiona esse distanciamento presente numa escrita para um jornal, que se destina a leitores genéricos, com todo tipo de perfil e interesse.

b) Incorreta. Não é possível identificar, no texto apresentado, uma referência a vários núcleos narrativos. Ainda que a autora destaque a fluidez do gênero crônica (relato, conversa, resumo), não há elementos que apontem para núcleos narrativos especificamente.

c) Incorreta. O elemento da crônica que parece incomodar a autora não está associado à temática necessariamente, mas à relação que ela é capaz de estabelecer com quem a lê.

d) Incorreta. Não há nenhuma menção à descrição minuciosa de personagens, e essa não é, de fato, uma característica determinante do gênero crônica.

e) Incorreta. O público leitor da crônica, segundo a autora, é o público que se interessa pelos textos de um jornal, ou seja, é um público formado por pessoas que não têm uma ligação com a escrita dela. Nesse sentido, o público leitor da crônica não é exclusivo.

Questão 11 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

textos jornalísticos

Projeto na Câmara de BH quer a vacinação gratuita de cães contra a leishmaniose

A doença é grave e vem causando preocupação na região metropolitana da capital mineira

    Ela é uma doença grave, transmitida pela picada do mosquito-palha, e afeta tanto os seres humanos quanto os cachorros: a leishmaniose. Por ser um problema de saúde pública, a doença pode ganhar uma ação preventiva importante, caso um projeto de lei seja aprovado na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH). Diante do alto número de casos da doença na Grande BH, a Comissão de Saúde e Saneamento da CMBH aprovou a proposta de realização de campanhas públicas de vacinação gratuita de cães contra a leishmaniose, tema do PL 404/17, apreciado pelo colegiado em reunião ordinária, no dia 6 de dezembro.

Dlsponlvel em: https://revislaencontro.com.br. Acesso em: 11 dez. 2017.


Essa notícia, além de cumprir sua função informativa, assume o papel de



a)

fiscalizar as ações de saúde e saneamento da cidade.

b)

defender os serviços gratuitos de atendimento à população.

c)

conscientizar a população sobre grave problema de saúde pública.

d)

propor campanhas para a ampliação de acesso aos serviços públicos.

e)

responsabilizar os agentes públicos pela demora na tomada de decisões.

Resolução

a) Incorreta. Ainda que trate das ações tomadas pelas autoridades da cidade, a notícia não traz elementos que denotem uma preocupação em fiscalizar tais ações.

b) Incorreta. A menção à gratuidade do serviço que estaria prestes a ser oferecido aparece na notícia como uma constatação, meramente informativa. Não há indícios de que a gratuidade seja um dos focos da notícia.

c) Correta. A caracterização da leishmaniose como uma doença “grave”, por mais de uma vez no texto, bem como a ressalva de que ela afeta também os seres humanos, podem ser interpretadas como estratégias para conscientizar a população de que, havendo a vacinação gratuita, as pessoas devem procurar pelo serviço. Nesse sentido, além de informar, a notícia cumpre também o objetivo de alertar a população sobre a gravidade da doença.

d) Incorreta. Como a notícia está centrada em um serviço determinado, não há elementos que permitam a interpretação de que o texto tenha como função propor campanhas para a ampliação do acesso aos serviços públicos.

e) Incorreta. Não há marcas textuais de que houve uma demora na tomada de decisões a respeito do problema relatado na notícia. A marca temporal nela existente ("no dia 6 de dezembro") cumpre uma função meramente informativa.

Questão 12 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

textos jornalísticos

    Ela era linda. Gostava de dançar, fazia teatro em São Paulo e sonhava ser a triz em Hollywood. Tinha 13 anos quando ganhou uma câmera de vídeo e uma irmã. As duas se tornaram suas companheiras de experimentações. Adolescente Elena vivia a criar filminhos e se empenhava em dirigir a pequena Petra nas cenas que inventava. Era exigente com a irmã. E acreditava no potencial da menina para satisfazer seus arroubos de diretora precoce. Por cinco anos, integrou algumas das melhores companhias paulistanas de teatro e participou de preleções para filmes e trabalhos na TV. Nunca foi chamada. No Início de 1990, Elena tinha 20 anos quando se mudou para Nova York para cursar artes cênicas e batalhar uma chance no mercado americano. Deslocada, ansiosa, frustrada após alguns testes de elenco malsucedidos, decepcionada com a ausência de reconhecimento e vitimada por uma depressão que se agravava com a falta de perspectivas, Elena pos fim à vida no segundo semestre. Petra tinha 7 anos. Vinte anos depois, é ela, a irmã caçula, que volta a Nova York para percorrer os últimos passos da irmã, vasculhar seus arquivos e transformar suas memórias em imagem e poesia.

    Elena é um filme sobre a irmã que parte e sobre a irmã que fica um filme sobre a busca, a perda, a saudade, mas também sobre o encontro, o legado, a memória. Um filme sobre uma na outra e, essencialmente, um filme sobre a delicadeza.

VANUCHI, C. Época, 19 out. 2012 (adaptado)


O texto é exemplar de um gênero discursivo que cumpre a função social de



a)

narrar, por meio de imagem e poesia, cenas da vida das irmãs Petra e Elena.

b)

descrever, por meio das memórias de Petra, a separação de duas irmãs.

c)

sintetizar, por meio das principais cenas do filme, a história de Elena.

d)

lançar, por meio da história do autor, um filme autobiográfico.

e)

avaliar, por meio de análise crítica, o filme em referência.

Resolução

a) Incorreta. Embora exista, no texto motivador, uma narração de partes da trajetória de Petra e Elena, “narrar” não constitui a função social cumprida pelo gênero discursivo apresentado – a resenha.
b) Incorreta. Não é função social do gênero resenha a descrição. Além disso, o texto, em sua sequência narrativa, não apresenta as memórias de Petra.
c) Incorreta. Embora a síntese das obras apresentadas constitua uma parte importante do gênero resenha, a sua principal função social reside na avaliação crítica. Ademais, o filme analisado não apresenta apenas a história de Elena, mas também de Petra.
d) Incorreta. Não há, no texto, qualquer menção a seu/sua autor/a Vanuchi e não há quaisquer indícios textuais que o/a vinculem ao filme apresentado.
e) Correta. A resenha é um gênero textual cuja principal função social consiste na avaliação crítica de obras de toda sorte, como filmes, livros, exposições, shows, séries de televisão, exposições, álbuns musicais etc. O texto apresentado, primeiramente, sintetiza a obra a ser criticada e, na sequência, procura apresentar uma avaliação sobre tal obra de forma sutil, no último parágrafo, recomendando-a por tratá-la como um “filme sobre a delicadeza”.

Questão 13 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

intertextualidade literária

PALAVRA - As gramáticas classificam as palavras em substantivo, adjetivo, verbo, advérbio, conjunção, pronome, numeral, artigo e preposição. Os poetas classificam as palavras pela alma porque gostam de brincar com elas, e para brincar com elas é preciso ter intimidade primeiro. É a alma da palavra que define, explica, ofende ou elogia, se coloca entre o significante e o significado para dizer o que quer, dar sentimento às coisas, fazer sentido. A palavra nuvem chove. A palavra triste chora. A palavra sono dorme. A palavra tempo passa. A palavra fogo queima. A palavra faca corta. A palavra carro corre. A palavra "palavra" diz. O que quer. E nunca desdiz depois. As palavras têm corpo e alma, mas são diferentes das pessoas em vários pontos. As palavras dizem o que querem, está dito, e pronto.

FALCÃO, A. Pequeno dicionário de palavras ao vento. São Paulo. Salamandra, 2013 (adaptado).


Esse texto, que simula um verbete para a palavra "palavra", constitui-se como um poema porque



a)

tematiza o fazer poético, como em "Os poetas classificam as palavras pela alma".

b)

utiliza o recurso expressivo da metáfora, como em "As palavras têm corpo e alma".

c)

valoriza a gramática da língua, como em "substantivo, adjetivo, verbo, advérbio, conjunção".

d)

estabelece comparações, como em "As palavras têm corpo e alma, mas são diferentes das pessoas.

e)

apresenta informações pertinentes acerca do conceito de "palavra", como em "As gramáticas classificam as palavras".

Resolução

Um verbete que não se constitui como um poema apresenta uma objetividade descritiva mais formal, não recorre à criação imagética para definir um termo. 

a) Incorreta. Não é o tema de um texto que define o gênero textual em questão, mas os recursos expressivos utilizados. 

b) Correta. A metáfora é um recurso expressivo que possibilita a criação imagético-poética, a fuga da formalidade de gêneros textuais que pretendem certa objetividade da linguagem, como o verbete puramente descritivo, que não admite metáforas. 

c) Incorreta. Não há uma valorização da gramática da língua e, mesmo que houvesse, isso não seria suficiente para definir o gênero textual. 

d) Incorreta. A comparação não é um recurso propriamente poético, já que sua ausência em outros gêneros literários não prejudica a poeticidade do texto. Diferente da metáfora, recurso da linguagem que poetiza o discurso e que, por si apenas, abre margens para a fuga da objetividade formal da descrição, abre margens para o poético.

e) Incorreta. Novamente, o conteúdo de um texto não é o que define o gênero textual, mas os recursos expressivos utilizados. 

Questão 14 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Frase, oração, período Gêneros Textuais

    Morte lenta ao luso infame que inventou a calçada portuguesa. Maldito D. Manuel I e sua corja de tenentes Eusébios. Quadrados de pedregulho irregular socados à mão. A mão! É claro que ia soltar, ninguém reparou que ia soltar? Branco, preto, branco, preto, as ondas do mar de Copacabana. De que me servem as ondas do mar de Copacabana? Me deem chão liso, sem protuberâncias calcárias. Mosaico estúpido. Mania de mosaico. Jogar concreto em cima e aplaina. Buraco, cratera, pedra solta, bueiro-bomba. Depois dos setenta, a vida se transforma numa interminável corrida de obstáculos. A queda e a maior ameaça para o idoso. "Idoso", palavra odienta. Pior, só terceira idade. A queda separa a velhice da senilidade extrema. O tombo destrói a cadeia que liga a cabeça aos pés. Adeus, corpo. Em casa, vou de corrimão em corrimão, tateio móveis e paredes, e tomo banho sentado. Da poltrona para a janela, da janela para a cama, da cama para a poltrona, da poltrona para janela. Olha ai, outra vez, a pedrinha traiçoeira atrás de me pegar. Um dia eu caio, hoje não.

TORRES. F. Fim. São Paulo: Cia das Letras. 2013


O recurso que caracteriza a organização estrutural desse texto é o(a)

 



a)

justaposição de sequências verbais e nominais.

b)

mudança de evento resultante do jogo temporal.

c)

uso de adjetivos qualificativos na descrição do cenário.

d)

encadeamento semântico pelo uso de substantivos sinônimos .

e)

inter-relação entre orações por elementos linguísticos lógicos.

Resolução

a) Correta. O texto apresenta algumas frases verbais e nominais, intercalando-as.
Morte lenta ao luso infame que inventou a calçada portuguesa. (sequência verbal)
Maldito D. Manuel I e sua corja de tenentes Eusébios. (sequência nominal)
Quadrados de pedregulho irregular socados à mão. (sequência nominal)
A mão! (sequência nominal)
É claro que ia soltar, ninguém reparou que ia soltar?  (sequência verbal)
Branco, preto, branco, preto, as ondas do mar de Copacabana. (sequência nominal)
De que me servem as ondas do mar de Copacabana?  (sequência verbal)
Me deem chão liso, sem protuberâncias calcárias. (sequência verbal)
Mosaico estúpido. (sequência nominal)
Mania de mosaico. (sequência nominal)
Jogar concreto em cima e aplaina. (sequência verbal)
Buraco, cratera, pedra solta, bueiro-bomba. (sequência nominal)
Depois dos setenta, a vida se transforma numa interminável corrida de obstáculos.  (sequência verbal)
A queda é a maior ameaça para o idoso. "Idoso", palavra odienta. (sequência nominal)
Pior, só terceira idade. (sequência nominal)
A queda separa a velhice da senilidade extrema.  (sequência verbal)
O tombo destrói a cadeia que liga a cabeça aos pés. Adeus, corpo. (sequência nominal)
Em casa, vou de corrimão em corrimão, tateio móveis e paredes, e tomo banho sentado.  (sequência verbal)
Da poltrona para a janela, da janela para a cama, da cama para a poltrona, da poltrona para janela. (sequência nominal)
Olha aí, outra vez, a pedrinha traiçoeira atrás de me pegar.  (sequência verbal)
Um dia eu caio, hoje não.  (sequência verbal)

b) Incorreta. As informações temporais presentes no texto são fornecidas essencialmente por meio de verbos, os quais indicam referências a eventos nos pretéritos perfeito e imperfeito (do Indicativo) como em “inventou”, “reparou”, ou ao presente (do Indicativo) como em “é”, “servem”, “destrói” ou ainda ao futuro (do Indicativo) como “ia soltar”. Em nenhuma dessas referências, busca-se uma mudança dos eventos como resultado de algum “jogo temporal”, alguma organização que seja basilar no texto e propicie sua estruturação.
c) Incorreta. O texto utiliza vários adjetivos para a descrição do cenário como em “pedra portuguesa”, “pedregulho irregular”, “protuberâncias calcárias”, “chão liso” ou “pedra solta”. As caracterizações propostas por essas expressões não constroem valor qualificativo. Em algumas ocorrências, porém, os adjetivos têm, de fato, valor qualificativo como em “mosaico estúpido” ou “pedrinha traiçoeira”, mas esse uso também não se restringe apenas à descrição do cenário, pois se amplia para outras caracterizações como em “palavra odienta”. Além disso, a presença desses adjetivos não se configura como parte essencial da organização estrutural do texto.
d) Incorreta. Há poucas ocorrências no texto de termos sinônimos como “queda” e “tombo”, para que se possa compreendê-los como parte estruturante da organização do texto.
e) Incorreta. As orações, em sua maioria, são organizadas por justaposição, e não pela presença de elementos conectivos lógicos.

Questão 15 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Funções da Linguagem função emotiva ou expressiva

Assentamento

Zanza daqui
Zanza pra acolá
Fim de feira, periferia afora
A cidade não mora mais em mim
Francisco, Serafim
Vamos embora


Ver o capim
Ver o baobá
Vamos ver a campina quando flora
A piracema, rios contravim
Binho, Bel, Bia, Quim
Vamos embora


Quando eu morrer
Cansado de guerra
Morro de bem
Com a minha terra:
Cana, caqui
lnhame, abóbora
Onde só vento se semeava outrora
Amplidão, nação, sertão sem fim

Ó Manuel, Miguilim
Vamos embora

BUARQUE, C. As cidades. Rio de Janeiro: RCA, 1998 (fragmento).


Nesse texto, predomina a função poética da linguagem. Entretanto, a função emotiva pode ser identificada no verso:



a)

"Zanza pra acolá".

b)

"Fim de feira, periferia afora"

c)

A cidade não mora mais em mim".

d)

"Onde só vento se semeava outrora".

e)

Ó Manuel, Miguilim".

Resolução

a) Incorreta. O verso “Zanza pra acolá” não expõe uma opinião, emoção ou outro aspecto subjetivo relacionado ao enunciador.

b) Incorreta. O verso “Fim de feira, periferia afora” não expõe uma opinião, emoção ou outro aspecto subjetivo relacionado ao enunciador.

c) Correta. A função emotiva ou expressiva tem como foco o enunciador (locutor) e caracteriza-se pelo uso de verbos na primeira pessoa e exposição de aspectos subjetivos, como emoções e opiniões. Nesse sentido, verso “A cidade não mora mais em mim” representa tal função ao evidenciar a percepção do enunciador sobre sua relação com o espaço (cidade).

d) Incorreta. O verso “Onde só vento se semeava outrora” não expõe uma opinião, emoção ou outro aspecto subjetivo relacionado ao enunciador.

e) Incorreta. O verso “Ó Manuel, Miguilim” não expõe uma opinião, emoção ou outro aspecto subjetivo relacionado ao enunciador.

Questão 16 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Pressupostos e Subentendidos linguagem verbal e não verbal textos híbridos

Disponível em: https://viva-porto.pt. Acesso em: 24 nov. 2021 (adaptado).

A articulação entre os elementos verbais e os não verbais so texto tem como propósito desencadear a



a)

identificação de distinções entre mulheres e homens.

b)

revisão de representações estereotipadas de gênero.

c)

adoção de medidas preventivas de combate ao sexismo.

d)

ratificação de comportamentos femininos e masculinos.

e)

retomada de opiniões a respeito da diversidade dos papéis sociais.

Resolução

a) Incorreta. A articulação dos textos não tem como propósito o desencadeamento de distinção entre mulheres e homens, pois não apresenta elementos verbais e não verbais cuja finalidade seja a apresentação de tal distinção.
b) Correta. O texto analisado na questão apresenta duas imagens. À esquerda, podemos ver a figura de uma mulher sorrindo ao volante e à direita podemos ver um homem de frente para a imagem com um semblante sério. Sobre as imagens, há um texto em letras brancas no qual se apresentam, respectivamente, “Mulher ao volante, perigo constante” e “Os homens não choram”. Sobreposto a esse texto há escritas corretivas em preto. No primeiro quadro, corta-se o trecho “perigo constante” e escreve-se “tem estrada para andar”. No segundo quadro, são feitos dois riscos sobre a palavra “não”. A partir dessas intervenções, corrigem-se os textos originais, deixando-os “Mulher ao volante tem estrada para andar” e “Os homens choram”. Desse modo, fica explícita a revisão apontada no item ‘b’, a qual procura “revisar” as representações estereotipadas de que mulheres apresentariam perigo ao volante ou de que homens não poderiam chorar.
c) Incorreta. Não há, no texto, menções a medidas preventivas de combate ao sexismo nem por elementos verbais, nem por elementos não verbais.
d) Incorreta. Não há, no texto, a busca por se apresentar uma validação da apresentação de comportamentos que sejam femininos ou masculinos. Ao contrário, busca-se apresentar visões estereotipadas sobre eles e corrigi-las.
e) Incorreta. O texto não retoma opiniões a respeito da diversidade dos papéis sociais. Ele apresenta visões estereotipadas sobre homens e mulheres, a fim de corrigi-las, e não de retomá-las.
 

Questão 17 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Pressupostos e Subentendidos

As línguas silenciadas do Brasil

    Para aprender a língua de seu povo, o professor Txaywa Pataxó, de 29 anos, precisou estudar os fatores que, por diversas vezes, quase provocaram a extinção da língua patxôhã. Mergulhou na história do Brasil e descobriu fatos violentos que dispersaram os pataxós, forçados a abandonar a própria língua para escapar da perseguição. "Os pataxós se espalharam, principalmente, depois do Fogo de 1951. Queimaram tudo e expulsaram a gente das nossas terras. Isso constrange o nosso povo até hoje", conta Txaywa, estudante da Universidade Federal de Minas Gerais e professor na aldeia Barra Velha, região de Porto Seguro (BA). Mais de quatro décadas depois, membros da etnia retornaram ao antigo local e iniciaram um movimento de recuperação da língua patxôhã. Os filhos de Sameary Pataxó já são fluentes - e ela, que se mudou quando já era adulta para a aldeia, tenta aprender um pouco com eles. "É a nossa identidade. Você diz quem você é por meio da sua língua", afirma a professora de ensino fundamental sobre a importância de restaurar a llngua dos pataxós. O patxôhã está entre as línguas indígenas faladas no Brasil: o IBGE estimou 274 línguas no último censo. A publicação Povos indígenas no Brasil 2011/2016, do Instituto Socioambiental, calcula 160. Antes da chegada dos portugueses, elas totalizavam mais de mil.

Disponível em: https://brasil.elpais.oom Acesso em: 11 jun. 2019 (adaptado).

 


O movimento de recuperação da língua patxôhã assume um caráter identitário peculiar na medida em que



a)

denuncia o processo de perseguição histórica sofrida pelos povos indígenas.

b)

conjuga o ato de resistência étnica à preservação da memória cultural.

c)

associa a preservação linguística ao campo da pesquisa acadêmica.

d)

estimula o retorno de povos indígenas a suas terras de origem.

e)

aumenta o número de línguas indígenas faladas no Brasil.

Resolução

a) Incorreta. Existe, no texto, uma abordagem do processo de perseguição histórica sofrida pela etnia dos pataxós, que fazem parte dos povos indígenas, porém tal abordagem não se configura como denúncia.
b) Correta. A recuperação da língua patxôhã assume um caráter identitário peculiar – afinal a língua seria a “identidade”, “você é por meio da sua língua” –, de acordo com o texto, na associação entre a resistência étnica e a preservação da memória cultural. Elas podem ser observadas em razão de os membros da etnia pataxó terem conseguido sobreviver e preservar a língua mesmo após a sua dispersão compulsória, provocada por perseguição violenta marcada, dentre tantas outras, pelo Fogo de 1951. Essas duas ações foram responsáveis por permitir que, quatro décadas depois, fosse possível retornar ao local e iniciar “um movimento de recuperação da língua”, e, consequentemente, da identidade.
c) Incorreta. O texto apresenta, em sua primeira parte, uma relação da preservação e recuperação linguística com o campo da pesquisa acadêmica, quando aborda que o professor Txaywa Pataxó dedicou-se ao estudo da língua patxôhã e da história relacionada ao povo pataxó. Contudo, tal pesquisa não é apresentada como elemento de “caráter identitário".
d) Incorreta. No texto, apresenta-se o retorno dos povos indígenas a suas terras de origens como um elemento anterior à recuperação da língua, e não como um movimento estimulado pela recuperação da língua.
e) Incorreta. Não há qualquer menção a uma possível relação entre um aumento de línguas indígenas faladas no Brasil e o movimento de recuperação da língua patxôhãno texto.

Questão 18 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

textos publicitários Intertextualidade e Interdiscursividade

TEXTO I

Disponível em: https://amlgodobicho.wordpress.com. Acesso em. 10 dez. 2017.

 

TEXTO II

Nas ruas, na cidade e no parque

    Ninguém nunca prendeu o Delegado. O vaivém de rua em rua e sua longa vida são relembrados e recontados. Exemplo de sobrevivência, liderança, inteligência canina, desde pequenininho seu focinho negro e seus olhos delineados desenharam um mapa mental olfativo-visual de Lavras. Corria de quem precisava correr e se aproximava de quem não lhe faria mal, distinguia este daquele. Assim, tornou-se um cão comunitário. Nunca se soube por que escolheu a rua, talvez lhe tenham feito mal dentro de quatro paredes. Idoso, teve câncer e desapareceu. O querido foi procurado pela cidade inteira por duas protetoras, mas nunca encontrado.

COSTA, A. R. N. Viver o amor aos cães: Parque Francisco de Assis. Carmo do Cachoeira: lrdin. 2014 (adaptado).


Os dois textos abordam a temática de animais de rua, poém, em relação ao Texto I, o Texto II



a)

problematiza a necessidade de adoção de animais sem lar.

b)

valida a troca afetiva entre os pets adotados e seus donos.

c)

reforça a importância da campanha de adoção de animais.

d)

exalta a natureza amigável de cães e de gatos.

e)

promove a campanha de adoção de animais.

Resolução

a) Correta. No Texto II, o autor sugere que o cão comunitário sofreu maus-tratos de seus ex-tutores: “nunca se soube por que escolheu a rua, talvez tenham feito mal dentro de quatro paredes”. A partir dessa suposição, ocorre uma problematização da necessidade de adoção de animais sem lar, uma vez que, em desencontro ao senso comum, o cão encontrou cuidados justamente na rua, sendo tutelado pela comunidade. Tal problematização não se verifica no Texto I, que apenas estimula a adoção de animais abandonados.

b) Incorreta. Não há menção à troca afetiva entre pets adotados e seus donos, pois, no Texto II, somos apresentados à história de Delegado, um cão de rua – e, portanto, sem donos – “querido” e tutelado pelos moradores do município de Lavras.

c) Incorreta. O Texto II não reforça a importância da campanha de adoção de animais apresentada no Texto I. Pelo contrário, o relato sugere que a existência de um tutor nem sempre indica segurança e afeto.

d) Incorreta. O texto não aborda uma suposta natureza amigável de cães, já que foca na história e especificidades de um único cão. Além disso, não há menção a gatos.

e) Incorreta. A promoção a campanhas de adoção de animais restringe-se ao Texto I.

Questão 19 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Pressupostos e Subentendidos

    E ruivo? Tem olhos azuis? É homem ou mulher? Usa chapéu? Quem jogou Cara a Cara na infância sabe de cor o roteiro de perguntas para adivinhar quem é o personagem misterioso do seu oponente.

    Agora, o jogo está prestes a ganhar uma nova versão. A designer polonesa Zuzra Kozerska-Girard está desenvolvendo uma variação do Guess Who? (nome do Cara a Cara em inglês), em que as personalidades do tabuleiro são, na verdade, mulheres notáveis da história e da atualidade, como a artista Frida Kahlo, a ativista Malaia Yousafzai, a astronauta Valentina Tereshkova e a aviadora Amelia Earhart. O Who's She? ("Quem é ela?", em português) traz, no total, 28 mulheres que representam diversas profissões, nacionalidades e idades.

    A ideia é que, em vez de perguntar sobre a aparência das personagens, as questões sejam direcionadas aos feitos delas: ganhou algum Nobel, fez alguma descoberta. Para cada personagem há um cartão com fatos divertidos e interessantes sobre sua vida. Uma campanha entrou no com ar com o objetivo de arrecadar dinheiro para desenvolver o Who's She?. A meta inicial era reunir 17 mil dólares. Oito dias antes de a campanha acabar, o projeto já angariou quase 350 mil dólares.

    A chegada do jogo à casa do comprador varia de acordo com a quantia doada - quanto mais você doou, mais rápido vai poder jogar.

Disponível em: www super.abril.com.br Acesso em. 4 dez. 2018 (adaptado)


Ao divulgar a adaptação do jogo para questões relativas a ações e habilidades de mulheres notáveis, o texto busca



a)

contribuir para a formação cidadã dos jogadores.

b)

refutar modelos estereotipados de beleza e elegância.

c)

estimular a competitividade entre potenciais compradores.

d)

exemplificar estratégias de arrecadação financeira pela internet.

e)

desenvolver conhecimentos lúdicos específicos dos tempos atuais.

Resolução

a) Correta. A divulgação de um jogo que foca nas ações e habilidades de mulheres cujas ações foram relevantes para a sociedade colabora com a desconstrução do machismo e, consequentemente, com a formação de uma sociedade mais igualitária. Tem-se, desse modo, uma contribuição para a formação cidadã dos jogadores.

b) Incorreta. O jogo original (“Cara a Cara” – “Guess Who?”) foca na aparência das personagens, ao realizar questionamentos do tipo "É ruivo? Tem olhos azuis? É homem ou mulher? Usa chapéu?", para descobrir “o personagem misterioso”. Porém, essas características são descrições, como aponta o texto em “A ideia é que, em vez de perguntar sobre a aparência das personagens", e não “modelos estereotipados de beleza e elegância”. Por essa razão, a afirmação da alternativa, de que a adaptação (“Quem é ela?” – “Who’s She”) nega os “modelos de beleza e elegância”, não pode ser sustentada.

c) Incorreta. As informações apresentadas no texto não explicitam e não permitem sustentar a inferência de que a adaptação do jogo terá como efeito uma maior competitividade entre os jogadores.

d) Incorreta. A menção ao montante arrecadado por meio de campanha é exposta no texto para evidenciar a adesão e interesse do público no jogo (pois a valor total superou o estimado), e não exemplificar “estratégias de arrecadação financeira pela internet”, já que informações detalhadas sobre o procedimento não foram citadas.  

e) Incorreta. A partir do jogo será possível conhecer os feitos de mulheres que marcaram a humanidade ao longo do tempo (“mulheres notáveis da história e da atualidade”, conforme esclarece o texto), como Frida Kahlo, Amelia Earhart, Malala Yousafzai, e não apenas da atualidade, como afirma a alternativa.