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Questão 17 Enem 2022 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas

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Questão 17

Pressupostos e Subentendidos

As línguas silenciadas do Brasil

    Para aprender a língua de seu povo, o professor Txaywa Pataxó, de 29 anos, precisou estudar os fatores que, por diversas vezes, quase provocaram a extinção da língua patxôhã. Mergulhou na história do Brasil e descobriu fatos violentos que dispersaram os pataxós, forçados a abandonar a própria língua para escapar da perseguição. "Os pataxós se espalharam, principalmente, depois do Fogo de 1951. Queimaram tudo e expulsaram a gente das nossas terras. Isso constrange o nosso povo até hoje", conta Txaywa, estudante da Universidade Federal de Minas Gerais e professor na aldeia Barra Velha, região de Porto Seguro (BA). Mais de quatro décadas depois, membros da etnia retornaram ao antigo local e iniciaram um movimento de recuperação da língua patxôhã. Os filhos de Sameary Pataxó já são fluentes - e ela, que se mudou quando já era adulta para a aldeia, tenta aprender um pouco com eles. "É a nossa identidade. Você diz quem você é por meio da sua língua", afirma a professora de ensino fundamental sobre a importância de restaurar a llngua dos pataxós. O patxôhã está entre as línguas indígenas faladas no Brasil: o IBGE estimou 274 línguas no último censo. A publicação Povos indígenas no Brasil 2011/2016, do Instituto Socioambiental, calcula 160. Antes da chegada dos portugueses, elas totalizavam mais de mil.

Disponível em: https://brasil.elpais.oom Acesso em: 11 jun. 2019 (adaptado).

 


O movimento de recuperação da língua patxôhã assume um caráter identitário peculiar na medida em que



a)

denuncia o processo de perseguição histórica sofrida pelos povos indígenas.

b)

conjuga o ato de resistência étnica à preservação da memória cultural.

c)

associa a preservação linguística ao campo da pesquisa acadêmica.

d)

estimula o retorno de povos indígenas a suas terras de origem.

e)

aumenta o número de línguas indígenas faladas no Brasil.

Resolução

a) Incorreta. Existe, no texto, uma abordagem do processo de perseguição histórica sofrida pela etnia dos pataxós, que fazem parte dos povos indígenas, porém tal abordagem não se configura como denúncia.
b) Correta. A recuperação da língua patxôhã assume um caráter identitário peculiar – afinal a língua seria a “identidade”, “você é por meio da sua língua” –, de acordo com o texto, na associação entre a resistência étnica e a preservação da memória cultural. Elas podem ser observadas em razão de os membros da etnia pataxó terem conseguido sobreviver e preservar a língua mesmo após a sua dispersão compulsória, provocada por perseguição violenta marcada, dentre tantas outras, pelo Fogo de 1951. Essas duas ações foram responsáveis por permitir que, quatro décadas depois, fosse possível retornar ao local e iniciar “um movimento de recuperação da língua”, e, consequentemente, da identidade.
c) Incorreta. O texto apresenta, em sua primeira parte, uma relação da preservação e recuperação linguística com o campo da pesquisa acadêmica, quando aborda que o professor Txaywa Pataxó dedicou-se ao estudo da língua patxôhã e da história relacionada ao povo pataxó. Contudo, tal pesquisa não é apresentada como elemento de “caráter identitário".
d) Incorreta. No texto, apresenta-se o retorno dos povos indígenas a suas terras de origens como um elemento anterior à recuperação da língua, e não como um movimento estimulado pela recuperação da língua.
e) Incorreta. Não há qualquer menção a uma possível relação entre um aumento de línguas indígenas faladas no Brasil e o movimento de recuperação da língua patxôhãno texto.