Enem 2020 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas

a) Incorreta. Ainda que a ideia de contratualismo também tenha sido pensadores republicanos, não é possível afirmar que o texto aborde explicitamente o ideal de República em si. O principal argumento da presente reflexão é a natureza contratualista das sociedades, na qual os indivíduos aceitam mutuamente os termos e condutas sociais consideradas como apropriados para sua regulação. Tal aceitação dos termos políticos independe da estrutura política escolhida, seja ela a República ou a Monarquia, por exemplo.
b) Incorreta. O excerto não faz menções acerca da divisão tripartite de poderes num sistema político, mas sim à centralidade da cooperação e do compartilhamento dos termos e condutas sociais na formação da política contemporânea.
c) Incorreta. Não há qualquer menção a regimes socialistas no texto base, sequer às organizações econômicas das sociedades contemporâneas. A reflexão aqui fornecida analisa a natureza contratual das formações políticas e sociais, independentes de serem vinculados ao socialismo ou ao capitalismo, por exemplo.
d) Incorreta. Não há uma menção explícita ao modelo Absolutista no texto de apoio, mas sim à aceitação consentida dos termos e condutas sociais nas diferentes sociedades. Por sua vez, o Absolutismo buscava outras formas de legitimação social para além do contratualismo de seus cidadãos, se impondo através da força ou de outros argumentos filosóficos, a exemplo do "Direito Divino dos Reis", desenvolvido pelo filósofo francês Jacques Bossuet (1627 - 1704).
e) Correta. O texto da questão aborda a natureza contratualista das sociedades, ou seja, reflete sobre o reconhecimento de um dado conjunto de regras e condutas avaliadas como fundamentais para a regulação social. Esse compartilhamento de regras e condutas entre os indivíduos é compreendido como uma espécie de contrato social, na qual os cidadãos aceitam seus termos como organizadores da vida em sociedade. Tal conceito é fundamental na filosofia política moderna e contemporânea, sendo desenvolvido por pensadores como John Locke (1632-1704) e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778).
 

a) Incorreta. Embora o contexto da República Romana também envolva as tensões sobre a propriedade da terra, é incorreto afirmar que havia um interesse central nesse contexto para demarcação das terras públicas. Nesse período, debatia-se acerca do acesso às terras conquistadas, repassadas preferencialmente para patrícios e generais do exército, o que favorecia uma forte concentração fundiária. Tal modelo de repasse das terras gerou uma forte crise social no período final da República Romana, já que os pequenos proprietários plebeus não tinham condições de competirem com os grandes latifúndios patrícios produzidos por braços escravos, resultado direto da expansão experimentada nesse contexto.
b) Incorreta. A conquista de Cartago e a Expansão Romana resultaram na entrada de um grande contingente de escravos capturados nas guerras, abastecendo o mercado interno de Roma e reduzindo a importância da chamada "escravidão por dívidas", instituição bastante contestada pelos plebeus. Como resultado de ambos os elementos, a escravidão por dívidas foi abolida ainda de Roma ainda em 326 a.C., ao contrário da suposta "imposição" sugerida pela alternativa.
c) Incorreta. Não é possível afirmar que há uma relação direta entre as Guerras Púnicas e a restrição de cidadania por parentesco em Roma. Inicialmente, a cidadania era garantia fundamentalmente aos habitantes livres e homens da cidade de Roma, tornando-se mais abrangente conforme o processo de expansão avançava. Por exemplo, quando alguma região aceitava a incorporação pacífica aos domínios romanos, os membros da elite local eram agraciados com a cidadania romana, mesmo sem apresentarem quaisquer parentescos diretos com os outros cidadãos da República Romana.
d) Incorreta. As Guerras Púnicas e a Expansão Romana não levaram à restauração de instituições antigas de Roma, mas sim, no longo prazo, à crise do sistema político republicano. Contudo, tal crise resultou num novo modelo de organização romana, o Império, e não o resgate de práticas tidas como "ancestrais" daquela civilização.
e) Correta. O evento histórico mencionado (Guerras Púnicas) é tradicionalmente compreendido como um episódio inicial da chamada Expansão Romana, que resultou num acelerado processo de incorporação de novos territórios aos domínios de Roma. Com a Conquista de Cartago, os romanos garantiram o controle de importantes rotas marítimas no Mediterrâneo, facilitando o acesso, a conquista e a colonização de áreas além da Península Itálica, consolidando um alargamento das fronteiras de Roma para além dessa região.

a) Incorreta. A expansão do setor extrativista (que gera produtos básicos) poderia resultar na maior produção e exportação de produtos minerais e vegetais retirados da natureza, mas continuaria a manter a assimetria comercial exposta no texto do enunciado, pois haveria aumento da importância de produtos básicos na balança comercial brasileira.

b) Incorreta. O incremento de produtos agrícolas promoveria aumento da assimetria mencionada no comércio entre China e Brasil, pois as exportações brasileiras para a China já estão fortemente concentradas em produtos básicos, entre 75% e 80%, segundo o excerto apresentado.

c) Incorreta. A diversificação da matriz energética é uma ação que tende a diminuir a dependência do país em relação à importação de combustíveis fósseis, algo que não se insere no escopo do comércio realizado com a China, pois majoritariamente compramos produtos industrializados chineses.

d) Correta. Investimentos em pesquisa científica e pesquisa e desenvolvimento (P&D) colaboram para gerar inovações de produto e de setores que podem produzir produtos industrializados nacionais, diminuindo a dependência em relação aos produtos externos. Como a China é um dos países que mais vende produtos industrializados ao Brasil, a redução da necessidade de importação de bens de consumo e manufaturados de alto valor reduziria também a assimetria no comércio bilateral, o que poderia ser benéfico à economia brasileira.

e) Incorreta. Tal ação já é realizada a fim de aplicar as taxações impostas pela legislação brasileira e garantir a segurança do território em relação às mercadorias que aqui adentram. Além disso, o monitoramento realizado nas alfândegas não consegue alterar a pauta de produtos exportados e importados entre os dois países, visto que tal lógica permeia questões macroeconômicas mais complexas.

a) Correta. O excerto discorre sobre mudanças populacionais observadas nas áreas rurais e menciona que "a dinâmica agrícola, embora fundamental, já não determina sozinha os rumos da demografia no campo". Isso sugere a existência de novas realidades e modos de vida dos camponeses, que agora não se vinculam ao campo somente graças ao trabalho, mas são também "desempregados, inativos e aposentados". Dessa forma, o texto expressa um campo mais heterogêneo, algo que resulta diretamente da modernização das atividades agrícolas, que fazem o "emprego de natureza agrícola definhar em todo o país" pela substituição da mão-de-obra por máquinas e equipamentos, e pelo "incremento do emprego não agrícola", como atividades comerciais e prestação de serviços diversos nas áreas rurais.

b) Incorreta. O fluxo populacional nas cidades brasileiras ainda é intenso e expresso, sobretudo, pelo crescimento de cidades grandes e médias, tendo estas últimas um ritmo mais acelerado de expansão decorrente de atividades econômicas e boas condições de vida que atraem parte da população a elas.

c) Incorreta. O texto menciona que a "população residente no campo voltou a crescer", mas que o "emprego de natureza agrícola definha em todo o país", o que indica que não há relação direta entre a migração sazonal, motivada pela necessidade de aporte de mão-de-obra em épocas de colheita, e a força de trabalhadores do campo.

d) Incorreta. O texto aponta que "aumentou a massa de desempregados, inativos e aposentados que mantêm residência rural", o que indica que parte da população residente no campo necessitaria adquirir sua renda em contexto urbano e que a renda não é indissociável do local de moradia, pois pode ser obitda em outro lugar.

e) Incorreta. O texto não faz referência alguma às áreas de fronteiras e também não é possível afirmar por meio de sua análise a existência de desregulamentação de propriedades agrícolas.

O excerto introdutório do exercício apresenta as dificuldades para inclusão  efetiva feminina no mercado de trabalho. Mesmo dizendo que houve grande ampliação da presença feminina no mercado de trabalho, o texto também mostra que foi mantida a participação masculina nos postos mais bem remunerados e menos explorados, enquanto coube às mulheres a ocupação de postos mais precarizados.

Essa lógica indica que não ocorreu uma inclusão que proporcionou igualdade entre os gêneros porque a sociedade manteve-se patriarcal tanto em âmbito familiar, quanto econômico. A posição da mulher no mercado de trabalho, nas estruturas sociais familiares e até mesmo políticas da sociedade é estabelecida por regras culturais patriarcais e machistas que tornam parte da população feminina subalterna aos domínios e interesses masculinos e tal cultura se estabeleceu como ordem natural da organização social, condenando as mulheres às posições subalternas tanto familiares (o que via de regra leva inclusive a violência doméstica) quanto profissionais (o que determina sua posição inferior no mercado de trabalho). Sendo assim, é possível discorrer que:

a) Incorreta. A condenação feminina à inferioridade dentro do mercado de trabalho não é uma questão de estagnação de direitos adquiridos, o machismo apesar de poder se apresentar impregnado em leis arcaicas, nem sempre o faz em sociedades modernas e, mesmo com leis mais igualitárias, a desigualdade de gênero ainda se expressa no mercado de trabalho.

b) Correta. Esta alternativa traz corretamente o que faz do mercado de trabalho um espaço desigual sobre a questão de gênero: é sim a manutenção do status quo patriarcal empresarial que mantém as desigualdades das condições de trabalho e remuneração entre os gêneros.

c) Incorreta. Como mencionado, há a manutenção das estruturas patriarcais e não a sua desestruturação e isso invalida esta alternativa.

d) Incorreta. As mulheres também são limitadas ou até privadas de protagonismo, independência e participação política mais efetiva. Vale lembrar que enquanto estruturas sociais os sindicatos também são, em geral, redutos masculinos que reproduzem relações de desigualdade entre gêneros na sociedade.

e) Incorreta. Quando analisamos sociedades como a brasileira, por exemplo, é comum vermos índices de estudo e aperfeiçoamento profissional superiores entre as mulheres quando relacionados com os indicadores masculinos. No entanto, mesmo com melhor formação quase sempre as mulheres ganham menos que os homens e são submetidas a ordens de gerentes/patrões homens. Isso invalida a alternativa.

a) Incorreta. Os movimentos de reforma agrária não buscam reverter a privatização fundiária em si, já que reconhecem o direito de propriedade da terra. O cerne de suas reinvindicações envolve o atendimento da função social da propriedade rural, compreendendo que, como parte integrante da sociedade e de suas normas, os proprietários de terras devem atender critérios sociais, produtivos e ambientais no gozo de seu bem imóvel.
b) Incorreta. Embora os movimentos de reforma agrária contestem a produção latifundiária, o texto do exercício não desenvolve sobre possíveis inviabilidades desse modelo de produção. O elemento contestado abordado no exceto do exercício envolve o uso social da terra, ou seja, a conciliação do direito de propriedade com o bem-estar coletivo e com a busca pela justiça social no campo.
c) Correta. Os movimentos de reforma agrária procuram reverter a enorme concentração de terras existente no Brasil, resultado de uma histórica política excludente no que se refere ao acesso à propriedade rural. Para embasar suas reivindicações, tais movimentos recorrem ao conceito de função social da terra, presente no artigo 186 da Constituição de 1988. Neste artigo, a função social da propriedade rural é considerada cumprida quando o proprietário atende o "aproveitamento racional e adequado" da terra, utiliza adequadamente seus recursos naturais, preserva o meio ambiente, atende a legislação trabalhista vigente e promove o bem-estar do proprietário e de seus trabalhadores. Ao violar algum destes princípios, a União tem a competência para desapropriar a terra por interesse social, encaminhando a propriedade para reforma agrária mediante as devidas indenizações. No caso de espaços improdutivos (como em casos de propriedades voltadas para a especulação imobiliária, por exemplo), o proprietário viola a função social da terra especialmente por não atender o aproveitamento racional e adequado de sua propriedade, privando a sociedade do acesso ao trabalho e aos frutos possíveis de produção na área envolvida.
d) Incorreta. Ainda que os movimentos camponeses ressaltem a importância da pequena propriedade no abastecimento do mercado local, não há qualquer reivindicação mais ampla no impedimento da exportação de produtos agrícolas. Tampouco esse assunto é abordado nas reflexões do texto do exercício.
e) Incorreta. A luta pela reforma agrária não busca a paralisação do funcionamento de empresas agroindustriais, mas sim o atendimento à função social da terra. Ou seja, defendem a necessidade de conciliar os interesses do proprietário de terra com os sociais, observando critérios básicos de preservação ambiental, de uso racional da terra e de oportunidades de acesso à propriedade rural.

A questão utiliza como base um trecho do livro O Queijo e os Vermes, escrito pelo historiador italiano Carlo Ginzburg e publicado em 1976. A partir de arquivos da Inquisição, Ginzburg reconstroi a história de Menocchio, um moleiro da região do Friuli, que viveu no século XVI e foi condenado por heresia, tendo sido executado em 1599. O motivo da condenação foi a interpretação pouco ortodoxa sobre a origem do mundo, as religiões e a fé que Menocchio realizou e divulgou, visões que entravam em choque com a doutrina e com os dogmas da Igreja Católica.
a) Incorreta. No século XVI não havia a possibilidade de consulta pública às bibliotecas reais, de forma que a reinterpretação da visão católica do mundo não teve como fontes ou inspiração as coleções de livros dos reis.
b) Incorreta. O estilo Barroco começou a se desenvolver no século XVI, período em que Menocchio viveu e atuou. Porém, esse estilo artístico, muitas vezes identificado com a Contrarreforma, consiste na reafirmação dos valores da Igreja Católica e de seus dogmas, ao invés de um questionamento ou de uma nova interpretação sobre esses artigos doutrinários. Como a atividade do moleiro foi centralizada em torno do questionamento, não é razoável dizer que a sofisticação barroca do ritual litúrgico cristão fez parte desse questionamento.
c) Incorreta. Na Idade Moderna ainda é bastante presente a educação religiosa, não sendo viável identificar a mudança na visão de mundo católica a um consenso popular em torno da educação secular, ou não-religiosa. O ensino laico iria ganhar importãncia ao longo dos séculos, inclusive no referente ao ensino básico, mas, no período em questão, a educação religiosa ainda possui papel central.
d) Correta. Alguns dos princípios da Reforma Protestante defendem a interpretação dos textos religiosos por parte do fiel, sem intermediários. Na doutrina católica era usual que a autoridade religiosa servisse como intérprete dos textos. Nesse sentido encontra-se também a defesa da tradução da Bíblia para as línguas locais e a realização do culto em vernáculo. A imprensa, por sua vez, permite o aumento da circulação de textos e de ideias. Esses elementos possibilitam que Menocchio, homem simples alfabetizado e de grande imaginação e criatividade, use o que leu nos livros como ponto de partida para a elaboração de ideias próprias sobre questões fundamentais da nossa existência. Além da influência que a leitura possui em sua atividade, o espírito de questionamento da época também pode ter sido um motivador para que o moleiro divulgasse suas ideias peculiares - e heréticas para a Igreja - primeiramente entre as pessoas de sua vila, como seus vizinhos e o padre local (que lhe emprestava livros) e posteriormente entre autoridades religiosas, como os inquisidores. 
e) Incorreta. Uma heresia, por definição, é algo que se desvia do que foi definido pela doutrina da Igreja. Acontecimentos como a invenção da imprensa e a Reforma não agem no sentido de corrigir heresias medievais, mas sim acabam por possibiltar novos questionamentos, que poderiam, por sua vez, ser interpretados como novas heresias. Então, ao invés de corrigirem heresias medievais, esses eventos colaboraram para o surgimento de novas doutrinas, agora modernas, algumas das quais podem ser reavalições de questionamentos já realizados ao longo do período medieval.

O trecho do livro "Alice no país das maravilhas" apresenta uma dificuldade clara de sua personagem principal quanto a sua localização: “Alice não tinha a menor ideia do que fosse latitude e longitude, mas achou que eram palavras importantes...” Quando o texto faz referência à distância e a longitude e latitude, ele revela elementos geográficos básicos de localização e orientação espacial. Sendo assim, pode-se discorrer que:

a) Incorreta. As citações textuais fazem referência a elementos de localização e orientação cartográfica, não aos mapas e projeções, pois estas são técnicas utilizadas em representações cartográficas a fim de projetar a superfície terrestre  tridimensional em uma superfície bidimensional (planisfério).

b) Incorreta. O texto não se refere a fusos horários, sistema de distribuição das diferentes horas a partir do estabelecimento de diferentes fusos no planeta, que variam de 15º em 15º de longitude. Dessa forma, a cada 15º na superfície, têm-se uma hora diferente, algo que não ocorre na situação vivenciada pela personagem.

c) Incorreta. O polo magnético ajuda na localização geográfica a medida em que determina o funcionamento das bússolas. Porém, o excerto não traz as dificuldades com a orientação das bússolas, mas sim a percepção do deslocamento sobre um determinado espaço (caminho).

d) Correta.  Como mencionado, Alice está está desorientada e confusa em relação a posições latitudinais e longitudinais e à própria noção de posição relativa no planeta, o que torna tal alternativa correta.

e) Incorreta. As citações textuais fazem referência a elementos de localização e orientação cartográfica, não aos mapas, projeções e possíveis deformações dos continentes.

a) Correta. O texto traz uma reflexão sobre uma produção artística pré-histórica que tinha como característica os registros dos dias de seus artistas e, por conta disso, era possível aprender com tais imagens, permitindo acúmulos de saberes.

b) Incorreta. Na produção artística pré-histórica, são encontradas representações relativas ao cotidiano, como caçadas, danças e suas relações sociais. Não há elementos envolvendo propriedade individual.

c) Incorreta. A arte que se relaciona com uma ideia de hierarquia é posterior ao período pré-histórico, portanto, tal temática não foi abordada nesse contexto.

d) Incorreta. De fato as pinturas primitivas representam as relações das pessoas daquele tempo, entretanto, como o texto aborda a ideia de mensagens pedagógicas com explicações de suas visões de mundo, o conceito mais importante aqui é a transmissão de saberes.

e) Incorreta. Sendo produções primitivas, é possível afirmar que seus artistas utilizavam tudo aquilo que conhecia e, portanto, não rejeitavam nenhuma prática.

Essa questão trabalha a relação entre mente-corpo, temática estudada pelo filósofo estadunidense Thomas Nagel, uma das referências da chamada "filosofia da mente", área que se destaca, no século XX, na história da filosofia.
Quando esse debate está em pauta, uma das vertentes presentes é a chamada vertente "reducionista", que trata a mente como mero reflexo da atividade cerebral, exclusivamente bio-físico-química, segundo os reducionistas.
Nagel, posicionando-se de outra maneira, pensa que a problemática mente-corpo é insolúvel, não acreditando ser possível tratar a consciência como pura consequência de uma atividade cerebral exclusivamente materialista e, ao mesmo tempo, não acreditando ser possível tratar a mente como algo absolutamente distinto do corpo.
Nesse viés, o texto que contextualiza o exercício traz reflexões sobre o debate e, inevitavelmente, "confere visibilidade a uma doutrina filosófica contemporânea", como diz o enunciado. Tal doutrina é o solipsismo.
De acordo com os solipsistas, só podemos ter certeza de nosso eu, configurado pela nossa mente, que, isolada de outras mentes e do mundo, não conseguiria compartilhar experiências em comum. 
Por isso tudo a alternativa correta é a alternativa "E". Contudo, há de se fazer algumas ponderações: A alternativa "A" traz um posicionamento pouco presente na educação básica, a saber, o posicionamento personalista de Emmanuel Mounier (considerando somente o campo da filosofia, sem nos remetermos, por exemplo, à psicologia); a alternativa "B" traz um posicionamento de outro tema da filosofia (a filosofia da ciência") e, por isso mesmo, não poderia ser a alternativa correta, conclusão que os alunos poderiam chegar através de uma leitura refinada do texto. A alternativa "C" , assim como a "A", traz um posicionamento também ausente da educação básica, a saber, o posicionamento falibilista (sem contar que falibilismo pode ser, também, um dos nomes do falsificacionismo - embora pouco provável nesse caso, considerando a explicação dada na alternativa). E, por fim, sobre a alternativa "D", um adendo: os solipsistas, em alguns casos, são chamados de idealistas, e vice-versa. Um exemplo: Descartes, autor estudado na educação básica, que é chamado, em alguns livros, de idealista e solipsista - sobretudo o Descartes das "Meditações Metafísicas". Esse fato poderia gerar uma imprecisão na questão, embora a explicação sobre o idealismo contida na alternativa não é precisa. 
Vale destacar que a questão abordou uma temática pouco trabalhada no ensino básico, incluindo entre as alternativas escolas filosóficas não contempladas pelo currículo.