Enem 2020 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas

a) Incorreta. A condição apresentada no texto de "qualidade da água ruim ou péssima" não favorece a valorização do sítio urbano, ou seja, do local sobre o qual a cidade foi estabelecida, o que torna a alternativa incorreta.

b) Incorreta.  Embora grande parte da vegetação nativa da Região Metropolitana de São Paulo realmente tenha sido extinta devido à intensa urbanização e industrialização, esse não é o motivo pelo qual o "rio Tietê está morto" ou sua "água não tenha oxigênio suficiente para abrigar vida", como o texto discorre.

c) Correta. A intensa poluição industrial (resíduos químicos) e doméstica (esgoto não tratado), que ocorre na Região Metropolitana de São Paulo em grande volume ao longo da maior parte do trajeto do Tietê, resulta na péssima qualidade da água do rio e na destruição de qualquer forma de vida em seu leito devido à ausência de oxigênio associada às substâncias tóxicas lançadas em suas águas. Tal realidade se iniciou no século passado e se agravou na segunda metade do século XX, o que levou esse rio, que tem sua nascente ainda relativamente preservada na região serrana de Salesópolis, a ser considerado como um "rio morto" em vários trechos ao longo da Grande São Paulo.

d) Incorreta. O regime pluvial incidente sobre a bacia do Tietê é o tropical de altitude, caracterizado por concentrar chuvas no verão, época de cheias nesse rio, com redução da pluviosidade durante o inverno. Tal fator natural não se relaciona ao problema ambiental apresentado no enunciado da questão.

e) Incorreta. A área em que se insere a bacia do Tietê é extremamente urbanizada/industrializada e não se vincula a atividades agrícolas que poderiam resultar na deposição de agrotóxicos no rio sendo que, dessa forma, a alternativa está incorreta.

A questão pauta um dos temas mais clássicos da história da filosofia: a teoria do conhecimento, que também pode ser chamado de epistemologia ou, mais raramente, gnosiologia. A teoria do conhecimento levanta perguntas semelhantes àquela do enunciado: "qual é a origem do conhecimento humano?" ou, ainda, "como as nossas ideias são geradas"?
Questionamentos como esses, ao decorrer da história da filosofia, tiveram respostas diferentes, a depender do autor. O enunciado do exercício pede para levar em consideração o autor do texto que embasa a questão, a saber, David Hume, filósofo britânico do século XVIII. E, de acordo com ele, a origem do conhecimento humano está na experiência que temos das coisas, experiência essa que é possível através dos nossos sentidos - não por acaso o autor é chamado, comumente, de empirista (apesar dos seus tons de ceticismo).
Nesse viés, a única alternativa que pode ser correta é a alternativa "D". Todas as outras alternativas remetem à racionalidade, à divindade, ao inatismo ou qualquer outro "sinal" de possibilidade de conhecimento a priori, independente da experiência, o que não condiz com a teoria do autor, resumidamente posta nas linhas acima e exemplificada no texto da questão.

A tragédia socioambiental de Mariana (MG), município situado no Quadrilátero Ferrífero, região central do estado mineiro em que se desenvolvem intensas atividades de exploração de minérios metálicos com destaque para a extração de ferro, ocorreu em novembro de 2015 e resultou do rompimento da barragem de Fundão, reservatório de rejeitos da mineração que formavam uma lama composta por material tóxico gerenciado pela empresa Samarco.

A tragédia foi responsável por destruir parte da bacia do Rio Doce, da fauna e flora existente em áreas de Mata Atlântica e impactar diretamente milhares de habitantes em Bento Rodrigues, distrito de Mariana mais afetado, e nos locais por onde a lama escou chegando a atingir, inclusive, áreas litorâneas próximas a foz do Rio Doce no Atlântico Sul afetando cerca de 40 municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo. A imagem a seguir demonstra a trajetória da poluição gerada por esse evento:

Imagem disponível em:

https://www.unicamp.br/unicamp/index.php/ju/noticias/2018/03/07/da-agua-para-lama

Posto isso, é possível afirmar sobre os textos apresentados na questão:

a) Incorreta. Não há divergência quanto à poluição dos rios locais porque em ambos os textos há menção à tragédia de Mariana, ou seja, ao evento resultante do rompimento da barragem de rejeitos da mineração.

b) Incorreta.  Em ambos os textos, observa-se menção ao município de Mariana, o que permite identificar a mesma área afetada pela tragédia socioambiental mencionada.

c) Incorreta. O texto I não faz menção à destruição da vegetação nativa e o texto II diz que "os rejeitos não chegaram com força para derrubar a floresta" em determinadas áreas, o que permite afirmar que a destruição da mata nativa não é um ponto de divergência entre os textos do enunciado.

d) Correta. Os textos divergem quanto ao aparecimento da febre amarela, doença considerada endêmica, ou seja, típica de regiões de floresta tropical em que há a presença do mosquito transmissor. O texto I argumenta que as cidades mineiras que identificaram pacientes com a doença se localizam próximas ao Rio Doce, afetado pelo desastre ambiental exposto, enquanto o texto II diz que a febre amarela é uma doença de floresta e "não se relaciona com grandes corpos d'água e rios", indicando divergência sobre o entendimento de surgimento da enfermidade na área em questão.

e) Incorreta. Embora a tragédia tenha gerado realmente o desalojamento de centenas de famílias, o surgimento de comunidades desabrigadas não é mencionado em nenhum dos excertos apresentados.

a) Incorreta. Asserção da cultura nativa significaria a afirmação, a inclusão de tal cultura como essencial para elaboração dos mapas sobre os territórios descobertos na América, algo que não ocorreu, pois, como o texto afirma, "os conhecimentos dos ameríndios sobre o território foram ignorados pela cartografia europeia".

b) Incorreta. O objetivo da elaboração de mapas sobre o "Novo Mundo" por parte dos europeus era adquirir e sistematizar conhecimentos que possibilitassem sua apropriação e ocupação; no texto, não há menção ao aprofundamento de estudos do ambiente.

c) Correta. A principal intenção da produção de mapas durante o período de colonização inicial era o de conhecer a área a ser dominada a fim de que as representações cartográficas produzidas facilitassem tal domínio - sobretudo em relação aos povos ameríndios - e o início da exploração dos recursos naturais existentes no continente americano. Tal realidade subjugou os povos nativos que, como o texto afirma, "foram privados de sua representação territorial e da autoridade que seus conhecimentos tinham sobre o espaço".

d) Incorreta. Os mapas criados à época do descobrimento não representavam com exatidão a superfície, mas eram feitos baseados em técnicas arcaicas e na experiência dos cartógrafos navegantes e de exploradores que visavam conhecer novas áreas para ocupação por parte dos colonizadores.

e) Incorreta. O texto não faz menção ao refinamento do conceito de fronteira, que consiste na ideia de limites territoriais impostos pela natureza ou pelo próprio ser humano.

a) Incorreta. O assunto abordado pela questão é a formação cultural, econômica e social dos colonos que habitavam a região da Nova Inglaterra, que depois viria a fazer parte dos Estados Unidos. O excerto utilizado, retirado do clássico A Democracia na América (1835), de Alexis de Tocqueville (1805-1859) destaca valores como a democracia, a possibilidade de sucessão e herença e a noção que os colonos possuíam de propriedade. Esses são valores que não se relacionam, ao menos na abordagem do autor, com a utilização do trabalho escravo, embora houvesse escravismo na América Inglesa, principalmente nas colônias sulistas.
b) Correta. O texto de Tocqueville aborda claramente elementos como a propriedade privada, o direito à herança e à sucessão aliadas a noções de democracia e indica caminhos para o estabeleciemento de uma igualdade jurídica entre os cidadãos, algo que se concretizará durante o processo de independência da região, não por acaso com liderança notável de regiões da Nova Inglaterra, como as colônias de Massachusetts e Pennsylvania. Esses elementos podem ser ligados à valores burgueses identificáveis na Idade Moderna, tanto na Europa quanto em algumas colônias americanas.
c) Incorreta. Não há menção alguma ao banimento de dissidências religiosas, o que poderia ser entendido até como algo contrário à cultura da Nova Inglaterra, já que algumas colônias da região foram formadas por pessoas perseguidas na Inglaterra por conta de sua prática religiosa, caso dos puritanos que desembarcaram em Plymouth.
d) Incorreta. O estabelecimento de valores democráticos e burgueses na colônia, se colocados em perspectiva histórica, não contiveram uma identificação nacionalista, mas sim a estimularam, já que são sinais da formação de uma cultura própria da Nova Inglaterra, e, de maneira mais ampla, da colônia. Esse tipo de cultura e identificação acabaria se manifestando novamente em eventos como a Guerra dos Sete Anos (1756-1763) e a Guerra de Independência (1775-1783).
e) Incorreta. Tocqueville defende que a maneira como os princípios de sucessão e propriedade foram estabelecidos na Nova Inglaterra, por influência do ambiente democrático em que os colonos viviam, resultou em uma divisão de bens e do poder, ao invés de uma concentração. Como a ideia defendida é de partilha, não é possível se referir ao processo como um caminho para a hierarquização dos agentes econômicos, mas sim para uma maior igualdade entre eles.

Uma das obras mais conhecidas da filosofia grega é "Política", de Aristóteles. Nesse exercício um excerto dessa obra aparece e, como não poderia ser diferente, aparecem também, nele, os temas da Política e da Ética, caros ao autor e, no contexto de toda a filosofia socrática, platônica e aristotélica, dependentes um do outro, de modo que, ao tratar de política, Sócrates, Platão e Aristóteles sempre tratavam, também, de ética.
As questões relacionadas ao debate político (se tivéssemos que separar os temas, didaticamente) evidenciam-se nas considerações feitas, no texto, sobre a cidade (uma espécie de comunidade) e seu objetivo. As questões relacionadas à ética, por sua vez, evidenciam-se nas considerações feitas sobre as "ações de todos os homens", uma vez que, em última instância, o intuito principal de toda ética é responder a pergunta "que fazer?"
Vale ressaltar, ainda, que Aristóteles entendia que a vida em comunidade, vivida e organizadas nos moldes da virtude, nos levaria ao grande objetivo de todo o homem: a felicidade. Daí a expressão "eudaimonia", termo comum quando mencionamos o filósofo de Estagira.
Com tudo isso mencionado, a alternativa correta não poderia ser outra, que não a alternativa "A". Todas as outras alternativas mencionam temas que Aristóteles abordou, mas que não são mencionados no excerto e, por isso mesmo, não são objeto desse exercício.

O final dos anos 1960 marca a ascensão da "III Revolução Industrial", também denominada como "Revolução Técnico-Científica". Entre as mudanças observadas, destaca-se a ascensão do método de produção Toyotista, que é um modelo produtivo pautado em formas de produção e gestão flexíveis. Diante disso, têm-se que:

a) Incorreta. Um dos elementos fundamentais do Toyotismo é o sistema just-in-time, caracterizado pelo ritmo de produção pautado pela demanda de mercado e pela redução de estoques.

b) Incorreta. A produção em massa era uma característica no Fordismo, método de produção que surgiu nos anos 1920 nos EUA, portanto durante a II Revolução Industrial, o que torna a alternativa inadequada.

c) Correta. Adequação da produção à demanda é o que caracteriza o sistema just-in-time, como mencionado. O objetivo dessa forma de organização da produção com pouco ou nenhum estoque é reduzir custos de produção por meio da diminuição de desperdícios e gastos com manutenção dos estoques (funcionários e espaço físico). Além disso, esse sistema é uma forma de evitar superprodução e desvalorização de produtos de estoque que ficam desatualizados tecnologicamente produzindo apenas aquilo que realmente tende a ser adquirido pelo mercado consumidor.

d)Incorreta. A Terceira Revolução foi marcada mais pela automação industrial do que a mecanização e, além disso, o exercício exige conhecimentos sobre uma característica organizacional do sistema, não sobre a intensidade da tecnologia inserida na produção.

e) Incorreta. O toyotismo é marcado pela descentralização das etapas do trabalho e isso, inclusive, permitiu a desconcentração industrial a nível mundial, se comparado aos padrões de distribuição geográfica das indústrias das revoluções industriais anteriores. Dessa forma, a centralização não é uma realidade predominante no modelo de produção industrial desde a década de 1970.

O texto-base faz menção ao tráfico de coolies durante o século XIX, isto é, à imigração de trabalhadores asiáticos para o trabalho em diferentes regiões do continente americano, especialmente para os Estados Unidos,  Cuba e  Peru. No Brasil, a proposta de importação de trabalhadores coolies e chins (expressões de época usadas para os trabalhadores asiáticos, principalmente os chineses, embora coolie eventualmente também incluísse os indianos) chegou a ser discutida como uma das possíveis soluções para a substituição do trabalho escravo na segunda metade do século XIX, embora a proposta sofresse ampla resistência pelas elites imperiais interessadas no "branqueamento" da população. Como resultado, foram poucos os registros de importação de trabalhadores asiáticos no Brasil do século XIX, medida que acabou preterida pelo incentivo à imigração de europeus ao país.
Em geral, as condições de trabalho e transporte impostas aos coolies eram bastante precárias, sendo que sofriam severas restrições tanto em sua imigração - como o desconhecimento total do contrato a que estavam se submetendo - como após a chegada no novo continente. Muitas vezes, as condições de vida e trabalho desses trabalhadores ficavam apenas sob responsabilidade de seus empregadores diretos, o que resultava em abusos, punições físicas, ameaças e privação de seus direitos básicos, o que levou à recorrente comparação da condição desses trabalhadores ao regime de trabalho escravo pelos cronistas do período.
a) Incorreta. A comparação entre a escravidão não ocorre por serem regimes formais de trabalho, mas sim pelas condições desumanas de trabalho submetidas a tais trabalhadores. Ademais, a escravidão não era um sistema formal de trabalho no Peru em boa parte do recorte cronológico mencionado pelo texto, já que a escravidão tinha sido abolida em 1854 naquele país.
b) Incorreta. Não foi a origem étnica em si que permitiu a aproximação entre o regime de trabalho escravo e a condições dos coolies. Embora os escravos e os coolies representassem grupos étnicos minoritários na sociedade em que estavam inseridos, a principal comparação realizada entre a escravidão e os coolies ocorre pelas condições de trabalho precárias as quais eram submetidos.
c) Incorreta. É inválido afirmar que escravos e coolies tinham conhecimentos similares das tarefas desenvolvidas, ou que este era o elemento da comparação por cronistas da época. É importante lembrar que entre os próprios escravos ou entre os coolies existia grande diversidade de domínio de ofícios e trabalhos diversos, o que dificultaria a realização da comparação sugerida pela alternativa.
d) Correta. As condições precárias dos trabalhadores coolies trazidos para a América eram bastante evidentes, sendo denunciadas por cronistas de época ou mesmo por autoridades chinesas do período.  No caso de Cuba, estudos acadêmicos apontam que, já na viagem para a América, uma média de 12% dos coolies embarcados na China morriam antes mesmo da chegada na ilha, número ilustrativo das péssimas condições de transporte a que eram submetidos. Ao chegarem no continente, para além de sofrerem com punições físicas, jornadas de trabalho extenuantes e dificuldades de comunicação, os coolies também eram vítimas do desrespeito a seus costumes, como o corte forçado de cabelos longos, elemento cultural vinculados às tradições chinesas, demonstrando como tais trabalhadores tinham suas vidas plenamente controladas pelos novos empregadores. Em verdade, muitos dos coolies só conheciam a realidade de sua nova vida ao chegarem no destino final, sendo que não tinham a possibilidade de revogar sua decisões ou de recorrer às autoridades do período para garantir o respeito aos direitos básicos no seu dia a dia.
e) Incorreta. Ainda que tanto a escravidão como o tráfico de coolies exigissem um certo investimento inicial por parte do empregador, a natureza da comparação realizada pelos cronistas envolve essencialmente as condições de trabalho e vida precária desses trabalhadores.

O exercício apresenta um mapa relacionado ao Rift Valley africano ou Vale da Grande Fenda da África, localizado na região leste do continente, que como o próprio nome conceitua, é um rift continental (afastamento e separação de duas porções tectônicas da crosta terrestre).

Fonte: elaboração própria por Rodrigo Ferro.

O continente Africano está em uma placa tectônica que se movimenta na direção nordeste do globo, porém na região oriental do continente está havendo uma ruptura da placa devido as forças endógenas terrestres e tal fato está gerando uma área de ruptura e separação de placas no interior do continente africano. Sendo assim, dicorre-se que:

a) Incorreta. Não é uma área com movimento convergente (de colisão) de placas e sim uma área com movimento divergente (separação) de placas.

b) Correta. Rifteamento é a separação de placas, exatamente o que está acontecendo na região apresentada pelo exercício, o que torna a alternativa correta.

c) Incorreta. Subducção é o encontro entre uma placa tectônica oceânica e uma continental e, o que torna a alternativa incorreta, pois a área apresentada não é uma área com movimento convergente (de colisão) de placas e sim uma área com movimento divergente (separação) de placas.

d) Incorreta. O processo formador de dobramentos modernos é o processo da orogênese (movimento horizontal da crosta terrestre a partir das forças internas do planeta) levando à movimentação de convergência tectônica que faz as placas tectônicas colidirem gerando enrugamentos denominados de cordilheiras. Tal processo não se vincula diretamente aos deslocamentos ocorridos no leste da África, pois ali ocorrem movimentos divergentes, como já exposto.

e) Incorreta. O processo da orogênese (movimento horizontal da crosta terrestre a partir das forças internas do planeta) leva à movimentação de convergência tectônica que faz as placas tectônicas colidirem gerando calor intenso que promove o processo de metamorfismo - alteração da estrutura interna de rochas pré-existentes - transformando-as por meio de derretimento e ressolidificação gerando, assim, as rochas metamórficas.

a) Incorreta. Não é correto associar os novos estudos biográficos à Escola Positivista, método histórico bastante difundido durante o século XIX. Os recortes temáticos e as abordagens adotadas por essa escola metodológica propõem maior ênfase nos temas políticos, militares e diplomáticos dos países, analisados recorrentemente com o intuito da construção de uma história objetiva e nacional. Quando voltados para a construção de biografias, os pensadores vinculados a tal escola priorizavam o estudo dos chamados "grandes personagens" da história, como generais, políticos, revolucionários ou religiosos vistos como fundamentais nos eventos políticos e econômicos consagrados pela historiografia. Tal proposta diverge da análise do texto-base, que propõe uma ênfase à biografia de indíviduos "célebres ou não", já que, neste caso, são os cotidianos desses personagens que revelam valiosas informações sobre uma época.
b) Incorreta. Conforme o texto-base salienta, a reabilitação da biografia histórica propõe a análise de atores "célebres ou não", independente de sua condição social. Ou seja, o intuito de resgatar trajetórias individuais e micro-históricas não se reserva ao resgate dos papeis de membros da elite, já que há total independência acerca da condição material de vida do biografado.
c) Incorreta. As novas abordagens biográficas no estudo da história abandonaram apenas a valorização das trajetórias dos grandes homens, buscando a análise de indivíduos "célebres ou não". O pressuposto básico dessa nova abordagem é valorizar as experiências microhistóricas e individuais como ilustrativas de uma épocao, ou seja, como um ponto de partido documental e analítico na construção do saber histórico.
d) Correta. O texto-base ressalta o papel da biografia para o estudo contemporâneo da da história, descritas como "testemunhas, como reflexos, como reveladores de uma época". Atualmente, tais abordagens biográficas dialogam com um exercício microhistórico de análise, no qual o estudo de trajetórias individuais e/ou de pequenas comunidades serve como ponto de partida para a construção de um saber histórico diversificado, crítico e complexo. Nesse sentido, analisa-se o "micro" - neste caso, a trajetória individual - em constante diálogo com o "macro" - tal qual a política da época, a organização social, a atuação do indivíduo dirante das transformações de seu tempo, etc. -, com o objetivo de, através de outra abordagem, complexificar os saberes históricos sobre determinado período e/ou sociedade.
e) Incorreta. O estudo da história acadêmica é fundamentalmente laico em sua análise, não se propondo a analisar biografias para interpretar "manifestações do divino" no passado, além de que o texto-base carece de qualquer referência a esse intuito.