Enem 2021 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas

a) Incorreta. A letra da canção não contém elementos que aludem diretamente à militância política, sendo sua crítica à passividade da população, não à militância política.

b) Correta. A música "Admirável Gado Novo" do compositor Zé Ramalho foi lançada em 1979, durante a vigência da Ditadura Civil-Militar (1964-1985) no período da chamada abertura lenta, gradual e segura. Nesse mesmo ano, ocorreu a aprovação da Lei de Anistia e o restabelecimento do pluripartidarismo no país, medidas marcantes no processo de retomada da democracia no Brasil, ainda que esse caminhasse a passos lentos. Diante de tal contexto, Zé Ramalho, famoso cantor nacional, lançou o trabalho denominado A Peleja do Diabo contra o Dono do Céu, sendo a música "Admirável Gado Novo" seu maior sucesso, especialmente após seu uso na abertura da novela O Rei do Gado na década de 1990. O título da canção apresenta uma intertextualidade com o livro Admirável Mundo Novo (1932) de Aldous Huxley. Nessa obra, Huxley retrata uma sociedade futurista na qual todos são condicionados a viverem em obediência plena às normas sociais, sendo controlados pela ingestão de uma droga chamada "soma", que neutraliza qualquer sentimento de dúvida ou constestação. As alusões a tal obra são evidentes na música, como no verso "vocês que fazem parte dessa massa", com a referência ao processo de massificação das pessoas em uma sociedade, buscando a homogeneização de comportamentos e interesses. No verso “povo marcado, povo feliz”, o compositor alude à vida do povo brasileiro, que sofre com o sistema opressivo e mesmo assim não perde sua alegria. Ou seja, ressalta um povo alienado que se conforma com suas condições de vida no sistema capitalista e no regime ditatorial, sentindo felicidade diante da esperança no futuro.  Assim, a composição de Ramalho em plena Ditadura, além da intertextualidade com a obra de Huxley, indica a letra como uma crítica à passividade social presente no comportamento coletivo da sociedade brasileira. 

c) Incorreta. O altruísmo pode ser entendido como uma atitude solidária de um ser humano com o outro, contrapondo ao egoísmo. Não há menção a altruísmo religioso na música. 

d) Incorreta. Não há nenhum trecho da música que possa ser entendido como uma crítica ao autocontrole moral. 

e) Incorreta.  A música não trata estritamente de questões eleitorais, mas sim de posturas coletivas mais amplas da sociedade brasileira e critica a passividade, não o inconformismo. 

O primeiro texto aborda um dos atuais problemas ambientais dos países desenvolvidos: a questão do aumento progressivo da quantidade resíduos eletrônicos. Estes são descartados sem a devida reciclagem, já que nos países ricos o preço de produtos novos é baixo, o que os leva a optar pela exportação do lixo eletrônico para países subdesenvolvidos, que conseguem aproveitar os subprodutos coletados do desmonte das peças eletroeletrônicas. O segundo texto apresenta especificamente a situação de Gana, na África, onde há um intenso comércio desse material que é importando da Europa e EUA como produtos usados e despejado em ambientes e locais inadequados, onde são manuseados por populações locais empobrecidas, que são sujeitas a sérios problemas ambientais e de saúde.

a) Incorreta. A questão mostra exatamente o oposto, ao apresentar populações que, sem cidadania plena, ficam sujeitas a situações degradantes.

b) Correta. A divisão internacional do trabalho (DIT) é conceito central para o entendimento da situação exposta e ela expressa as diferentes funções que os países assumem na economia internacional em determinados momentos históricos. Há  quatro grandes divisões: Capitalismo Comercial - Século XV ao XVIII (primeira fase de colonização europeia); Capitalismo Industrial – séculos XVIII a XX (segunda fase de colonização europeia); Capitalismo Financeiro – Século XIX e XX ; Capítalismo Informacional - Século XX e XXI (pós-colonial). Nesta última, os países desenvolvidos são grandes produtores de mercadorias industrializadas e de alta tecnologia que, ao serem descartadas, são redirecionadas a países subdesenvolvidos que as reaproveitam parcialmente, mas ficam expostos à poluição gerada por tais materiais.

c) Incorreta. O Toyotismo faz parte da atual DIT (Capitalismo Informacional), sendo importante modelo de desenvolvimento da industrialização que confere flexibilidade à produção industrial. Portanto, não há relação direta entre tal modelo produtivo e a situação apresentada.

d) Incorreta. A concepção sustentável da economia pressupõe a resolução do problema dos resíduos eletrônicos evitando repassar o lixo a outras regiões do globo. Dessa forma, o processo descrito nos excertos do enunciado não consistem em uma concepção sustentável da economia.

e) Incorreta. O protecionismo alfandegário - que impede determinadas mercadorias de entrar com baixo custo e sem fiscalização -  não tem influência direta no recebimento de lixo em Gana, que recebe tais materiais de forma facilitada por meio de acordos comerciais.

Os recursos hídricos são essenciais para a vida humana, pois em todos os aspectos da sociedade precisamos de água: para a agropecuária, para a produção industrial, geração de energia, entre outros aspectos. O texto apresentado mostra dois fatores importantes para o bom uso desse recurso, preços justos e retirada e retorno dessa água de maneira adequada. Dessa maneira, o texto está pautado na noção de que:

a) Correta. A distribuição equitativa dos recursos hídricos nos colocam diante de uma situação importante, pois precisamos de uma quantidade mínima comum de água, sendo ajustável essa necessidade aos aspectos e peculiaridades de cada região, o que torna o acesso à água por um preço justo uma necessidade social.

b) Incorreta. O texto aborda situações urbanas e rurais, como exemplifica o trecho: "necessidades da indústria e da irrigação em larga escala, bem como às atividades da agricultura em pequena escala e de subsistência".

c) Incorreta. O racionamento pode ser utilizado em períodos de crise, porém não é abordado no texto, que fala do uso e não das restrições de uso impostas por um racionamento.

d) Incorreta. Não há abordagem da questão dos solos e da recuperação da camada pedológica, sendo o texto sobre recursos hídricos.

e) Incorreta. Produtos recicláveis apresentam economia de recursos hídricos em sua produção; porém, o texto foca no uso e acesso aos recursos e não traz referências à reciclagem.

a) Incorreta. A Bill Aberdeen (Lei Aberdeen) não pode ser considerada como uma medida conciliadora, tendo em vista que foi acusada enfaticamente de ferir a soberania nacional pelas elites brasileiras. Ou seja, as tensões diplomáticas envolvidas em sua criação não revelam uma postura conciliatória, mas sim a de confrontar a persistência do tráfico atlântico de escravos no século XIX.

b) Incorreta. Não havia um interesse inglês em compartilhar negócios marítimos com a Bill Aberdeen, mas sim o de coibir o comércio atlântico de escravos.

c) Incorreta. A oposição inglesa ao tráfico negreiro não era pautada em políticas higienistas, mas sobretudo em questões econômicas. Afinal, o surgimento de uma classe assalariada em substituição aos escravos nos países americanos representaria uma oportunidade de negócios para a Inglaterra, já que formariam mercados consumidores potencialmente mais atrativos para os produtos britânicos.

d) Correta. O texto faz referência ao Bill Aberdeen (1845), medida aprovada pelo parlamento britânico  que equiparava o tráfico de escravos à prática de pirataria no Atlântico. A lei também previa que os envolvidos no comércio de cativos seriam julgados na Inglaterra e através de leis inglesas, disposições que almejavam evitar a possível impunidade dos mercadores de escravos no estrangeiro. Ou seja, com a Bill Aberdeen, a Coroa Britânica buscava coibir o comércio de escravos ainda em vigência no Atlântico, destinados especialmente para o Brasil à época - a despeito da Lei Feijó, aprovada em 1831 e que em teoria abolia o tráfico de escravos para o país. A medida gerou forte reação da elite política brasileira, que considerava a ação inglesa como uma afronta a soberania nacional e aos interesses econômicos brasileiros. Por outro lado, ela exerceu uma pressão internacional fundamental para a aprovação da Lei Eusébio de Queirós, em 1850, que pôs um fim definitivo ao comércio atlântico de escravos para o Brasil.

e) Incorreta. Tanto a diplomacia inglesa como a Bill Aberdeen carecem de quaisquer elementos que permitam associá-las a um interesse de promoção de negócios familiares. Seu intuito era o de encerrar o tráfico de escravos no Atlântico, comércio que persistia, entre outros pontos, devido à leniência das autoridades brasileiras no combate à prática.

a) Incorreta. A alternativa não pode ser correta porque o texto não menciona nenhum ritual do tipo matrimonial. Nele, encontramos relatos de orações e ritualísticas que se misturam com a temática da natureza.

b) Correta. Quando se diz, no texto, que Zé de Sila ajudava a avó com orações e rituais (como colocar os pratos emborcados no terreiro), explicita-se o uso de "práticas místicas" (como o item coloca), isto é, práticas que misturam a materialidade do mundo com a imaterialidade das crenças. Aliás, imaterialidade é palavra chave para entendermos outra expressão da alternativa, a saber, "patrimônio cultural". O Patrimônio Cultural de um povo se forma, entre outras coisas, por "itens" que não são "palpáveis", como uma estátua, uma igreja ou uma pintura. Patrimônio Cultural também envolve memórias, afeições, cheiros, crendices e sabedoria popular.

c) Incorreta. Os relatos que encontramos no texto não são teatrais, visto que, fica notório, não se tratam de encenações os ocorridos em dias de chuva, quando da infância de Zé de Sila. Os relatos são lembranças de práticas culturais que mostram uma interpretação de mundo que envolve fé e natureza.

d) Incorreta. O modo como o item é apresentado nos faz entender que Zé de Sila é personagem de um filme; ou, igualmente equivocado, que Zé de Sila nos fala sobre a cena de uma película. A leitura atenta do excerto, então, é suficiente para descartamos essa alternativa como alternativa verdadeira.

e) Incorreta. Dois erros o item "E" nos apresenta. O primeiro deles: sugerir que o trecho em questão traz argumentos literários. Não há nenhuma argumentação em jogo; há, tão somente, um relato, eivado de tradição, costume, hábito, cultura. Segundo erro da assertiva: mencionar "catástrofes ambientais", como se estivesse em pauta, no exercício, hecatombes. 

Um dos principais modelos de gestão de produção atualmente é o Toyotismo. Desenvolvido no pós-guerra no Japão e intensamente difundido pelo mundo, é hoje considerado um modelo de gestão flexível do tempo e do dinheiro por parte das empresas. A flexibilização das atividades é um dos aspectos fundamentais, junto ao conceito de just-in-time, modelo no qual a produção segue o fluxo da demanda, a necessidade dos mercados de consumo, sem a geração de largos estoques e mercadorias acumuladas esperando o surgimento de uma demanda, como era no modelo Taylorista-Fordista. Essas novas tecnologias de controle empresarial da produção são criticadas pelo texto apresentado e pode-se afimar então que:

a) Incorreta. As tarefas laborais/trabalho são controladas cada vez mais de perto pelos sistemas e tecnologias gerenciais, mas nem sempre são operacionalizadas por essas tecnologias, já que atualmente há enorme número de técnicas e tecnologias para esse fim.

b) Incorreta. Capacitação de profissionais liberais seria uma opção restrita a apenas um grupo de trabalhadores e tal tema não é abordado no texto.

c) Correta. O trabalhador está cada vez mais dependentes de maquinário complexo e tecnologias de diversos tipos. Há cada vez mais mudanças nas relações de trabalho, já que os tipos de trabalho mudaram radicalmente ao longo do tempo e há uma tendência para que a maior parte dos trabalhadores acabe assumindo tarefas de pouca responsabilidade técnica e, portanto, mais facilmente substituíveis, resultando em mudanças mundiais nas legislações trabalhistas, que cada vez mais fragilizam a situação do trabalhador, facilitando por exemplo sua contratação temporária e posterior demissão.

d) Incorreta. O processo de hierarquização dos cargos executivos é típico do Taylorismo (décadas de 1920 a 1970), sendo que o texto aborda o período subsequente, referente ao Toyotismo.

e) Incorreta. A aplicação de conhecimentos científicos, principalmente no desenvolvimento industrial é inaugurado na Segunda Revolução Industrial, no final século XIX e, assim, não condiz com o momento exposto no texto.

a) Incorreta. O texto relata uma espécie de brincadeira que era organizado a nível familiar, não envolvendo, portanto, a ideia de "celebração da história oficial", como indica a alternativa. Uma história que ganhe esse título ("oficial"), no debate da sociologia, só pode ser história que venha de instituições governamentais e/ou estatais. 

b) Correta. A cultura atua como mecanismo social de coesão e harmonia, na medida em que promove práticas identitárias de reconhecimento e afirmação, o que acontece na brincadeira cearense mencionada no texto, o "torém".

c) Incorreta. A assertiva sugere que as práticas artesanais são superadas pelas brincadeiras tradicionais, o que não é correto, já que uma coisa nunca implicou na outra. Pelo contrário, as etnologias realizadas pelos antropólogos sugerem que rituais que fazem parte do hábito de um povo enriquecem a prática artesanal e vice-versa, aumentando o contato entre os integrantes de um núcleo social e retroalimentando a convivência comunitária.

d) Incorreta. A manifestação cultural de grupos indígenas no Nordeste brasileiro, como descrita no texto, não tem função de manipulação de memória. Tem função de manutenção da memória, o que contribui para a coesão e a harmonia social, já que a manutenção da memória de um povo é condição sine qua non para a manutenção desse próprio povo.

e) Incorreta. O comércio não está em questão aqui, como quer dizer a assertiva. Um trecho do texto vale ser reproduzido, para esclarecimento de qualquer dúvida, nesse sentido: "O torém dependia de organização familiar, sendo brincado por pessoas com vinculas de parentesco e afinidade que viviam no local. Era visto como uma brincadeira, um entretenimento feito para os próprios participantes e seus conhecidos".

a) Correta. O anúncio publicado na segunda metade do século XIX, além de descrever as características físicas do escravo José, informa que tal escravo "intitula-se forro", ou seja, apresentava-se como liberto, ex-escravo que de alguma forma obteve a carta de alforria. Além disso, o anúncio alerta que em uma primeira tentativa de fuga, José "esteve contratado como camarada em uma fazenda em Capivary". Aqueles que eram denominados e que se autodenominavam como camaradas, desempenhavam diversas funções tanto em ambientes urbanos quanto rurais, sendo que sua presença aparece relatada em atividades ligadas à extração, lavoura, criação de gado, nos transportes fluvial e terrestre, entre outras. Esses trabalhadores intitulados camaradas eram contratados para desenvolver determinadas atividades e recebiam remuneração por sua realização. Assim, eram comuns declarações nos processos criminais oitocentistas  pessoas que afirmavam "viver como camarada". Portanto, podemos considerar que a estratégia de José foi estabelecer uma nova relação de trabalho, ao fugir, apresentar-se como liberto e passar a prestar serviços para um fazendeiro. 

b) Incorreta. Embora a criação de quilombos fosse um método muito utilizado como resistência à escravidão, não há menção no anúncio de que o escravo José tenha fundado um quilombo ou se refugiado em um. 

c) Incorreta. Não ocorreu uma suavização da aplicação de normas na estratégia de José, mas sim uma tentativa de subvertê-las ao apresentar-se como liberto e buscar um novo trabalho. 

d) Incorreta. Enquanto escravo, José não possuía funções remuneradas para serem regularizadas.

e) Incorreta. O escravizado José não constituiu uma economia de subsistência, mas sim buscou trabalhar para um fazendeiro em Capivari. 

A questão traz elementos de epistemologia filosófica, ao apresentar um texto clássico de René Descartes, conhecido filósofo e matemático. O pensador, do ponto de vista de seus objetivos mais gerais, empenhou-se em questionar a tradição, de forma ampla e profunda, para reconfigurar as bases do conhecimento. Não por acaso, tornou-se referência na história do pensamento Moderno. Tal reconfiguração iniciou-se pela metafísica, raiz de toda a ciência, como diz o texto, e se estendeu para as suas reflexões matemáticas e morais, ambas de cunho mecanicista. Tudo a partir de um único ponto, aquele ponto que Descartes chamou o mais seguro e indubitável: o fato de que existimos enquanto seres pensantes todas as vezes que pensamos. É nesse sentido que:

a) Correta. Podemos, sim, afirmar que o conhecimento é fundamentalmente interligado, no sentido de estar, todo ele, em uma mesma "árvore" (para usar a metáfora do texto).

b) Incorreta. O autor não pretende refutar os elementos fundamentais das crenças. Sua preocupação, como diz o enunciado do exercício, é epistêmica, o que faz com que ele não se interesse, sobretudo e essencialmente, pelos argumentos e justificativas do campo teológico.

c) Correta. A alegoria que Descartes utiliza no texto em questão não pretende impulsionar o pensamento especulativo. Ele é claro, objetivo e direto ao mencionar os vários tipos de saber unidos, sob um mesmo ponto de partida - a metafísica sabidamente descrita pelo seu raciocínio metódico. Se há textos especulativos desse pensador (como aqueles em que suspeita de todos os conhecimentos que foram-lhe ensinados), esse não é um deles.

d) Incorreta. Considerando o debate epistemológico moderno, evidenciado no texto e no enunciado, não atribuímos o "método experimental" à escola racionalista, da qual Descartes pertence. Essa expressão, no contexto desse exercício, caberia à escola empirista e seus representantes, se fosse o caso.

e) Incorreta. "Suspensão do Juízo" é uma expressão comumente atribuída aos céticos, por conta de Pirro de Élida e seu conceito, grego, "epoché". Significa "abdicar-se" de uma "verdade", algo desproposital no contexto da filosofia cartesiana.

O exercício aborda um tema clássico da filosofia ocidental: a ética. Para tanto, utiliza-se do trecho de um livro que traz várias reflexões morais para o "dia-a-dia": "Aprender a viver", do Professor neokantiano Lucy Ferry. Nessa obra, o referido professor cita vários nomes da história da Filosofia, até chegar no nome do filósofo alemão do século XIX, Friedrich Nietzsche. Ao falar do autor, utiliza-se da expressão "Amor fati", conceito que Nietzsche utiliza para pensar as possibilidades de uma nova moral. Mas embora tudo isso seja "pano de fundo" da questão, o enunciado deixa claro que a pretensão do exercício é simples: averiguar se sabemos qual a crítica que Nietzsche faz à tradição cristã. Nesse contexto:

a) Incorreta. O cristianismo não é conhecido por combater as práticas sociais de cunho afetivo. Portanto, não pode ser essa a crítica de Nietzsche. O pensamento cristão sempre se inspirou em ideias afetuosas, como o amor ou a caridade. 

b) Incorreta. Nietzsche cita muitas vezes, em seus escritos, o cristianismo, mas não no intuito de criticá-lo pelo "avanço científico no contexto moderno". Suas críticas são no contexto moral, como se pode observar, por exemplo, em sua obra "A genealogia da moral". 

c) Incorreta. A sacralização da natureza não ganha, necessariamente, caráter pejorativo, mesmo quando o cristianismo a associa aos cultos pagãos. Por conta disso, não poderia ser criticado pelo filósofo.

d) Incorreta. A história do pensamento cristão se alicerçou no pensamento dos filósofos da Antiguidade Clássica, uma vez que os principais teólogos da história "beberam" de Platão e Aristóteles: Agostinho e Tomás de Aquino. Logo, dizer que a tradição cristã "condena os modelos filosóficos da Antiguidade Clássica" seria um erro.

e) Correta. . Nietzsche critica a tradição cristã por entender as ações humanas, no campo da ética e da moral, por exemplo, como ações que devem se fundamentar (e se voltar) na metafísica, ou seja, nos princípios transcendentais. Para o autor, não devemos nos guiar por valores a priori, determinados pela história e "consagrado" pelas religiões ou outros tipos de "moralidades". Devemos questionar o valor dos valores e, como dizia o autor, "transvalorizar", a fim de que conseguíssemos ser senhor de nós mesmos, de nossa própria moral.