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Enem 2021 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas


Questão 20 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Pressupostos e Subentendidos

Reaprender a ler notícias

    Não dá mais para ler um jornal, revista ou assistir a um telejornal da mesma forma que fazíamos até o surgimento da rede mundial de computadores. O Observatório da Imprensa antecipou isso lá nos idos de 1996 quando cunhou o slogan "Você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito". De fato, hoje já não basta mais ler o que está escrito ou falado para estar bem informado. É preciso conhecer as entrelinhas e saber que não há objetividade e nem isenção absolutas, porque cada ser humano vê o mundo de uma forma diferente. Ter um pé atrás passou a ser a regra básica número um de quem passa os olhos por uma primeira página, capa de revista ou chamadas de um noticiário na TV.

    Há uma diferença importante entre desconfiar de tudo e procurar ver o maior número possível de lados de um mesmo fato, dado ou evento. Apenas desconfiar não resolve porque se trata de uma atitude passiva. É claro, tudo começa com a dúvida, mas a partir dela é necessário ser proativo, ou seja, investigar, estudar, procurar os elementos ocultos que sempre existem numa noticia. No começo é um esforço solitário que pode se tornar coletivo à medida que mais pessoas descobrem sua vulnerabilidade informativa.

Disponível em: www.observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 30 set. 2015 (adaptado)

No texto, os argumentos apresentados permitem inferir que o objetivo do autor é convencer os leitores a



a)

buscarem fontes de informação comprometidas com a verdade.

b)

privilegiarem noticias veiculadas em jornais de grande circulação.

c)

adotarem uma postura crítica em relação às informações recebidas.

d)

questionarem a prática jornalística anterior ao surgimento da internet.

e)

valorizarem reportagens redigidas com imparcialidade diante dos fatos.

Resolução

a) Incorreta. No texto, o autor aconselha o leitor a buscar diferentes fontes de informações para conhecer um “maior número de lados possíveis”, pois “não há objetividade nem isenção absoluta” nas notícias.

b) Incorreta. O autor não menciona “jornais de grande circulação”.

c) Correta. O fato de as notícias não serem isentas da subjetividade humana leva o autor a propor uma postura crítica em relação às informações a que o leitor tem acesso. Incialmente, segundo o autor, é necessária a desconfiança, mas tal ação sozinha não basta. Segundo ele, “é necessário “(...) investigar, estudar, procurar os elementos ocultos que sempre existem numa notícia”.

d) Incorreta. A desconfiança em relação ao que se lê ocorre a partir do surgimento da internet. O autor afirma que “Não dá mais para ler um jornal, revista ou assistir a um telejornal da mesma forma que fazíamos até o surgimento da rede mundial de computadores.” e que “hoje, já não basta mais ler o que está escrito ou falado para estar bem informado”.

e) Incorreta. O autor afirma que “não há objetividade nem isenção absoluta” das informações recebidas pelos leitores.

Questão 21 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Lima Barreto Variação Linguística

    Não que Pelino fosse químico, longe disso; mas era sábio, era gramático. Ninguém escrevia em Tubiacanga que não levasse bordoada do Capitão Pelino, e mesmo quando se falava em algum homem notável lá no Rio, ele não deixava de dizer: "Não há dúvida! O homem tem talento, mas escreve: 'um outro', 'de resto' ...". E contraía os lábios como se tivesse engolido alguma cousa amarga.

    Toda a vila de Tubiacanga acostumou-se a respeitar o solene Pelino, que corrigia e emendava as maiores glórias nacionais. Um sábio...

    Ao entardecer, depois de ler um pouco o Sotero, o Candido de Figueiredo ou o Castro Lopes, e de ter passado mais uma vez a tintura nos cabelos, o velho mestre-escola saía vagarosamente de casa, muito abotoado no seu paletó de brim mineiro, e encaminhava-se para a botica do Bastos a dar dous dedos de prosa. Conversar é um modo de dizer, porque era Pelino avaro de palavras, limitando-se tão-somente a ouvir. Quando, porém, dos lábios de alguém escapava a menor incorreção de linguagem, intervinha e emendava."Eu asseguro, dizia o agente do Correio, que .. ." Por aí, o mestre-escola intervinha com mansuetude evangélica: "Não diga 'asseguro', Senhor Bernardes; em português é garanto".

    E a conversa continuava depois da emenda, para ser de novo interrompida por uma outra. Por essas e outras, houve muitos palestradores que se afastaram, mas Pelino, indiferente, seguro dos seus deveres, continuava o seu apostolado de vernaculismo.

BARRETO, LA Nova Califórnia. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br
Acesso em: 24 jul 2019

Do ponto de vista linguístico, a defesa da norma-padrão pelo personagem caracteriza-se por



a)

contestar o ensino de regras em detrimento do conteúdo das informações.

b)

resgatar valores patrióticos relacionados às tradições da língua portuguesa.

c)

adotar uma perspectiva complacente em relação aos desvios gramaticais.

d)

invalidar os usos da língua pautados pelos preceitos da gramática normativa.

e)

desconsiderar diferentes níveis de formalidade nas situações de comunicação.

Resolução

a) Incorreta. No que concere à linguagem, o personagem não contesta o ensino de regras; pelo contrário, defende fervorosamente o uso da norma-padrão, independentemente do conteúdo das informações.

b) Incorreta. Não há evidências, no texto, de que a defesa da norma-padrão esteja relacionada a uma atitude patriótica da personagem, no intuito de resgatar valores relacionados às tradições da língua portuguesa.

c) Incorreta. Ao contrário do que afirma a alternativa, Pelino não se mostra complacente, ou seja, tolerante em relação aos desvios gramaticais. O personagem mantém uma postura intransigente, inflexível, com relação ao emprego da norma culta em todas as situações de comunicação.

d) Incorreta. Novamente, a alternativa apresenta uma ideia oposta àquela defendida pelo personagem. O Capitão Pelino não invalida, mas valoriza ao extremo o uso da língua com base na gramática normativa.

e) Correta. Nota-se, no texto, que o Capitão Pelino tinha o hábito de "corrigir" a linguagem empregada por todas as pessoas, independentemente da situação de comunicação: demonstrava, assim, a mesma rigidez no emprego da norma-padrão tanto em situações formais de escrita quanto em conversas informais (como ao "dar dous dedos de prosa" na botica do Bastos). Dessa forma, verifica-se que a personagem, do ponto de vista linguístico, não leva em consideração os diferentes níveis de formalidade.

Questão 22 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Machado de Assis

TEXTO I

    Correu à sala dos retratos, abriu o piano, sentou-se e espalmou as mãos no teclado. Começou a tocar alguma coisa própria, uma inspiração real e pronta, uma polca, uma polca buliçosa, como dizem os anúncios. Nenhuma repulsa da parte do compositor; os dedos iam arrancando as notas, ligando-as, meneando-as; dir-se-ia que a musa compunha e bailava a um tempo. [ ... ] Compunha só, teclando ou escrevendo, sem os vãos esforços da véspera, sem exasperação, sem nada pedir ao céu, sem interrogar os olhos de Mozart. Nenhum tédio. Vida, graça, novidade, escorriam-lhe da alma como de uma fonte perene.

ASSIS, M . Um homem célebre. Disponlvel em: www.biblio.com.br.
Acesso em: 2 jun. 2019.

TEXTO II

    Um homem célebre expõe o suplício do músico popular que busca atingir a sublimidade da obra-prima clássica, e com ela a galeria dos imortais, mas que é traído por uma disposição interior incontrolável que o empurra implacavelmente na direção oposta. Pestana, célebre nos saraus, salões, bailes e ruas do Rio de Janeiro por suas composições irresistivelmente dançantes, esconde-se dos rumores à sua volta num quarto povoado de ícones da grande música europeia, mergulha nas sonatas do classicismo vienense, prepara-se para o supremo salto criativo e, quando dá por si , é o autor de mais uma inelutável e saltitante polca.

WISNIK, J. M. Machado maxixe: o caso Pestana. Teresa: revista de literatura brasileira, 2004 (adaptado).

O conto de Machado de Assis faz uma referência velada ao maxixe, gênero musical inicialmente associado à escravidão e à mestiçagem. No Texto II, o conflito do personagem em compor obras do gênero é representativo da



a)

pouca complexidade musical das composições ajustadas ao gosto do grande público.

b)

prevalência de referências musicais africanas no imaginário da população brasileira.

c)

incipiente atribuição de prestígio social a músicas instrumentais feitas para a dança.

d)

tensa relação entre o erudito e o popular na constituição da música brasileira.

e)

importância atribuída à música clássica na sociedade brasileira do século XIX.

Resolução

a) Incorreta. Embora Pestana demonstre uma natural facilidade para compor polcas, que, à época, eram muito populares no Brasil, o texto não afirma que haja pouca complexidade musical nesse tipo de composição. Também não é esse o motivo que justifica o conflito do personagem em compor esse tipo de obra.

b) Incorreta. A polca originou-se na Boêmia, região localizada na Europa Central. Embora o enunciado faça referência ao maxixe, gênero musical surgido no Brasil e que teve influência da polca (além de outras danças como o lundu africano), o conflito de Pestana não se relaciona, portanto, a referências musicais africanas.

c) Incorreta. O fato de haver, à época, na sociedade brasileira, uma valorização de músicas instrumentais feitas para a dança não está diretamente relacionado ao conflito do personagem. A frustração de Pestana se dá por sua incapacidade de compor uma obra clássica.

d) Correta. De acordo com o Texto II, Pestana ambiciona compor uma obra clássica, elevando-se, assim, ao patamar de grandes compositores eruditos europeus. No entanto, por mais que se esforce, acaba por produzir polcas, fato que, ironicamente, contribui tanto para sua fama como músico popular, quanto para sua decepção artística. Desse modo, o conflito do personagem reflete uma tensão entre o erudito e o popular na constituição da música brasileira.

e) Incorreta. Não há indícios, nos textos apresentados, de que a música clássica fosse valorizada na sociedade brasileira do século XIX. 

Questão 23 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Pressupostos e Subentendidos

Devagar, devagarinho

    Desacelerar é preciso. Acelerar não é preciso. Afobados e voltados para o próprio umbigo, operamos, automatizados, falas robóticas e silêncios glaciais. Ilustra bem esse estado de espírito a música Sinal fechado (1969), de Paulinho da Viola. Trata-se da história de dois sujeitos que se encontram inesperadamente em um sinal de trânsito. A conversa entre ambos, porém, se deu rápida e rasteira. Logo, os personagens se despedem, com a promessa de se verem em outra oportunidade. Percebe-se um registro de comunicação vazia e superficial, cuja tônica foi o contato ligeiro e superficial construído pelos interlocutores: "Olá, como vai? / Eu vou indo, e você, tudo bem? / Tudo bem, eu vou indo correndo, / pegar meu lugar no futuro. E você? / Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono / tranquilo, quem sabe? / Quanto tempo... / Pois é, quanto tempo... / Me perdoe a pressa / é a alma dos nossos negócios... / Oh! Não tem de quê. / Eu também só ando a cem".

    O culto à velocidade, no contexto apresentado, se coloca como fruto de um imediatismo processual que celebra o alcance dos fins sem dimensionar a qualidade dos meios necessários para atingir determinado propósito. Tal conjuntura favorece a lei do menor esforço – a comodidade – e prejudica a lei do maior esforço – a dignidade.

    Como modelo alternativo à cultura fast, temos o movimento slow life, cujo propósito, resumidamente, é conscientizar as pessoas de que a pressa é inimiga da perfeição e do prazer, buscando assim reeducar seus sentidos para desfrutar melhor os sabores da vida .

SILVA, M. F. L. Boletim UFMG. n. 1 749, set. 2011 (adaptado).

Nesse artigo de opinião, a apresentação da letra da canção Sinal fechado é uma estratégia argumentativa que visa sensibilizar o leitor porque



a)

adverte sobre os riscos que o ritmo acelerado da vida oferece.

b)

exemplifica o fato criticado no texto com uma situação concreta.

c)

contrapõe situações de aceleração e de serenidade na vida das pessoas.

d)

questiona o clichê sobre a rapidez e a aceleração da vida moderna.

e)

apresenta soluções para a cultura da correria que as pessoas vivenciam hoje.

Resolução

a) Incorreta. A letra da canção, segundo o texto, é utilizada para “ilustrar”, ou seja, retratar a crítica em relação ao comportamento automatizado das pessoas.

b) Correta. O autor do texto esclarece que a canção é utilizada para demonstrar a situação a que se refere a crítica. Assim, a sensibilização acontece porque o exemplo permite a visualização e o reconhecimento do fato criticado.  

c) Incorreta. A letra da canção não apresenta uma situação de serenidade, apenas aceleração (com o diálogo superficial entre as personagens).

d) Incorreta. A rapidez da vida moderna não é definida como clichê no texto. Além disso, a análise sobre tal aceleração não é expressa na letra da canção, mas pelo autor da crítica, que utiliza a canção para exemplificar a situação mencionada.

e) Incorreta. As soluções são apresentadas pelo autor do texto, e não pela letra da canção, que apenas retrata um problema recorrente atualmente.

Questão 24 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

    A história do futebol brasileiro contém, ao longo de um século, registros de episódios racistas. Eis o paradoxo: se, de um lado, a atividade futebolística era depreciada aos olhos da "boa sociedade" como profissão destinada aos pobres, negros e marginais, de outro, achava-se investida do poder de representar e projetar a nação em escala mundial. A Copa do Mundo no Brasil , em 1950, viria a se constituir, nesse sentido, em uma rara oportunidade. Contudo, na decisão contra o Uruguai sobreveio o inesperado revés. As crônicas esportivas elegiam o goleiro Barbosa e o defensor Bigode como bodes expiatórios, "descarregando nas costas" dos jogadores os "prejuízos" da derrota. Uma chibata moral, eis a sentença proferida no tribunal dos brancos. Nos anos 1970, por não atender às expectativas normativas suscitadas pelo estereótipo do "bom negro", Paulo César Lima foi classificado como "jogador-problema". Ele esboçava a revolta da chibata no futebol brasileiro. Enquanto Barbosa e Bigode, sem alternativa, suportaram o linchamento moral na derrota de 1950, Paulo César contra-atacava os que pretendiam condená-lo pelo insucesso de 1974. O jogador assumia as cores e as causas defendidas pela esquadra dos pretos em todas as esferas da vida social. "Sinto na pele esse racismo subjacente", revelou à imprensa francesa: "Isto é, ninguém ousa pronunciar a palavra 'racismo'. Mas posso garantir que ele existe, mesmo na Seleção Brasileira". Sua ousadia consistiu em pronunciar a palavra interdita no espaço simbólico do discurso oficial para reafirmar o mito da democracia racial.

Disponlvel em: https://observatorioracialfutebol.com.br. Acesso em: 22 jun. 2019 (adaptado).

O texto atribui o enfraquecimento do mito da democracia racial no futebol à



a)

responsabilização de jogadores negros pela derrota na final da Copa de 1950.

b)

projeção mundial da nação por um esporte antes destinado aos pobres.

c)

depreciação de um esporte associado à marginalidade.

d)

interdição da palavra "racismo" no contexto esportivo.

e)

atitude contestadora de um "jogador-problema".

Resolução

a) Incorreta. Embora o episódio seja um exemplo da prevalência do racismo no futebol brasileiro, ele não foi particularmente responsável pela contestação do mito da democracia racial no país. Pelo contrário, segundo o texto, os jogadores Barbosa e Bigode sofreram um "linchamento moral" causado pelo racismo sem qualquer alternativa ou condição de reversão do quadro.

b) Incorreta. Conforme o texto sugere, a projeção da nação através da Copa de 1950 revelava um caráter contraditório da atividade futebolística do período, mas foi insuficiente para promover questionamentos sobre o racismo existente no esporte e na sociedade brasileira.

c) Incorreta. A depreciação do futebol exemplifica o racismo inerente à sociedade, sem, contudo, gerar contestações quanto ao mito da democracia racial no país.

d) Incorreta. Foi justamente a pronúncia da palavra racismo por Paulo César Lima na década de 1970 que instigou questionamentos sobre o racismo no futebol e na Seleção, e não sua interdição (proibição) no esporte.

e) Correta. O conceito de democracia racial sugere a existência de relações plenamente harmoniosas entre os indivíduos de uma determinada sociedade, independente de sua cor ou etnia. Em outras palavras, ela nega a existência do racismo em suas variadas manifestações, sejam elas estruturais ou explícitas. Tal conceito ganhou força teórica no início do século XX, a partir de estudos históricos comparativos quanto às relações raciais no Brasil e nos EUA. Em síntese, tais estudos defendiam a existência de um caráter notoriamente violento nas relações raciais no caso norte-americano, em contraste com a suposta brandura nas tensões entre as "raças" no Brasil - o que condicionaria historicamente a existência de uma democracia racial entre os brasileiros.  No texto, o mito da democracia racial aparece de forma implícita, já que o racismo era patente no meio esportivo, mas nunca reconhecido publicamente. A contestação dessa suposta ausência de racismo no futebol teria ocorrido apenas em 1974, quando o jogador Paulo César Lima revelou à imprensa francesa que sentia "na pele" o "racismo subjacente", ainda que ninguém ousasse pronunciar tal palavra publicamente. Ou seja, foi justamente a ação contestatória do esportista que contribuiu para a denúncia e para o questionamento sobre a harmonia racial inexistente no Brasil à época, contribuindo para o enfraquecimento do mito da democracia racial em meio ao esporte.

Questão 25 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Arte Acadêmica do século XIX

MEIRELLES, V. Moema. Óleo sobre tela, 129 cm x 190 cm.

Masp, São Paulo, 1866.

Disponlvel em: www.masp.art.br. Acesso em: 13 ago. 2012 (adaptado)

Nessa obra, que retrata uma cena de Caramuru, célebre poema épico brasileiro, a filiação à estética romântica manifesta-se na



a)

exaltação do retrato fiel da beleza feminina.

b)

tematização da fragilidade humana diante da morte.

c)

ressignificação de obras do cânone literário nacional.

d)

representação dramática e idealizada do corpo da índia.

e)

oposição entre a condição humana e a natureza primitiva.

Resolução

a) Incorreto. No estilo romântico não é representada uma imagem fiel, mas sim idealizada e, às vezes, o contrário disso. Na pintura de Meirelles ,encontramos uma mulher idealizada.

b) Incorreto. O movimento que trouxe como tema a morte foi o Barroco. O Romantismo preocupou-se mais em criar um herói nacional (índio) e/ou refletir sobre questões sociais.

c) Incorreto. A pintura de Meirelles não se propôs a ressignificar a temática do romantismo indianista, mas sim a ratificar tal conceito, pintando uma temática encontrada dentro desse assunto.

d) Correto. O movimento romântico buscava transmitir emoções em suas obras e, também, idealizava o corpo feminino (a personagem apresenta um corpo dentro dos padrões estéticos, sem "imperfeições"; ela parece estar dormindo, distanciando-se da aparência de um corpo afogado; a posição de pernas, mãos, braços, cabela e cabelos é organizada), tal como é visto na obra de Meirelles. Encontra-se uma dramatização na forma como Moema morre (no desespero da busca pelo amado) e na própria apresentação do corpo da personagem, sem os elementos comuns de um afogamento real.

e) Incorreto. Não é possível encontrar nenhum símbolo representando uma oposição entre a condição humana e a natureza. O corpo apresenta-se desfalecido, pois a protagonista, Moema, atirou-se no mar em busca do seu amado e, dessa forma, perdeu sua vida.

Questão 26 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Educação Física

    Coincidindo com o Dia Internacional dos Direitos da Infância, foram apresentados diversos trabalhos que mostram as mudanças que afetam a vida das crianças. Um desses estudos compara o que sonham e brincam as crianças hoje em relação às dos anos 1990. E o que se descobriu é que as crianças têm agora menos lazer e estão mais sobrecarregadas por deveres e atividades extracurriculares do que as de 25 anos atrás. As crianças de hoje não só dedicam menos tempo para brincar, como também, quando brincam, a maioria não o faz com outras crianças no parque, na rua ou na praça, mas em casa e muitas vezes sozinhas. E já não brincam tanto com brinquedos, mas com aparelhos eletrônicos, entre os quais predomina o jogo individual com a máquina.

OLIVA, M. P. O direito das crianças ao lazer... e a crescer sem carências.
El País , 20 nov. 2015 (adaptado).

O texto indica que as transformações nas experiências lúdicas na infância



a)

fomentaram as relações sociais entre as crianças.

b)

tornaram o lazer uma prática difundida entre as crianças.

c)

incentivaram a criação de novos espaços para se divertir.

d)

promoveram uma vivência corporal menos ativa.

e)

contribuíram para o aumento do tempo dedicado para brincar.

Resolução

a) Incorreta. Pelo contrário, há uma diminuição das relações sociais entre as crianças, uma vez que elas passam a brincar mais sozinhas. 
b) Incorreta. O lazer vem perdendo espaço e, consequentemente, torna-se uma prática menos difundida entre as crianças, pela sobrecarga de deveres e atividades extracurriculares.
c) Incorreta. Os espaços para se divertir vêm sendo substituídos pelas casas e aparelhos eletrônicos, não havendo criação de novos espaços e, de certa forma, uma desocupação das praças, ruas e parques.  
d) Correta. Ao diminuir o espaço e introduzir as crianças por um maior tempo aos aparelhos eletrônicos, há a promoção de uma vivência corporal menos ativa.
e) Incorreta. O texto indica o contrário; que, com o aumento das atividades extracurriculares e outros deveres, há uma diminuição do tempo dedicado ao brincar. 

Questão 27 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Pronomes Pronomes pessoais de tratamento Variação Linguística

    Os linguistas tem notado a expansão do tratamento informal. "Tenho 78 anos e devia ser tratado por senhor mas meus alunos mais jovens me tratam por você", diz o professor Ataliba Castilho, aparentemente sem se incomodar com a informalidade, inconcebível em seus tempos de estudante. O você, porém, não reinará sozinho. O tu predomina em Porto Alegre e convive com o você no Rio de Janeiro e em Recife, enquanto você é o tratamento predominante em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e Salvador. O tu já era mais próximo e menos formal que você nas quase 500 cartas do acervo on-line de uma Instituição universitária, quase todas de poetas, políticos e outras personalidades do final do século XIX e início do XX.

Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br. Acesso em: 21 abr. 2015 (adaptado).

No texto, constata-se que os usos de pronomes variaram ao longo do tempo e que atualmente têm empregos diversos pelas regiões do Brasil. Esse processo revela que



a)

as escolhas de "você" ou de "tu" está condicionada à idade da pessoa que usa o pronome.

b)

a possibilidade de se usar tanto "tu" quanto "você" caracteriza a diversidade da língua.

c)

o pronome "tu" tem sido empregado em situações informais por todo o país.

d)

a ocorrência simultânea de "tu" e de "você" evidencia a inexistência da distinção entre níveis de formalidade.

e)

o emprego de "você" em documentos escritos demonstra que a língua tende a se manter inalterada.

Resolução

a) Incorreta. O texto não menciona a questão etária como um fator para utilização dos pronomes “você” ou “tu”.

b) Correta. O texto informa que o uso do pronome “você” era inconcebível em algumas relações no passado, como a relação professor-aluno, mas que, hoje, tem se expandido. Também são indicadas as regiões que usam o pronome “você”, o “tu” e até mesmo os dois. São essas informações que permitem inferir a diversidade da língua, que varia ao longo do tempo e a depender da região do país.

c) Incorreta. O uso do pronome “tu” não ocorre em todo país: em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e Salvador prevalece o uso de “você”, conforme o texto.

d) Incorreta. A inexistência da distinção entre níveis de formalidade não se confirma no texto, uma vez que a análise de cartas de personalidades, do final do século XIX e início do XX, revelam que o pronome “tu” era “menos formal que [o pronome] você”.

e) Incorreta. O exemplo do professor Ataliba de Castilho, tratado por “você”, situação que era “inconcebível em seus tempos de estudante”, exemplifica as alterações que a língua tende a sofrer.   

Questão 28 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Educação Física

    O solo A morte do cisne, criado em 1905 pelo russo Mikhail Fokine a partir da música do compositor francês Camille Saint-Saens, retrata o último voo de um cisne antes de morrer. Na versão original, uma bailarina com figurino impecavelmente branco e na ponta dos pés interpreta toda a agonia da ave se debatendo até desfalecer. Em 2012, John Lennon da Silva, de 20 anos, morador do bairro de São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, elaborou um novo jeito de dançar a coreografia imortalizada pela bailarina Anna Pavlova. No lugar de um colã e das sapatilhas, vestiu calça jeans, camiseta e tênis. Em vez de balé, trouxe o estilo popping da street dance. Sua apresentação inovadora de A morte do cisne, que foi ao ar no programa Se ela dança, eu danço, virou hit no YouTube.

Disponível em: www.correiobraziliense.com.br. Acesso em: 18 jun. 2019 (adaptado).

A forma original de John Lennon da Silva reinterpretar a coreografia de A morte do cisne demonstra que



a)

a composição da coreografia foi influenciada pela escolha do figurino.

b)

a criação artística é beneficiada pelo encontro de modelos oriundos de diferentes realidades socioculturais.

c)

a variação entre os modos de dançar uma mesma música evidencia a hierarquia que marca manifestações artísticas.

d)

a formação erudita, à qual o dançarino não teve acesso, resulta em artistas que só conhecem a estética da arte popular.

e)

a interpretação, por homens, de coreografias originalmente concebidas para mulheres exige uma adaptação complexa.

Resolução

a) Incorreta. A escolha do figurino que foi influenciada pela composição coreográfica do estilo da dança, neste caso o estilo do popping
b) Correta. A criação de uma coreografia carrega vários aspectos da vida e experiência das pessoas que a compõem. Logo, as diferentes realidades socioculturais vão manifestar diferentes reinterpretações.  
c) Incorreta. A variação dos modos de dançar a mesma música não corresponde a uma hierarquia, mas apenas a diferentes formas de manifestar-se artisticamente e sua intenção.    
d) incorreta. Não se pode afirmar pelo texto que o dançarino John Lennon da Silva não teve acesso à formação erudita. As pessoas podem ter acesso a vários tipos de dança, escolher um tipo para manifestação artística e até mesmo misturá-las. 
e) Incorreta. Não há uma regra ou necessidade de adaptação complexas de coreografia para homens e mulheres. 
 

Questão 29 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

textos literários

    Seus primeiros anos de detento foram difíceis; aos poucos entendeu como o sistema funciona. Apanhou dezenas de vezes, teve o crânio esmagado, o maxilar deslocado, braços e pernas quebrados; por fim, um dia ficou lesionado da perna quando foi jogado da laje de um pavilhão. Nem todas as vezes ele soube por que apanhou, muito menos da última, quando foi deixado para morrer, mas sobreviveu. Seu corpo, moído no inferno, aguarda o fim dos seus dias. Já não questiona mais. Obedece. Cumpre as ordens. Baixa a cabeça e se retira. Apanha, às vezes com motivo, às vezes sem. Por onde passou, derramaram seu sangue. Seu rastro pode ser seguido. Intriga ter sobrevivido durante tantos anos. Pouquíssimos chegaram à terceira idade encarcerados.

MAIA. A. P. Assim na terra como embaixo da terra. Rio de Janeiro: Record, 2017.

A narrativa concentra sua força expressiva no manejo de recursos formais e numa representação ficcional que



a)

buscam perpetuar visões do senso comum.

b)

trazem à tona atitudes de um estado de exceção.

c)

promovem a interlocução com grupos silenciados.

d)

inspiram o sentimento de justiça por meio da empatia.

e)

recorrem ao absurdo como forma de traduzir a realidade.

Resolução

a) Incorreta. A alternativa não se sustenta, uma vez que o trecho em questão não lida majoritariamente com "visões", ou seja, interpretações sobre a situação narrada, mas sobretudo a descreve. Ainda assim, quando há uma análise, o narrador acrescenta que é intrigante o fato de a personagem ter vivido até a velhice, fazendo-nos supor que o senso comum sobre a longevidade de um indíviduo encarcerado seria o da morte precoce. Portanto, o texto não perpetua, mas desfaz o senso comum.

b) Incorreta. Estados de exceção no Brasil referem-se a situações políticas previstas em constituição, podendo ser configurados por estado de sítio, estado de defesa ou intervenção federal. Tais situações somente podem ocorrer se houver riscos à integridade nacional, necessidade de repelir invasões estrangeiras, grave comprometimento da ordem pública, situações de comoção  grave de repercussão nacional ou estado de guerra e permitem ao Estado suspender direitos individuais e coletivos como o direito a reuniões, o direito ao sigilo de correspondências, o direito ao sigilo de comunicação telefônica e a liberdade de imprensa. Também permitem a busca e apreensão de cidadãos em domicílio e a requisição de bens privados para uso pelo Estado, entre outros. Na vigência de estados de exceção, autoridades públicas podem decretar a prisão de cidadãos por crimes contra o Estado, as quais devem ser imediatamente validadas por um juiz, devendo ainda ser garantida a integridade física do detento. Diante do exposto, fica claro que a situação descrita no excerto - em que um detento é brutalizado e não tem sua integridade física preservada - não se refere a um estado de exceção. Historicamente, no Brasil e no exterior, autoridades públicas comprometeram a integridade física de cidadãos em situações específicas, sob o pretexto de estados de exceção, sendo estas atitudes, no entanto, crimes passíveis de punição e não justificáveis sob nenhum pretexto.

c) Incorreta. Não há evidências textuais de que o texto busque o diálogo com um grupo específico de leitores, o que invalida a afirmação.

d) Incorreta. A força expressiva de um texto relaciona-se à sua composição, e não aos sentimentos que pode suscitar nos leitores. Ademais, é possível que, a depender de suas experiências, leitores diferentes tenham sentimentos também diferentes em relação a um texto, ou seja, nem todos serão empáticos ao preso que sofre as agressões e terão seu sentimento de justiça inspirado.

e) Correta. A força narrativa do texto está exatamente em traduzir a real violência do sistema carcerário brasileiro para a ficção a partir de imagens absurdas, como: "Seu corpo, moído no inferno"; "Por onde passou, derramaram seu sangue. Seu rastro pode ser seguido". Dessa forma, a autora consegue sensibilizar parte de seus leitores pelo potencial imagético dos trechos transcritos.