Os linguistas tem notado a expansão do tratamento informal. "Tenho 78 anos e devia ser tratado por senhor mas meus alunos mais jovens me tratam por você", diz o professor Ataliba Castilho, aparentemente sem se incomodar com a informalidade, inconcebível em seus tempos de estudante. O você, porém, não reinará sozinho. O tu predomina em Porto Alegre e convive com o você no Rio de Janeiro e em Recife, enquanto você é o tratamento predominante em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e Salvador. O tu já era mais próximo e menos formal que você nas quase 500 cartas do acervo on-line de uma Instituição universitária, quase todas de poetas, políticos e outras personalidades do final do século XIX e início do XX.
Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br. Acesso em: 21 abr. 2015 (adaptado).
No texto, constata-se que os usos de pronomes variaram ao longo do tempo e que atualmente têm empregos diversos pelas regiões do Brasil. Esse processo revela que
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as escolhas de "você" ou de "tu" está condicionada à idade da pessoa que usa o pronome. |
b) |
a possibilidade de se usar tanto "tu" quanto "você" caracteriza a diversidade da língua. |
c) |
o pronome "tu" tem sido empregado em situações informais por todo o país. |
d) |
a ocorrência simultânea de "tu" e de "você" evidencia a inexistência da distinção entre níveis de formalidade. |
e) |
o emprego de "você" em documentos escritos demonstra que a língua tende a se manter inalterada. |
a) Incorreta. O texto não menciona a questão etária como um fator para utilização dos pronomes “você” ou “tu”.
b) Correta. O texto informa que o uso do pronome “você” era inconcebível em algumas relações no passado, como a relação professor-aluno, mas que, hoje, tem se expandido. Também são indicadas as regiões que usam o pronome “você”, o “tu” e até mesmo os dois. São essas informações que permitem inferir a diversidade da língua, que varia ao longo do tempo e a depender da região do país.
c) Incorreta. O uso do pronome “tu” não ocorre em todo país: em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e Salvador prevalece o uso de “você”, conforme o texto.
d) Incorreta. A inexistência da distinção entre níveis de formalidade não se confirma no texto, uma vez que a análise de cartas de personalidades, do final do século XIX e início do XX, revelam que o pronome “tu” era “menos formal que [o pronome] você”.
e) Incorreta. O exemplo do professor Ataliba de Castilho, tratado por “você”, situação que era “inconcebível em seus tempos de estudante”, exemplifica as alterações que a língua tende a sofrer.