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Enem 2021 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas


Questão 30 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Interpretação de Textos

    — O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu falar num troço chamado autoridades constituídas? Não sabe que tem de conhecer as leis do país? Não sabe que existe uma coisa chamada Exército Brasileiro, que o senhor tem de respeitar? Que negócio é esse? [ ... ] Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro: "dura lex"! Seus filhos são uns moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o General, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar gringos feito o senhor. [ .. . ] Foi então que a mulher do vizinho do General interveio:

Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido? O delegado apenas olhou-a, espantado com o atrevimento.

Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não é gringo nem meus filhos são moleques. Se por acaso importunaram o General ele que viesse falar comigo, pois o senhor também está nos importunando. E fique sabendo que sou brasileira sou prima de um Major do Exército, sobrinha de um Coronel, e filha de um General! Morou? Estarrecido, o delegado só teve força para engolir em seco e balbuciar humildemente: - Da ativa, minha senhora?.

SABINO, F. A mulher do vizinho. ln: Os melhores contos. Rio de Janeiro: Record. 1986.

A representação do discurso intimidador engendrada no fragmento é responsável por



a)

ironizar atitudes e ideias xenofóbicas.

b)

conferir à narrativa um tom anedótico.

c)

dissimular o ponto de vista do narrador.

d)

acentuar a hostilidade das personagens

e)

exaltar relações de poder estereotipadas.

Resolução

a) Correta. O delegado surge com um discurso bastante intimidador para o personagem estrangeiro, ameaçando a ele e a seus filhos com as leis e autoridades brasileiras. Ao longo de sua fala, há trechos flagrantemente xenofóbicos, como "O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que quer" ou ainda "Sei como tratar gringos feito o senhor". Contudo, ao ser confrontado pela mulher, o delegado perde a austeridade, apequenando-se diante da lógica bairrista de respeitar apenas aqueles que são seus semelhantes dentro da lógica militar. Com isso, o narrador ironiza a xenofobia que era apenas o pano de fundo para que o delegado expressasse sua pretensa superioridade, sustentada apenas por sua patente, em relação ao suposto estrangeiro. 

b) Incorreta. Embora o texto ganhe um tom humorístico no final, tal efeito não é decorrrente da representação do discurso intimidador do delegado, mas da invertida que ele toma da mulher. Além disso, restringir o texto a seu aspecto humorístico seria limitar seus objetivos.

c) Incorreta. O ponto de vista do narrador, pelo conjunto textual, está bastante evidente e fica ainda mais explícito ao final, quando acrecenta que "o delegado só teve força para engolir seco e balbuciar humildemente", ou seja, ele critica a postura xenofóbica e abusiva do delegado.

d) Incorreta. Não é possível dizer que todos os personagens envolvidos na cena sejam hostis, uma vez que o vizinho do genereal sequer responde à intimidação, ao passo que sua mulher apenas reage à situação. Sendo assim, a hostilidade seria uma característica apenas do delegado.

e) Incorreta. De fato, o trecho em questão lida com a estereotipação de relações de poder, contudo, não para exaltá-las, mas possivelmente para denunciá-las. O verbo "exaltar" significa "celebrar", "louvar", sentidos, portanto, elogiosos e indiscutivelmente opostos daqueles intencionados pelo texto de Fernando Sabino.  

Questão 31 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Interpretação de Textos

Disponível em: www.deskgram.org. Acesso em: 12 dez. 2018 (adaptado)

A associação entre texto verbal e as imagens da garrafa e do cão configura recurso expressivo que busca



a)

estimular denúncias de maus-tratos contra animais

b)

desvincular o conceito de descarte da ideia de negligência.

c)

incentivar campanhas de adoção de animais em situação de rua.

d)

sensibilizar o público em relação ao abandono de animais domésticos.

e)

alertar a população sobre as sanções legais acerca de uma prática criminosa.

Resolução

a) Incorreta. A imagem não faz alusão a todos os casos de maus-tratos, mas somente ao abandono; além disso, volta-se apenas aos animais domésticos, os "pets", e não a todos os demais.

b) Incorreta. A associação entre texto verbal e imagens fez exatamente o contrário do afirmado pela alternativa, uma vez que associa o descarte de um objeto, as embalagens PET, à atitude de quem abandona uma animal de estimação.

c) Incorreta. Não há sequer menção à adoção de animais, mas apenas ao seu abandono.

d) Correta. Ao aproximar a imagem da garrafa e do cachorro, e também ao empregar uma palavra polissêmica, que pode indicar tanto uma embalagem, quanto um animal, a publicidade lida com a ideia de que quem abandona, objetifica os animais, inferiorizando seus status de seres vivos.

e) Incorreta. Embora a publicidade mencione que abandono é crime, essa informação não advém da associação entre o texto verbal e a imagem do cão e da garrafa.

Questão 32 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

charges e tirinhas

HENFIL. Dispovível em: https://medium.com. Acesso em: 29 out. 2018  

Nessa tirinha, produzida na década de 1970, os recursos verbais e não verbais sinalizam a finalidade de



a)

reforçar a luta por direitos civis.

b)

explicitar a autonomia feminina.

c)

ironizar as condições de igualdade.

d)

estimular a abdicação da vida social.

e)

criticar as obrigações da maternidade.

Resolução

a) Incorreta. Embora a referência à sobrecarga feminina possa aludir à necessidade de se garantir direitos civis a mães – como o direito à licença-maternidade – os recursos verbais e não verbais da tirinha não indicam explicitamente essa finalidade.

b) Incorreta. A sequência tece uma crítica ao excesso de abdicações femininas na maternidade, o que não tem relação direta com sua autonomia.

c) Incorreta. Ainda que seja possível supor que a condição de igualdade entre os gêneros é impactada, uma vez que a maternidade impõe muitas renúncias, tal afirmação extrapola os limites do texto, visto que não há menção a supostas funções ou papeis relacionados à paternidade.

d) Incorreta. A tirinha visa justamente criticar as abdicações femininas na maternidade. Logo, é inadequado afirmar que há estímulo à abdicação da vida social.

e) Correta. Na sequência apresentada na tirinha, a personagem – um pássaro do sexo feminino – choca um ovo enquanto reflete acerca das renúncias que terá quando seu filho nascer, como os prazeres mundanos, a busca da beleza física e os projetos individualistas. Após tal reflexão, a personagem demonstra preocupação ao constatar que tais obrigações são restritas à mulher, o que é justificado pelo fim da “luta da mulher por sua emancipação”. Nesse sentido, a personagem critica as obrigações da maternidade.

Questão 33 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

textos jornalísticos

A  crise dos refugiados imortalizada para sempre no fundo do mar

TAYLOR. J . C. A balsa de Lampedusa. Instalação.
Museu Atlântico, Lanzarote, Canárias, 2016 (detalhe).

    A balsa de Lampedusa, nome da obra do artista britânico Jason de Caíres Taylor, é uma das instalações criadas por ele para compor o acervo do primeiro museu submarino da Europa, o Museu Atlântico, localizado em Lanzarote, uma das ilhas do arquipélago das Canárias. 

    Lampedusa é o nome da ilha italiana onde a grande maioria dos refugiados que saem da África ou de países como Síria, Líbano e Iraque tenta chegar para conseguir asilo no continente europeu.

    As esculturas do Museu Atlântico ficam a 14 metros de profundidade nas águas cristalinas de Lanzarote. Na balsa, estão dez pessoas. Todas têm no rosto a expressão do abandono. Entre elas, há algumas crianças. Uma delas, uma menina debruçada sobre a beira do bote, olha sem esperança o horizonte. A imagem é tão forte que dispensa qualquer palavra. Exatamente o papel da arte.

Disponível em: https://conexaoplaneta.com.br Acesso em: 22 jun. 2019 (adaptado)

    Além de apresentar ao público a obra A balsa de Lampedusa, essa reportagem cumpre, paralelamente, a função de chamar a atenção para



a)

a ilha de Lanzarote, localizada no arquipélogo das Canárias, com vocação para o turismo

b)

as muitas vidas perdidas nas travessias marítimas em embarcações precárias ao longo dos séculos.

c)

a inovação relativa à construção de um museu no fundo do mar, que só pode ser visitado por mergulhadores.

d)

a construção do museu submarino como um memorial para as centenas de imigrantes mortos nas travessias pelo mar.

e)

a arte como perpetuadora de episódios marcantes da humanidade que têm de ser relembrados para que não tornem a acontecer

Resolução

a) Incorreta. Ainda que o texto faça referência à ilha de Lanzarote, não há alusão a uma suposta “vocação para o turismo”.

b) Incorreta. No texto, não há menção explícita a “vidas perdidas”. As esculturas visam retratar a situação dos refugiados e suas “expressões de abandono”. Além disso, não há informações que comprovem que as embarcações eram precárias e existiram por séculos.

c) Incorreta. No texto, não há menção a formas de visitação. Em vista disso, não é possível sustentar que a visitação é restrita a mergulhadores.

d) Incorreta. Assim como na alternativa B, não há menção explícita a “vidas perdidas”.

e) Correta. O texto apresenta ao público a obra “A balsa Lampedusa”, instalação que visa representar artisticamente a situação precária de refugiados que tentam chegar à ilha de Lampedusa, na Itália. Além disso, paralelamente, a reportagem chama a atenção para a importância da arte como perpetuadora de episódios marcantes para humanidade, o que pode ser notado no trecho final do texto: “A imagem [das esculturas] é tão forte que dispensa qualquer palavra. Exatamente o papel da arte”.

Questão 34 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

textos jornalísticos

Intenso e original, Son of Saul retrata horror do holocausto

    Centenas de filmes sobre o holocausto jâ foram produzidos em diversos países do mundo, mas nenhum é tão intenso como o hungaro Son of Saul do estreante em longa-metragens László Nemes, vencedor do Grande Prêmio do Júri no último Festival de Cannes.

    Ao contrário da grande maioria das produções do gênero, que costuma oferecer uma variedade de informações didáticas e não raro cruza diferentes pontos de vista sobre o horror do campo de concentração, o filme acompanha apenas um personagem.

    Ele é Saul (Géza Rõhrig), um dos encarregados de conduzir as execuções de judeus como ele que, por um dia e meio, luta obsessivamente para que um menino já morto - que pode ou não ser seu filho - tenha um enterro digno e não seja simplesmente incinerado.

    O acompanhamento da jornada desse prisioneiro é no sentido mais literal que o cinema pode proporcionar: a cãmera está o tempo todo com o personagem, seja por sobre seus ombros, seja com um close em primeiro plano ou em sua visão subjetiva. O que se passa ao seu redor é secundário, muitas vezes desfocado.

    Saul percorre diferentes divisões de Auschwitz à procura de um rabino que possa conduzir o enterro da criança, e por isso pouco se envolve nos planos de fuga que os companheiros tramam e, quando o faz, geralmente atrapalha. "Você abandonou os vivos para cuidar de um morto", acusa um deles.

    Ver toda essa via crucís é por vezes duro e exige certa entrega do espectador, mas certamente é daquelas experiências cinematográficas que permanecem na cabeça por muito tempo.

    O longa já está sendo apontado como o grande favorito ao Oscar de filme estrangeiro. Se levar a estatueta, certamente não faltará quem diga que a Academia tem uma preferência por quem aborda a Guerra. Por mais que exista uma dose de verdade na afirmação, premiar uma abordagem tão ousada e radical como Son of Saul não deixaria de ser um passo à frente dos votantes.

Carta capital n. 873. 22 out. 2015

A resenha é, normalmente, um texto de base argumentativa. Na resenha do filme Son of Saul, o trecho da sequência argumentativa que se constitui como opinião implicita é



a)

"[ ... ]do estreante em longa-metragens László Nemes, vencedor do Grande Prêmio do Júri no último Festival de Cannes".

b)

"Ele é Saul (Géza Rõhrig), um dos encarregados de conduzir as execuções de judeus[ ... ]".

c)

"( .. . ]a câmera está o tempo todo com o personagem, seja por sobre seus ombros, seja com um close[ ... ]".

d)

"Saul percorre diferentes divisões de Auschwitz à procura de um rabino que possa conduzir o enterro da criança [...]".

e)

"[...]premiar uma abordagem tão ousada e radical como Son of Saul não deixaria de ser um passo à frente dos votantes".

Resolução

a) Incorreta. A alternativa traz informações sobre o cineasta responsável pelo filme “Son of Saul”, trecho no qual não há marcas do ponto de vista do autor da resenha.

b) Incorreta. A alternativa apresenta objetivamente ao leitor uma parte do enredo do filme, trecho no qual não há marcas do ponto de vista do autor da resenha.

c) Incorreta. A alternativa faz menção às estratégias de enquadramento de “Son of Saul”, trecho no qual não há marcas do ponto de vista do autor da resenha.

d) Incorreta. A alternativa apresenta objetivamente ao leitor uma parte do enredo do filme, trecho no qual não há marcas do ponto de vista do autor da resenha.

e) Correta. Os adjetivos “ousada e radical”, relacionados à abordagem do filme, apontam para um juízo de valor positivo do autor da crônica quanto ao filme.  Além disso, segundo ele, premiar “Son of Saul” com um Oscar “não deixaria de ser um passo à frente dos votantes”, o que demonstra sua posição favorável à nomeação da obra como melhor filme estrangeiro.

Questão 35 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

textos literários Variação Linguística

Sinhá

Se a dona se banhou

Eu não estava lá

Por Deus Nosso Senhor

Eu não olhei Sinhá

Estava lá na roça

Sou de olhar ninguém

Não tenho mais cobiça

Nem enxergo bem

Para que me pôr no tronco

Para que me aleijar

Eu juro a vosmecê

Que nunca vi Sinhá 

...

Por que talhar meu corpo

Eu não olhei Sinhá

Para que que vosmincê

Meus olhos vai furar

Eu choro em iorubâ

Mas oro por Jesus

Para que que vassuncê

Me tira a luz.

CHICO BUARQUE; JOÃO BOSCO. Chico. Rio de Janeiro. Biscoito Fino, 2011 (fragmento).

No fragmento da letra da canção, o vocabulário empregado e a situação retratada são relevantes para o patrimônio linguistico e identitário do pais, na medida em que:



a)

remetem à violência física e simbólica contra os povos escravizados.

b)

valorizam as influências da cultura africana sobre a música nacional.

c)

relativizam o sincretismo constitutivo das práticas religiosas brasileiras.

d)

narram os infortúnios da relação amorosa entre membros de classes sociais diferentes.

e)

problematizam as diferentes visões de mundo na sociedade durante o perlodo colonial.

Resolução

a) Correta. O fragmento apresenta uma situação em que um escravo será castigado por ter, supostamente, visto sua dona enquanto ela se banhava. A violência física, frequentemente imposta aos escravos, é evidente: de acordo com a fala do próprio escravo, ele será colocado no tronco, ficará aleijado, terá o corpo talhado e os olhos furados. Além disso, sofre uma violência psíquica, emocional, evidenciada no apelo para que a dona acredite em suas palavras, pois o escravo alega não ter observado o banho da mulher. A letra ainda remete à imposição da religião Católica sobre a cultura africana, conforme se verifica nos versos "Por Deus Nosso Senhor" e "Eu choro em iorubá / Mas oro por Jesus". Desse modo, ao retratar a situação dos povos escravizados no Brasil,  a canção apresenta um aspecto relevante na construção da identidade do país. Com relação ao vocabulário empregado, destacam-se os termos empregados pelo escravo ao dirigir-se à sua dona ("Sinhá", "vosmecê", "vosmincê" e "vassuncê"); tais termos caracterizam a posição submissa imposta aos escravos, reforçando a violência simbólica por eles sofrida. Paralelamente, esse vocabulário faz parte do patrimônio linguístico brasileiro na medida em que demonstra a forte influência da fala dos escravos no idioma nacional (vale ressaltar, também, que o pronome "você" surgiu a partir das transformações de "Vossa Mercê" apresentadas ao longo do fragmento).

b) Incorreta. Embora retrate uma situação envolvendo um escravo no Brasil, não se pode afirmar que o fragmento explore as influências da cultura africana sobre a música nacional. O tema central apresentado é a violência a que os escravos eram submetidos.

c) Incorreta. O fragmento não relativiza o sincretismo religioso, mas apresenta uma situação em que o escravo incorpora elementos da religião Católica, como verifica-se na referência a "Deus Nosso Senhor" e a orar por Jeus, ainda que mantenha uma relação emotiva com seu idioma materno ("Eu choro em iorubá").

d) Incorreta. A situação retratada na letra não se refere a uma relação amorosa entre o escravo e a "Sinhá"; ao contrário, a dona pretende puni-lo severamente por acreditar que ele havia observado seu corpo enquanto se banhava. Por outro lado, o escravo nega veementemente ter visto o banho da mulher.

e) Incorreta. Embora o fragmento apresente uma oposição entre a acusação feita pela "Sinhá", com a sua consequente intenção de castigar o escravo, e o apelo feito por ele a fim de defender-se, não é correto afirmar que a canção problematiza diferentes visões de mundo. O tema central apresentado pela situação retratada é a violência a que os escravos eram submetidos.

Questão 36 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Educação Física

O skate apareceu como forma de vivência no lazer em períodos de baixa nas ondas e ficou conhecido como "surfinho". No início foram utilizados eixos e rodinhas de patins pregados numa madeira qualquer, para sua composição, sendo as rodas de borracha ou ferro. O grande marco na história do skate ocorreu em 1974, quando o engenheiro químico chamado Frank Nasworthy descobriu o uretano, material mais flexível, que oferecia mais aderência às rodas. A dependência dos skatistas em relação a esse novo material igualmente alavancou o surgimento de novas manobras e possibilitou a um maior número de pessoas inexperientes começar a prática dessa modalidade. O resultado foi a criação de campeonatos, marcas, fábricas e lojas especializadas.

ARMBRUST. L; LAURO. F. A. A. O skate e suas possibilidades educacionais. Motriz, Jul.·set. 2010 (adaptado).

De acordo com o texto, diversos fatores ao longo do tempo:



a)

contribuíram para a democratização do skate.

b)

evidenciaram as demandas comerciais dos skatistas.

c)

definiram a carreira de skatista profissional.

d)

permitiram que a prática social do skate substituísse o surfe.

e)

indicaram a autonomia dos praticantes de skate.

Resolução

a) Correta. De fato, vários fatores, ao longo do tempo, contribuíram para a democratização do skate, como podemos observar no texto: o descobrimento do uretano e a maior aderência nas rodas, novas manobras e criação de campeonatos, marcas, fábricas e lojas especializadas.
b) Incorreta. Conforme o texto, as demandas comerciais - marcas, fábricas, lojas especializadas - foram uma consequência especificamente do maior número de praticantes da modalidade.
c) Incorreta. O texto não trata da profissionalização do skatista, mas sim da democratização do acesso ao esporte.
d) Incorreta. Não houve uma substituição do surfe pelo skate, mas sim uma grande influência na sua origem. 
e) Incorreta. O texto não trata da autonomia dos praticantes do skate, mas sim da democratização do acesso ao esporte.

Questão 37 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

textos literários Funções da Linguagem

Estojo escolar

Rio de Janeiro – Noite dessas, ciscando num desses canais a cabo, vi uns caras oferecendo maravilhas eletrônicas, bastava telefonar e eu receberia um notebook capaz de me ajudar a fabricar um navio, uma estação espacial.

      [ ... ] Como pretendo viajar esses dias, habilitei-me a comprar aquilo que os caras anunciavam como o top do top em matéria de computador portátil. 

     No sábado, recebi um embrulho complicado que necessitava de um manual de instruções para ser aberto.

      [ ... ] De repente, como vem acontecendo nos últimos tempos, houve um corte na memória e vi diante de mim o meu primeiro estojo escolar. Tinha 5 anos e ia para o jardim de infância. 

     Era uma caixinha comprida, envernizada, com uma tampa que corria nas bordas do corpo principal. Dentro, arrumados em divisões, havia lápis coloridos, um apontador, uma lapiseira cromada, uma régua de 20 cm e uma borracha para apagar meus erros.

      [ ... ] Da caixinha vinha um cheiro gostoso, cheiro que nunca esqueci e que me tonteava de prazer. [ ... ]

     O notebook que agora abro é negro e, em matéria de cheiro. é abominável. Cheira vilmente a telefone celular, a cabine de avião, a aparelho de ultrassonografia onde outro dia uma moça veio ver como sou por dentro. Acho que piorei de estojo e de vida. 

CONY, C. H. Crônicas para ler na escola. São Paulo: Objetiva, 2009 (adaptado).

 

No texto, há marcas da função da linguagem que nele predomina. Essas marcas são responsáveis por colocar em foco o(a)



a)

mensagem, elevando-a à categoria de objeto estético do mundo das artes.

b)

código, transformando a linguagem utilizada no texto na própria temática abordada.

c)

contexto, fazendo das informações presentes no texto seu aspecto essencial. 

d)

enunciador, buscando expressar sua atitude em relação ao conteúdo do enunciado. 

e)

interlocutor, considerando-o responsável pelo direcionamento dado à narrativa pelo enunciador. 

Resolução

Na crônica reproduzida pela questão, predomina a função emotiva da linguagem, cuja ênfase é no emissor, isto é, o objetivo da mensagem é a expressão das emoções, atitudes, estados de espírito do emissor com relação ao que se fala.

a) Incorreta. As marcas de subjetividade, típicas da função emotiva, não colocam a mensagem como foco do texto. Além disso, a crônica não é construída como objeto estético, mas como uma produção reflexiva de um sujeito.

b) Incorreta. As marcas de subjetividade, típicas da função emotiva, não colocam o código como foco do texto. Além disso, a linguagem utilizada não é a temática da crônica.

c) Incorreta. As marcas de subjetividade, típicas da função emotiva, não colocam o contexto como foco do texto. Além disso, as informações do texto funcionam como gatilho para as reflexões do narrador, aspecto essencial da crônica.

d) Correta. As marcas de subjetividade presentes no texto colocam o foco no enunciador que, motivo pela compra de um notebook, recorda de memórias da infância e reflete sobre a passagem do tempo.

e) Incorreta. As marcas de subjetividade, típicas da função emotiva, têm como foco o enunciador, não seu interlocutor. Nesse sentido, o que dita o direcionamento da narrativa são as reflexões do narrador.

Questão 38 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

charges e tirinhas

LEMOS, A. Artistas brasileiras. Belo Horizonte: Miguilim, 2018.

 

O que assegura o reconhecimento desse texto em quadrinhos como prefácio é o(a)



a)

função de apresentação do livro. 

b)

apelo emocional apoiado nas imagens.

c)

descrição do processo criativo da autora. 

d)

referência à mescla dos trabalhos manual e digital.

e)

uso de elementos gráficos voltados para o público-alvo.

Resolução

a) Correta. Prefácio é um texto introdutório ou de apresentação, breve ou longo, presente no início de um livro, que pode ser construído por meio de exemplificações de capítulos e narrando o que está introduzido neles. Ao longo dos quadrinhos, são apresentados ao leitor o processo criativo e de editoração de um livro, o que busca estimulá-lo a participar da última etapa de produção: ler a obra.

b) Incorreta. Não há apelo emocional nas imagens, as quais visam ilustrar as etapas de produção do livro.

c) Incorreta. A descrição do processo criativo da autora é uma das etapas de produção do livro. No entanto, o que assegura o reconhecimento do texto como prefácio é a apresentação de todas as etapas, contextualização que leva ao objetivo do texto: estimular o leitor a ler a obra.

d) Incorreta. A referência à mescla de trabalhos manual e digital contribui para o detalhamento das etapas de produção do livro, mas não garante, de maneira autônoma, que o texto é um prefácio.

e) Incorreta. O uso de elementos gráficos se justifica pelo fato de o texto ser construído em quadrinhos.

Questão 39 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Arte Contemporânea

TEXTO I

 

HAZOUMÉ. R. Nanawax. Plástico e tecido. Galerie Gagosian, 2009. 

Disponível em www.actuart.org. Acesso em: 19 jun. 2019. 

 

TEXTO II

     As máscaras não foram feitas para serem usadas; elas se concentram apenas nas possibilidades antropomórficas dos recipientes plásticos descartados e, ao mesmo tempo, chamam a atenção para a quantidade de lixo que se acumula em quase todas as cidades ou aldeias africanas.

FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro; Sextante. 2011 (adaptado).

 

Romuald Hazoumé costuma dizer que sua obra apenas manda de volta ao oeste o refugo de uma sociedade de consumo cada vez mais invasiva. A obra desse artista africano que vive no Benin denota o(a)



a)

empobrecimento do valor artístico pela combinação de diferentes matérias-primas.

b)

reposicionamento estético de objetos por meio da mudança de função. 

c)

convite aos espectadores para interagir e completar obras inacabadas. 

d)

militância com temas da ecologia que marcam o continente africano. 

e)

realidade precária de suas condições de produção artística.

Resolução

a) Incorreta. A possibilidade de combinar diversas matérias-primas surgiu no século XX, com o Modernismo (Cubismo e Dadaísmo), portanto não é um empobrecimento, mas sim uma consolidação de uma prática artística moderna.

b) Correta. Hazoumé produziu um trabalho utilizando materiais não tradicionais de arte. O artista apresentou uma ressignificação das finalidades dos materiais usados em seu objeto artístico, retificando também suas finalidades estéticas.

c) Incorreta. A obra de Romuald Hazoumé não tem nenhuma ligação com a arte interativa, sendo assim, não conta com a participação dos seus espectadores.

d) Incorreta. A obra de Hazoumé reflete um engajamento social, uma vez que tangencia questões sobre os problemas ecológicos. Tais adversidades não acontecem somente no continente africano, mas no mundo. 

e)  Incorreta. A utilização de materiais nobres ou não nas práticas artísticas nada tem a ver com o nível econômico do artista ou país de execução. Como exemplo, a Arte Povera, da Itália, foi um movimento que produzia arte partindo de lixo e materiais descartáveis.