Unicamp 2020 - 1ª fase

O produto da atividade humana que afeta o pH da água dos oceanos é o CO₂, formado principalmente pela queima de combustíveis fósseis. O CO₂ atmosférico é primeiro dissolvido na água dos oceanos, formando os seguintes equilíbrios:

Equilíbrio I: $C{O_2}_{\left(g\right)} \rightleftharpoons C{O_2}_{\left(aq\right)}$  Dissolução

Equilíbrio II: $C{O_2}_{\left(aq\right) }+ H_2{O}_{\left(l\right)} \rightleftharpoons {H^{+}}_{\left(aq\right)} + HC{{O_3}^{-}}_{\left(aq\right)}$

A partir dos equilíbrios acima, temos que a dissolução de CO₂ na água forma íons H⁺, diminuindo o pH dos oceanos. Quanto maior a concentração de CO₂(g) na atmosfera, maior a concentração de CO₂(aq)  (o equilíbrio I é deslocado para a direita). Aumentando o CO₂(aq), o equilíbrio II também desloca para a direita produzindo mais íons H⁺, reduzindo o pH.

Essa influência do CO₂ atmosférico no pH dos oceanos se acentua nos polos, pois a menor temperatura nessas regiões faz aumentar a dissolução de gases na água.

O $∆H$ da reação do monóxido de carbono com água é negativo, indicando que energia é liberada na reação, isto é, trata-se de uma reação exotérmica. Para reações exotérmicas, a diminuição da temperatura desloca o equilíbrio no sentido exotérmico, ou seja, dos produtos. Portanto, é mais eficiente o catalisador em forma de nanobastão, no qual a conversão ocorre em menores temperaturas, o que favorece a reação no sentido dos produtos (reação exotérmica).

Nota. Pelo fato da reação entre monóxido de carbono e água se tratar de um equilíbrio químico, a seta mais adequada para representar a transformação dos reagentes em produtos e vice-versa deveria ser uma seta dupla ($\rightleftharpoons$) e não uma seta simples ($\to$).

Quando se adiciona soluto não volátil em um solvente para se preparar uma solução, temos o efeito ebulioscópico, ou seja, a temperatura de ebulição da solução é maior que a do solvente puro. Assim, uma solução aquosa feita com um soluto não volátil, o sal, ferve a uma temperatura mais alta que da água pura.

Por ferver mais rapidamente, entende-se que para uma mesma quantidade de energia ($Q$), haverá um maior aumento de temperatura ($\Delta T$); como temos as mesmas massas ($m$) e a mesma quantidade de energia, um calor específico ($c$) menor traz uma maior variação de temperatura, de acordo com a equação para o calor sensível:

$Q=m·c·\Delta T$.

Podemos calcular a densidade dos metais usando  $d=\frac{m}{V}$.

Como o metal A é um cubo, o seu volume pode ser calculado como:

$V=a^3 \Rightarrow V=5^3=\boxed{125 c{m}^3}$

A densidade de A é:

$d_A=\frac{500}{125}=\boxed{4 g/c{m}^3}$

Já o metal B é uma esfera de diâmetro igual a 5 cm (ou seja, raio igual a 2,5 cm), sendo seu volume calculado por:

$V=\frac{4}{3}\pi r^3\Rightarrow V=\frac{4}{3}·3,14·(2,5{)}^3\cong \boxed{65,4 c{m}^3}$

A densidade de B é:

$d_B=\frac{500}{65,4}=\boxed{7,64 g/c{m}^3}$

Assim, o metal A é menos denso.

Os valores de potencial de redução podem ser usados para medir a tendência de uma espécie reduzir. Se o metal possuir menor E_red⁰, ele tende a sofrer oxidação (corrosão), conforme ocorre com A, sendo este menos resistente à corrosão.

O acidente de Tchernóbil é um marco do desmantelamento da URSS, pois ocorreu nos seus anos finais (1986) e possibilitou uma liberdade de opinião incomum no mundo socialista, evidenciando também a necessidade da continuação da política da Glasnot (Transparência).

O acidente gerou danos ambientais e humanos que não foram solucionados até hoje, uma vez que os elementos lançados ao ambiente têm tempos de meia-vida longos, e na escala de tempo humana, demorará séculos até que atinjam níveis seguros de exposição para os seres humanos. Sabendo isto temos:

a) Incorreta. A Central Elétrica Atômica de Tchernóbil foi construída em um momento de embate do bloco socialista com o bloco capitalista, representando uma tentativa da União Soviética de apresentar uma forma de geração de energia eficiente e moderna. Porém, os elementos radiativos lançados no ambiente após a ruptura do reator possuem tempos de meia-vida longos, o que não possibilitou que a atuação de outras tecnologias mitigassem seu efeito danoso aos seres vivos e ao meio ambiente.

b) Correta. O impacto do que ocorreu em Tchernóbil constitui um marco dos anos finais da União Soviética, simbolizando o processo de desmonte do país e a decadência do bloco soviético. Por conta dos elementos lançados ao ambiente possuírem longos tempos de meia-vida, os danos do acidente são sentidos até os dias de hoje, mantendo a região isolada.

c) Incorreta. Os danos ambientais e humanos ocorreram e foram brutais, porém, de forma alguma o desastre de Tchernóbil marca o fortalecimento da URSS, pelo contrário revela ao mundo a fragilidade em que se encontrava a superpotência  naquele momento histórico.

d) Incorreta. Até o final dos anos 80 e até o desmantelamento da URSS estava mantido o afastamento Sino-soviético ocorrido ainda no início da guerra fria. Os tempos de meia-vida não eram curtos, não possibilitando que novas tecnologias contivessem os efeitos do acidente.

Calculando a energia no processo utilizando a fritadeira a ar, temos:

$E=P·∆t\Rightarrow E=1400·18·60\Rightarrow E=1512000 J=1512 kJ$

Calculando a energia no processo a gás, temos:

$M\left(C_3{H}_8\right)=3·12+8·1=44g/mol$

Assim,

$$\begin{gathered} 44g C_3{H}_8 — 2046 kJ \\ 16g C_3{H}_8 —E_g \end{gathered}$$

$E_g=\frac{2046·16}{44}=744kJ$

Assim, o consumo de energia da fritadeira a ar é cerca de duas vezes maior que o consumo de energia da queima do propano.

a) Incorreta. A habilidade do pregador, evidenciada pela própria função exercida, é religiosa, e não política.

b) Incorreta. A “atenção disciplinada dos ouvintes” era um código de comportamento da época e não estabelece relação com os efeitos que os sermões poderiam gerar no auditório.

c) Correta. O segundo “Sermão da Quarta-feira de Cinza” (1673) a que se refere o enunciado trata da necessidade de morrer em vida para que haja a preparação para a morte. Nesse sentido, seria necessário, por parte do auditório, acreditar que a morte simbólica, ou seja, a privação dos prazeres mundanos, poderia, de fato, ser a única forma de salvação.

d) Incorreta. O texto não faz menção ao papel do clero quanto defensor institucional da Igreja Católica.

a) Incorreta. De fato, verifica-se a presença da polifonia no romance, uma vez que, além do narrador em terceira pessoa, o personagem Raimundo Silva assume a voz narrativa ao escrever o livro sobre a história do cerco de Lisboa na qual os cruzados não ajudaram os portugueses a tomar a cidade. Nessa segunda história, há o entrecruzamento das vozes dos mouros e dos portugueses, de modo que a narrativa rompe com o estilo monofônico tradicional. Considerando tais características, pode-se afirmar que o narrador do romance relativiza a visão de mundo ao apresentar outros pontos de vista em relação a esse episódio histórico. A alternativa, contudo, está incorreta, pois afirma que o narrador respeita a privacidade das personagens, o que não se verifica no andamento da história, em que ele procura retratar os pensamentos e desejos dos personagens.

b) Incorreta. Ao mostrar-se empático ao mundo das personagens, em especial aquelas que ocupam posições subalternas, como o revisor, o narrador explicita sua avaliação política e não a dissimula.

c) Incorreta. Em História do cerco de Lisboa, há duas narrativas: a primeira é a história do revisor Raimundo Silva, que transgride o código dos revisores e insere um “não” no texto original, alterando seu sentido. A segunda é a narrativa que o personagem Raimundo Silva passa a escrever sobre a história do cerco de Lisboa, na qual os cruzados não ajudam os portugueses. Assim, o narrador da primeira história é um narrador em 3ª pessoa, não sendo, portanto, um personagem que faça parte dessa narrativa.

d) Correta. O verbo “simular” presente nessa alternativa deve ser tomado no sentido de “fazer simulacro de”, “fazer parecer real” (o que não o é). Assim, pode-se considerar que o narrador simula haver uma tolerância com a pluralidade das vozes da narrativa, como se os personagens do romance tivessem autonomia para tomar a palavra de modo a interferir ativamente no andamento da narrativa. Entretanto, não se pode perder de vista que, acima desse conjunto de vozes, está o narrador que, como um bom contador de histórias, coordena os diferentes fios narrativos, articulando os discursos dos personagens de modo a produzir coesão e autonomia da narração.

a) Incorreta.  A noção de simetria pressupõe harmonia ou equilíbrio, o que não se verifica no contraste que se estabelece entre as citações bíblicas e o crucifixo, por um lado, e a imagem do criminoso que segura a arma.

b) Correta. Verifica-se de fato um sistema de oposições de signos que, por um lado, remete à espiritualidade, tais como o crucifixo e o salmo bíblico e, por outro, remete às tensões materiais, sinalizadas pela arma na mão de um sujeito que, ao que parece, está para cometer um crime. Tal oposição, assinalada na capa do álbum Sobrevivendo no inferno, se faz presente nas letras dos raps que retratam as tensões materiais vividas pelos sujeitos periféricos, a quem é negada negada a cidadania e as oportunidades de vida digna, numa realidade em quea violência e a criminalidade dominam . Nesse sentido, a referência a Deus como pai ou pastor é uma forma de reação a essa realidade brutal, pois, por meio da busca do mundo espiritual, pretende-se alcançar alguma referência de valorização e dignificação da vida.

c) Incorreta. A representação do caos e das injustiças vividas nas grandes cidades é base de uma poética que remete à realidade material das periferias, o que se opõe, portanto, à ideia de “sintaxe poética de ordem espiritual”.

d) Incorreta. Os Racionais esforçam-se por propor uma ética alternativa à criminalidade, baseada nos valores e na identidade periférica. Nessa ética, os valores religiosos reforçam uma poética de valorização da vida, afirmada contra a realidade do crime e da violência. Dessa forma, é incorreto afirmar que a lógica do grupo explicita a vitória do crime sobre os valores religiosos.

a) Incorreta. O conto expõe a existência de dois tipos de almas, a interior e a exterior, e não a duplicidade de um tipo específico (como a alma interior).

b) Incorreta. No conto, é justamente a extenuação da alma interior que provoca o drama da personagem Jacobina.

c) Correta. Ao perceber-se sozinho na casa de sua tia Marcolina, Jacobina sentiu-se preenchida por uma enorme solidão. O tic-tac, tic-tac reproduzido pelo relógio intensificava essa solidão, pois, para a personagem, esse som era “um diálogo do abismo, um cochicho do nada”, o que dá a ele uma sensação de angústia, uma vez que a alma interior não tem força para ocupar o vazio deixado pelo desaparecimento do alferes (a alma exterior).

d) Incorreta. A alma interior é enfraquecida pela vaidade de Jacobina em relação ao cargo que ocupa e tem seu lugar tomado pela alma exterior.