Logo ENEM

Enem 2019 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas


Questão 80 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Domínio dos Mares de Morros Classificação climática mundial

Regiões áridas e semiáridas do mundo

SALGADO-LABOURIAL, M. L. História ecológica da Terra. São Paulo: Edgard Blucher, 1994 (adaptado).


No Hemisfério Sul, a sequência latitudinal dos desertos representada na imagem sofre uma interrupção no Brasil devido à seguinte razão:



a)

Existência de superfícies de intensa refletividade.

b)

Preponderância de altas pressões atmosféricas.

c)

Influência de umidade das áreas florestais.

d)

Predomínio de correntes marinhas frias.

e)

Ausência de massas de ar continentais.

Resolução

a) Incorreta. A existência de amplas superfícies de refletividade afeta a temperatura de uma região, e não a formação de regiões áridas.

b) Incorreta. As áreas de altas pressões estacionárias são decisivas para a formação de regiões áridas, mas não há prepoderância desse fator nessa região brasileira.

c) Correta. As áreas florestais voltadas para o Atlântico Sul (Mata Atlântica) e a região Amazônica garantem grandes volumes pluviométricos nas áreas próximas as latitudes de 30o S no território brasileiro, impedindo a formação de desertos. Essa umidade emanada pela  Amazônia, conhecida como "os rios voadores",  é fundamental para a manutenção das taxas de precipitação e umidade de inúmeras localidades.

d) Incorreta. O litoral brasileiro é banhado por correntes marítimas quentes.

e) Incorreta. A América do Sul apresenta massas de ar continentais, como por exemplo, a mTc ( massa tropical continental), que atua em parte do território do Brasil.

Questão 81 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Filosofia Medieval (FSH)

    De fato, não é porque o homem pode usar a vontade livre para pecar que se deve supor que Deus a concedeu para isso. Há, portanto, uma razão pela qual Deus deu ao homem esta característica, pois sem ela não poderia viver e agir corretamente. Pode-se compreender, então, que ela foi concedida ao homem para esse fim, considerando-se que se um homem a usa para pecar, recairão sobre ele as punições divinas. Ora, isso seria injusto se a vontade livre tivesse sido dada ao homem não apenas para agir corretamente mas também para pecar. Na verdade, porque deveria ser punido aquele que usasse sua vontade para o fim para o qual ela lhe foi dada?

AGOSTINHO. O livre-arbítrio. In: MARCONDES, D. Textos básicos de ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.


Nesse texto, o filósofo cristão Agostinho de Hipona sustenta que a punição divina tem como fundamento o(a)



a)

desvio da postura celibatária.

b)

insuficiência da autonomia moral.

c)

afastamento das ações de desapego.

d)

distanciamento das práticas de sacrifício. 

e)

violação dos preceitos do Velho Testamento.

Resolução

Um dos temas caros à filosofia agostiniana é o tema da liberdade, que inclui os assuntos relacionados à ética, à autonomia e, evidentemente (por se tratar do contexto da filosofia medieval), inclui também a reflexão acerca da relação entre o homem e Deus. Nesse viés, Agostinho argumenta, conforme indica o texto, que o homem é livre para pecar, isto é, livre para contrariar seu Criador, Deus. Entretanto, isso não significa (como também indica o texto da questão) que a liberdade foi concedida ao homem, por Deus, para isso - o cometimento do pecado. Se o homem peca, é porque se rende às paixões, aceitando, assim, ser delas escravo. O processo de pecado, então, é um processo de corrupção, como o autor coloca em suas Confissões. Corrupção, entre outras coisas, da autonomia da moral. Do mais, como todo processo de corrupção é, no pensamento de Agostinho de Hipona, um mal, sofremos por isso, sendo que o sofrimento pode se materializar numa punição divina. Por isso, quando o enunciado diz: "Nesse texto, o filósofo cristão Agostinho de Hipona sustenta que a punição divina tem como fundamento a", ele nos autoriza a assinalar a alternativa B como correta.

Por fim, nada no texto ou no enunciado nos permite julgar as demais alternativas como corretas. "Desvio da postura celibatária", "afastamento das ações de desapego", "distanciamento das práticas de sacrifício" e "violação dos preceitos do Velho Testamento", expressões, respectivamente, das alternativas A, C, D e E, não só não são mencionadas na questão (ou dela não podem ser inferidas) como se inserem num contexto de debate muito específico, já do campo teológico e/ou doutrinal.

Questão 82 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Características e implicações da modernização agrícola no Brasil

    Localizada a 160 km da cidade de Porto Velho (capital do estado de Rôndonia), nos limites da Reserva Extrativista Jaci-Paraná e Terra Indígena Karipunas, o povoado de União Bandeirantes surgiu em 2000 a partir de movimentos de camponeses, madeireiros, pecuaristas e grileiros que, à revelia do ordenamento territorial e diante da passividade governamental, demarcaram e invadiram terras na área rural fundando a vila. Atualmente, constitui-se na região de maior produção agrícola e leiteira do município de Porto Velho, fornecendo, inclusive, alimentos para a Hidrelétrica de Jirau.

SILVA, R. G. C. Amazônia globalizada - o exemplo de Rondônia. Confins, n. 23, 2015 (adaptado).


A dinâmica de ocupação territorial descrita foi decorrente da



a)

mecanização do processo produtivo.

b)

adoção da colonização dirigida.

c)

realização de reforma agrária.

d)

ampliação de franjas urbanas.

e)

expansão de frentes pioneiras.

Resolução

a) Incorreta. A mecanização de processo produtivo não se aplica ao entendimento da ocupação territorial, que no caso é pouco mecanizada.

b) Incorreta. A adoção de colonização dirigida na Amazônia ocorreu principalmente durante a Era Vargas até o final do período militar, nos quais foram feitas inúmeras iniciativas para estimular a ocupação da região, não sendo um fenômeno atual, como mencionado no texto.

c) Incorreta. A reforma agrária não está presente nessa dinâmica de ocupação descrita, pois ocorre à revelia de políticas estatais.

d) Incorreta. As franjas urbanas não estão presentes nesse tipo de ocupação territoral, sendo típicas de áreas urbanas estabelecidas. 

e) Correta. A região amazônica apresentada no texto faz parte de uma grande área denominada "fronteira agrícola", onde as frentes pioneiras propiciam a expansão da atividade econômica para novos espaços territoriais, sendo comum o confronto entre lógicas distintas de ocupação do território. Uma voltada para atividade agropecuária, representada pelos grileiros, madereiros e grandes fazendeiros que buscam a derrubada de grandes setores de floresta, tornando essas áreas privadas. E outra lógica representada por camponeses e populações tradicionais da floresta com formas coletivas de uso da terra.

Questão 83 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Temas da Sociologia

    Em nenhuma outra época o corpo magro adquiriu um sentido de corpo ideal e esteve tão em evidência como nos dias atuais: esse corpo, nu ou vestido, exposto em diversas revistas femininas e masculinas, está na moda: é capa de revistas, matérias de jornais, manchetes publicitárias, e se transformou em sonho de consumo para milhares de pessoas. Partindo dessa concepção, o gordo parra a ter o corpo visivelmente sem comedimento, sem saúde, um corpo estigmatizado pelo desvio, o desvio pelo excesso. Entretanto, como afirma a escritora Marylin Wann, é perfeitamente possível ser gordo e saudável. Frequentemente os gordos adoecem não por causa da gordura, mas sim pelo estresse, pela opressão a que são submetidos.

VASCONCELOS, N. A.; SUDO, N. Um peso na Alma: o corpo gordo e a mídia. Revista Mal-Estar e Subjetividade, n. 1, mar. 2004 (adaptado).


No texto, o tratamento predominante na mídia sobre a relação entre saúde e corpo recebe a seguinte crítica:



a)

Difusão das estéticas antigas.

b)

Exaltação das crendices populares.

c)

Propagação das conclusões cientificas.

d)

Reiteração dos discursos hegemônicos.

e)

Contestação dos esteriótipos consolidados.

Resolução

a) Incorreta. Não é possível afirmar que há uma difusão das estéticas antigas, pois, segundo o texto o sentido de corpo ideal adquirido pelo corpo magro recentemente não esteve tão evidenciado em "nenhuma outra época". Ou seja, o texto ressalta justamente a ruptura e mudança de concepções estéticas. 

b) Incorreta. Não há, no texto, nenhuma menção à crendices populares. 

c) Incorreta. Não há uma crítica a propagação de conclusões científicas, ao contrário, a leitura do fragmento de texto reforça a conclusão científica de que é possível ser gordo e saudável.

d) Incorreta. Não há no texto uma reiteração de discursos hegemônicos. Ao contrário, os autores apresentam justamente uma crítica a visão hegemônica de que ser magro é ser saudável e ser gordo é não ter saúde.

e) Correta. O texto critica o estereótipo consolidado do corpo magro ideal, pois ressalta que é possível ser gordo e saudável, ainda que existam pressões sociais e midiáticas contrárias. 

Questão 84 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Capitalismo Informacional Globalização

    No sistema capitalista, as muitas manifestações de crise criam condições que forçam a algum tipo de racionalização. Em geral, essas crises periódicas têm o efeito de expandir a capacidade produtiva e de renovar as condições de acumulação. Podemos conceber cada crise como uma mudança do processo de acumulação para um nível novo ou superior.

HARVEY, D. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume, 2005 (adaptado).


A condição para a inclusão dos trabalhadores no novo processo produtivo descrito no texto é a



a)

associação sindical.

b)

participação eleitoral.

c)

migração internacional.

d)

qualificação profissional.

e)

regulamentação funcional.

Resolução

a) Incorreta. As associações sindicais influenciam na defesa dos interesses do trabalhador, porém não são decisivas na contratação, que é responsabilidade das empresas.

b) Incorreta. O sistema eleitoral é relacionado a fatores políticos, que não são mencionados no texto como condições para a inclusão do trabalhador.

c) Incorreta. As migrações internacionais não são centrais para a inclusão dos trabalhadores no processo produtivo, sendo inclusive um fator complicador das relações trabalhistas.

d) Correta. Os novos processos produtivos da atual fase do capitalismo exigem um trabalhador com melhores qualificações profissionais para a inclusão no sistema produtivo mais moderno.

e) Incorreta. As regulamentações funcionais são instrumentos ligados ao Estado e não à capacidade econômica da contratação.

Questão 85 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Constituições do Primeiro Reinado

    Art. 90. As nomeações dos deputados e senadores para a Assembleia Geral, e dos membros dos Conselhos Gerais das províncias, serão feitas por eleições, elegendo a massa dos cidadãos ativos em assembleias paroquiais, os eleitores de província, e estes, os representantes da nação e província.

    Art. 92. São excluídos de votar nas assembleias paroquiais:

    I. Os menores de vinte e cinco anos, nos quais se não compreendem os casados, os oficiais militares, que forem maiores de vinte e um anos, os bacharéis formados e os     clérigos de ordens sacras. 

    II. Os filhos de familias, que estiverem na companhia de seus pais, salvo se servirem a ofícios públicos. 

    III. Os criados de servir, em cuja classe não entram os guarda-livros, e primeiros caixeiros das casas de comércio, os criados da Casa Imperial, que não forem de galão branco,     e os administradores das fazendas rurais e fábricas.

    IV. Os religiosos e quaisquer que vivam em comunidade claustral.

    V. Os que não tiverem de renda liquida anual cem mil réis por bens de raiz, indústria, comércio, ou emprego.

BRASIL. Constituição de 1824. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 4 abr. 2015 (adaptado).


De acordo com os artigos do dispositivo legal apresentado, o sistema eleitoral instituido no início do Império é marcado pelo(a)



a)

representação popular e sigilo individual.

b)

voto indireto e perfil censitário.

c)

liberdade pública e abertura política.

d)

ética partidária e supervisão estatal.

e)

caráter liberal e sistema parlamentar.

Resolução

Os artigos destacados pela questão foram retirados da Constituição de 1824, outorgada por D. Pedro I durante o Primeiro Reinado (1822-1831) no Brasil. O artigo 90 destaca que os eleitores de paróquia elegeriam os eleitores de província e que estes escolheriam os representantes da província e da nação. Dessa forma, concluímos que havia um sistema de votação indireta, já que ocorria em dois níveis. Já o artigo 92 afirma, em seu parágrafo V, que o eleitor deve possuir uma renda anual superior a 100 mil réis, fato que torna o sistema eleitoral brasileiro censitário. Dessa forma, a alternativa correta é a "B".

a) Incorreta. Embora exista no artigo 90 alguma menção a representação popular ("elegendo a massa dos cidadãos"), não há artigos nessa Constituição que garantam o sigilo individual. Ao contrário, o voto era aberto, ou seja, não era secreto.

b) Correta. O voto indireto é o que caracteriza o trecho do artigo 90, pois a eleição ocorreria em dois níveis: a "massa dos cidadãos ativos em assembleias paroquiais" escolheriam os eleitores de províncias "representantes da nação e província". Já o artigo 92 ressalta justamente o caráter censitário do nosso sistema eleitoral, pois o voto era reservado para aqueles que possuíam renda superior a 100 mil réis anuais.

c) Incorreta. Os trechos dos artigos apresentados pela questão não mencionam nada em relação a liberdade pública ou abertura política, além de esses aspectos não estarem relacionadas com a organização do sistema eleitoral do Brasil Império.

d) Incorreta. Os trechos da Constiuição apresentados pela questão não se referem a formação de partidos políticos.

e) Incorreta. Considerando que por "sistema parlamentar" entende-se o parlamentarismo, essa característica não estava prevista na Constituição de 1824. A adoção de um sistema próximo do parlamentarismo no Brasil ocorreu somente em 1847 quando D. Pedro II instituiu o cargo de Presidente do Consellho de Ministros (equivalente a Primeiro Ministro), cabendo a ele a escolha dos demais ministros. 

Questão 86 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Arte Contemporânea


    Fala-se aqui de uma arte criada nas ruas e para as ruas, marcadas antes de tudo pela vida cotidiana, seus conflitos e suas possibilidades, que poderiam envolver técnicas, agentes e temas que não fossem encontrados nas instituições mais tradicionais e formais.

VALVERDE, R. R. H. F. Os limites da inversão: a heterotopia do Beco do Batman. Boletim Goiano de Geografia (Online).

Goiânia, v. 37, n. 2, maio/ago. 2017 (adaptado).


A manifestação artística expressa na imagem e apresentada no texto integra um movimento contemporâneo de



a)

regulação das relações sociais.

b)

apropriação dos espaços públicos.

c)

padronização das culturas urbanas.

d)

valorização dos formalismos estéticos.

e)

revitalização dos patrimônios históricos.

Resolução

a) Incorreta. O texto afirma que a arte criada nas ruas e para as ruas expressa justamente a fluidez da vida cotidiana, marcada por seus "conflitos e possibilidades". Ou seja, trata-se de uma proposta que distancia-se da rigidez e regulação sugerida pela alternativa. 

b) Correta. Os espaço públicos são apropriados pelo movimento a partir de uma ressignificação por meio da arte e estímulo à expressão de grupos variados. A própria imagem apresentada convida o transeunte a "ver a cidade", ou seja, instiga um novo olhar sobre os espaços urbanos cotidianos. 

c) Incorreta. O tipo de arte representada nos documentos é uma expressão da variedade e diversidade das culturas urbanas, indicando, portanto, o sentido contrário da padronização. 

d) Incorreta. O texto menciona que a proposta desse movimento é justamente a contrária, tendo em vista que busca envolver técnicas e temas que "não fossem encontrados nas instituições mais tradicionais e formais". Ou seja, não busca a valorização dos formalismos estéticos. 

e) Incorreta.  O movimento contemporâneo indicado pelas imagens não se restringe à revitalização de patrimônios históricos, já que essas manifestações artísticas podem aparecer em muros, calçadas e prédios comuns, como observado na imagem. 

Questão 87 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Kant (FSH)

TEXTO I

    Duas coisas enchem o ânimo de admiração e veneração sempre crescentes: o céu estrelado sobre mim e a lei moral em mim.

KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70, s/d (adaptado).

TEXTO II

    Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o estrelado céu dentro de mim.

FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa. São Paulo: Hedra, 2015.


A releitura realizada pela poeta inverte as seguintes ideias centrais do pensamento kantiano:



a)

Possibilidade da liberdade e obrigação da ação.

b)

Aprioridade do juízo e importância da natureza.

c)

Necessidade da boa vontade e crítica da metafísica.

d)

Prescindibilidade do empírico e autoridade da razão.

e)

Interioridade da norma e fenomenalidade do mundo.

Resolução

O enunciado da questão pede as aluno a alternativa que contenha duas ideias centrais do pensamento kantiano  que estejam sendo invertidas na poesia de Fontela. Os termos que se mantêm em ambos os textos são "a lei " e "o céu estrelado". 

a) Incorreta. Não há nos textos citados referências à obrigação de ação.

b) Incorreta. Não é possível relacionar a "lei moral em mim" ou "o céu estrelado" aos juízos sintéticos a priori de Kant citados na alternativa.

c) Incorreta. A crítica da metafísica é parte da importante produção epistemológica de Kant, mas não se relaciona com os textos do enunciado, os quais também não fazem referência a qualquer necessidade de boa vontade.

d) Incorreta. A discussão de Kant sobre conhecimento empírico ou autoridade da razão não se relaciona com os textos do enunciado. 

e) Correta. A "lei" é entendida como interior em Kant e exterior no texto de Fontela, portanto o que está em questão é a noção de interioridade da norma, fazendo referência ao imperativo categórico kantiano. O céu estrelado, por sua vez, refere-se ao conhecimento dos fenômenos e portanto às possibilidades de conhecimento humano, parte central do pensamento de Kant. 

Questão 88 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Mundo Grego

    A soberania dos cidadãos dotados de plenos direitos era imprescindível para a existência da cidade-estado. Segundo os regimes políticos, a proporção desses cidadãos em relação à população total dos homens livres podia variar muito, sendo bastante pequena nas aristocracias e oligarquias e maior nas democracias.

CARDOSO, C. F. A cidade-estado clássica. São Paulo: Ática, 1985.

Nas cidades-estado da Antiguidade Clássica, a proporção de cidadãos descrita no texto é explicada pela adoção do seguinte critério para a participação política:



a)

Controle da terra.

b)

Liberdade de culto.

c)

Igualdade de gênero.

d)

Exclusão dos militares.

e)

Exigência da alfabetização.

Resolução

Segundo o texto, na Antiguidade Clássica a proporção de cidadãos com pleno direito de cidadania em uma cidade-estado era maior em regimes democráticos que nos oligárquicos. Essa proporção é explicada justamente pelo fato de que nos regimes oligárquicos essa camada da população possui o monopólio da propriedade privada da terra e isso lhes garantia a cidadania. Esparta é um exemplo de sistema oligárquico no qual o poder político era exercido pelos espartanos - descendentes dos invasores dórios que detinham as terras e exploravam o trabalho dos hilotas na agricultura. Dessa forma, a alternativa A, que fala do controle da terra, apresenta o critério que melhor explica essa proporção. Os demais critérios elencados pela questão não se aplicam, pois na Antiguidade o culto religioso igualava a todos os habitantes da polis e não era critério para a participação política (alternativa B). Já a questão de gênero (alternativa C) marcava justamente a desigualdade e exclusão dos indívidos, tendo em vista que para as mulheres era vetada a cidadania. É incorreto afirmar que os militares eram excluídos da participação política (alternativa D), no caso de Esparta, por exemplo, eram eles que detinham o poder político. Por fim, o analfabetismo (alternativa E) não era critério de participação política. 

Questão 89 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Revolta da Vacina

    A Revolta da Vacina (1904) mostrou claramente o aspecto defensivo, desorganizado, fragmentado da ação popular. Não se negava o Estado, não se reividicava participação nas decisões políticas; defendiam-se valores e direitos considerados acima da intervenção do Estado.

CARVALHO, J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Cia das Letras, 1987 (adaptado).

A mobilização analisada representou um alerta, na medida em que a ação popular questionava



a)

a alta de preços.

b)

a política clientelista.

c)

as reformas urbanas.

d)

o arbítrio governamental.

e)

as práticas eleitorais.

Resolução

O texto da questão aborda a Revolta da Vacina, ocorrida no Rio de Janeiro em 1904, e afirma que tratava-se da defesa de "direitos considerados acima da intervenção do Estado". O governo do Rio de Janeiro da época, liderado por Pereira Passos, conduziu um amplo projeto de Reforma Urbana e Sanitária na cidade. Diante do surto de varíola ocorrido no Rio de Janeiro em 1904, o presidente Rodrigues Alves, com auxílio do sanitarista Oswaldo Cruz, decretou a vacinação obrigatória. A medida causou uma intensa reação popular - jornais e panfletos produzidos pela população criticavam a medida e o médico, duvidando da eficácia da vacina. De acordo com os opositores do presidente, tratava-se de uma forma truculenta e arbitrária de impor a decisão, causando manifestações entre os populares que rebelaram-se e agrediram os vacinadores. Foi justamente contra essa medida do governo que a população se revoltou, considerando uma determinação autoritária do governo, justificando assim a alternativa D como correta. Embora a vacinação obrigatória estivesse inserida dentro de um projeto maior - a Reforma urbana - essa não foi a causa pontual que a ação popular questionava, conforme sugere a alternativa D. Todas as demais alternativas não se aplicam ao contexto da rebelião, pois ela não estava ligada a alta de preços (alternativa A), a uma política clientelista (alternativa B) ou a qualquer prática eleitoral (alternativa E).