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Enem 2019 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas


Questão 50 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Exploração e degradação da vegetação

Texto I

Ouve o barulho do rio, meu filho
Deixa esse som te embalar
As folhas que caem no rio, meu filho
Terminam nas águas do mar
Quando amanhã por acaso faltar
Uma alegria no seu coração
Lembra do som dessas águas de lá
Faz desse rio a sua oração.

MONTE, M. et al. O rio. In: Infinito particular. Rio de Janeiro: Sony; Universal Music, 2006 (fragmento).

Texto II

    O atrativo ecoturístico não é somente o banho de cachoeira, sentar e caminhar pela praia, cavalgar, mas conhecer a biodiversidade, às vezes supostamente em extinção. Observar baleias, nadar com o golfinho, tocar em corais, sair ao encontro de dezenas de jacarés em seu habitat natural são símbolos que fascinam um ecoturista. A natureza é transformada em espetáculo diferente da vida urbana moderna.

SANTANA, P. V. Ecoturismo: uma indústria sem chaminé? São Paulo: Labur Edições, 2008.


São identificadas nos textos, respectivamente, as seguintes posturas em relação à natureza:



a)

Exploração e romantização.

b)

Sacralização e profanação.

c)

Preservação e degradação.

d)

Segregação e democratização.

e)

Idealização e mercantilização.

Resolução

a) Incorreta. O texto I não trata da Exploração, tendo como temática central a idealização do barulho do rio, e o texto II não apresenta Romantização, seu tema central é a mercantilização da natureza transformada em espetáculo.

b) Incorreta. O texto I apresenta uma visão sacra da natureza, porém o texto II não tem como temática a profanação, pois não trata de tema sacro, e sim econômico.

c) Incorreta. O texto I não apresenta nenhuma elemento sobre preservação da natureza, e o texto II não apresenta tema da degradação da natureza diretamente: o foco é econômico.

d) Incorreta. O texto I não apresenta tema da segregação, e sim um tema sobre relações familiares, e o texto II não apresenta a temática da democratização do acesso turistico, 

e) Correta. O texto I apresenta uma conversa da Autora com seu filho indicando fazer do rio uma oração, numa postura idealista em relação à natureza, já o texto II apresenta como tema central o uso de espaços turísticos em que a natureza é transformada em espetáculo a ser tocado e vendido. 

Questão 51 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

A maior parte das agressões e manifestações discriminatórias contra as religiões de matrizes africanas ocorrem em locais públicos (57%). É na rua, na via pública, que tiveram lugar mais de 2/3 das agressões, geralmente em locais próximos às casas de culto dessas religiões. O transporte público também é apontado como um local em que os adeptos das religiões de matrizes africanas são discriminados, geralmente quando se encontram paramentados por conta dos preceitos religiosos.

REGO, L. F.; FONSECA, D. P. R.; GIACOMINI, S. M. Cartografia Social de terreiros no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro? PUC-Rio, 2014.


As práticas descritas no texto são incompatíveis com a dinâmica de uma sociedade laica e democrática porque



a)

asseguram as expressões multiculturais.

b)

promovem a diversidade de etnias.

c)

falseiam os dogmas teológicos.

d)

estimulam os rituais sincréticos.

e)

restringem a liberdade de credo.

Resolução

a) Incorreta. Agressões e manifestações discriminatórias contra religiões de matrizes africanas não asseguram o respeito à diversidade de culto ou expressões multiculturais no Brasil.

b) Incorreta. Agressões a membros de religiões de matrizes africanas não promovem a diversidade de etnias. Ao contrário, como essas religiões estão muito ligadas à cultura africana no Brasil, acabam promovendo a discriminação étnica no país.

c) Incorreta. Tais agressões não falseiam nenhum dogma teológico, uma vez que as pessoas que as praticam não estão preocupadas com discussões teológicas, mas sim em eliminar uma forma de culto religioso.

d) Incorreta. O sincretismo religioso pressupõe a interação entre elementos distintos de várias matrizes religiosas. Quando há agresões e manifestações discriminatórias contra religiões de matrizes africanas, os rituais sincréticos não são estimulados.

e) Correta. A perseguição aos adeptos de religiões de matrizes africanas acaba restringindo a liberdade de crença, pois seus seguidores já não podem mais publicamente se declararem ligados a essa forma de manifestação religiosa e esse fato atenta contra uma sociedade que se coloca como democrática e laica, ou seja, o Estado não assume nenhuma religião oficial.

Questão 52 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Mercantilismo Liberalismo Econômico

Texto I

    A centralização econômica, o protecionismo e a expansão ultramarina engrandeceram o Estado, embora beneficiassem a burguesia incipiente.

ANDERSON, P. In: DEYON, P. O mercantilismo. Lisboa: Gradiva, 1989 (adaptado).

Texto II

    As interferências da legislação e das práticas exclusivistas restringem a operação benéfica da lei natural na esfera das relações econômicas.

SMITH, A. A riqueza das Nações. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (adaptado).


Entre os séculos XVI e XIX, diferentes concepções sobre as relações entre Estado e economia foram formuladas. Tais concepções, associadas a cada um dos textos, confrontam-se, respectivamente, na posição entre as práticas de 



a)

valorização do pacto colonial - combate à livre-iniciativa.

b)

defesa dos monopólios régios - apoio à livre concorrência.

c)

formação do sistema metropolitano - crítica à livre navegação.

d)

abandono da acumulação metalista - estímulo ao livre-comércio.

e)

eliminação das tarifas alfandegárias - incentivo ao livre-cambismo.

Resolução

O primeiro texto está ligado ao mercantilismo, regime econômico europeu da Idade Moderna (séculos XV a XVIII), marcado pela presença da intervenção do rei e do Estado na economia, pela busca da obtenção de balança comercial favorável (relação econômica na qual as exportações de um país superam as importações), da concessão de monopólios, do colonialismo e do metalismo. Já o segundo texto, de autoria de Adam Smith (1723-1790), é um clássico do liberalismo econômico. Essa doutrina econômica ganhou significativa força na Europa no século XIX, tendo como aspectos fundamentais a defesa da não intervenção do Estado na economia e o livre comércio.

a) Incorreta. O texto II não combate a livre iniciativa, ao contrário, essa característica é um dos pilares do liberalismo econômico.

b) Correta. O texto I, ao apresentar o mercantilismo, enfatiza uma de suas principais características: presença do protecionismo. Esse elemento pode ser expresso no formato de monopólios régios. Já o texto II, por ser representante do liberalismo econômico, apoia a livre concorrência.

c) Incorreta. O texto II não critica a livre navegação, considerando que o liberalismo econômico defende o livre mercado e a livre concorrência.

d) Incorreta. Ao contrário do que diz a alternativa, o texto I, justamente por ser mercantilista, defende um de seus principios básicos: a acumulação metalista.

e) Incorreta. Uma das características básicas do mercantilismo é a cobrança de tarifas alfandegárias, justamente o contrário do que afirma a alternativa.

 

Questão 53 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Filosofia da Ciência

A lenda diz que, em um belo dia ensolarado, Newton estava relaxando sob uma macieira. Pássaros gorjeavam em suas orelhas. Havia uma brisa gentil. Ele cochilou por alguns minutos. De repente, uma maçã caiu sobre a sua cabeça e ele acordou com um susto. Olhou para cima. "Com certeza um pássaro ou um esquilo derrubou a maçã da árvore", supôs. Mas não havia pássaros ou esquilos na árvore por perto. Ele, então, pensou: "Apenas alguns minutos antes, a maçã estava pendurada na árvore. Nenhuma força externa fez ela cair. Deve haver alguma força subjacente que causa a queda das coisas para a terra".

SILVA, C. C.; MARTINS, R. A. Estudos de história e filosofia das ciências. São Paulo: Livraria da Física, 2006 (adaptado).


Em contraponto a uma interpretação idealizada, o texto aponta para a seguinte dimensão fundamental da ciência moderna:



a)

Falsificação de teses.

b)

Negação da observação.

c)

Proposição de hipóteses.

d)

Contemplação da natureza.

e)

Universalização de conclusões.

Resolução

O texto aborda uma clásica "história" da ciência, envolvendo Newton e uma maçã, que teria caído sobre sua cabeça, enquanto repousava. Porém, muito bem diz o enunciado, "em contraponto a uma interpretação idealizada, o texto aponta para (uma) dimensão fundamental da ciência moderna", a saber, a proposição de hipóteses, conforme indica, corretamente, a alternativa C. Não por acaso, pode-se ler, no texto: "deve haver alguma força subjacente", isto é, deve-se se explicar o fato da maçã ter caído por alguma coisa, coisa essa denominada, a princípio, como "força subjacente". Uma hipótese científica é, justamente, isso: uma proposição que se imagina como suficiente para explicar determinados fenômenos, e por isso deve preceder as experimentações (testes) científicas - outra dimensão fundamental da ciência moderna, diga-se de passagem.

Já a "falsificação de teses", como coloca a alternativa A (incorreta), diz respeito a outro debate da filosofia da ciência, mais especificamente, ao debate sobre a demarcação das teorias científicas, conforme pensou Karl Popper, através da sua teoria do falseamento. Por sua vez, a alternativa B, igualmente incorreta, propõe que a ciência moderna se baseia na "negação da observação", o que contrasta com as atividades científicas que, pelo menos desde o Renascimento, valoriza amplamente as observações dos fenômenos naturais, pelas quais, inclusive, se formulam as hipóteses - processo relatado no próprio texto. Outra alternativa incorreta, a D fala em "contemplação da natureza"; ora, contemplar pode ser ato estético, filosófico ou, até mesmo, religioso, mas não científico - o cientista observa a natureza, não a contempla, como se nela buscasse, por exemplo, algo idílico ou transcendental. Por fim, a alternativa E é incorreta porque o texto em questão não nos permite afirmar que Newton teria "universalizado conclusões". Embora a universalização das conclusões seja, também, um "passo científico", próprio do método indutivo (em sua fase "final"), ela, como já dito, não está prevista no texto, que fala, como também já foi pontuado, em "deve haver".

Questão 54 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Fluxos migratórios mundias Ética

A hospitalidade pura consiste em acolher aquele que chega antes de lhe impor condições, antes de saber e indagar o que quer que seja, ainda que seja um nome ou um "documento" de identidade. Mas ela também supõe que se dirija a ele, de maneira singular, chamando-o portanto e reconhecendo-lhe um nome próprio: "Como você se chama?" A hospitalidade consiste em fazer tudo para se dirigir ao outro, em lhe conceder, até mesmo perguntar seu nome, evitando que essa pergunta se torne uma "condição", um inquérito policial, um fichamento ou um simples controle das fronteiras. Uma arte e uma poética, mas também toda uma política dependem disso, toda uma ética se decide aí.

DERRIDA, J. Papel-máquina. São Paulo: Estação Liberdade, 2004 (adaptado).


Associado ao contexto migratório contemporâneo, o conceito de hospitalidade proposto pelo autor impõe a necessidade de



a)

anulação da diferença.

b)

cristalização da biografia.

c)

incorporação da alteridade.

d)

supressão da comunicação.

e)

verificação da proveniência.

Resolução

a) Incorreta. A anulação da diferença não é proposta no texto, já que há a valorização da singularidade do outro.

b) Incorreta. Não há a noção de cristalização de biografia associada ao conceito de hospitalidade proposto pelo texto.

c) Correta. A alteridade é a capacidade de colocar-se no papel do outro, característica necessária para a aceitação dos migrantes atuais e sua incorporação pacífica através da hospitalidade.

d) Incorreta. A supressão da comunicação não está colocada no texto como tema.

e) Incorreta. A verificação da proveniência é mais uma barreira e, portanto, um elemento que diminui a hospitalidade.

Questão 55 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Em sentido geral e fundamental, Direito é a técnica da coexistência humana, isto é, a técnica voltada a tornar possível a coexistência dos homens. Como técnica, o Direito se concretiza em um conjunto de regras (que, nesse caso, são leis ou normas); e tais regras têm por objeto o comportamento intersubjetivo, isto é, o comportamento recíproco dos homens entre si.

ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.


O sentido geral e fundamental do Direito, conforme foi destacado, refere-se à



a)

aplicação de códigos legais.

b)

regulação do convívio social.

c)

legitimação de decisões políticas.

d)

mediação de conflitos econômicos.

e)

representação da autoridade constituída.

Resolução

O texto trata de um sentido mais amplo do Direito e afirma que este é a "técnica de coexistência humana". De acordo com a definição do autor, o sentido geral e fundamental do Direito é tornar viável e possível a coexistência dos homens. Sendo assim, observando o comando da questão, podemos concluir que esse sentido é melhor expresso na alternativa B - regulação do convívio social. A alternativa A está incorreta pois trata de um aspecto pontual e pragmático do Direito - a elaboração de um conjunto de regras e sua aplicação - não expressando o seu aspecto mais amplo e fundamental. O texto não endossa ou menciona que o sentido do Direito seja o de dar suporte a elementos de determinado sistema político, seja como legitimação de decisões políticas (alternativa C) ou como representação de uma autoridade constituída (alternativa E). Por fim, a ênfase conferida pelo autor ao papel do Direito está relacionada ao "comportamento recíproco dos homens entre si" e não a aspectos econômicos, tais como a mediação de conflitos nesse campo (alternativa D).

 

Questão 56 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Economia colonial

O processamento da mandioca era uma atividade já realizada pelos nativos que viviam no Brasil antes da chegada de portugueses e africanos. Entretanto, ao longo do processo de colonização portuguesa, a produção de farinha foi aperfeiçoada e ampliada, tornando-se lugar-comum em todo o território da colônia portuguesa na América. Com a consolidação do comércio atlântico em suas diferentes conexões, a farinha atravessou os mares e chegou aos mercados africanos.

BEZERRA, N. R. Escravidão, farinha e tráfico atlântico: um novo olhar sobre as relações entre o Rio de Janeiro e Benguela (1790-1830). Disponível em: www.bn.br. Acesso em: 20 ago. 2014 (adaptado).


Considerando a formação do espaço atlântico, esse produto exemplifica historicamente a 



a)

difusão de hábitos alimentares.

b)

disseminação de rituais festivos.

c)

ampliação dos saberes autóctones.

d)

apropriação de costumes guerreiros.

e)

diversificação de oferendas religiosas.

Resolução

A cultura indígena trouxe diversas influências e contribuições muito significativas durante o período de colonização portuguesa, sendo um exemplo a introdução do cultivo da mandioca. A mandioca foi adotada pelos colonizadores como um dos gêneros básicos da alimentação, especialmente por ser uma cultura adaptável às mais diferentes condições e pela sua qualidade nutritiva. A durabilidade da mandioca e de sua farinha fez com que tivessem grande importância no tráfico transatlântico, tendo sido utilizada no sustento de marinheiros e de escravos.

É importante observar que o comando da questão solicita considerar o que esse produto exemplifica historicamente na  "formação do espaço atlântico". Nesse sentido, conforme o texto "a farinha atravessou os mares e chegou aos mercados africanos", podemos afirmar que é exemplar portanto da difusão de hábitos alimentares (alternativa A). A alternativa C está incorreta pois embora o texto mencione o aperfeiçoamento e ampliação das técnicas de produção da farinha de mandioca (um saber originalmente dos povos autóctones, isto é, indígenas), esse processo não está relacionado com a formação do espaço atlântico. As demais alternativas estão incorretas porque o texto não menciona nenhum aspecto ritualístico festivo (alternativa B), guerreiro (alternativa D) ou religioso (alternativa E).

Questão 57 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Globalização

Brasil, Alemanha, Japão e Índia pedem reforma do Conselho de Segurança

    Os representantes do G4 (Brasil, Alemanha, Índia e Japão) rejeitaram, em setembro de 2018, a defesa pela ampliação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) durante reunião em Nova York (Estados Unidos). Em declaração conjunta, de dez itens, os chanceleres destacam que o órgão, no formato em que está, com apenas cinco membros permanentes e dez rotativos, não reflete o século 21. "A reforma do Conselho de Segurança é essencial para enfrentar os desafios complexos de hoje. Como aspirantes a novos membros permanentes de um conselho reformado, os minitros reiteraram seu compromisso de trabalhar para fortalecer o funcionamento da ONU e da ordem multilateral global, bem como seu apoio às respectivas candidaturas", afirma declaração conjunta.

Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br. Acesso em: 7 dez. 2018 (adaptado).


Os países mencionados no texto justificam sua pretensão com base na seguinte característica comum:



a)

Extensividade de área territorial.

b)

Protagonismo em escala regional.

c)

Investimento em tecnologia militar.

d)

Desenvolvimento de energia nuclear.

e)

Disponibilidade de recursos minerais.

Resolução

a) Incorreta. A base da justificativa feita pelo grupo é a relevância geopolítica e econômica, e não o tamanho territorial (inclusive o Japão possui pequena dimensão territorial).

b) Correta. A reforma proposta pelo G4 para o Conselho de Segurança é justificada para garantir a representatividade da ONU na mediação das relações internacionais. A análise desse grupo, apoiada por muitos estudiosos sobre o tema, defende que a atual estrutura do Conselho de Segurança reflete as relações de poder do mundo após a Segunda Guerra Mundial e, portanto, estaria desatualizada para o século XXI. A melhoria da representatividade do Conselho de Segurança se daria por meio da incorporação de países que tiveram ascensão no seu papel geopolítico regional.

c) Incorreta. O investimento em tecnologia militar por si só não é um atributo que garante a um país o papel de liderança sobre uma região.

d) Incorreta. O desenvolvimento de energia nuclear não é tão significativa no Brasil, quando comparada a outros países, e na Alemanha, que houve um recuo do uso desse modal de energia.

e) Incorreta. Os inúmeros países no mundo dispõem de recursos minerais, mas não possuem relevância geopolítica a ponto de poderem pleitear o papel de líderança. Além disso, deve -se ressaltar que o Japão não é rico em recursos minerais.

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Questão 58 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Juscelino Kubitschek

    Tratava-se agora de construir um ritmo novo. Para tanto, era necessário convocar todas as forças vivas da Nação, todos os homens que, com vontade de trabalhar e confiança no futuro, pudessem erguer, num tempo novo, um novo Tempo. E, à grande convocação que conclamava o povo para a gigantesca tarefa, começaram a chegar de todos os cantos da imensa pátria os trabalhadores: os homens simples e quietos, com pés de raiz, rostos de couro e mãos de pedra, e no calcanho, em carro de boi, em lombo de burro, em paus-de-arara, por todas as formas possíveis e imagináveis, em sua mudez cheia de esperança, muitas vezes deixando pra trás mulheres e filhos a aguardar suas promessas de melhores dias; foram chegando de tantos povoados, tantas cidade cujos nomes pareciam cantar saudades aos seus ouvidos, dentro dos antigos ritmos da imensa pátria... Terra de sol, Terra de luz... Brasil! Brasil! Brasília!

MORAES, V.; JOBIM, A.C. Brasília, sinfonia da alvorada. III - A chegada dos candangos. Disponível em: www.viniciusdemoraes.com.br. Acesso em: 14 ago. 2012 (adaptado).


No texto, a narrativa produzida sobre a construção de Brasília articula os elementos políticos e socioeconômicos indicados, respectivamente, em:



a)

Apelo simbólico e migração inter-regional.

b)

Organização sindical e expansão do capital.

c)

Segurança territorial e estabilidade financeira.

d)

Consenso partidário e modernização rodoviária.

e)

Perspectiva democrática e eficácia dos transportes.

Resolução

A inauguração de Brasília, em abril de 1960, foi um do principais feito do governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), sendo um dos aspectos fundamentais do seu Plano de Metas. A cidade foi planejada por Lúcio Costa e Niemeyer e construída em três anos, ficando seus principais prédios prontos nesse período. Sua construção esteve associada a objetivos oficiais, tais como a proposta de integrar as regiões brasileiras, a de constituir um novo polo de desenvolvimento, além de sua localização estratégica e segura. O planejamento da cidade pretendia exaltar sua monumentalidade e associá-la a um período de desenvolvimento e progresso, bem como à ideia de modernidade que Juscelino pretendia imprimir ao país.

O texto da questão sobre a construção de Brasília enfatiza o aspecto simbólico de novidade e modernidade associado à capital. Segundo o autor, tratava-se agora de "construir um rito novo", que pudesse então "erguer num tempo novo, um novo Tempo". Vale ressaltar o esforço feito por Juscelino que esses aspectos de novidade e modernidade estivessem contemplados e associados também à Bossa Nova, expressão que no final da década de 1950 passou a ser sinônimo de atitudes identificadas com o "novo" ou "moderno". JK convidou, inclusive,  Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Morais a compor Brasília, sinfonia da Alvorada, para que fosse executada na inauguração da nova capital (no entanto, acabou não ocorrendo). Nesse sentido, podemos afirmar que o texto enfatiza o apelo simbólico da construção da nova capital.

No que se refere aos aspectos socioeconômicos, o texto destaca a migração inter-regional, observada nos trechos "chegar de todos os cantos da imensa pátria os trabalhadores", "foram chegando de tantos povoados, tantas cidades". Trata-se da vinda dos "candangos", os trabalhadores que vieram especialmente do Norte e do Nordeste para a construção da capital, em uma viagem de aproximadamente 45 dias geralmente em carrocerias de caminhões. Esses migrantes dormiam alojados em grandes galpões e as condições de trabalho eram exaustivas, sendo frequentes os acidentes de trabalho.

Sendo assim, o texto apresenta uma narrativa que destaca a necessidade da vinda e empenho desses trabalhadores "em sua mudez cheia de esperança", chegando para construir "um tempo novo, um novo Tempo".

 

Questão 59 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Globalização

    Saudado por centenas de militantes de movimentos sociais de quarenta países, o papa Francisco encerrou no dia 09/07/2015 o 2º Encontro Mundial dos Movimentos Populares, em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Segundo ele, a "globalização da esperança, que nasce dos povos e cresce entre os pobres, deve substituir esta globalização da exclusão e da indiferença".

Disponível em: https://cartamaior.com.br. Acesso em 15 jul. 2015 (adaptado).


No texto há uma crítica ao seguinte especto do mundo globalizado:



a)

Liberdade política.

b)

Mobilidade urbana. 

c)

Conectividade cultural.

d)

Disparidade econômica.

e)

Complementaridade comercial.

Resolução

a) Incorreta. O texto não faz uma crítica a liberdade política, pois ela é uma bandeira defendida por inúmeros movimentos sociais, haja vista que é uma forma de viabilizar a ampliação das lutas populares.

b) Incorreta. O aumento da mobilidade humana não é uma problema, e sim uma vantagem propiciada pelos avanços tecnológicos das últimas décadas.

c) Incorreta. A conectividade cultural não é um fator gerador de exclusão social.

d) Correta. O período  da globalização foi marcado pelo aumento da desigualdade econômica e social no mundo. Esse problema foi desencadeado por processos, tais como, o aumento do desemprego estrutural, precarização das relações trabalhistas, desmonte do Welfare State nos países desenvolvidos, além das discrepâncias no volume de investimentos em setores de tecnologia feitos pelas nações, o que contribui para  reproduzir e acentuar as diferenças  entre o nível de desenvolvimento econômico entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Podemos também identificar a chamada financeirização da economia como um fator intensificador das desigualdades.

e) Incorreta. A complementaridade econômica é necessária para que os países possam suprir suas necessidades, considerando que todas as nações possuem limitações (econômicas ou ambientais) para produzirem alguns produtos em seus territórios.