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Questão 53 Enem 2019 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas

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Questão 53

Filosofia da Ciência

A lenda diz que, em um belo dia ensolarado, Newton estava relaxando sob uma macieira. Pássaros gorjeavam em suas orelhas. Havia uma brisa gentil. Ele cochilou por alguns minutos. De repente, uma maçã caiu sobre a sua cabeça e ele acordou com um susto. Olhou para cima. "Com certeza um pássaro ou um esquilo derrubou a maçã da árvore", supôs. Mas não havia pássaros ou esquilos na árvore por perto. Ele, então, pensou: "Apenas alguns minutos antes, a maçã estava pendurada na árvore. Nenhuma força externa fez ela cair. Deve haver alguma força subjacente que causa a queda das coisas para a terra".

SILVA, C. C.; MARTINS, R. A. Estudos de história e filosofia das ciências. São Paulo: Livraria da Física, 2006 (adaptado).


Em contraponto a uma interpretação idealizada, o texto aponta para a seguinte dimensão fundamental da ciência moderna:



a)

Falsificação de teses.

b)

Negação da observação.

c)

Proposição de hipóteses.

d)

Contemplação da natureza.

e)

Universalização de conclusões.

Resolução

O texto aborda uma clásica "história" da ciência, envolvendo Newton e uma maçã, que teria caído sobre sua cabeça, enquanto repousava. Porém, muito bem diz o enunciado, "em contraponto a uma interpretação idealizada, o texto aponta para (uma) dimensão fundamental da ciência moderna", a saber, a proposição de hipóteses, conforme indica, corretamente, a alternativa C. Não por acaso, pode-se ler, no texto: "deve haver alguma força subjacente", isto é, deve-se se explicar o fato da maçã ter caído por alguma coisa, coisa essa denominada, a princípio, como "força subjacente". Uma hipótese científica é, justamente, isso: uma proposição que se imagina como suficiente para explicar determinados fenômenos, e por isso deve preceder as experimentações (testes) científicas - outra dimensão fundamental da ciência moderna, diga-se de passagem.

Já a "falsificação de teses", como coloca a alternativa A (incorreta), diz respeito a outro debate da filosofia da ciência, mais especificamente, ao debate sobre a demarcação das teorias científicas, conforme pensou Karl Popper, através da sua teoria do falseamento. Por sua vez, a alternativa B, igualmente incorreta, propõe que a ciência moderna se baseia na "negação da observação", o que contrasta com as atividades científicas que, pelo menos desde o Renascimento, valoriza amplamente as observações dos fenômenos naturais, pelas quais, inclusive, se formulam as hipóteses - processo relatado no próprio texto. Outra alternativa incorreta, a D fala em "contemplação da natureza"; ora, contemplar pode ser ato estético, filosófico ou, até mesmo, religioso, mas não científico - o cientista observa a natureza, não a contempla, como se nela buscasse, por exemplo, algo idílico ou transcendental. Por fim, a alternativa E é incorreta porque o texto em questão não nos permite afirmar que Newton teria "universalizado conclusões". Embora a universalização das conclusões seja, também, um "passo científico", próprio do método indutivo (em sua fase "final"), ela, como já dito, não está prevista no texto, que fala, como também já foi pontuado, em "deve haver".