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Enem 2019 - dia 1 - Linguagens e Ciências Humanas


Questão 20 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

textos científicos e de divulgação científica

    "O computador, dando prioridade à busca pela própria felicidade, parou de trabalhar para os humanos". É assim que termina o conto O dia em que um computador escreveu um conto, escrito por uma inteligência artificial com a ajuda de cientistas humanos.

    Os cientistas selecionaram palavras e frases que seriam usadas na narrativa, e definiram um roteiro geral da história, que serviria como guia para a inteligência artificial. A partir daí, o computador criou o texto combinando as frases e seguindo as diretrizes que os cientistas impuseram. Os juízes não sabem quais textos são escritos por humanos e quais são feitos por computadores, o que mostra que o conto estava bem escrito. O dia só não passou para as próximas etapas porque, de acordo com os juízes, os personagens não foram bem descritos, embora o texto estivesse estruturalmente impecável.

    A ideia dos cientistas é continuar desenvolvendo a criatividade da IA para que ela se pareça cada vez mais com a humana. Simular esse tipo de resposta é difícil, porque o computador precisa ter, primeiro, um banco de dados vasto vinculado a uma programação específica para cada projeto - escrita, pintura, música, desenho e por aí vai.

D'ANGELO, H. Disponível em: https://super.abril.com.br. acesso em: 5 dez. 2018.


O êxito e as limitações da tecnologia utilizada na composição do conto evidenciam a



a)

indistinção entre personagens produzidos por máquinas e seres humanos.

b)

necessidade de reformulação da base de dados elaborada por cientistas.

c)

autonomia de programas computacionais no desenvolvimento ficcional.

d)

diferença entre a estrutura e a criatividade da linguagem humana.

e)

qualidade artística de textos produzidos por computadores.

Resolução

a) Incorreta. A dificuldade em caracterizar bem os personagens foi justamente o que diferenciou a tecnologia artificial da capacidade humana no experimento em questão. Logo, não é possível sustentar que há indistinção entre personagens produzidos por máquinas e seres humanos.

b) Incorreta. Para alcançar melhores resultados, o banco de dados não necessita ser reformulado, mas, sim, expandido. Prova disso é que os dados utilizados pela inteligência artificial (IA) geraram uma estrutura impecável no conto. No entanto, eles foram insuficientes para garantir que os personagens fossem bem descritos, uma vez que as informações disponíveis na IA eram limitadas.

c) Incorreta. Os programas computacionais não são autônomos, já que seus bancos de dados são alimentados pelos cientistas.

d) Correta. Segundo o autor, o conto estava tão bem escrito que os juízes não souberam identificar se o texto foi elaborado por humanos ou por uma IA, e grande parte de seu êxito é devido à estrutura da linguagem. Entretanto, o sucesso do conto não foi plenamente alcançado pois "seus personagens não estavam muito bem descritos", e tal habilidade depende, majoritariamente, da criatividade da linguagem humana. Logo, a diferença entre a estrutura e criatividade da linguagem humana foi responsável por garantir o êxito e as limitações da tecnologia em questão.

e) Incorreta. No conto desenvolvido, a qualidade estrutural se sobrepõe à qualidade artística.

Questão 21 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Lírico (Gêneros Poéticos) Literatura Contemporânea textos literários

Essa lua enlutada, esse desassossego

A convulsão de dentro, ilharga

Dentro da solidão, corpo morrendo

Tudo isso te devo. E eram tão vastas

As coisas planejadas, navios,

Muralhas de marfim, palavras largas

Consentimento sempre. E seria dezembro.

Um cavalo de jade sob as águas

Dupla transparência, fio suspenso

Todas essas coisas na ponta dos teus dedos

E tudo se desfez no pórtico do tempo

Em lívido silêncio. Umas manhãs de vidro

Vento, a alma esvaziada, um sol que não vejo

 

Também isso te devo.

HILST, H. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São Paulo: Cia. das Letras, 2018.


No poema, o eu lírico faz um inventário de estados passados espelhados no presente. Nesse processo aflora o



a)

cuidado em apagar da memória os restos do amor.

b)

amadurecimento revestido de ironia e desapego.

c)

mosaico de alegrias formado seletivamente.

d)

desejo reprimido convertido em delírio.

e)

arrependimento dos erros cometidos.

Resolução

No poema de Hilda Hilst, o eu-lírico começa por expor um estado afetivo marcado pelo luto, pela dor, pela solidão e pelo desfalecimento; sentimentos expressos como: “lua enlutada”, “convulsão de dentro”, “solidão”, “corpo morrendo”. A partir da declaração “Tudo isso te devo”, evidencia-se que o interlocutor a quem o eu-lírico se dirige – uma pessoa amada no passado – é a causa de todos esses sofrimentos. Em seguida, o mesmo eu lírico rememora, através de imagens sugestivas e poéticas, os sonhos e expectativas de felicidade que ele e o amado alimentaram no passado: “vastas coisas planejadas”, “navios”, “muralhas de marfim”, “palavras largas”, “cavalo de jade sob as águas”.

O eu-lírico prossegue responsabilizando essa pessoa pelo fim desses sonhos e pela interrupção do amor que os unia: “fio suspenso na ponta de seus dedos/ E tudo se desfez no pórtico do tempo”. Em seguida, o eu-lírico retorna a sua situação afetiva presente representada por imagens relacionadas a “manhãs de vidro”, “silêncio”, “vento”, “alma esvaziada”, “sol que não vejo”. Por fim, ele torna a repetir “também isso te devo”, evidenciando que o interlocutor é o responsável pelo estado de desolação em que se encontra. Tendo isso em vista, pode-se considerar:

a) Incorreta. O eu-lírico, através da rememoração, recupera as lembranças do amor vivido outrora, não as apagando, portanto.

b) Correta. Ao final, observa-se que o eu lírico, com ironia, atribui ao interlocutor a responsabilidade por sua situação de tristeza e solidão. O amadurecimento e o desapego são evidenciados pelo tom de aceitação da situação presente sem o desejo de reviver o amor do passado e sem a expectativa de realizar os sonhos que já morreram.

c) Incorreta. O tom predominante do poema é de tristeza, não cabendo, portanto, a identificação de um mosaico de alegrias.

d) Incorreta. O eu-lírico não aparenta alimentar o desejo e seu estado afetivo de tristeza e solidão é expresso de modo articulado e racional, não cabendo, portanto, a menção ao delírio.

e) Incorreta. O eu-lírico atribui a responsabilidade pelo seu estado de desesperança a seu interlocutor, não havendo, portanto, de sua parte, a expressão de culpa e arrependimento.

Questão 22 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Lírico (Gêneros Poéticos) textos literários Literatura Contemporânea

A viagem

Que coisas devo levar

nesta viagem em que partes?

As cartas de navegação só vervem

a quem fica.

Com que mapas desvendar

um continente

que falta?

Estrangeira do teu corpo

tão comum

quantas línguas aprender

para calar-me?

Também quem fica

procura

um oriente.

Também

a quem fica

cabe uma paisagem nova

e a travessia insone do desconhecido

e a alegria difícil da descoberta.

O que levas do que fica,

o que, do que levas, retiro?

MARQUES, A. M. In: SANT'ANNA, A. (Org.). Rua Aribau. Porto Alegre: Tag, 2018.


A viagem e a ausência remetem a um repertório poético tradicional. No poema, a voz lírica dialoga com essa tradição, repercutindo a



a)

saudade como experiência de apatia.

b)

presença da fragmentação da identidade.

c)

negação do desejo como expressão de culpa.

d)

persistência da memória na valorização do passado.

e)

revelação de rumos projetada pela vivência da solidão.

Resolução

a) Incorreta. A apatia é um estado de indiferença e insensibilidade, incompatível com a sensação de perda e distanciamento expressa pelo eu-lírico.

b) Incorreta. Seria possível considerar que o eu-lírico apresenta uma identidade fragmentada evidenciada pela alternância de índice de pessoa como se observa nos versos: “Que coisas devo levar nesta viagem em que partes?” e em “Estrangeira de teu corpo”. Contudo, é importante observar que o enunciado afirma que, neste poema, o tema da viagem e da ausência remetem a um repertório poético tradicional. A fragmentação da identidade é uma questão característica da literatura pós-moderna, sendo inviável, portanto, sua presença na tradição poética do passado.

c) Incorreta. O poema tematiza a perda de referências de um eu-lírico que se confronta com a ausência de uma pessoa importante em sua vida. Tal experiência não é relacionada ao desejo nem à culpa.

d) Incorreta. O eu-lírico questiona-se a respeito do modo como irá processar a ausência da pessoa amada e de que maneira irá lidar com as situações desconhecidas que se apresentam nesse novo contexto. Dessa forma, não se verifica, no poema, a persistência da memória nem a valorização do passado.

e) Correta. O sujeito-lírico, ao defrontar-se com a solidão resultante da partida da pessoa amada, questiona-se a respeito dos rumos (Também quem fica/ Procura/ Um Oriente) e perspectivas dessa etapa de sua vida em que deverá encontrar novas referências para constituir sua identidade em que aquele outro que partiu já não está presente. Dessa forma, o poema recria, num contexto moderno, um tema recorrente na tradição da poesia lírica: a experiência da partida de uma pessoa próxima e a ausência resultante dessa separação.

Questão 23 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Funções da Linguagem

    O Instituto de Arte de Chicago disponibilizou para visualização on-line, compartilhamento ou download (sob licença Creative Commons), 44 mil imagens de obras de arte em altíssima resolução, além de livros, estudos e pesquisas sobre a história da arte.

    Para o historiador da arte, Bendor Grosvenor, o sucesso das coleções on-line de acesso aberto, além de democratizar a arte, vem ajudando a formar um novo público museológico. Grosvenor acredita que quanto mais pessoas forem expostas à arte on-line, mais visitas pessoais acontecerão aos museus.

    A coleção está disponível em seis categorias: paisagens urbanas, impressionismo, essenciais, arte africana, moda e animais. Também é possível pesquisar pelo nome da obra, estilo, autor ou período. Para navegar pela imagem em alta definição, basta clicar sobre ela e utilizar a ferramenta zoom. Para fazer o download, disponível para obras de domínio público, é preciso utilizar a seta localizada no lado inferior direito da imagem.

Disponível em: www.revistabula.com. Acesso em: 5 dez. 2018 (adaptado).


A função da linguagem que predomina nesse texto se caracteriza por



a)

evidenciar a subjetividade da reportagem com base na fala do historiador de arte.

b)

convencer o leitor a fazer o acesso on-line, levando-o a conhecer as obras de arte.

c)

informar sobre o acesso às imagens por meio da descrição do modo como acessá-las.

d)

estabelecer interlocução com o leitor, orientando-o a fazer o download das obras de arte.

e)

enaltecer a arte, buscando popularizá-la por meio da possibilidade de visualização on-line.

Resolução

a) Incorreta. Não há subjetividade na reportagem, uma vez que o texto é composto por informações objetivas e não há marcas da opinião do veículo jornalístico.

b) Incorreta. A função da linguagem que tem por propósito persuadir o leitor é a conativa e, para alcançar isso, o texto é construído na segunda ou terceira pessoas do singular ou do plural, uma vez que o seu discurso se centra no interlocutor. Além disso, o uso de verbos no imperativo e vocativos é constante, o que não ocorre na reportagem.

c) Correta. A função da linguagem que predomina no texto é a referencial, que tem por objetivo informar; transmitir uma informação clara e objetiva sobre um determinado assunto. Nesse caso, o objetivo almejado é informar sobre o acesso às imagens por meio da descrição do modo como acessá-las.

d) Incorreta. Embora haja instruções no fim do texto, seu objetivo central é informar sobre a nova ferramenta digital do Instituto de Arte de Chicago, e não persuadi-lo a fazer o download das obras.

e) Incorreta. O texto da reportagem não conta com marcas de opinião, logo, não é possível sustentar que seu objetivo seja enaltecer a arte.

Questão 24 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

textos literários

Ed Mort só vai

    Mort. Ed Mort. Detetive particular. Está na plaqueta. Tenho um escritório numa galeria de Copacabana entre um fliperama e uma loja de carimbos. Dá só para o essencial, um telefone mudo e um cinzero. Mas insisto numa mesa e numa cadeira. Apesar do protesto das baratas. Elas não vencerão. Comprei um jogo de máscaras. No meu trabalho o disfarce é essencial. Para escapar dos credores. Outro dia entrei na sala e vi um cara do King Kong andando pelo chão. As baratas estavam roubando as máscaras. Espisoteei meia dúzia. As outras atacaram a mesa. Consegui salvar minha Bic e o jornal. O jornal era novo, tinha só uma semana. Mas elas levaram a agenda. Saí ganhando. A agenda estava em branco. Meu último caso fora com a funcionária do Erótica, a primeira ótica da cidade com balconista topless. Acabara mal. Mort. Ed Mort. Está na plaqueta.

VERISSIMO, L. F. Ed Mort: todas as histórias.

Porto Alegre: L&PM, 1997 (adaptado).


Nessa crônica, o efeito de humor é basicamente construído por uma



a)

segmentação de enunciados baseada na descrição dos hábitos do personagem.

b)

ordenação dos constituintes oracionais na qual se destaca o núcleo verbal.

c)

estrutura composicional caracterizada pelo arranjo singular dos períodos.

d)

sequenciação narrativa na qual se articulam eventos absurdos.

e)

seleção lexical na qual predominam informações redundantes.

Resolução

a) Incorreta. A segmentação das frases da personagem-narrador, predominantemente em períodos simples, dá ritmo ágil e econômico à prosa, o que reforça o éthos do detetive particular Ed Mort.

b) Incorreta. Embora a maioria dos períodos seja simples, há frases nominais (“Mort”, “Ed Mort”) e orações com predicado nominal (“No meu trabalho o disfarce é essencial”).

c) Incorreta. Como se observa nos comentários dos itens anteriores, a escolha estilística de Verissimo por frases curtas parece estar relacionada à fala do detetive, emulando uma prosódia enxuta, sem excessos.

d) Correta. Para o efeito cômico pretendido, certamente colaboram os eventos nonsense narrados (máscaras para escapar dos credores, baratas que dividem a sala e protestam, roubam máscaras, jornal e agenda, etc.).

e) Incorreta. É possível que a redundância a que faz menção a alternativa é a repetição do sobrenome do detetive Ed Mort, repetido em sua apresentação. Essa fórmula de introdução faz parte do imaginário das histórias policiais e remete ao famoso espião criado por Ian Fleming, James Bond.

 

Questão 25 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

textos jornalísticos

Expostos na web desde a gravidez

    Mais da metade das mães e um terço dos pais ouvidos em uma pesquisa sobre compartilhamento paterno em mídias sociais discutem nas redes sociais sobre a educação dos filhos. Muitos são pais e mães de primeira viagem, frutos da geração Y (que nasceu junto com a internet) e usam esses canais para saberem que não estão sozinhos na empreitada de educar uma criança. Há, contudo, um risco no modo como as pessoas estão compartilhando essas experiências. É a chamada exposição parental exagerada, alertam os pesquisadores.

    De acordo com os especialistas no assunto, se você compartilha uma foto ou vídeo de seu filho pequeno fazendo algo ridículo, por achar engraçadinho, quando a criança tiver seus 11, 12 anos, pode se sentir constrangida. A autoconsciência vem com a idade.

    A exibição da privacidade dos filhos começa a assumir uma característica de linha de tempo e eles não participaram da aprovação ou recusa quanto à veiculação desses conteúdos. Assim, quando a criança cresce, sua privacidade pode já estar violada.

OTONI, A. C. O Globo, 31 mar. 2015 (adaptado).


Sobre o compartilhamento parental excessivo em mídias sociais, o texto destaca como impacto o(a)



a)

interferência das novas tecnologias na comunicação entre pais e filhos.

b)

desatenção dos pais em relação ao comportamento dos filhos na internet.

c)

distanciamento na relação entre pais e filhos provocado pelo uso de redes sociais.

d)

fortalecimento das redes de relações decorrente da troca de experiência entre as famílias.

e)

desrespeito à intimidade das crianças cujas imagens têm sido divulgadas nas redes sociais.

Resolução

a) Incorreta. O texto não discute sobre como as novas tecnologias impactam na comunicação entre pais e filhos.

b) Incorreta. A desatenção dos pais em relação ao comportamento dos filhos não é trabalhada no texto, já que seu foco é refletir acerca da exposição excessiva de crianças.

c) Incorreta. O possível distanciamento entre pais e filhos não é um tópico de discussão no artigo.

d) Incorreta. O autor afirma que o contexto das novas tecnologias possibilita uma maior troca de experiências entre as famílias, o que é saudável quando não feita de maneira excessiva e desrespeitosa com a individualidade das crianças. Assim, o fortalecimento das redes parentais é uma das causas da violação de privacidade, não configurando o impacto desse cenário.

e) Correta. Segundo o texto, a consequência do compartilhamento parental excessivo em mídias sociais é que a criança, quando crescida, pode se sentir constrangida com a divulgação de sua imagem, pois não participou da aprovação ou recusa quanto à veiculação desses conteúdos, o que configura um desrespeito à sua intimidade.

Questão 26 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

textos jornalísticos

    O projeto DataViva consiste na oferta  de dados oficiais sobre exportações, atividades econômicas, localidades e ocupações profissionais de todo o Brasil. Num primeiro momento, o DataViva construiu uma ferramenta que permitia a análise da economia mineira embasada por essa perspectiva metodológica complexa e diversa. No entanto, diante das possibilidades oferecidas pelas bases de dados trabalhadas, a plataforma evoluiu para um sistema mais completo. De maneira interativa e didática, o usuário é guiado por meio das diversas formas de navegação dos aplicativos, Além de informações sobre os produtos exportados, bem como acerca do volume das exportações em cada um dos estados e municípios da País, em poucos cliques, o interessado pode conhecer melhor o perfil da população, o tipo de atividade desenvolvida, as ocupações formais e a média salarial por categoria.

MANTOVANI, C. A. Guardião de informações. Minas faz Ciência, n. 58, jun. - jul. -ago. 2014 (adaptado).


Entre as novas possibilidades promovidas pelo desenvolvimento de novas tecnologias, o texto destaca a



a)

auditoria das ações do governo.

b)

publicidade das entidades públicas.

c)

obtenção de informações estratégicas.

d)

disponibilidade de ambientes coletivos.

e)

comunicação entre órgãos administrativos.

Resolução

a) Incorreto. Os dados oficiais fornecidos pelo DataViva disponibilizados à sociedade civil eventualmente até podem servir a auditorias, mas essa atividade não é destacada pelo texto que frisa a oferta de informações.

b) Incorreto. O DataViva disponibiliza dados da macroeconomia, e não só de entidades públicas. Não se trata de um esforço de transparência das instituições, mas da compilação e tratamento de informações de todos os setores, produtivos e terciário.

c) Correto. O sistema, segundo o texto, disponibiliza aos usuários informações sobre exportações, população e trabalho, como se lê no primeiro e último períodos do texto. Assim, o desenvolvimento de novas tecnologias torna esses dados mais acessíveis aos interessados.

d) Incorreto.  A finalidade do texto é divulgar o projeto apresentado no trecho. Não se faz menção à “disponibilidade de ambientes coletivos”. Essa não parece nem ser uma possibilidade, dada a natureza do DataViva, que fornece dados tratados, sem aparentemente contar com a construção coletiva dos usuários.

e) Incorreto. A comunicação não se dá “entre órgãos administrativos”, como afirma a alternativa, mas no sentido da publicação a quem se interessar pelos dados.

Questão 27 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

textos literários

Menina

A máquina de costura avançava decidida sobre o pano. Que bonita que a mãe era, com os alfinetes na boca. Gostava de olhá-la calada, estudando seus gestos, enquanto recortava retalhos de pano com a tesoura. Interrompia às vezes seu trabalho, era quando a mãe precisava da tesoura. Admirava o jeito decidido da mãe ao cortar pano, não hesitava nunca, nem errava. A mãe sabia tanto! Tita chamava-a de ( ) como quem diz ( ). Tentava não pensar as palavras, mas sabia que na mesma hora da tentativa tinha-as pensado. Oh, tudo era tão difícil. A mãe saberia o que ela queria perguntar-lhe intensamente agora quase com fome depressa depressa antes de morrer, tanto que nao se conteve e - Mamãe, o que é desquitada? - atirou rápido com uma voz sem timbre. Tudo ficou suspenso, se alguém gritasse o mundo acabava ou Deus aparecia - sentia Ana Lúcia. Era muito forte aquele instinto, forte demais para uma menina, a mãe para com a tesoura no ar, tudo sem solução podendo desabar a qualquer pensamento, a máquina avançando desgovernadamente sobre o vestido de seda brilhante espalhando luz luz luz.

ÂNGELA, I. Menina. In: A face horrível. São Paulo: Lazuli, 2017.


Escrita na dêcada de 1960, a narrativa põe em evidência uma dramaticidade centrada na



a)

insinuação da lacuna familiar gerada pela ausência da figura paterna.

b)

associação entre a angústia da menina e a reação intempestiva da mãe.

c)

relação conflituosa entre o trabalho doméstico e a emancipação feminina.

d)

representação de estigmas sociais modulados pela perspectiva da criança.

e)

expressão de dúvidas existenciais intensificadas pela percepção do abandono.

Resolução

a) Incorreta. A tensão do conto gira em torno de a mãe da criança ser desquitada e do julgamento social em torno desse fato. Uma suposta lacuna familiar gerada pela ausência da figura paterna não é abordada pelo excerto.

b) Incorreta. Não se pode considerar a reação da mãe como intempestiva; seu gesto com a tesoura suspensa no ar expressa espanto e perplexidade diante da inesperada e desconcertante pergunta da menina que reverbera os preconceitos em relação a seu estado civil.

c) Incorreta. O conflito entre trabalho doméstico e emancipação feminina não é abordado no excerto.

d) Correta. O conflito da criança é produzido pelo contraste entre a admiração que ela sente pela mãe e os comentários preconceituosos que ela ouve a seu respeito. Embora desconhecesse o sentido das palavras que Tita empregara para referir-se a sua mãe, a menina perturbava-se ao pensar nelas. A tensão dramática ocorre quando a criança pergunta o sentido da palavra “desquitada” à mãe, cuja reação expressa espanto e perplexidade por se confrontar com a discriminação social reverberando na pergunta da filha.

e) Incorreta. A dramaticidade do conto é produzida a partir da tensão em torno dos preconceitos sociais, não havendo a tematização de dúvidas existenciais pela percepção do abandono.

Questão 28 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

textos jornalísticos charges e tirinhas

TEXTO I

A promessa da felicidade

LOYOLA, J. Disponível em: http://ladyscomics.com.br. Acesso em: 8 dez. 2018(adaptado).

 

TEXTO II

Quadrinista surda faz sucesso na CCXP

com narrativas silenciosas

    A área de artistas independentes da Comic Con Experince (CCXP) deste ano é a maior história do evento geek, são mais de 450 quadrinista e ilustradores no Artists' Alley.

    E a diversidade vai além do estilo das HQ. Em uma das mesas da fila F, senta a quadrinista com deficiência auditiva Ju Loyola, com suas histórias que classifica como "narrativas silenciosas". São histórias que podem ser compreendidas por crianças e adultos, e pessoas de qualquer nacionalidade, pelo simples motivo de não terem uma única palavra.

    A artista não escreve roteiros convencionais para suas obras. Sua experiência de ter que entender a comunicação pelo que vê faz com que ela se identifique muito mais com o que observa do que com o que as pessoas dizem.

    E basta folhear suas obras que fica claro que elas não são histórias em quadrinhos que perderam as palavras, mas sim que ganharam uma nova perspectiva.

disponível em: http://catracalivre.com.br. Acesso em: 8 dez. 2018 (adaptado).


O Texto I exemplifica a obra de uma artista surda, que promove uma experiência de leitura inovadora, divulgada no Texto II. Independentemente de seus objetivos, ambos os textos



a)

incentivam a produção de roteiros compostos por imagens.

b)

colaboram para valorização de enredos românticos.

c)

revelam o sucesso de um evento de cartunistas.

d)

contribuem com o processo de acessibilidade.

e)

questionam o padrão tradicional das HQ.

Resolução

a) Incorreta. No Texto II, a presença de elogios às narrativas silenciosas indiretamente incentiva a produção desse tipo de obra. Já no Texto I, a artista utiliza em sua produção um roteiro composto por imagens não para estimular outros cartunistas a aderirem a esse tipo de estratégia narrativa, mas sim para adaptar a HQ à sua deficiência auditiva.

b) Incorreta. O Texto II não discute o enredo produzido pela autora Ju Loyola, mas sim sua técnica inovadora de produzir a HQ.

c) Incorreta. O Texto II, publicado em uma esfera jornalística, informa o leitor acerca do sucesso do evento Comic Con Experience, o que não acontece no Texto I.

d) Incorreta. A HQ reproduzida no Texto I, ao não utilizar palavras, torna a sua compreensão acessível a um público que não domina a língua escrita. Já o Texto II, embora valorize esse tipo de estratégia, não contribui ativamente para o processo de acessibilidade.

e) Correta. O Texto I traz uma HQ inovadora, construída sem o uso de palavras. Segundo o Texto II, tal processo criativo é louvável, pois torna a obra acessível a crianças, adultos e pessoas de qualquer nacionalidade. Dessa maneira, é possível depreender que ambos os textos, ao valorizar uma forma não-convencional de HQ, questionam o padrão tradicional desse tipo de produção, que é pouco acessível para algumas esferas da sociedade.

Questão 29 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

textos literários

    HELOÍSA: Faz versos?

    PINOTE: Sendo preciso... Quadrinhas... Acrósticos... Sonetos... Reclames.

    HELOÍSA: Futuristas?

    PINOTE: Não senhora! Eu já fui futurista. Cheguei a acreditar na independência... Mas foi uma tragédia! Começaram a me tratar de maluco. A me olhar de esguelha. As crianças choravam em casa. Tenho três filhos. No jornal também não pagavam, devido à crise. Precisei viver de bicos. Ah! Reneguei tudo. Arranjei aquele instrumento (Mostra a faca) e fiquei passadista.

ANDRADE, O. O rei da vela.  São Paulo: Globo, 2003.


O fragmento da peça teatral de Oswaldo de Andrade ironiza a reação da sociedade brasileira dos anos 1930 diante de determinada vanguarda europeia. Nessa visão, atribui-se ao público leitor uma postura



a)

preconceituosa, ao evitar formas poéticas simplificadas.

b)

conservadora, ao optar por modelos consagrados.

c)

preciosista, ao preferir modelos literários eruditos.

d)

nacionalista, ao negar modelos estrangeiros.

e)

eclética, ao aceitar diversos estilos poéticos.

Resolução

O futurismo é uma das vanguardas europeias que muito influenciaram os modernistas brasileiros. Esse movimento era agressivamente dirigido à valorização futuro, pregando a destruição da arte anterior (inclusive simbolista, impressionista, naturalista etc.). Essa iconoclastia quase nunca era bem recebida pelos leitores mais conservadores.

a) Incorreta. A crítica do público-leitor ao futurismo parece não estar nas formas poéticas simplificadas (veja-se que a personagem afirma fazer compor textos bastante simples, como “quadrinhas” e “acrósticos”), e sim à forma da composição futurista.

b) Correta. A personagem afirma “começaram a me tratar de maluco. A me olhar de esguelha. A não me receber mais”. Essa reação levou Pinote a trocar de estética (“fiquei passadista”) visando à sobrevivência e ao sustento da família.

c) Incorreta. Pinote afirma que se converteu em “passadista”, fazendo “quadrinhas” e “reclames”, portanto, não é o preciosismo do público que o julgava, já que essas são composições populares.

d) Incorreta. Não se trata exatamente de refugar o estrangeiro (note-se que o futurismo louva o elemento nacional), mas rejeitar a vanguarda pelo apego aos modelos já canônicos.

e) Incorreta. Ao contrário do ecletismo, a crítica de Oswald à sociedade é sua recusa ao novo, no caso ao futurismo, por apego às formas consagradas.