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Unicamp 2022 - 1ª fase


Questão 51 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Angola na Idade Moderna

A rainha Nzinga (1624-1663), governante seiscentista do Ndongo, um reino da África Central situado na atual Angola, chegou ao poder graças à sua competência militar, à diplomacia bem sucedida, à manipulação da religião e de conflitos entre potências europeias. Ela criou as condições para a primeira sublevação popular mbundu contra a exploração portuguesa ao atrair para sua causa os chefes que estavam sob influência europeia. Depois conquistou o reino vizinho de Matamba e o governou por três décadas junto com o que restou do poderoso reino Ndongo; desafiou treze governadores portugueses que regeram Angola entre 1622 e 1633. Apesar de seus feitos e o longo reinado, comparável ao de Elizabeth I (1503—1603) da Inglaterra, ela foi desacreditada pelos contemporâneos europeus e por autores posteriores.

(Adaptado de Linda Heywood, Nzinga de Angola: a rainha guerreira de África. Lisboa: Casa das Letras, 2017. p. 10-12; 82.)

Com base no excerto e em seus conhecimentos, é correto afirmar que a rainha Nzinga:



a)

Utilizou, como estratégias políticas para conter o avanço português em seus territórios, a formação de alianças com reinos vizinhos (como Congo), a exploração dos conflitos entre Portugal e Holanda e a interferência nas redes do tráfico.

b)

Expulsou os portugueses de Angola e reconstruiu o reino do Ndongo em sua extensão original através da política de distribuição de terras aos sobas que aceitaram a sua legitimidade no trono.

c)

Aboliu o tráfico atlântico de escravizados, apesar da oposição de missionários e comerciantes portugueses que viviam em Luanda, e perseguiu os sobas envolvidos com o comércio.

d)

Enfrentou um mundo onde o imaginário monárquico e o ideário político eram hegemonicamente masculinos e, assim como a Rainha Elizabeth I, não teve sucesso político e militar.

Resolução

A rainha Nzinga Mbandi é uma das personalidades mais famosas e controversas da história centro-africana, além de seu governo ser um dos mais bem documentados do reino do Ndongo. Nzinga passou seus último anos como cristã, após 40 anos de guerra contra os portugueses, sendo sua atuação exemplar da resistência africana contra a dominação europeia. Durante sua trajetória, ficam evidentes as habilidades como estrategista política e miliar da rainha, que utilizou diversas estratégias e artimanhas para se livrar dos cercos empreendidos pelos governantes portugueses durante as guerras angolanas. O termo "guerras angolanas" refere-se principalmente ao período entre 1580-1660, sendo o período entre 1624-1660 o mais acirrado, quando a principal inimiga dos portugues foi a rainha Nzinga. 

a) Correta. Dentre as estratégias adotadas por Nzinga nas Guerras Angolanas, uma foi o apoio concedido aos holandeses no contexto de sua tomada de Luanda, em 1641. A aproximação com a Holanda foi um meio de prejudicar economicamente os portugueses no tráfico atlântico, já que afetava uma valiosa rota de escravos controlada pelos portugueses. Vale lembrar que, nesse contexto, os holandeses tinham sido excluídos da participação no negócio do açúcar no Brasil, devido à formação da União Ibérica (1580-1640). Buscando reatar seu controle no porto de Luanda, a partir de 1645, Portugal envia auxílios militares oriundos da América Portuguesa, levando a um conflito que persistiu até 1648, data de expulsão dos holandeses de Angola. Nzinga também atuou ativamente para prejudicar as redes do tráfico de escravos mantidas por Portugal a partir do estímulo à fuga de escravos, sendo que estes quase sempre permaneciam fiéis a ela e lutavam a seu lado. A rainha concedia também asilo aos escravos fugidos, além de atacar de forma sistemática as feiras onde se realizava o comércio destes. Por fim, Nzinga reuniu em uma grande confederação vários chefes descontentes com a presença portuguesa. Ela se tornou uma referência política ao conseguir agregar mani Congo, os sobas da Quissama, do Lumbo, do Libolo, dos Songo e alguns sobas do Kwanzaem em torno de sua campanha contra os portugueses.
 

b) Incorreta. Não é correto afirmar que Nzinga expulsou os portugueses do Ndongo. Em 1656, após uma série de negociações, ela assinou um acordo de paz. Converteu-se ao cristianismo e permitiu a entrada de portugueses em seu territórios, adotando rituais cristãos. Embora tenha reestabelecido relações comerciais com Luanda, o reino não se tornou tributário de Portugal. 
 

c) Incorreta. Não é correto afirmar que Nzinga tenha abolido o tráfico atlântico de escravizados, embora tenha realizado várias ações visando dificultá-lo, conforme exposto na justificativa da alternativa A. Os sobas, que eram chefes locais, não foram perseguidos por Nzinga. O fato de Nzinga ser descendente dos jagas (grupos de guerreiros nômades que viviam de saques), pela linha paterna, e dos ambundos (grupo étnico banto), pela materna, garantia que ela fosse aceita como rainha por parte dos sobas de vários grupos étnicos.
 

d) Incorreta. O texto da questão afirma que seus feitos e seu longo reinado são comparáveis ao de Elizabeth I, embora Nzinga tenha sido desacreditada por autores posteriores. O exposto na alternativa evidencia as habilidades militares e políticas da rainha, que impressionou mesmo viajantes da época, além dela própria guerrear com destreza.  Vale destacar ainda que, após seu falecimento em 1633, como herança, o reino foi governado durante quase 100 anos por mulheres. 

Questão 52 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Independência dos Estados Unidos

A sociedade é uma benção, mas o governo, mesmo em seu melhor estado, é apenas um mal necessário. No seu pior estado, é um mal intolerável, pois quando sofremos ou ficamos expostos, por causa de um governo, às mesmas desgraças que poderíamos esperar em um país sem governo, nossa calamidade pesa ainda mais ao considerarmos que somos nós que fornecemos os meios pelos quais sofremos. Há algo de muito ridículo na composição da monarquia; primeiro ela exclui um homem dos meios de informação, mas lhe permite agir em casos que requerem capacidade superior de julgamento. A posição de um rei o aparta do mundo; no entanto, a atividade de um rei exige que ele conheça perfeitamente o mundo. Com isso, as diferentes partes, opondo-se de forma antinatural e destruindo uma à outra, provam que essa figura é absurda e inútil.

(Adaptado de Thomas Paine, Senso comum e os direitos do homem. L&PM Pocket. Edição do Kindle – posição 32 a 138.)

O trecho acima foi retirado do panfleto O Senso comum e Os direitos do homem, publicado de forma anônima, em 1776. Com autoria assumida por Thomas Paine, a obra causou grande reação pública. A partir do texto e das informações fornecidas, é correto dizer que o autor



a)

apresenta a Monarquia como um mal necessário e a figura do rei absolutista como absurda e inútil, contudo inquestionável. Paine tornou-se o principal nome contrário à Revolução Americana.

b)

estabelece uma relação direta entre a sociedade e o governo, abrindo espaço para debates acerca do mau governo. O panfleto escrito por Paine tornou-se uma base teórica para a Revolução Americana.

c)

demonstra como regimes autoritários favorecem os meios de informação, para que os homens exerçam suas capacidades de julgamento. Paine usou jornais para combater a Revolução Americana.

d)

considera que sociedades com e sem governos têm os mesmos benefícios, desenvolvendo-se de formas semelhantes. Paine desencorajou o engajamento dos colonos ingleses na Revolução Americana.

Resolução

A questão aborda a participação de Thomas Paine no processo de independência das treze colônias da América do Norte, região colonizada pela Inglaterra e que originaria o país conhecido como Estados Unidos da América, após o processo de emancipação, que pode ser chamado de Revolução Americana. A atuação política e a circulação das ideias de Paine foi fundamental para embasar uma série de reivindicações e propostas dos colonos diante de sua metróple, bem como visões sobre as diversas formas de governo.

Nascido na Inglaterra, Thomas Paine (1737-1809) veio à América em busca de novas oportunidades de atuação e negócios, e engajou-se fortemente na luta pela independência, tanto de maneira direta, tendo lutado na guerra pela emancipação, quanto produzindo material escrito que sistematizasse as discussões políticas do período. Sua obra mais famosa, o planfleto Common Sense (Senso Comum), foi publicado no início de 1776 - o mesmo ano da Declaração de Independência - e faz uma análise direta das formas de governo, sendo extremamente crítico à monarquia e suas instituições, mas também ressaltando que o Estado é um mal necessário, ideias que levam a conclusões sobre a soberania popular e sobre uma possibilidade de governo democrático. Para Paine, qualquer governo retiraria do povo a possibilidade de participação mais intensa e direta, porém, em diversas circunstâncias, o governo seria necessário, ou seja, seria um mal tolerado. Porém, a monarquia lhe parecia uma forma de governo inadequada, principalmente no contexto americano, ou seja, seria um mal intolerável.

O trecho da obra de Paine que serve como texto-base da questão destaca sua crítica da monarquia: o pensador acredita ser algo contrário ao senso-comum uma ilha do outro lado do Atlântico governar um território extenso e diverso como o das colônias; o fato de um governo hereditário e baseado em privilégios controlar colonos que possuem anseios distintos também lhe parece um contrassenso. 

Essas ideias continuam a ser desenvolvidas ao longo do restante da vida de Paine, que também discutiu a Revolução Francesa - tendo ido à Paris durante o processo - e assuntos como a questão agrária e as possibilidades de ampliação de direitos, autonomia de governo e justiça social.

a) Incorreta. Thomas Paine identifica na monarquia uma das piores formas de governo, não sendo, portanto, um mal necessário, mas sim um mal que não deveria ser tolerado. A figura do rei aparece como absurda e inútil, e exatamente por isso, deveria ser questionada, não havendo no pensamento do autor qualquer pudor de se confrontar os soberanos absolutistas. Paine também não foi, de forma alguma, o principal nome contrário à Revolução Americana, mas um de seus grandes apoiadores.

b) Correta. O panfleto de Paine foi uma das principais bases teóricas para o processo de independência e para a formação do governo estadunidense nos anos posteiores. Uma das ideias que mais se destaca é a relação entre a sociedade e o governo. O autor faz uma grande defesa da sociedade, enquanto sempre desconfia do Estado - princípio político bastante caro aos Estados Unidos - mas fornece método para que se discutam as possibilidades da sociedade participar mais diretamente do governo, abrindo caminho para melhorá-lo. Como o próprio texto diz: "A sociedade é uma benção, mas o governo, mesmo em seu melhor estado, é apenas um mal necessário. No seu pior estado, é um mal intolerável (...)". Dessa forma, seu pensamento permite identificar, criticar e se voltar contra os maus governos, ou seja, aqueles que se afastam por demasiado dos anseios da sociedade.

c) Incorreta. O pensamento político expresso no texto e em toda a atuação intelectual e política de Thomas Paine não demonstra que regimes autoritários favorecem os meios de informação, possibilitando aos indivíduos o exercício da sua capacidade de julgamento. O que o autor defende é exatamente o contrário, ou seja, os regimes autoritários dificultariam a circulação de informações, restringindo a capacidade de julgamento do cidadão. Em contraposição a isso, o próprio Paine se utilizou largamente da imprensa e de panfletos para criticar o regime monárquico inglês, em regiões da colônia onde o controle sobre a imprensa não se manifestava de maneira incontornável.

d) Incorreta. Paine foi um grande encorajador do engajamento dos colonos ingleses na Revolução Americana. Ele mesmo era de origem inglesa e lutou contra seu país natal, acreditando que sua ação revolucionária criaria melhores condições de vida e governo nas Américas. Seu pensamento a respeito da comparação entre sociedades com e sem governos não se dá em torno dos benefícios, mas sim em torno dos malefícios, caso a sociedade tenha um governo ruim. Como o autor argumenta: "(...) pois quando sofremos ou ficamos expostos, por causa de um governo, às mesmas desgraças que poderíamos esperar em um país sem governo, nossa calamidade pesa ainda mais ao considerarmos que somos nós que fornecemos os meios pelos quais sofremos". Dessa forma, notamos que Paine afirma que as desgraças em um país com mau governo podem ser equivalentes às de um país sem governo, mas com um agravante: em caso de governo ruim, os cidadãos sofrem um peso maior, já que eles mesmos forneceram os meios para a formação desse governo. Essa última ideia é derivada da noção contratualista de autores como John Locke (1632-1704) e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Segundo esses pensadores, o contrato social consistiria em um acordo entre os indivíduos e o soberano, que abririam mão de parte de sua liberdade e aceitariam ser governados, para que houvesse o estabelecimento de limites e de alguns direitos. No caso de governos que não cumprem os princípios do contrato, o pensamento de Locke defende a rebelião, algo que dialoga intensamente com a Revolução Americana e com Thomas Paine. Ainda na esteira da análise que Paine faz da responsabilidade da população por um governo ruim, podemos concluir também o seguinte: para o autor, não se rebelar contra um governo injusto consistiria em redobrar o peso que aquela sociedade já sente pelas ações arbitrárias do Estado, além de representar uma conivência com o sofrimento da sociedade como um todo.

Questão 53 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Independência da América Espanhola Processo de Independência do Brasil

Não parece ser obra do acaso a preservação da unidade territorial do Império do Brasil, quando comparada à fragmentação política experimentada pelos antigos vicereinos hispano-americanos, entre 1810 e 1825. Em Lisboa, no âmbito da Sociedade Real Marítima e Militar (1798- 1807), foram preparadas memórias históricas, corográficas e roteiros hidrográficos redigidos pelos engenheiros militares e navais. Esta documentação serviu à diplomacia do Império brasileiro nos tribunais internacionais; mas também, muniu, internamente, a organização das expedições de conquista territorial, levadas ao cabo pelas elites regionais antes e após a Independência.

(Adaptado de Iris Kantor, Mapas em trânsito: projeções cartográficas e processo de emancipação política do Brasil (1779-1822). Araucaria. Ver. Iberoamericana de Filos., Polít. y Humanidades. 2010, 12, n. 24. p. 110.)

Considerando o excerto acima e seus estudos, pode-se afirmar que



a)

o processo de fragmentação política da América hispânica durante o período da independência foi similar ao processo histórico da independência no Brasil.

b)

na Sociedade Real Marítima e Militar, os estudos dos engenheiros militares e navais eram documentos públicos amplamente divulgados em livros didáticos da época.

c)

a documentação da Sociedade Real Marítima e Militar foi usada, no Brasil, na fundação do Estado e no reconhecimento territorial da nação.

d)

as elites regionais, formadas em Direito, atuaram na formação do território brasileiro, pouco dialogando com os estudos de engenharia militar.

Resolução

A Sociedade Real Marítima e Militar - o nome integral da instituição era Sociedade Real, Marítima, Militar e Geográfica para o Desenho, Gravura e Impressão das Cartas Hidrográficas, Geográficas e Militares - foi estabelecida em Portugal no ano de 1798, durante o governo de D. Maria I. 
O objetivo da sociedade era centralizar os trabalhos de cartografia do império português, que até então possuíam uma relativa dispersão. Essa proposta atinge também as colônias, e, de maneira destacada, o Brasil, que seria palco de diversos trabalhos cartográficos, principalmente durante a regência de D. João, que se inicia em 1792. 
Embora as Guerras Napoleônicas tenham desorganizado o governo português, que encerra a Sociedade Real Marítima e Militar em 1807, a vinda da família real ao Brasil e o estabelecimento da sede imperial na colônia faz com que diversos trabalhos cartográficos e de estudo do território americano ocorram ao longo do Período Joanino (1808-1821). Alguns documentos produzidos ao longo da existência da sociedade foram trazidos para a colônia, possibilitando seu uso no contexto brasileiro, algo observado não só durante o período colonial, mas também ao longo e após o processo de independência

a) Incorreta. Os processos de independência da América hispânica e da América portuguesa foram bastante distintos, e não similares, como afirma a alternativa. Enquanto o território colonial da Espanha se fragmentou em diversos países, o Brasil se consolidou como um império com território unificado. Essa diferença possui várias explicações: a distinção entre os projetos representados pelas elites locais na América hispânica; o fato da independência do Brasil ter sido conduzida pelo herdeiro do trono português; a mudança no estatuto de colônia do Brasil com a abertura dos portos ordenada por D. João em 1808 e, posteriormente, com a elevação a Reino Unido com Portugal, em 1815; a adesão de parte dos representantes criollos (descendentes de espanhois nascidos na América) defensores da emancipação a projetos republicanos e abolicionistas; a vitória do império brasileiro em diversas guerras pós-independência, travadas contra províncias que resistiam ao processo de emancipação, como a Cisplatina, o Piauí e a Bahia. Dentre essas causas, destaca-se a atuação da própria família real portuguesa no andamento do processo de independência do Brasil, levando a uma série de continuidades no novo país que surgiu em 1822. Dessa forma, percebemos que os estudos traçados pela Sociedade Real Marítima e Militar puderam ser usados, no contexto brasileiro, tanto no Período Colonial quanto nos anos em que a família real aqui estava e também quando o país já havia alcançado sua independência, demonstrando uma continuidade no planejamento sobre o território brasileiro.

b) Incorreta. Os documentos produzidos pela Sociedade Real Marítima e Militar não foram amplamente divulgados em livros didáticos ou em qualquer outro meio. Era uma documentação voltada às autoridades políticas, militares e diplomáticas de Portugal, e posteriormente, do Brasil Joanino e do Império Brasileiro.

c) Correta. Embora a sociedade abordada pela questão tenha sido criada em contexto português, e tenha se encerrado antes que o Brasil fosse independente, o material por ela produzido serviu de base para o delineamento do território nacional no momento de fundação do império brasileiro. Quando o país se tornou independente, em 1822, os documentos cartográficos produzidos no âmbito da sociedade puderam ajudar a estabelecer o que era o território brasileiro, algo central para a fundação de um Estado e para as definições de sua extensão e limites territoriais. As próprias guerras travadas por D. Pedro I para garantir a unidade do território expressam a visão geográfica que o novo império brasileiro possuía, visão em parte derivada dos estudos cartográficos e da diplomacia portuguesa: se uma guerra foi travada contra uma província para impedir seu desligamento do país, é porque se defendia que aquela provincia era parte integrante do território do Brasil.

d) Incorreta. É possível considerar que as elites regionais atuaram na formação do território brasileiro e que parte expressiva de seus componentes - como os filhos de grandes proprietários - eram formados em Direito. Porém, para essa formação, foi necessário um diálogo com os engenheiros militares e com seus projetos e estudos, não sendo viável afirmar, como o faz a alternativa, que não houve essa comunicação ou junção de ideias. O projeto cartográfico, militar e geográfico que se desenvolve no início da consolidação do Estado brasileiro não provém apenas de uma estrutura ligada ao Direito ou à cartografia militar, mas sim a uma junção desses elementos. Para além do reconhecimento do território, é necessário que exista uma ação político-diplomática para consolidá-lo como parte do país, e também que seja elaborado um conjunto de normas legais que mantenham esse território sob domínio jurídico do Estado recém-formado. Dessa maneira, há uma união de interesses de algumas elites locais e do nascente império brasileiro, e uma utilização em conjunto da engenharia militar-cartográfica e do Direito.

Questão 54 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

República Velha Processo de Independência do Brasil

No início da década de 1920, o Brasil se preparou para celebrar os cem anos de sua independência na Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil, um de seus momentos simbólicos mais significativos. Ocorrido na cidade do Rio de Janeiro, entre 7 de setembro de 1922 e 2 de julho de 1923, o evento mobilizou grandes recursos financeiros e foi responsável pela reordenação do espaço urbano. O Estado, por meio da comissão organizadora do evento, incentivou pela primeira vez a realização de documentários fílmicos.

(Adaptado de Eduardo Morettin, Um apóstolo do modernismo na Exposição Internacional do Centenário: Armando Pamplona e a Independência. Film. Significação, 2012, n. 37, p. 77.)

A partir do texto, assinale a alternativa correta sobre o evento do centenário da independência.

 



a)

Este evento apostou no cinema e na exposição para exibir de modo tradicional, aos brasileiros, um país ibérico, associado às navegações modernas.

b)

Esta política de celebração de centenários datava do século XIX, envolvendo esporadicamente os serviços diplomáticos do ocidente.

c)

A política de associar o cinema à exposição do centenário da independência evidencia uma vontade do Estado em propagandear um país moderno.

d)

O cinema e a exposição eram veículos de propaganda política, continuando um projeto de tornar o Rio de Janeiro o cartão postal da monarquia brasileira.

Resolução

a) Incorreta. O cinema era considerado um símbolo do progresso tecnológico e da modernidade humana, sendo incorreto caracterizá-lo como um modo tradicional de propaganda. Ademais, tanto a exposição como o cinema eram recursos que buscavam também uma repercussão internacional, não sendo veículos de propaganda restrito aos brasileiros. Por fim, uma última imprecisão da alternativa seria sugerir que o Brasil buscava se propor um país “ibérico”. No evento, embora enaltecesse os vínculos históricos, culturais e linguísticos com Portugal, apresentado como a pátria-mãe do Brasil, havia, concomitantemente, um deliberado intuito em também destacar e reconhecer as singularidades brasileiras.

b) Incorreta. Conforme o próprio nome sugere, as Exposições Universais tinham o intuito de atingir considerável repercussão internacional. Para tal, contavam com a presença de delegações diplomáticas e pavilhões expositivos de diversas nações estrangeiras. Na Exposição Universal de 1922, por exemplo, participaram delegações diplomáticas dos Estados Unidos, da Argentina, da Bélgica, da França e de Portugal.

c) Correta. À época da Exposição Universal do Rio de Janeiro, o cinema era considerado uma notável inovação tecnológica, um verdadeiro símbolo da modernidade e do progresso material da humanidade. Seu uso na Exposição servia tanto como um meio de propagandear as singularidades e as riquezas da nação brasileira, bem como tornar-se por si próprio um símbolo do avanço tecnológico brasileiro. Para tal, a Comissão Organizadora da Exposição realizou concursos, financiamento e projeções de filmes que exaltassem a especificidade da nação brasileira no concerto geral das civilizações, bem como destacassem seu progresso e avanço material. Como resultado, filmes como “No país das amazonas” (1922) e “Terra Encantada” (1923), ambos de Silvino Santos, e “Companhia Fabril de Cubatão” (1922), de João de Sá Rocha, foram apresentados ao público durante o evento, atraindo a atenção do presentes como também elogiosos destaques nos jornais da época.

d) Incorreta. Embora o cinema e a exposição fossem veículos de propaganda política, não é possível afirmar que havia o intuito de enaltecer o Rio de Janeiro como “cartão-postal da monarquia brasileira”. A Exposição de 1922 ocorreu durante o regime republicano, sem prestigiar uma suposta característica política monárquica do Brasil em suas atrações.

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Introdução ao estudo de história Idade Contemporânea

É uma tarefa difícil realizar um diagnóstico do tempo presente. Definir o presente como “época”? Os marcos canônicos (geralmente de natureza política) variam, sabidamente, ao gosto das experiências nacionais. Na França, na península Ibérica e no Brasil, o marco que define o início da história contemporânea é a Revolução Francesa. Na Alemanha e na Inglaterra, o historiador que se dedica à história contemporânea trabalha preferencialmente com eventos posteriores à II Guerra Mundial. Contemporânea, na Rússia, é a história posterior a 1918. Na Itália, por sua vez, trata-se do período que advém após o Congresso de Viena (1814-1815).

(Adaptado de Helena Miranda Mollo, Sergio da Mata, Mateus Henrique de Faria Pereira e Flávia Varella, Tempo presente & usos do passado. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012. Posição Kindle: 107-111.)

A partir da leitura do texto, é correto afirmar que



a)

o recorte temporal de História Contemporânea é natural e consensual entre as civilizações ocidentais e resume o que podemos definir como História do Tempo Presente.

b)

experiências traumáticas marcadas, por exemplo, pelas duas grandes guerras mundiais, definem nossa experiência de tempo presente e delimitam o início da História Contemporânea.

c)

as balizas cronológicas da História que definem as periodizações usadas pelas grandes narrativas históricas e livros escolares são de natureza política, variando de acordo com as experiências nacionais.

d)

os riscos de se construir narrativas múltiplas sobre a história do tempo presente tornam urgente uma revisão histórica que estabeleça balizas cronológicas universais na linearidade do tempo histórico.

Resolução

A questão parte de uma problematização a respeito do estabelecimento de períodos tradicionais para o estudo da história e da multiplicidade de caminhos possíveis para se delimitar o que se chama de História Contemporânea.
Essa forma tradicional de periodização, notadamente ocidental e eurocêntrica, costuma estabelecer faixas de tempo como Pré-História, Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Todas teriam seus marcos específicos. Dessa forma, a Pré-História se encerraria com a introdução da escrita; a Antiguidade com a queda do Império Romano do Ocidente em 476; a Idade Média com a tomada de Constantinopla em 1453 e a Idade Moderna com a Revolução Francesa em 1789. Esses são marcos muito caros à Europa e à história ocidental e, de acordo com essa visão, a Idade Contemporânea se iniciaria com a Revolução Francesa. Ou seja, a história dos acontecimentos mais recentes teria início em finais do século XVIII. Porém, como o texto da questão discute, esses marcos dependem de contextos específicos, o que leva a mais de um caminho interpretativo sobre determinado marco ou período histórico.

a) Incorreta. O recorte temporal para a História Contemporânea não pode ser chamado de natural, já que se trata de uma construção metodológica e ideológica realizada por estudiosos e outros atores sociais. Sendo, portanto, uma construção humana, não pertence ao universo das coisas naturais. Não se trata também de um recorte consensual entre as diversas civilizações, já que o próprio texto da questão demonstra que a noção de História Contemporânea varia de região para região e de contexto para contexto. Por exemplo: para os franceses, o marco da contemporaneidade seria a Revolução Francesa, enquanto para os russos seria o momento posterior a 1918, ou seja, o final da Primeira Guerra Mundial e o período no qual os efeitos da Revolução Russa foram sentidos. O marco se refere sempre a um momento de grandes transformações em determinada sociedade, e como as sociedades não se movimentam todas em conjunto, é impossível determinar o mesmo marco para todas.

b) Incorreta. Embora as duas guerras mundiais tenham estabelecido experiências traumáticas, não se pode estabelecer o período posterior a elas como fronteira de períodos históricos e início da Idade Contemporânea para todas as sociedades. Por mais globais que esses conflitos tenham sido, eles não afetaram por igual todas as sociedades do mundo. As duas grandes guerras podem ser relacionadas ao início da história contemporânea em países como Rússia, Inglaterra e Alemanha, mas essas experiência não pode ser generalizada.

c) Correta. O estabelecimento de recortes temporais, seja para estudos mais específicos quanto para a divulgação e o ensino da história, depende de uma série de condições, dentre as quais a natureza política, que varia de país para país. As experiências nacionais são marcadamente distintas, já que a história desses países podem diferir consideravelmente. Dessa forma, existe uma política voltada ao que lembrar e ao que esquecer, ao que destacar e ao que deixar de lado. Essas decisões políticas não partem apenas de governos, mas também da intencionalidade e dos projetos dos próprios pesquisadores e autores de historiografia. Também não são decisões monolíticas, podendo sofrer alterações de tempo para tempo, o que nos leva a refletir sobre a questão da memória histórica e sobre a necessidade de se buscar constantemente novas perspectivas historiográficas.

d) Incorreta. O estabelecimento de narrativas múltiplas pode gerar tentativas de revisionismo histórico, sendo que algumas delas podem ser socialmente prejudiciais, afetando grupos e até mesmo o conhecimento já estabelecido. Um exemplo de revisionismo danoso ao debate histórico e à sociedade como um todo é a negação em torno do Holocausto, que gera combustível para o neonazismo e para o pensamento antissemita. Outra dinâmica revisionista é a desvalorização da figura de Zumbi dos Palmares e da existência dos quilombos no Brasil colonial, feita com base em informações distorcidas e conclusões conduzidas não pela prática histórica séria, mas sim pelo claro projeto político de atacar o movimento negro no Brasil atual. Porém, a possibilidade de revisionismo não deve fazer com que se estabeleçam balizas temporais universais, já que a experiência histórica não é universal. Se diferentes experiências históricas existem, criar marcos universais seria negar a multiplicidade cultural, política e social de diferentes povos e grupos. Assim, o universalismo geraria um apagamento e uma falta de perspectiva diversificada, o que representa algo profundamente anti-histórico e gerador de distorções graves e redutoras. A negação do universalismo inclusive nos fornece ferramentas metodológicas para realizar a contraposição às narrativas únicas, evitando uma homogeneização do estudo da história e trazendo para o palco historiográfico a importância da apuração de diversas fontes e do debate pluralista.

 

Questão 56 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Movimentos Sociais (Sociologia) Ditadura Militar

No Brasil, um exemplo de história que precisa ser narrada é a dos movimentos em defesa dos direitos que hoje reconhecemos como movimentos LGBTQIA+. Tais movimentos eclodiram como um ato de resistência em plena ditadura civil-militar, marcada pela repressão e por ideais conservadores. Naquele contexto, a busca por visibilidade passou a ser compreendida como um dos elementos fundamentais para a conquista da cidadania. Entre outras coisas, os ativistas defendiam que os direitos políticos, sociais e civis tornam-se socialmente legítimos para os cidadãos quando envolvem o direito aos meios de comunicação e à livre expressão.

(Baseado em Vinicius Ferreira e Igor Sacramento, Editorial: Movimento LGBT no Brasil: violências, memórias e lutas. Reciis – Rev Eletron Comun Inf Inov Saúde. 2019 abr.-jun.13(2): p. 234-239.)

A partir da leitura do texto, assinale a alternativa correta acerca da historicidade dos movimentos políticos identitários e suas estratégias políticas de ação.



a)

Esses movimentos eclodiram na segunda metade do século XX, foram perseguidos e silenciados pela ditadura militar e retornaram à cena pública após a instauração de um regime democrático.

b)

Por sua capacidade de obter alcance social, desde a década de 1970, as mídias são ferramentas para a construção de uma cidadania plena, sendo a busca por visibilidade, portanto, uma das estratégias de ação do movimento LGBTQIA+.

c)

O Brasil do século XX construiu-se como uma democracia racial, o que garantiu aos movimentos políticos e identitários nacionais o acesso aos direitos civis, políticos e sociais, esvaziando as agendas dos militantes LGBTQIA+.

d)

Na atualidade, a onda de crimes de homofobia e transfobia estimulam o movimento LGBTQIA+ a rever a pauta da visibilidade dos sujeitos, tornando a militância mais discreta e voltada para o espaço privado da ação dos indivíduos.

Resolução

O exercício traz um tema clássico da sociologia: movimentos sociais. Reconhecidos pelas ciências humanas como importantes instrumentos de luta no avanço e consolidação dos direitos civis, políticos e sociais, na construção da cidadania e da democracia, os movimentos sociais são grupos articulados que, por meio de ações coletivas, buscam visibilidade social abrindo diálogos com a sociedade civil e, na medida do possível (a depender dos sistemas de governo dos locais que atuam), com a burocracia estatal. Surgiram no século XIX, na Europa, por meio da atuação da classe trabalhadora, no contexto das reivindicações de cunho empregatício. No século XX,  também ganha espaço nos Estados Unidos, na América Latina e no restante do mundo, ampliando, inclusive, seu escopo de ação. Daí podermos falar em movimentos sociais protagonizados por mulheres, negros, ambientalistas ou, como é o caso da questão, movimento sociais LGBTQIA+. Considerando tais informações, temos:

a) Incorreta. Embora o avanço da internet e a chegada das redes sociais tenham dado maior visibilidade às lutas dos movimentos sociais LGBTQIA+, não podemos afirmar que tais grupos tenham sido silenciados pela Ditadura Militar brasileira e só tenham "retornado à cena pública" depois da redemocratização. Na esteira da contracultura do final da década de 60, movimentos sociais, ao redor de boa parte do globo, inclusive no Brasil,  reivindicavam liberdades sexuais, respeito às diferenças e igualdade de todos, indistintamente. Essas lutas continuaram, a despeito das arbitrariedades de governos autoritários.

b) Correta. As mídias são, sim, ferramentas para a construção de uma cidadania plena, na medida em que são instrumentos para a garantia e efetivação de determinadas liberdades individuais e coletivas, tais como a liberdade de expressão e os direitos aos meios de comunicação, como afirma o texto. São, além disso, importantes mecanismos de visibilidade, dado seu alcance social, conforme apontado pela alternativa. Aliás, justamente por isso, não apenas os movimentos LGBTQIA+ buscam tais recursos. A visibilidade das mídias, já há muito, é fundamental para qualquer movimento social, para qualquer luta cidadã e democrática.

c) Incorreta. A alternativa faz uma afirmação que, embora seja parcialmente aceita pelo senso comum, não tem nenhuma validade do ponto de vista das Ciências Sociais: "O Brasil do século XX construiu-se como uma democracia racial". A ideia de que, no Brasil, o racismo não foi estrutural, fundamental para o entendimento da formação de nosso povo, não encontra legitimidade na atual Sociologia. É também incorreto afirmar que a suposta democracia racial brasileira teria esvaziado a agenda LGBTQIA+, como se os movimentos sociais com esse enfoque não mais tivessem pautas de lutas.

d) Incorreta. Os movimentos sociais LGBTQIA+, diferentemente do que afirma a alternativa, buscam cada vez mais dar visibilidade às pautas que objetivam (as pautas de direitos civis, sobretudo), buscando, para tanto, abrir diálogos nas mais variadas instâncias, para conversar, inclusive, sobre as dores que seus integrantes sofrem quando, por conta dos preconceitos, são ofendidos em sua dignidade ou têm sua cidadania "diminuída", seja nas agressões homofóbicas ou nos outros meios de violência. Há de se falar. "Não ao silêncio" é um dos imperativos desses grupos, assim como a ideia de que "o privado é político". 

 

Questão 57 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Movimento Circular

Sempre que necessário aproxime π = 3.

Em 2018, a NASA lançou a sonda Solar Parker com o objetivo de estudar o Sol. Para isso, ao longo de suas órbitas, a sonda se aproximará gradativamente da estrela, coletando dados a cada passagem. Em abril de 2021, a Solar Parker fez sua oitava aproximação, atingindo dois novos recordes de artefatos realizados pelo homem: maior velocidade e máxima aproximação do Sol.


Uma sonda viaja a uma velocidade de módulo constante igual a v=5×105 km/h (aproximadamente a velocidade atingida pela sonda em abril de 2021), tangenciando a superfície da Terra ao longo da Linha do Equador. Em uma hora, aproximadamente quantas voltas a sonda dá em torno da Terra?

Dado: Raio da Terra RTerra=6,0×103 km.



a)

83.

b)

30.

c)

14.

d)

0,5.

Resolução

Como o módulo da velocidade da sonda é constante e está tangenciando a superfície da Terra ao longo da Linha do Equador, temos uma situação de movimento circular e uniforme.

A distância que a sonda percorre ao completar n voltas será

Δs=n·2π·RTerra=n·2·3·6·103

Δs=n·36·103 km.

Neste exercício não é necessário converter as unidades para o Sistema Internacional de unidades, pois as unidades de distância e tempo, em todas as grandezas físicas do problema, estão em km e h, respectivamente. Com isso,

v=ΔsΔt

5·105=n·36·1031

n=5·10536·1030,14·102

n14 voltas

Portanto, a alternativa correta é a c.

 

 

Questão 58 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Aceleração da Gravidade

Sempre que necessário aproxime π = 3.

Em 2018, a NASA lançou a sonda Solar Parker com o objetivo de estudar o Sol. Para isso, ao longo de suas órbitas, a sonda se aproximará gradativamente da estrela, coletando dados a cada passagem. Em abril de 2021, a Solar Parker fez sua oitava aproximação, atingindo dois novos recordes de artefatos realizados pelo homem: maior velocidade e máxima aproximação do Sol.


A força gravitacional exercida pelo Sol sobre a sonda Solar Parker tem módulo dado por FSol=GMm/r2, sendo G6,7×10-11N·m2/kg2⋅ a constante gravitacional universal, M=2,0×1030 kg a massa do Sol, m a massa da sonda, e r a distância entre a sonda e o centro do Sol. Sendo r=1,0×107 km (aproximadamente a distância atingida pela sonda em abril de 2021), qual é o módulo da aceleração gravitacional do Sol na referida posição?



a)

6,7×10-29 m/s2.

b)

1,34 m/s2.

c)

9,8 m/s2.

d)

2,0×1010 m/s2.

Resolução

A aceleração da gravidade do Sol em um ponto distante r dele é dada por g=GMr2. Este resultado pode ser obtido a partir da expressão dada no enunciado para a intensidade da força gravitacional:

FSol=mgFSol=GMmr2mg=GMmr2g=GMr2.

Como todas as alternativas indicam valores no Sistema Internacional de Unidades, devemos utilizar todas a grandezas físicas no SI. Tendo isto em mente, e lembrando que 1 km=103 m,

r =1,0·107 km = 1010 m.

Substituindo os valores para o cálculo da aceleração da gravidade, temos

g=6,7·10-11·2·103010102=13,4·10191020

g1,34 m/s2.

Logo, a alternativa correta é a b.

Questão 59 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Órbitas Circulares (Satélites)

Em abril de 2021 faleceu o astronauta norte-americano Michael Collins, integrante da missão Apolo 11, que levou o primeiro homem à Lua. Enquanto os dois outros astronautas da missão, Neil Armstrong e Buzz Aldrin, desceram até a superfície lunar, Collins permaneceu em órbita lunar pilotando o Módulo de Comando Columbia


A órbita do Columbia era aproximadamente circular, e o módulo da aceleração gravitacional na órbita era  gorb=1,4 m/s2. A força resultante centrípeta é desempenhada pela força gravitacional exercida pela Lua, ou seja, Fcp=mcolumbia gorb. Sendo o módulo da velocidade do Columbia v = 1600m/s, qual foi aproximadamente o período T da órbita?



a)

 T = 20 min.

b)

 T = 2,0 h.

c)

 T = 3,0 h.

d)

 T = 4,0 h.

Resolução

Na órbita circular sob ação apenas da força gravitacional, esta atua como força resultante centrípeta. Como a força resultante centrípeta é dada, em módulo, por Fcp=mv2R, em que R é o raio da órbita. A partir da expressão vetorial dada no enunciado, podemos concluir que o módulo da força centrípeta é dado por Fcp=mgorb, logo é possível determinar o raio da órbita. Em unidade do SI:

mv2R=mgorb

R=v2gorb.

Em uma volta, o deslocamento escalar é Δs=2πR, como o movimento é uniforme na órbita circular, temos, novamente em unidades do SI, para o período,

v=2πRT

T=2πRv=2πv·v2gorb=2πvgorb

T=2·3·16001,4s=6·16001,4·60min

T=1601,4min

T=1601,4·60hT1,9h.

Portanto a melhor alternativa é a b, indicando 2 horas.

Questão 60 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Energia na Mecânica

Em abril de 2021 faleceu o astronauta norte-americano Michael Collins, integrante da missão Apolo 11, que levou o primeiro homem à Lua. Enquanto os dois outros astronautas da missão, Neil Armstrong e Buzz Aldrin, desceram até a superfície lunar, Collins permaneceu em órbita lunar pilotando o Módulo de Comando Columbia


A viagem desde o Columbia até a superfície da Lua foi realizada no Módulo Lunar Eagle, formado por dois estágios: um usado na descida e outro, na subida. A massa seca do estágio de subida, ou seja, sem contar a massa do combustível (quase totalmente consumido na viagem de volta), era m2500 kg. Considere que o módulo da aceleração gravitacional seja aproximadamente constante e dado por ggorb=1,4 m/s2 desde a superfície lunar até a órbita do Columbia, que se situava a uma altitude h=110 km. Qual é a variação da energia potencial gravitacional do estágio de subida (massa seca que reencontra o Columbia) na viagem de volta?



a)

a) 3,85 × 105 J

b)

b) 2,75 × 108 J.

c)

c) 3,85 × 108 J.

d)

d) 2,75 × 109 J.

Resolução

Como a aceleração gravitacional é constante em toda a viagem de volta, desde a superfície lunar até a órbita do Columbia, temos que a variação de energia potencial gravitacional é dada pela diferença entre as energias potenciais final e a incial:

ΔEpot=Efinal-Einicial.

Utilizando unidades do SI, a altura inicial hi na superfície lunar é nula e a altura final é

hf=110 km = 110·103 m.

Com isso,

ΔEpot = m·g·hf-m·g·hi

ΔEpot = 2500·1,4·110·103-0

ΔEpot=385 000·103ΔEpot=3,85·108 J.

Portanto, a alternativa correta é a c.