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Unesp 2021 - 1ª fase - dia 2


Questão 31 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Idade Média

Entende-se hoje que a civilização medieval, apesar de limitada segundo os padrões atuais, dava ao homem um sentido de vida. Ele se via desempenhando um papel, por menor que fosse, de alcance amplo, importante para o equilíbrio do Universo. Não sofria, portanto, com o sentimento de substituibilidade que atormenta o homem contemporâneo. O medievo se sentia impotente diante da natureza, mas convivia bem com ela. O ocidental de hoje se sente a ponto de dominar a natureza, por isso se exclui dela.

(Hilário Franco Júnior. A Idade Média: nascimento do Ocidente, 1988.)


O “papel de alcance amplo”, “importante para o equilíbrio”, representado pelas pessoas que viviam na Idade Média, pode ser associado, entre outros fatores, 



a)

à infixidez das relações sociais de trabalho, estabelecidas a partir da possibilidade de ascensão social e da proibição de desrespeitar o rei.

b)

ao reconhecimento do caráter diminuto de todo ser humano ante a grandiosidade da natureza e do conhecimento técnico-científico.

c)

à percepção religiosa de que o homem está integrado ao mundo, ligado diretamente a Deus e é objeto de uma contínua luta entre o bem e o mal.

d)

ao sentimento de pertencer à espécie humana, dotada de razão e com liberdade e autoridade para agir de acordo com sua vontade.

e)

à identificação dos homens como dotados de livre-arbítrio, capazes de decidir seu destino e de recusar interferências humanas ou divinas.

Resolução

a) Incorreta. Não podemos afirmar que a sociedade medieval era marcada pela infixidez (falta de constância) das relações sociais de trabalho. Tratava-se de uma sociedade estamental na qual as possibilidades de ascensão social eram menores, sendo os grupos rigidamente dividido em "os que oram (clero), os que guerreiam (nobres) e os que trabalham (servos). Conforme sugerido pelo texto, a sociedade contemporânea apresenta maior grau de flexibilidade e mobilidade social e tais fatos acabam gerando mais incertezas ao período atual. 
b) Incorreta. O sentimento de inferioridade ao conhecimento técnico-científico não possuía não era um critério relevante na sociedade medieval, pois  tratava-se de uma sociedade teocêntrica, ou seja, que possuía Deus como parâmetro fundamental. Nesse sentido, a alternativa seria correta caso mencionasse o reconhecimento do caráter diminuto de todo ser humano ante a grandiosidade divina. 
c) Correta. Conforme a alternativa aponta, o medievo sentia-se conformado por estar inserido dentro de um grande projeto divino, mesmo que ocupando de um papel menor. Dessa forma, o que se sobressaía era a relevância de estar colaborando e participando dos planos divinos e na sua luta permanente contra as forças do mal.
d) Incorreta. As afirmativas dessa alternativa estão mais apropriadas para descrever o pensamento dos homens renascentistas (séculos 14 até 16), que valorizavam o humanismo, o antropocentrismo e a razão. Tais expressões inauguraram o mundo moderno, mas não podem exemplificar as crenças de uma sociedade medieval, época em que a razão estava submetida a vontade divina, ou seja, tinha um caráter teocêntrico.
e) Incorreta. Os homens medievais jamais recusariam receber a influência da vontade divina em suas vidas. Conforme o próprio texto base da questão afirma, era a concepção de desempenhar um papel importante para o equilíbrio do Universo que dava ao homem um sentido de vida. Esse aspecto individualista, do homem como senhor de seu destino, foi própria do período moderno, especialmente a partir do movimento renascentista (séculos 14 a 16).

Questão 32 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Idade Média

Entende-se hoje que a civilização medieval, apesar de limitada segundo os padrões atuais, dava ao homem um sentido de vida. Ele se via desempenhando um papel, por menor que fosse, de alcance amplo, importante para o equilíbrio do Universo. Não sofria, portanto, com o sentimento de substituibilidade que atormenta o homem contemporâneo. O medievo se sentia impotente diante da natureza, mas convivia bem com ela. O ocidental de hoje se sente a ponto de dominar a natureza, por isso se exclui dela.

(Hilário Franco Júnior. A Idade Média: nascimento do Ocidente, 1988.)


A afirmação do texto de que, diferentemente do medieval, o homem contemporâneo “se sente a ponto de dominar a natureza, por isso se exclui dela” pode ser justificada pela



a)

incerteza diante do futuro, gerada pela impossibilidade de impedir terremotos e outras catástrofes naturais. 

b)

celebração do progresso e do domínio tecnológico, difundida sobretudo a partir da Revolução Industrial. 

c)

visão dessacralizada da natureza, proporcionada pelo ateísmo propagado depois da Revolução Russa. 

d)

superação dos perigos naturais, proporcionada pela atual capacidade de controlar o clima planetário. 

e)

descrença em relação ao futuro, nascida com a visualização da barbárie das duas guerras mundiais. 

Resolução

a) Incorreta. A alternativa é contraditória com o próprio argumento do texto apresentado no comando da questão,  segundo o qual, o ocidental de hoje "se sente a ponto de dominar a natureza". A partir do início da Revolução Industrial no final do século 18, o homem passou a acreditar que a ciência levaria a um grau tão elevado de progresso que seria possível controlar a própria natureza, inclusive os fenômenos naturais citados na alternativa.
b) Correta. O avanço do progresso tecnológico gerado a partir da industrialização do final do século 18 e ao longo do século 19 ocasionou na celebração da crença no ideal de um progresso infinito da humanidade. Essa visão foi reforçada ainda na Belle Époque (período entre as últimas décadas do século 19 e início da Primeira Guerra Mundial), fase na qual viveu-se uma euforia com as descoberta científicas e criou-se a ilusão de que, por meio da tecnologia, todos os problemas da humanidade seriam resolvidos.
c) Incorreta. As visões de um progresso científico da humanidade estão ligadas ao fenômeno da Revolução Industrial (séc. 18 e 19), sem relação com ideais ateístas ou com uma dessacralização (deixar de possuir caráter sagrado) da natureza. Ao contrário, de modo geral, as crenças religiosas foram conciliadas com as descobertas científicas, sem invalidá-las para boa parte das pessoas. O acontecimento da Revolução Russa em 1917 não possui, portanto, qualquer relação com a origem dessa discussão.
d) Incorreta. Embora o pensamento cientificista tenha se incorporado a mentalidade conteporânea, não é possível afirmar que a humanidade considere possuir conhecimentos para controlar o clima do planeta. Os perigos advindos do aquecimento global, por exemplo, são cada vez mais conhecidos e evidentes, de modo que alguns cientistas consideram inclusive que esse processo já atingiu patamares irreversíveis. 
e) Incorreta.  A afirmação do texto sugere que o homem se sente "a ponto de dominar a natureza", não se relacionando, portanto, com a ideia de descrença, mas sim de confiança no progresso científico. Nesse sentido, a concepção de que o homem conseguiria dominar a natureza não possui nenhuma relação com a ocorrência das duas Guerras Mundiais, na primeira metade do século 20. Podemos afirmar ainda que as guerras alertaram aos seres humanos que os avanços da ciência podem resultar em sua aniquilação, apresentando uma crítica aos ideias de separação entre o homem e a natureza, ao contrário do viés proposto pelo texto sobre sua dominação.

Questão 33 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Mercantilismo

As práticas econômicas mercantilistas são frequentemente relacionadas aos Estados modernos e representam



a)

uma concentração de capitais, alcançada principalmente por meio da exploração colonial e de mecanismos de proteção comercial.

b)

uma difusão do comércio em escala mundial, obtida com a globalização da economia e a multipolaridade geoestratégica.

c)

uma redução profunda no grau de intervenção do Estado na economia, que passou a ser gerida pelos movimentos do mercado.

d)

o resultado da concentração do poder político nas mãos de governantes que defendiam, sobretudo, os valores e interesses da burguesia industrial.

e)

o combate sistemático às formas compulsórias de trabalho, que impediam o crescimento dos mercados consumidores internos nos países europeus.

Resolução

a) Correta. O mercantilismo foi um conjunto de práticas econômicas dos Estados Modernos europeus naquele período (séculos 15 a 18). Em geral, desejavam obter balança comercial favorável, ou seja, exportações que superassem as importações. Nesse sentido, buscavam conquistar colônias e explorá-las por meio do exclusivismo comercial. Também era praticado o metalismo (obtenção de fontes de ouro e prata), o protecionismo alfandegário e a concessão de monopólios comerciais por meio do rei.
b) Incorreta. Embora alguns autores considerem que o atual estágio de uma economia mundializada e globalizada tenha se originado na época do mercantilismo da idade moderna (séculos 15 a 18), não podemos afirmar que o período em questão já fosse caracterizado predominantemente por esses processos. A multipolaridade geoestratégica consiste na formação de novos polos econômicos regionais no espaço mundial, com destaque para países como EUA, Europa Ocidental, Japão, Rússia, China, Índia, Br, África do Sul, entre outros. Esse processo remete à Nova Ordem Mundial, iniciada com o fim da URSS em 1991, ou seja, período bem posterior ao abordado pela questão. 
c) Incorreta. A época mercantilista foi marcada por grande intervenção dos governos absolutistas no processo econômico, uma vez que o comércio era regulado pela concessão de monopólios pelo rei, havia altas taxas alfandegárias e a exploração colonial por meio da exclusividade de comércio.
d) Incorreta. Nesse período não havia uma burguesia industrial, mas sim comercial. A Revolução Industrial aconteceu apenas no final do século 18 na Inglaterra e vai marcar a transição para o período Contemporâneo.
e) Incorreta. Era prática corrente dos estados modernos europeus a imposição aos indígenas de suas colônias do trabalho compulsório, como no caso da América espanhola, com a mita e a encomienda. Também a escravidão foi amplamente utilizada por esses Estados em seus territórios coloniais, como é o caso da colônia portuguesa na América. 

Questão 34 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Padre Antônio Vieira

De maneira que, assim como a natureza faz de feras homens, matando e comendo, assim também a graça faz de feras homens, doutrinando e ensinando. Ensinastes o gentio bárbaro e rude, e que cuidais que faz aquela doutrina? Mata nele a fereza, e introduz a humanidade; mata a ignorância, e introduz o conhecimento; mata a bruteza, e introduz a razão; mata a infidelidade, e introduz a fé; e deste modo, por uma conversão admirável, o que era fera fica homem, o que era gentio fica cristão, o que era despojo do pecado fica membro de Cristo e de S. Pedro. […] Tende-os [os escravos], cristãos, e tende muitos, mas tende-os de modo que eles ajudem a levar a vossa alma ao céu, e vós as suas. Isto é o que vos desejo, isto é o que vos aconselho, isto é o que vos procuro, isto é o que vos peço por amor de Deus e por amor de vós, e o que quisera que leváreis deste sermão metido na alma.

(Antônio Vieira. “Sermão do Espírito Santo” (1657). http://tupi.fflch.usp.br.)

O Sermão do Espírito Santo foi pregado pelo Padre Antônio Vieira em São Luís do Maranhão, em 1657, e recorre



a)

a metáforas, para defender a liberdade de natureza de todos os animais criados por Deus.

b)

à ironia, para condenar a escravização de nativos e africanos nas lavouras de algodão.

c)

a antíteses, para reconhecer a escravização dos nativos como um caminho possível do trabalho missionário.

d)

à retórica barroca, para contestar a ideia de que os africanos e os nativos merecem a liberdade e a salvação.

e)

à retórica clássica, para acusar os proprietários de escravos de descuidar dos direitos humanos dos nativos.

Resolução

a) Incorreta. No excerto transcrito, Vieira não explora primordialmente as metáforas, mas as oposições entre os indígenas no seu estado “natural” e após a sua conversão ao cristianismo. Desse modo, não defende a liberdade de natureza, uma vez que destaca a necessidade de ensinar e doutrinar “o gentio bárbaro e rude” a fim de promover uma transformação considerada benéfica e necessária para a salvação de sua alma.

b) Incorreta. A ironia, figura de linguagem que consiste em sugerir o contrário do que se afirma, não está presente no discurso apresentado. Vieira não pretende condenar a escravização; pelo contrário, defende que se tenha escravos, desde que haja um esforço doutrinador, por parte do escravizador, com vistas à salvação das almas.

c) Correta. O excerto estrutura-se a partir de uma série de antíteses que ressaltam a oposição entre o nativo antes e depois da doutrinação: natureza X graça, fereza X humanidade, ignorância X conhecimento, bruteza X razão, infidelidade X fé... Nesse sentido, a escravização delineia-se como um caminho possível do trabalho missionário, conforme afirma Vieira no trecho: “Tende-os [os escravos], cristãos, e tende muitos, mas tende-os de modo que eles ajudem a levar a vossa alma ao céu, e vós as suas.”

d) Incorreta. A retórica, enquanto exploração da razão e da emoção na estruturação argumentativa como meio de persuasão, é característica fundamental dos sermões de Vieira; no entanto, o discurso construído leva à defesa (e não à contestação) da salvação das almas dos gentios por meio do ensinamento e da doutrinação.

e) Incorreta. Conforme afirmado anteriormente, Vieira recorre à retórica, de origem clássica, para persuadir os fiéis; mas, no excerto, os proprietários de escravos não são acusados de descuidar dos direitos humanos dos nativos; a intenção do pregador é convencê-los a promover a conversão de seus escravos à doutrina cristã, “de modo que eles ajudem a levar a vossa alma ao céu, e vós as suas”.

Questão 35 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Economia colonial

A produção de açúcar no Brasil colonial era parte de um conjunto de processos e relações que ultrapassavam os limites da colônia e incluíam



a)

a estruturação do engenho como unidade produtiva, a disposição portuguesa de povoar a colônia e o comércio sistemático com a América espanhola.

b)

as técnicas de cultivo indígenas, as mudas de cana procedentes do mundo árabe e a intermediação britânica na comercialização.

c)

a adaptação da cana à terra roxa do Nordeste, o conhecimento técnico dos imigrantes e a atuação holandesa no transporte marítimo.

d)

a constituição da grande propriedade, o tráfico de africanos escravizados e a existência de amplo mercado consumidor na Europa.

e)

o avanço da ocupação das áreas centrais da colônia, o recurso à mão de obra nativa e o crescimento do gosto pelos sabores doces na Europa.

Resolução

a) Incorreta. O engenho, termo usado inicialmente para se referir a uma simples engrenagem onde a cana era moída, passou a ter uma conotação muito mais ampla, abarcando toda a unidade de produção açucareira - terras, construções e toda a aparelhagem usada para o processamento do açúcar. Ou seja, de fato trata-se da unidade produtiva básica da colônia. No entanto, essa alternativa está incorreta pois não podemos afirmar que ocorria o comércio sistemático com a América espanhola. Vale ressaltar que as relações comerciais seguiam os preceitos do Pacto Colonial (exclusivo comercial), que previa que o Brasil (colônia) só poderia comercializar com a metrópole (Portugal). Os portugueses exportavam os produtos coloniais a preços elevados e compravam os produtos coloniais a preços baixos, de modo que a produção açucareira era destinada exclusivamente a Portugal, sem passar por outros países americanos. 
b) Incorreta. As primeiras mudas de açúcar foram trazidas por Martim Afonso de Sousa, em expedição de 1530. Originário da costa indiana de Bengala, o açúcar já era cultivado pelos protugueses em engenhos na Ilha da Madeira. Em relação à comercialização do açúcar, não ocorreu uma intermediação britânica, tendo em vista que devido à vigência do Pacto colonial, tratava-se de uma relação comercial exclusiva entre Portugal e o Brasil.  
c) Incorreta. O solo do território nordestino é o de massapé (solo fértil, argiloso e preto), extremamente favorável para o cultivo de cana-de-açúcar. A terra roxa, mencionada na alternativa predomina nas regiões do centro-sul, tendo contribuído para a expansão do café no Oeste paulista durante a segunda metade do século XIX. A mão de obra predominante nos latifúndios açucareiros foi a escravidão africana, sendo incorreto afirmar que esteve presente um conhecimento técnico dos imigrantes.  Essas informações invalidam a alternativa. Por fim, os holandeses foram os principais sócios portugueses no cultivo do açúcar na llha da Madeira e de fato continuaram presentes na atividade em território americano, investindo recursos e participando do transporte, refino e distribuição do açúcar na Europa. 
d) Correta. Após a bem sucedida experiência de produção açucareira na Ilha da Madeira, os portugueses passaram a demonstrar interesse na expansão desse cultivo na América, já que seu preço vinha aumentando no mercado europeu desde meados da década de 1520. Os portugueses, ao ampliarem na colônia a produção açucareira a partir da escravidão, uniram duas atividades de expressiva lucratividade, inserindo-se na lógica da economia mercantil.  Vale destacar que o estabelecimento dos latifúndios açucareiros no Brasil, além de responderem à demanda cada vez maior por açúcar na Europa, aliava-se à necessidade da adoção de medidas que garantissem a ocupação efetiva do território colonial (cada vez mais visado por estrangeiros) e sua lucratividade. Ou seja, tratou-se de uma estratégia bastante eficiente desenvolvida pelos portugueses, considerando que o açucar foi essencial para que capitanias conseguissem se manter, como Pernambuco. 
e) Incorreta.  A produção de açúcar no Brasil se concentrou nas proximidades da região litorânea visando a proximidade dos portos e consequentemente maior facilidade de escoamento, tendo em vista que se tratava de uma atividade voltada para a exportação. Nesse sentido, a região Nordeste foi muito propícia pois contava com cursos d'água que facilitavam o transporte da produção até o litoral.  O recurso da mão de obra nativa foi usado somente nos primeiros anos, sendo gradativamente substituído pelo tráfico transatlântico motivado principalmente pela lucratividade deste. 
 

Questão 36 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Revolução Francesa

Observe a gravura de Isidore-Stanislas Helman (1743-1806).

(“Abertura dos Estados Gerais em Versalhes, 5 de maio de 1789”. https://revistapesquisafapesp.br, maio de 2018.)

O evento representado na imagem mostra



a)

o poder legislativo, composto por representantes de todas as classes sociais e responsável pela proposição e criação das leis federais.

b)

uma assembleia popular, reunida em caráter permanente e aberta à participação direta de todos os cidadãos.

c)

o poder moderador, composto por representantes de organismos sociais e políticos e responsável pelo controle sobre as decisões do rei.

d)

o poder executivo, composto pelos membros da nobreza e do clero e responsável pelas decisões relativas à política exterior.

e)

uma assembleia consultiva, convocada esporadicamente pelo rei e formada por representantes das três ordens sociais.

Resolução

Para compreensão dessa questão, é necessário contextualizarmos a situação insustentável da França pré-revolucionária no século XVIII. A estrutura social francesa era estamental e estava dividida da seguinte forma:  Primeiro Estado - formado pelo clero; Segundo Estado - formado pela nobreza; e Terceiro Estado - composto por diversos setores da burguesia, camponeses e trabalhadores urbanos. Essa organização social era fonte de diversas tensões, pois o Primeiro e o Segundo Estado possuíam diversos privilégios, tais como pensões e isenções de impostos, que só podiam ser mantidos sobrecarregando as taxações do Terceiro Estado. Nesse sentido, era crescente a insatisfação dos membros desse grupo, já que bancavam uma estrutura política da qual não podiam participar, por não terem nascido nobres. Esse quadro geral de insatisfação foi agravado ainda nas vésperas da Revolução com o aumento da dívida pública do país, que se envolveu na Guerra dos Sete anos (1756-1763) e na Independência dos EUA (1775-1783). 
Diante dessa conjuntura e de impasses que impossibilitavam soluções para a crise, o rei Luís XVI, após hesitação, decidiu convocar os Estados Gerais em julho de 1888. Tratava-se de uma assembleia que reunia representantes dos três Estados e cuja última reunião tinha ocorrido em 1614. O objetivo da reunião, de caráter consultivo, era tentar selar um acordo que resolvesse, ao menos temporariamente, os problemas que assolavam a França. As solenidades dessa reunião foram planejadas seguindo os padrões do Antigo Regime: a forma pública como cada deputado se apresentava deveria ser compatível com seu posicionamento na sociedade estamental e a hierarquia entre o conjunto das três ordens deveria ser bem marcada. 
a) Incorreta. Os membros da assembleia dos Estados Gerais não eram formalmente representantes do poder legislativo, e sim deputados escolhidos para representar cada estado especificamente nessa reunião. Além disso, o objetivo da reunião não era elaborar leis federais, e sim tomar medidas que visavam à manutenção de uma ordem "constante e invariável" relativa à administração, estabelecendo assim os melhores meios para o sustento do país. 
b) Incorreta. Essa assembleia não era reunida em caráter permanente e aberto, sendo que, quando foi convocada, em 1788, não ocorria há mais de 150 anos. 
c) Incorreta. A imagem não representa um poder moderador, e sim a reunião de representantes dos três Estados (grupos sociais) franceses. Além disso, essa assembleia tinha caráter consultivo e não era responsável por controlar as decisões do rei. 
d) Incorreta. Essa reunião não representa o poder executivo. Vale destacar que se trata de um contexto anterior à Revolução Francesa, de modo que não existia uma clara divisão entre os poderes. 
e) Correta. A reunião dos Estados Gerais, após mais de 150 anos, ocorreu em maio de 1789 em Versalhes, com representantes de cada um dos três Estados, que se reuniriam e deliberariam, de modo que a posição vitoriosa se tornaria o voto de todo o Estado. A convocação dessa assembleia, ainda que de caráter consultivo, permitiu a participação política que o Terceiro Estado tanto reivindicava, embora tenha sido marcada pela tensa disputa política entre nobreza, alto clero e membros da burguesia, já que os burgueses pretendiam barrar qualquer nova proposta de imposto contrária a seus interesses. 
 

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Independência da América Espanhola

O processo de independência na América espanhola, ocorrido nas primeiras décadas do século XIX, 



a)

contou com participação ativa e direta dos Estados Unidos, que buscavam ampliar sua zona de influência política na América.

b)

envolveu projetos políticos e setores sociais variados, que se confrontaram no momento de constituição dos novos Estados.

c)

manteve a unidade territorial das áreas antes controladas pela Espanha, e os novos Estados organizaram-se numa federação.

d)

resultou no afastamento definitivo dos novos Estados em relação ao antigo colonizador e na divisão das grandes propriedades rurais entre os camponeses sem terra.

e)

derivou da iniciativa das burguesias locais, que defendiam a igualdade social como base da organização social dos novos Estados.

Resolução

a) Incorreta. Apesar da Doutrina Monroe vigente nos Estados Unidos a partir de 1823, pautada no lema "A América para os americanos", os EUA não tiveram participação ativa e direta nos processos de independência da América espanhola nas primeiras décadas do século XIX. Nesse período, os EUA estavam envolvidos em seu processo de expansão territorial rumo ao oeste, consolidando também a independência e a unidade do país. 
b) Correta. Os movimentos de independência na América espanhola resultaram na fragmentação dos antigos vice-reinados e na formação de diversas repúblicas. Desse processo resultou  uma elite muito heterogênea, que passa a disputar pela prevalência de diferentes projetos políticos. Em certos casos, predominavam grupos conservadores, defensores da manutenção de antigos privilégios, enquanto em outros predominavam grupos de orientação liberal, que propunham maiores reformas. As disputas políticas entre esses grupos levaram a guerras civis, principalmente na primeira metade do século XIX. Tratou-se de um tempo conturbado de construção dos novos Estados Nacionais. Podemos citar como exemplo de um desses embates internos o caso argentino, a partir do conflito entre o Partido Unitário (comerciantes que defendiam um govrno centralizado em Buenos Aires)  e o Partido Federalista (fazendeiros e pecuaristas que queriam um regime federalista). A rivalidade entre esses dois partidos durou décadas e teve grandes impactos na política argentina, já que, em 1853, quando um nova Constituição adotou o modelo federativo de governo, o governo de Buenos Aires rejeitou a carta e rompeu com a Confederação Argentina, mantendo-se administrativamente independente até a nova unificação do país em 1862.  
c) Incorreta. O processo de independência da América espanhola foi marcado pela fragmentação territorial das antigas colônias, diferentemente do caso da colônia portuguesa. O antigo império espanhol se dividiu numa grande quantidade de repúblicas, que devido à forte influência das oligarquias nativas, impulsionaram e favoreceram o processo de desintegração. Sendo assim, o sonho de Simón Bolívar, participante das independências da Colômbia (1819), Venezuela (1821), Equador (1830) e Bolívia (1825) de constituir uma única nação, forte e coesa, não foi concretizado. 
d) Incorreta. Apesar da ruptura política decorrente da independência das colônias espanholas, não é possível afirmar que esse processo resultou no afastamento definitivo dos novos Estados em relação ao antigo colonizador. Ainda que tardiamente em alguns casos, a Espanha reconheceu a independência de suas antigas colônias e eventualmente manteve relações comerciais e diplomáticas com os novos países formados no continente. Além disso, no processo de independência, seus protagonistas não visavam a uma reforma agrária, sendo que não havia nenhuma proposta de mudanças sociais mais radicais nesse projeto. 
e) Incorreta. Embora o processo de independência desses países tenha características específicas, de modo generalizado podemos afirmar que foi motivado pelo descontentamento na colônia com as reformas empreendidas pela dinastia espanhola ao longo do século XVIII. As elites hispano-americanas discordavam das amarras impostas pelo sistema do Antigo Regime espanhol e da impossibilidade de praticar o livre comércio, vendo na independência também a oportunidade de ampliar seu poder local, passando a dirigir diretamente os territórios. Vale ressaltar, entretanto, que a insatisfação das elites locais não visavam a nenhuma mudança radical das estruturas sociais, ou mesmo a participação de outros setores, como indígenas e trabalhadores pobres. 

Questão 38 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Constituições do Primeiro Reinado

No que dizia respeito ao Estado a ser construído, genericamente o modelo disponível era aquele que prevalecia no mundo ocidental. Tratava-se de organizar um aparato político-administrativo com jurisdição sobre um território definido, que exercia as competências de ditar as  normas que deveriam regrar todos os aspectos da vida na sociedade, cobrar compulsoriamente tributos para financiá-lo e às suas políticas, exercer o poder punitivo para aqueles que não respeitassem as normas por ele ditadas.

(Miriam Dolhnikoff. História do Brasil império, 2019.)


O texto refere-se à organização política do Brasil após a independência, em 1822. O novo Estado brasileiro foi baseado em padrões



a)

federalistas e garantia completa autonomia às províncias.

b)

liberais e contava com sistema político representativo.

c)

absolutistas e fundava-se no exercício dos três poderes pelo imperador.

d)

elitistas e era controlado apenas pelos portugueses residentes no país.

e)

democráticos e permitia a ampla participação da população brasileira. 

Resolução

O novo Estado brasileiro teve como base fundamental a Constituição de  1824, primeira constituição do Brasil e vigente até o ano de 1889. Para melhor compreensão da questão, vale retomar as pricipais características dessa constituição, elaborada pelo Conselho de Estado e outorgada pelo imperador: 
- Estabelecia uma Monarquia hereditária, constitucional e representativa (sendo o imperador e a Assembleia Geral eram os representantes da "nação brasileira");
- Separação em províncias – governadas por um presidente da província indicado pelo governo central;
- Voto censitário e aberto;
- Sistema eleitoral em dois graus: Eleitores de paróquia: renda de 100 mil réis;
Eleitores de província: renda de 200 mil réis;
Deputado: renda de 400 mil réis;
Senador: renda de 800 mil réis;
Nesse sistema, os eleitores de paróquia elegiam os de província, que votavam nos deputados da Assembleia Geral.
Os Senadores eram vitalícios e escolhidos por Imperador a partir de lista tríplice encaminhada pela província;
- Criação do poder Moderador, exercido exclusivamente pelo Imperador e com poder de intervenção nos demais poderes;
- União entre Igreja e Estado – práticas do beneplácito e do padroado.


Com base nessas características, vejamos as alternativas:
a) Incorreta. A constituição de 1824 assegurava um Estado Unitário e não deixava espaço para os poderes locais, sendo estabelecida uma vigorosa centralização política e administrativa. De acordo com seu artigo 165, "Haverá em cada província um presidente, nomeado pelo Imperador, que o poderá remover, quando entender que assim convém ao bom serviço do Estado". Esse rigor centralizador foi abrandado temporariamente a partir do Ato Adicional de 1834, mas em poucos anos suspenso novamente com a Lei de Interpretação do Ato Adicional em 1840.  
b) Correta. Conforme mencionado acima, a Constituição de 1824 considerava o Brasil como uma Monarquia hereditária, constitucional e representativa, sendo o imperador e a Assembleia Geral os representantes da "nação brasileira". Nesse sentido, ainda que essa Constituição traga traços centralizadores, o constitucionalismo do Império definiu uma organização do poder que seguia os princípios fundamentais do liberalismo. A Constituição ocultava a escravidão e estabelecia os direitos políticos para o restante da população do país, sendo que o primeiro artigo da Constituição de 1824 define o Império do Brasil como associação política de  todos  os  cidadãos brasileiros. Os  cidadãos  brasileiros  formam, então, uma  “Nação  livre,  e  independente,  que não  admite  com  qualquer  outra laço algum de união ou federação, que se oponha à sua Independência.” A Constituição de 1824 foi  liberal no  reconhecimento  de  direitos, ainda que com viés autoritário se pontuarmos a concentração do poder nas mãos do imperador. 
c) Incorreta. Embora a Constituição brasileira de 1824 seja centralizadora, não podemos afirmar que se tratava de um estado baseado em padrões absolutistas, tendo em vista a própria existência de uma constituição e suas características que permitiam o sistema político representativo. 
d) Incorreta. O Estado brasileiro forjado a partir de 1822 não privilegiava a participação política dos portugueses residentes no país, sendo que estes não possuíam nenhum direito exclusivo ou privilégios de acordo com a carta constitucional. 
e) Incorreta. Não podemos afirmar que o Estado brasileiro teve como bases padrões democráticos, tendo em vista a manutenção da escravidão após a independência, excluindo assim parcela significativa da população da participação política. Além disso, mesmo os livres estavam submetidos ao critério censitário para votantes e elegíveis. 

Questão 39 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Teorias Raciais no Século XIX Imperialismo no Século XIX

A classificação das raças em “superiores” e “inferiores”, recorrente desde o século XVII, ganha uma falsa legitimidade baseada no mito iluminista do saber científico, coincidindo com a necessária justificativa de que a dominação e a exploração da África, mais do que “naturais” e inevitáveis, eram “necessárias” para desenvolver os “selvagens” africanos, de acordo com as normas e os valores da civilização ocidental.

(Leila Leite Hernandez. A África na sala de aula: visita à história contemporânea, 2005.)


As teorias raciais utilizadas durante o processo de colonização da África no século XIX eram



a)

desdobramentos do pensamento ilustrado, que valorizava a liberdade e a igualdade social e de natureza.

b)

manifestações ideológicas que buscavam justificar a exploração e o domínio europeus sobre o continente africano.

c)

baseadas no pensamento lamarckista, que explicava a transmissão genética de características fisiológicas e intelectuais adquiridas.

d)

validadas pela defesa darwinista do direito dos superiores se imporem aos demais seres vivos.

e)

sustentadas pelo pensamento antropológico, que tratava as diferenças culturais dos diversos povos como positivas e necessárias.

Resolução

a) Incorreta. Não é correto afirmar que o pensamento ilustrado do século XVIII valorizou a igualdade social. Embora tal tema tenha sido discutido em escritos do período, o movimento iluminista ficou marcado pela defesa da igualdade jurídica e de direitos, porém reconhecendo a existência de diferenças sociais entre os homens. Vale lembrar que essa corrente filosófica defendia claramente o direito de propriedade privada, inclusive associando a responsabilidade política dos indivíduos a suas propriedades, num raciocínio que validou a implementação do voto censitário na França, por exemplo. Por fim, ainda que as teorias raciais do século XIX tenham conquistado uma falsa legitimidade através do cientificismo oriundo do pensamento iluminista, há uma divergência dessas ideologias quanto aos princípios de liberdade e de equidade natural entre os homens, exemplos mobilizados na presente alternativa.
b) Correta. O processo imperialista do século XIX na África buscava atender fundamentalmente os interesses econômicos das potências europeias, interessadas na conquistas de fontes de matéria-prima e de mercados consumidores para suas economias. Contudo, no campo ideológico, tal avanço neocolonial foi justificado através de teorias raciais e sociológicas pretensamente científicas, que hierarquizavam as raças humanas e suas culturas de forma a reconhecer a superioridade do branco europeu. A partir dessa constatação, seria um dever do europeu garantir o progresso e a modernização dos povos considerados inferiores, legitimando o domínio e a exploração econômica de vastas regiões, como a África e a Ásia.
c) Incorreta. As teorias raciais vinculadas ao imperialismo do século XIX não foram baseadas em teorias lamarckistas, mas sim em interpretações pretensamente científicas dos escritos de Darwin. Segundo tais interpretações, as raças humanas também apresentariam diferentes graus evolutivos em termos biológicos e naturais, o que justificaria o avanço e a superioridade dos europeus naquele contexto.
d) Incorreta. A teoria darwinista sobre a seleção natural não advoga um direito dos seres superiores se imporem aos demais seres vivos. Segundo a tese darwinista, os organismos mais adaptados ao ambiente apresentam probabilidades mais elevadas de sobrevivência e em deixarem um maior número de descendentes, com grandes chances de propagar continuidade de sua espécie dentro da seleção natural. Ou seja, não havia uma noção de direito de imposição dos superiores aos demais organismos, mas sim um processo natural de seleção das espécies mais adaptadas ao ambiente.
e) Incorreta. Embora alguns trabalhos antropológicos do período justificassem ideologicamente o Neocolonialismo - como nos escritos de Herbert Spencer, por exemplo -, o reconhecimento das diferenças culturais não eram consideradas como "positivas e necessárias" para a humanidade. Pelo contrário, as teses do período buscavam ressaltar a superioridade da sociedade industrial europeia, compreendida como civilizada e moderna em detrimento de outras formas consideradas primitivas de organização política e social. Dentro dessa lógica, era praticamente um dever do branco europeu trabalhar para difundir seu modelo de vida avançado e civilizado para o restante da humanidade, num pensamento vinculado a ideia de um "Fardo do Homem Branco".

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Modernismo Oswald de Andrade

Para Oswald, o primitivo estará associado ao pensamento selvagem como questionamento do pensamento iluminista e como proposta de valorização do pensamento selvagem local ao qual viria se acrescentar a incorporação contemporânea da técnica.

(Viviana Gelado. Poéticas da transgressão: vanguarda e cultura popular nos anos 20 na América Latina, 2006.)

O primitivismo expresso no “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”, lançado por Oswald de Andrade em 1924, pode ser associado à



a)

rejeição da influência cultural estrangeira e da ideologização na produção artística.

b)

recusa do experimentalismo estético e dos discursos de resgate das tradições locais.

c)

defesa dos princípios ilustrados e da renovação técnica proporcionada pela sociedade de fábrica.

d)

celebração da originalidade nativa e da modernização tecnológica.

e)

perspectiva rousseauniana do bom selvagem e do primado do pensamento lógico-racional.

Resolução

a) Incorreta. O “Manifesto da Poesia Pau-Brasil” incorpora a influência cultural estrangeira das vanguardas europeias, rompendo com a estética academicista, e propõe uma ideologia para a produção artística centrada na revisão crítica do passado histórico brasileiro e na valorização do primitivismo.

b) Incorreta. O primitivismo de Oswald de Andrade defende o resgate das tradições locais ao propor a “valorização do pensamento selvagem local”; além disso, não recusa o experimentalismo estético, uma vez que pretende “acrescentar a incorporação contemporânea da técnica”.

c) Incorreta. De acordo com o excerto, Oswald questiona o pensamento iluminista, contrapondo-o ao pensamento selvagem; quanto à renovação técnica, refere-se à modernização da produção artística; não há referência a uma técnica proporcionada pela sociedade de fábrica.

d) Correta. Conforme o excerto, o “Manifesto da Poesia Pau-Brasil” propõe a “valorização do pensamento selvagem local ao qual viria se acrescentar a incorporação contemporânea da técnica”. Dessa forma, alia a originalidade nativa (primitivismo) à modernização (abandono do academicismo e exploração de novas técnicas de construção poética).

e) Incorreta. Ao questionar o pensamento iluminista, Oswald de Andrade refuta o “mito do bom selvagem”; a tese, proposta pelo filósofo ilustrado Jean-Jacques Rousseau, defende que o ser humano, em seu estado natural, é puro e inocente. O primitivismo da Poesia Pau-Brasil busca um afastamento dessa concepção idealista a respeito do homem selvagem. Além disso, pretende abandonar o pensamento lógico-racional, dando vazão à espontaneidade, à liberdade e à originalidade na criação artística.