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Questão 35 Unesp 2021 - 1ª fase - dia 2

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Questão 35

Economia colonial

A produção de açúcar no Brasil colonial era parte de um conjunto de processos e relações que ultrapassavam os limites da colônia e incluíam



a)

a estruturação do engenho como unidade produtiva, a disposição portuguesa de povoar a colônia e o comércio sistemático com a América espanhola.

b)

as técnicas de cultivo indígenas, as mudas de cana procedentes do mundo árabe e a intermediação britânica na comercialização.

c)

a adaptação da cana à terra roxa do Nordeste, o conhecimento técnico dos imigrantes e a atuação holandesa no transporte marítimo.

d)

a constituição da grande propriedade, o tráfico de africanos escravizados e a existência de amplo mercado consumidor na Europa.

e)

o avanço da ocupação das áreas centrais da colônia, o recurso à mão de obra nativa e o crescimento do gosto pelos sabores doces na Europa.

Resolução

a) Incorreta. O engenho, termo usado inicialmente para se referir a uma simples engrenagem onde a cana era moída, passou a ter uma conotação muito mais ampla, abarcando toda a unidade de produção açucareira - terras, construções e toda a aparelhagem usada para o processamento do açúcar. Ou seja, de fato trata-se da unidade produtiva básica da colônia. No entanto, essa alternativa está incorreta pois não podemos afirmar que ocorria o comércio sistemático com a América espanhola. Vale ressaltar que as relações comerciais seguiam os preceitos do Pacto Colonial (exclusivo comercial), que previa que o Brasil (colônia) só poderia comercializar com a metrópole (Portugal). Os portugueses exportavam os produtos coloniais a preços elevados e compravam os produtos coloniais a preços baixos, de modo que a produção açucareira era destinada exclusivamente a Portugal, sem passar por outros países americanos. 
b) Incorreta. As primeiras mudas de açúcar foram trazidas por Martim Afonso de Sousa, em expedição de 1530. Originário da costa indiana de Bengala, o açúcar já era cultivado pelos protugueses em engenhos na Ilha da Madeira. Em relação à comercialização do açúcar, não ocorreu uma intermediação britânica, tendo em vista que devido à vigência do Pacto colonial, tratava-se de uma relação comercial exclusiva entre Portugal e o Brasil.  
c) Incorreta. O solo do território nordestino é o de massapé (solo fértil, argiloso e preto), extremamente favorável para o cultivo de cana-de-açúcar. A terra roxa, mencionada na alternativa predomina nas regiões do centro-sul, tendo contribuído para a expansão do café no Oeste paulista durante a segunda metade do século XIX. A mão de obra predominante nos latifúndios açucareiros foi a escravidão africana, sendo incorreto afirmar que esteve presente um conhecimento técnico dos imigrantes.  Essas informações invalidam a alternativa. Por fim, os holandeses foram os principais sócios portugueses no cultivo do açúcar na llha da Madeira e de fato continuaram presentes na atividade em território americano, investindo recursos e participando do transporte, refino e distribuição do açúcar na Europa. 
d) Correta. Após a bem sucedida experiência de produção açucareira na Ilha da Madeira, os portugueses passaram a demonstrar interesse na expansão desse cultivo na América, já que seu preço vinha aumentando no mercado europeu desde meados da década de 1520. Os portugueses, ao ampliarem na colônia a produção açucareira a partir da escravidão, uniram duas atividades de expressiva lucratividade, inserindo-se na lógica da economia mercantil.  Vale destacar que o estabelecimento dos latifúndios açucareiros no Brasil, além de responderem à demanda cada vez maior por açúcar na Europa, aliava-se à necessidade da adoção de medidas que garantissem a ocupação efetiva do território colonial (cada vez mais visado por estrangeiros) e sua lucratividade. Ou seja, tratou-se de uma estratégia bastante eficiente desenvolvida pelos portugueses, considerando que o açucar foi essencial para que capitanias conseguissem se manter, como Pernambuco. 
e) Incorreta.  A produção de açúcar no Brasil se concentrou nas proximidades da região litorânea visando a proximidade dos portos e consequentemente maior facilidade de escoamento, tendo em vista que se tratava de uma atividade voltada para a exportação. Nesse sentido, a região Nordeste foi muito propícia pois contava com cursos d'água que facilitavam o transporte da produção até o litoral.  O recurso da mão de obra nativa foi usado somente nos primeiros anos, sendo gradativamente substituído pelo tráfico transatlântico motivado principalmente pela lucratividade deste.