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Unesp 2021 - 1ª fase - dia 2


Questão 11 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Figuras de Linguagem

Examine o cartum de Sofia Warren, publicado em sua conta no Instagram em 09.03.2020.

Contribuem para o efeito de humor do cartum os seguintes recursos expressivos:



a)

hipérbole e paradoxo.

b)

paradoxo e personificação.

c)

antítese e pleonasmo.

d)

personificação e pleonasmo.

e)

ironia e hipérbole.

Resolução

Tradução do texto: “Eu não posso falar agora. Eu sou um cachorro.”

a) Incorreta. O texto não faz uso de uma expressão que indique exagero, intensidade, característica da figura de pensamento hipérbole.

b) Correta. O uso do celular é uma ação atribuída aos seres humanos, portanto, a imagem do cachorro realizando essa ação, de comunicar-se por meio do aparelho, caracteriza a personificação do animal. Já o paradoxo é identificado no fato de o cachorro afirmar verbalmente que não é capaz de falar naquele momento, ou seja, manter comunicação, devido à sua natureza. O fato de falar que não pode falar gera afirmações que se opõem, que não apresentam uma lógica.

c) Incorreta. Não há, numa mesma oração, palavras com sentidos contrários ou a repetição de uma ideia já expressa, ocorrências que classificariam, respectivamente, a antítese e o pleonasmo.  

d) Incorreta. A afirmação da existência do pleonasmo na tirinha é incorreta, pois não é possível identificar a presença de informações que se repetem e que, portanto, são desnecessárias para a compreensão do texto.

e) Incorreta. A hipérbole não é um recurso utilizado no texto, pois a presença de informações propositalmente exageradas, intensificadas não ocorre. Em relação à ironia, não é possível identificar uma ideia contrária ao que é realmente expresso pelo animal.

Questão 12 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

textos literários

Para responder às questões de 12 a 16, leia o trecho do romance Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.

Sei que estou contando errado, pelos altos. Desemendo. Mas não é por disfarçar, não pense. De grave, na lei do comum, disse ao senhor quase tudo. Não crio receio. O senhor é homem de pensar o dos outros como sendo o seu, não é criatura de pôr denúncia. E meus feitos já revogaram, prescrição dita. Tenho meu respeito firmado. Agora, sou anta empoçada, ninguém me caça. Da vida pouco me resta — só o deo-gratias; e o troco. Bobeia. Na feira de São João Branco, um homem andava falando: — “A pátria não pode nada com a velhice...” Discordo. A pátria é dos velhos, mais. Era um homem maluco, os dedos cheios de anéis velhos sem valor, as pedras retiradas — ele dizia: aqueles todos anéis davam até choque elétrico... Não. Eu estou contando assim, porque é o meu jeito de contar. Guerras e batalhas? Isso é como jogo de baralho, verte, reverte. Os revoltosos depois passaram por aqui, soldados de Prestes, vinham de Goiás, reclamavam posse de todos os animais de sela. Sei que deram fogo, na barra do Urucuia, em São Romão, aonde aportou um vapor do Governo, cheio de tropas da Bahia. Muitos anos adiante, um roceiro vai lavrar um pau, encontra balas cravadas. O que vale, são outras coisas. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. De cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa. Sucedido desgovernado. Assim eu acho, assim é que eu conto. [...] Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data. O senhor mesmo sabe.

(Grande sertão: veredas, 2015.)


No texto, o narrador



a)

sugere que a narração de eventos significativos não permite uma visão abrangente da vida.

b)

admite que sua narrativa sinuosa visa confundir e enganar o seu interlocutor.

c)

sugere que a narração de eventos significativos não cabe em uma narrativa linear.

d)

alega que sua narrativa linear busca conferir coerência e sentido a uma vida de desacertos.

e)

alega que uma narrativa sinuosa conduz a uma compreensão limitada da existência. 

Resolução

a) Incorreta. Apesar de narrar acontecimentos passados de forma não linear, o narrador tem uma visão abrangente de sua vida, fato comprovado pelas várias histórias descritas no trecho. Segundo ele, “de cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa. Sucedido desgovernado. Assim eu acho, assim é que eu conto. [...] Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data”.

b) Incorreta. O narrador admite que sabe que sua narrativa é sinuosa e se justifica mencionando que “Sei que estou contando errado, pelos altos. Desemendo. Mas não é por disfarçar, não pense (...) Eu estou contando assim, porque é o meu jeito de contar”. Em vista disso, é incorreto afirmar que há qualquer intenção de confundir e enganar o interlocutor.

c) Correta. Logo no início do texto, o narrador menciona: “Sei que estou contando errado, pelos altos. Desemendo. Mas não é por disfarçar, não pense”. No trecho, “desemendar” indica que a narração dos fatos não segue uma ordem cronológica e linear. O que justifica essa desordem é que “a lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância”. Assim, apenas as coisas insignificantes cabem em uma narrativa linear. Por extensão, é possível afirmar que a narração de eventos significativos não cabe em uma narrativa linear.

d) Incorreta. Os relatos do narrador não são lineares, mas “desemendados”.

e) Incorreta. Embora o narrador tenha contado suas histórias de forma sinuosa, ele afirma que “De grave, na lei do comum, disse ao senhor quase tudo. Não crio receio (...) Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. De cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa”. Desse modo, o narrador demonstra-se lúcido e consciente sobre suas vivências.

Questão 13 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

textos literários

Para responder às questões de 12 a 16, leia o trecho do romance Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.

Sei que estou contando errado, pelos altos. Desemendo. Mas não é por disfarçar, não pense. De grave, na lei do comum, disse ao senhor quase tudo. Não crio receio. O senhor é homem de pensar o dos outros como sendo o seu, não é criatura de pôr denúncia. E meus feitos já revogaram, prescrição dita. Tenho meu respeito firmado. Agora, sou anta empoçada, ninguém me caça. Da vida pouco me resta — só o deo-gratias; e o troco. Bobeia. Na feira de São João Branco, um homem andava falando: — “A pátria não pode nada com a velhice...” Discordo. A pátria é dos velhos, mais. Era um homem maluco, os dedos cheios de anéis velhos sem valor, as pedras retiradas — ele dizia: aqueles todos anéis davam até choque elétrico... Não. Eu estou contando assim, porque é o meu jeito de contar. Guerras e batalhas? Isso é como jogo de baralho, verte, reverte. Os revoltosos depois passaram por aqui, soldados de Prestes, vinham de Goiás, reclamavam posse de todos os animais de sela. Sei que deram fogo, na barra do Urucuia, em São Romão, aonde aportou um vapor do Governo, cheio de tropas da Bahia. Muitos anos adiante, um roceiro vai lavrar um pau, encontra balas cravadas. O que vale, são outras coisas. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. De cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa. Sucedido desgovernado. Assim eu acho, assim é que eu conto. [...] Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data. O senhor mesmo sabe.

(Grande sertão: veredas, 2015.)


No trecho “O senhor é homem de pensar o dos outros como sendo o seu, não é criatura de pôr denúncia”, o narrador caracteriza seu interlocutor como



a)

desrespeitoso.

b)

distraído.

c)

presunçoso.

d)

indulgente.

e)

perseverante.

Resolução

a) Incorreta. No trecho, não há elementos que caracterizem o interlocutor como desrespeitoso.

b) Incorreta. No trecho, não há elementos que caracterizem o interlocutor como distraído.

c) Incorreta. No trecho, não há elementos que caracterizem o interlocutor como presunçoso. Pelo contrário, ele é caracterizado como uma pessoa empática, que pensa “o dos outros como sendo o seu”.

d) Correta. O narrador descreve seu interlocutor como alguém tolerante e benevolente, capaz de perdoar sua narrativa “desemendada” e “contada pelos altos”. Assim, ele é representado como uma pessoa indulgente.

e) Incorreta. No trecho, não há elementos que caracterizem o interlocutor como perseverante, persistente..

Questão 14 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Tenentismo

Para responder às questões de 12 a 16, leia o trecho do romance Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.

Sei que estou contando errado, pelos altos. Desemendo. Mas não é por disfarçar, não pense. De grave, na lei do comum, disse ao senhor quase tudo. Não crio receio. O senhor é homem de pensar o dos outros como sendo o seu, não é criatura de pôr denúncia. E meus feitos já revogaram, prescrição dita. Tenho meu respeito firmado. Agora, sou anta empoçada, ninguém me caça. Da vida pouco me resta — só o deo-gratias; e o troco. Bobeia. Na feira de São João Branco, um homem andava falando: — “A pátria não pode nada com a velhice...” Discordo. A pátria é dos velhos, mais. Era um homem maluco, os dedos cheios de anéis velhos sem valor, as pedras retiradas — ele dizia: aqueles todos anéis davam até choque elétrico... Não. Eu estou contando assim, porque é o meu jeito de contar. Guerras e batalhas? Isso é como jogo de baralho, verte, reverte. Os revoltosos depois passaram por aqui, soldados de Prestes, vinham de Goiás, reclamavam posse de todos os animais de sela. Sei que deram fogo, na barra do Urucuia, em São Romão, aonde aportou um vapor do Governo, cheio de tropas da Bahia. Muitos anos adiante, um roceiro vai lavrar um pau, encontra balas cravadas. O que vale, são outras coisas. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. De cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa. Sucedido desgovernado. Assim eu acho, assim é que eu conto. [...] Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data. O senhor mesmo sabe.

(Grande sertão: veredas, 2015.)


O evento histórico mencionado no texto está relacionado



a)

à Revolta da Chibata.

b)

à Revolta da Armada.

c)

ao Cangaço.

d)

ao Abolicionismo.

e)

ao Tenentismo.

Resolução

a) Incorreta. A Revolta da Chibata aconteceu em 1910 na cidade do Rio de Janeiro. Havia na marinha um código de conduta interno que poderia condenar os marinheiros a receberem castigos corporais. Grande parte dos marujos era composta por ex-escravos, uma vez que a abolição tinha ocorrido poucos anos antes (1888). Assim, a possibilidade de ex-escravos ou pessoas negras estarem sendo chicoteadas no Brasil depois da lei Àurea, levou aos marinheiros organizarem um motim, liderados por João Cândido. O fragmento de texto apresentado pela questão não contempla esse contexto. 
b) Incorreta. A Segunda Revolta da Armada aconteceu entre 1892 e 1894 na cidade do Rio de Janeiro, quando da época do governo de Floriano Peixoto (1891-1894). Alguns oficiais da marinha brasileira, inconformados com o governo de Floriano Peixoto, decidiram se amotinar e tentar derrubá-lo. O fragmento de texto apresentado pela questão não menciona esse período. 
c) Incorreta. O cangaço foi um fenômeno social ocorrido na região nordeste do Brasil nas primeiras décadas do século 20. Devido a questões de miséria e abandono se formavam grupos nômades armados, que liderados por figuras carismáticas, tais como Lampião (1898-1938), praticavam toda sorte de crimes pela região. Não há nenhuma questão abordada pelo fragmento de texto oferecido pela questão que possa caracterizar tal fenômeno histórico.
d) Incorreta. O abolicionismo foi uma campanha popular e notadamente urbana que ocorreu no Brasil do Segundo Reinado (1840-1889), especialmente a partir de 1870. Tal empreendimento visava pressionar o parlamento brasileiro para que fosse aprovada uma lei que abolisse a escravidão no Brasil. Finalmente, a lei Áurea de 13/5/1888 efetivou esse desejo popular. O fragmento de texto oferecido pela questão não menciona essas questões.
e) Correta. O fragmento de texto oferecido pela questão cita a figura de "Prestes", no caso Luís Carlos Prestes (1898-1990), que era um capitão do exército brasileiro radicado no Rio Grande do Sul. Na década de 1920, diante da máquina eleitoral fraudulenta das grandes oligarquias rurais, surgiu no exército brasileiro o movimento tenentista, que desejava realizar uma revolução armada para derrubar essa velha ordem. Uma das ações mais famosas dos tenentistas foi a chamada Coluna Prestes/Miguel Costa (1924-1927), que, embora tenha fracassado, marchou pelo país em busca de derrubar o governo de Artur Bernardes (1922-1926).
 

Questão 15 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Prefixal e Sufixal

Para responder às questões de 12 a 16, leia o trecho do romance Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.

Sei que estou contando errado, pelos altos. Desemendo. Mas não é por disfarçar, não pense. De grave, na lei do comum, disse ao senhor quase tudo. Não crio receio. O senhor é homem de pensar o dos outros como sendo o seu, não é criatura de pôr denúncia. E meus feitos já revogaram, prescrição dita. Tenho meu respeito firmado. Agora, sou anta empoçada, ninguém me caça. Da vida pouco me resta — só o deo-gratias; e o troco. Bobeia. Na feira de São João Branco, um homem andava falando: — “A pátria não pode nada com a velhice...” Discordo. A pátria é dos velhos, mais. Era um homem maluco, os dedos cheios de anéis velhos sem valor, as pedras retiradas — ele dizia: aqueles todos anéis davam até choque elétrico... Não. Eu estou contando assim, porque é o meu jeito de contar. Guerras e batalhas? Isso é como jogo de baralho, verte, reverte. Os revoltosos depois passaram por aqui, soldados de Prestes, vinham de Goiás, reclamavam posse de todos os animais de sela. Sei que deram fogo, na barra do Urucuia, em São Romão, aonde aportou um vapor do Governo, cheio de tropas da Bahia. Muitos anos adiante, um roceiro vai lavrar um pau, encontra balas cravadas. O que vale, são outras coisas. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. De cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa. Sucedido desgovernado. Assim eu acho, assim é que eu conto. [...] Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data. O senhor mesmo sabe.

(Grande sertão: veredas, 2015.)


Para a formação do neologismo “vivimento”, o narrador recorreu ao mesmo processo de formação de palavras observado em



a)

“desemendo”.

b)

“velhice”.

c)

“denúncia”.

d)

“reverte”.

e)

“adiante”.

Resolução

O neologismo “vivimento” tem o sentido de vivência, experiência passada. É formado pelo radical viver + sufixo –mento (indica ação ou resultado dela).

a) Incorreta. A palavra “desemendo” é formada pelo processo de prefixação (des- + emendo).

b) Correta. A palavra “velhice” é formada pelo processo de sufixação (velho + -ice).

c) Incorreta. A palavra “denúncia” é formada por derivação regressiva (denunciar).

d) Incorreta. No texto, palavra “reverte” pode ser compreendida como um processo de retrocesso, retorno e, portanto, sua formação ocorre pelo processo de prefixação (re- + verte).

e) Incorreta. A palavra “adiante” é formada pelo processo de prefixação (a- + diante).

Questão 16 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Sintaxe

Para responder às questões de 12 a 16, leia o trecho do romance Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.

Sei que estou contando errado, pelos altos. Desemendo. Mas não é por disfarçar, não pense. De grave, na lei do comum, disse ao senhor quase tudo. Não crio receio. O senhor é homem de pensar o dos outros como sendo o seu, não é criatura de pôr denúncia. E meus feitos já revogaram, prescrição dita. Tenho meu respeito firmado. Agora, sou anta empoçada, ninguém me caça. Da vida pouco me resta — só o deo-gratias; e o troco. Bobeia. Na feira de São João Branco, um homem andava falando: — “A pátria não pode nada com a velhice...” Discordo. A pátria é dos velhos, mais. Era um homem maluco, os dedos cheios de anéis velhos sem valor, as pedras retiradas — ele dizia: aqueles todos anéis davam até choque elétrico... Não. Eu estou contando assim, porque é o meu jeito de contar. Guerras e batalhas? Isso é como jogo de baralho, verte, reverte. Os revoltosos depois passaram por aqui, soldados de Prestes, vinham de Goiás, reclamavam posse de todos os animais de sela. Sei que deram fogo, na barra do Urucuia, em São Romão, aonde aportou um vapor do Governo, cheio de tropas da Bahia. Muitos anos adiante, um roceiro vai lavrar um pau, encontra balas cravadas. O que vale, são outras coisas. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. De cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa. Sucedido desgovernado. Assim eu acho, assim é que eu conto. [...] Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data. O senhor mesmo sabe.

(Grande sertão: veredas, 2015.)


Dupla negação: emprego conjugado de palavras negativas.

(Celso Pedro Luft. Abc da língua culta, 2010. Adaptado.)

Observa-se a ocorrência de dupla negação no trecho:



a)

“A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam.”

b)

“Mas não é por disfarçar, não pense.”

c)

“O senhor é homem de pensar o dos outros como sendo o seu, não é criatura de pôr denúncia.”

d)

“Agora, sou anta empoçada, ninguém me caça.”

e)

“De cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa.”

Resolução

a) Correta. Em “uns com os outros acho que nem não misturam”, os advérbios nem e não são utilizados para expressar uma ideia contrária a uma mesma ação, a de misturar. Ocorre, nesse caso, conforme a definição proposta por Luft, o “emprego conjugado de palavras negativas”.

b) Incorreta. O adverbio “não” é utilizado para negar duas ideias diferentes: disfarçar e pensar.

c) Incorreta. No trecho selecionado, a negação ocorre apenas em “não é criatura de pôr denúncia”, o que não configura a dupla negação.

d) Incorreta. A negativa do narrador, sobre ser caçado, ocorre apenas uma vez em “ninguém me caça.”

e) Incorreta. O trecho apresenta apenas uma afirmação sobre a personalidade do narrador.

Questão 17 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Mais-valia

Para responder às questões de 17 a 19, leia o trecho da peça A mais-valia vai acabar, seu Edgar, de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha. A peça foi encenada em 1960 na arena da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Brasil e promoveu um amplo debate. A mobilização resultante desse debate desencadeou a criação do Centro Popular de Cultura (CPC).

CORO DOS DESGRAÇADOS: Trabalhamos noite e dia, dia e noite sem parar! Então de nada precisamos, se só precisamos trabalhar! Há mil anos sem parar! Fizemos as correntes que nos botaram nos pés, fizemos a Bastilha onde fomos morar, fizemos os canhões que vão nos apontar. Há mil anos sem parar! Não mandamos, não fugimos, não cheiramos, não matamos, não fingimos, não coçamos, não corremos, não deitamos, não sentamos: trabalhamos. Há mil anos sem parar! Ninguém sabe nosso nome, não conhecemos a espuma do mar, somos tristes e cansados. Há mil anos sem parar! Eu nunca ri — eu nunca ri — sempre trabalhei. Eu faço charutos e fumo bitucas, eu faço tecidos e ando pelado, eu faço vestido pra mulher, e nunca vi mulher desvestida. Há mil anos sem parar! Maria esqueceu de mim e foi morar com seu Joaquim. Há mil anos sem parar!

(Apito longo. Um cartaz aparece: “Dois minutos de descanso e lamba as unhas.”

Todos vão tentar sentar.

Menos o Desgraçado 4 que fica de pé furioso.)

DESGRAÇADO 1: Ajuda-me aqui, Dois. Eu quero me dá uma sentadinha.

(Desgraçado 2 ri de tudo.)

DESGRAÇADO 3: Senta. (Desgraçado 1 vai pôr a cabeça no chão.) De assim, não. Acho que não é com a cabeça não.

DESGRAÇADO 1: Eu esqueci.

DESGRAÇADO 3: A bunda, põe ela no chão. A perna é que eu não sei.

DESGRAÇADO 2: A perna tira.

(Desgraçado 3 e Desgraçado 2 desistem de descobrir. Se atiram no chão.)

DESGRAÇADO 1: A perna dobra! (Senta. Satisfeito.)

DESGRAÇADO 2: Quero ver levantar.

(Todos olham para Desgraçado 4, fazem sinais para que ele se sente.)

DESGRAÇADO 4: Não! Chega pra mim! Eu só trabalho, trabalho, trabalho… (Perde o fôlego.)

DESGRAÇADO 3: Eu te ajudo: trabalho, trabalho, trabalho... 

DESGRAÇADO 4: E tenho dois minutos de descanso? Nunca vi o sol, não tomei leite condensado, não canto na rua, esqueci do sentar, quando chega a hora de descansar, fico pensando na hora de trabalhar! Chega!

SLIDE: Quem canta seus males espanta.

DESGRAÇADO 1: (cantando) A paga vem depois que a gente morre! Você vira um anjo todo branco, rindo sempre da brancura, bebe leite em teta de nuvem, não tem mais fome, não tem saudade, pinta o céu de cor de felicidade!

(Peças do CPC, 2016. Adaptado.)


O título da peça refere-se a importante conceito da teoria de



a)

Jean-Jacques Rousseau.

b)

Friedrich Nietzsche.

c)

Karl Marx.

d)

Max Weber.

e)

Jean-Paul Sartre.

Resolução

a) Incorreta. Rousseau, pensador iluminista do século XVIII, não faz nenhuma menção ao conceito de "mais-valia", presente no título da obra. Sua filosofia era, sobretudo, política contratualista; por vezes antropológica educacional; porém, nunca tomou o assunto da peça (o trabalho) como assunto central de sua filosofia.

b) Incorreta. Nietzsche é considerado um marco na história da filosofia, símbolo de uma nova era (a filosofia contemporânea) e inspirador de muitos artistas: poetas, musicistas, romancistas, críticos literários, dramaturgos, etc. Nesse viés, não há dúvidas, podemos afirmar que dialoga com o campo das artes e não se limita ao universo dos debates filosóficos. Porém, nenhum de seus conceitos aparece no título da peça.

c) Correta. Karl Marx desenvolveu, em meados do século XIX, tendo por inspiração material-histórica o contexto das revoluções industriais, o conceito de mais-valia, de alta importância no conjunto de suas obras e de igual relevância na produção teórica da tradição sociológica. O conceito, definido em linhas gerais, pode ser expresso: o tempo de trabalho que o burguês rouba do proletário. A expressão é forte, principalmente pelo verbo que a acompanha. Todavia, é exatamente assim que o autor alemão idealizou a mais-valia. Claro que, para ser bem entendido, o conceito deve ser pensando à luz das relações de trabalho mediadas pelo capital: alguém contrata um contratado por X, sabendo que, com o trabalho desse contratado, o que contrata pode lucrar, e assim o faz, segundo Marx, porque não paga o tempo total de trabalho do trabalhador. Finge que paga, fala que paga, diz que paga. Mas, a bem da verdade, somente é capaz de lucrar porque não paga o equivalente de riqueza (pensada sob a grandeza "tempo") que o contratado gera.

d) Incorreta. Max Weber trabalhou com conceitos econômicos que, é verdade, estão muito próximos dos temas contemplados na peça que o exercício menciona. Contudo, nenhum desses seus conceitos encontra-se no título dessa mesma peça, como pede o exercício.

e) Incorreta. Jean-Paul Sartre foi filósofo, escritor, crítico literário e, embora tenha se destacado mais pela sua teoria filosófica fenomenológica existencialista, escreveu algumas peças de teatro. Mas, certamente não foi essa, mencionada pela questão. Ademais, nenhum de seus conceitos (angústia, liberdade, responsabilidade, ser-para-si, ser-em-si, Ser, Nada, etc) aparecem no título A mais-valia vai acabar, seu Edgar.

Questão 18 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Sociedade e trabalho Mais-valia

Para responder às questões de 17 a 19, leia o trecho da peça A mais-valia vai acabar, seu Edgar, de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha. A peça foi encenada em 1960 na arena da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Brasil e promoveu um amplo debate. A mobilização resultante desse debate desencadeou a criação do Centro Popular de Cultura (CPC).

CORO DOS DESGRAÇADOS: Trabalhamos noite e dia, dia e noite sem parar! Então de nada precisamos, se só precisamos trabalhar! Há mil anos sem parar! Fizemos as correntes que nos botaram nos pés, fizemos a Bastilha onde fomos morar, fizemos os canhões que vão nos apontar. Há mil anos sem parar! Não mandamos, não fugimos, não cheiramos, não matamos, não fingimos, não coçamos, não corremos, não deitamos, não sentamos: trabalhamos. Há mil anos sem parar! Ninguém sabe nosso nome, não conhecemos a espuma do mar, somos tristes e cansados. Há mil anos sem parar! Eu nunca ri — eu nunca ri — sempre trabalhei. Eu faço charutos e fumo bitucas, eu faço tecidos e ando pelado, eu faço vestido pra mulher, e nunca vi mulher desvestida. Há mil anos sem parar! Maria esqueceu de mim e foi morar com seu Joaquim. Há mil anos sem parar!

(Apito longo. Um cartaz aparece: “Dois minutos de descanso e lamba as unhas.”

Todos vão tentar sentar.

Menos o Desgraçado 4 que fica de pé furioso.)

DESGRAÇADO 1: Ajuda-me aqui, Dois. Eu quero me dá uma sentadinha.

(Desgraçado 2 ri de tudo.)

DESGRAÇADO 3: Senta. (Desgraçado 1 vai pôr a cabeça no chão.) De assim, não. Acho que não é com a cabeça não.

DESGRAÇADO 1: Eu esqueci.

DESGRAÇADO 3: A bunda, põe ela no chão. A perna é que eu não sei.

DESGRAÇADO 2: A perna tira.

(Desgraçado 3 e Desgraçado 2 desistem de descobrir. Se atiram no chão.)

DESGRAÇADO 1: A perna dobra! (Senta. Satisfeito.)

DESGRAÇADO 2: Quero ver levantar.

(Todos olham para Desgraçado 4, fazem sinais para que ele se sente.)

DESGRAÇADO 4: Não! Chega pra mim! Eu só trabalho, trabalho, trabalho… (Perde o fôlego.)

DESGRAÇADO 3: Eu te ajudo: trabalho, trabalho, trabalho... 

DESGRAÇADO 4: E tenho dois minutos de descanso? Nunca vi o sol, não tomei leite condensado, não canto na rua, esqueci do sentar, quando chega a hora de descansar, fico pensando na hora de trabalhar! Chega!

SLIDE: Quem canta seus males espanta.

DESGRAÇADO 1: (cantando) A paga vem depois que a gente morre! Você vira um anjo todo branco, rindo sempre da brancura, bebe leite em teta de nuvem, não tem mais fome, não tem saudade, pinta o céu de cor de felicidade!

(Peças do CPC, 2016. Adaptado.)


O texto mostra-se crítico em relação ao conteúdo da seguinte citação:



a)

“O trabalho não é vergonha, é só uma maldição.”

b)

“O homem é o lobo do homem.”

c)

“O homem nasce livre, a sociedade o corrompe.”

d)

“O trabalho dignifica e enobrece o homem.”

e)

“Onde não há lei, não há liberdade.”

Resolução

A leitura do excerto selecionado pela banca, para esse exercício, nos permitiria destacar alguns trechos para sustentar a seguinte tese: a peça critica uma ideia comum na tradição ocidental, a saber, a ideia de que o trabalho dignifica a pessoa humana. Desses trechos, citaremos dois: 

- "Trabalhamos noite e dia, dia e noite sem parar! Então de nada precisamos, se só precisamos trabalhar! Há mil anos sem parar! Fizemos as correntes que nos botaram nos pés, fizemos a Bastilha onde fomos morar, fizemos os canhões que vão nos apontar"

- "E tenho dois minutos de descanso? Nunca vi o sol, não tomei leite condensado, não canto na rua, esqueci do sentar, quando chega a hora de descansar, fico pensando na hora de trabalhar! Chega!" 

Agora, com os trechos destacados, relembremo-nos do enunciado (O texto mostra-se crítico em relação ao conteúdo de qual citação?) e vejamos as alternativas:

a) Incorreta. A frase "O trabalho não é vergonha, é só uma maldição” é de Guimarães Rosa e, nas entrelinhas, nos faz lembrar da etimologia do termo (tripalium), que remonta a instrumentos de tortura. Como essa ideia, de alguma maneira, está presente no texto, essa alternativa não pode ser correta. Não nos esqueçamos do enunciado... o texto mostra-se crítico a qual citação? Certamente, não essa citação, que por ele, no fundo, é endossada.

b) Incorreta. A frase "O homem é lobo do homem" é do pensador britânico Thomas Hobbes e, assim como no caso da frase anterior, ela carrega uma ideia que faz pano de fundo ao texto: o homem está sempre disposto a aproveitar do outro; se puder, aliás, faz mais que isso... castiga, maltrata. Nesse sentido, também não encontramos, aqui, uma citação sob suspeita, mas, sim, uma citação sob endosso.

c) Incorreta. "O homem nasce livre, a sociedade o corrompe" - mais uma frase clássica do universo filosófico foi utilizada nesse exercício. Cunhada pelo iluminista Jean-Jacques Rousseau, a frase sintetiza a deterioração do bom selvagem que, distante de sua vida primária e natural, deixou sua empatia e seu altruísmo serem substituídos pelo egoísmo, a indiferença e a ganância, elementos que estão presentes na peça A mais-valia vai acabar, seu Edgar, de Oduvaldo Vianna Filho.

d) Correta. Sem dúvida podemos afirmar que a ideia presente na citação "O trabalho dignifica e enobrece o homem” remete à longa data, já que é ideia presente, no mínimo, desde a tradição judaico-cristã, e sustentada pelas morais dessas culturas e de outras que, depois delas, surgiram - como a moral protestante. Em todos esses raciocínios, o trabalho é sinal de benção, glória, salvação, retidão, solidariedade, harmonia, união, etc. É aquilo que costumamos chamar de "visão positiva do trabalho". Nenhuma dessas morais pensou o trabalho como exploração, maldição, sofrimento, exploração ou disputa, justamente como o texto nos mostra e, assim, critica esse demasiado otimismo sobre o ato de trabalhar e as relações de trabalho.

e) Incorreta. "Onde não há lei, não há liberdade". John Locke, pensador político do Mundo Moderno, escreveu essa frase no século XVIII para explicar a importância do contrato social enquanto pacto jurídico-político responsável pela salvaguarda de nossos direitos naturais, entre eles o direito à liberdade. No treco que a Unesp selecionou, da peça A mais-valia vai acabar, seu Edgar, há, também, o espírito dessa ideia, em cada uma das linhas que lemos. Ora, os trabalhadores explorados, representados pelos desgraçados que, tão desgraçados que são, não possuem sequer um nome, estão longe de usufruir de suas liberdades porque o espaço das relações de trabalho - dentro das fábricas, por exemplo -, é espaço sem lei, espaço dominado pelo arbítrio do patrão, que manda e desmanda sob a égide do autoritarismo. Por isso, mais uma vez, temos aqui a confirmação de uma ideia, não uma critica, como pede o enunciado.

Questão 19 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

eufemismo

Para responder às questões de 17 a 19, leia o trecho da peça A mais-valia vai acabar, seu Edgar, de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha. A peça foi encenada em 1960 na arena da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Brasil e promoveu um amplo debate. A mobilização resultante desse debate desencadeou a criação do Centro Popular de Cultura (CPC).

CORO DOS DESGRAÇADOS: Trabalhamos noite e dia, dia e noite sem parar! Então de nada precisamos, se só precisamos trabalhar! Há mil anos sem parar! Fizemos as correntes que nos botaram nos pés, fizemos a Bastilha onde fomos morar, fizemos os canhões que vão nos apontar. Há mil anos sem parar! Não mandamos, não fugimos, não cheiramos, não matamos, não fingimos, não coçamos, não corremos, não deitamos, não sentamos: trabalhamos. Há mil anos sem parar! Ninguém sabe nosso nome, não conhecemos a espuma do mar, somos tristes e cansados. Há mil anos sem parar! Eu nunca ri — eu nunca ri — sempre trabalhei. Eu faço charutos e fumo bitucas, eu faço tecidos e ando pelado, eu faço vestido pra mulher, e nunca vi mulher desvestida. Há mil anos sem parar! Maria esqueceu de mim e foi morar com seu Joaquim. Há mil anos sem parar!

(Apito longo. Um cartaz aparece: “Dois minutos de descanso e lamba as unhas.”

Todos vão tentar sentar.

Menos o Desgraçado 4 que fica de pé furioso.)

DESGRAÇADO 1: Ajuda-me aqui, Dois. Eu quero me dá uma sentadinha.

(Desgraçado 2 ri de tudo.)

DESGRAÇADO 3: Senta. (Desgraçado 1 vai pôr a cabeça no chão.) De assim, não. Acho que não é com a cabeça não.

DESGRAÇADO 1: Eu esqueci.

DESGRAÇADO 3: A bunda, põe ela no chão. A perna é que eu não sei.

DESGRAÇADO 2: A perna tira.

(Desgraçado 3 e Desgraçado 2 desistem de descobrir. Se atiram no chão.)

DESGRAÇADO 1: A perna dobra! (Senta. Satisfeito.)

DESGRAÇADO 2: Quero ver levantar.

(Todos olham para Desgraçado 4, fazem sinais para que ele se sente.)

DESGRAÇADO 4: Não! Chega pra mim! Eu só trabalho, trabalho, trabalho… (Perde o fôlego.)

DESGRAÇADO 3: Eu te ajudo: trabalho, trabalho, trabalho... 

DESGRAÇADO 4: E tenho dois minutos de descanso? Nunca vi o sol, não tomei leite condensado, não canto na rua, esqueci do sentar, quando chega a hora de descansar, fico pensando na hora de trabalhar! Chega!

SLIDE: Quem canta seus males espanta.

DESGRAÇADO 1: (cantando) A paga vem depois que a gente morre! Você vira um anjo todo branco, rindo sempre da brancura, bebe leite em teta de nuvem, não tem mais fome, não tem saudade, pinta o céu de cor de felicidade!

(Peças do CPC, 2016. Adaptado.)


Considerado no contexto, constitui exemplo de eufemismo o verbo sublinhado no trecho



a)

“fizemos os canhões que vão nos apontar”.

b)

“não conhecemos a espuma do mar”.

c)

“Ninguém sabe nosso nome”.

d)

“A paga vem depois que a gente morre”.

e)

“fizemos a Bastilha onde fomos morar”.

Resolução

No século XVII, na França, a Bastilha era um forte que serviu para aprisionar os inimigos do rei. Considerando essa informação e a de que um eufemismo tem por objetivo a suavização de uma expressão ou palavra ao substituir um termo por outro,

a) Incorreta. O verbo apontar não indica uma ideia menos agressiva sobre ser alvo dos canhões.

b) Incorreta. A ideia de desconhecimento, de não ter vivência ou experiência não é suavizada pelo uso do termo “[não] conhecemos”.

c) Incorreta. O fato de os desgraçados terem seus nomes ignorados não é abrandada por uso do verbo “[ninguém] sabe”

d) Incorreta. A palavra “morre” indica exatamente o fato, sem uma preocupação de atenuar sua gravidade.

e) Correta. Ao afirmar que “mora”, em vez de expressar a ideia de que está aprisionado, a personagem ameniza o verdadeiro significado do que é estar na Bastilha.

Questão 20 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Arcadismo Arcadismo mineiro Introdução ao Arcadismo

A obra Prisão de Tiradentes (datada de 1914), do pintor brasileiro Antônio Parreiras (1860-1937), remete a evento histórico relacionado ao seguinte movimento literário brasileiro:



a)

Barroco.

b)

Arcadismo.

c)

Romantismo.

d)

Realismo.

e)

Modernismo.

Resolução

A pintura de Antônio Parreiras retrata um momento crucial no desenrolar da Inconfidência Mineira: a prisão de Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como “Tiradentes”. Tal evento histórico, ocorrido na então capitania de Minas Gerais, no final do século XVIII, foi profundamente influenciado por ideais iluministas.

a) Incorreta. A literatura barroca brasileira desenvolve-se, sobretudo, durante o século XVII, notadamente na região Nordeste do Brasil. Sendo assim, trata-se de um movimento literário anterior à Inconfidência Mineira e seus pensamentos iluministas.

b) Correta. A Inconfidência Mineira contou com a participação de poetas do Arcadismo brasileiro, como Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa; assim como os inconfidentes, os escritores árcades são influenciados pelos pensamentos iluministas, na medida em que valorizam a razão, o equilíbrio e a clareza.

c) Incorreta. O Romantismo brasileiro é um movimento literário que se desenvolve após a Independência do Brasil, já na primeira metade do século XIX; portanto, não está diretamente relacionado a um evento histórico ocorrido durante a época colonial.

d) Incorreta. Assim como o Romantismo, o Realismo brasileiro, movimento literário da segunda metade do século XIX, é posterior à Inconfidência Mineira e não está relacionado a esse evento histórico do Brasil Colônia.

e) Incorreta. O Modernismo surge no Brasil, enquanto movimento literário, no início do século XX, tendo inicialmente grande influência das vanguardas europeias; distancia-se, assim, temporal e ideologicamente, da época da Inconfidência Mineira.