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Unesp 2021 - 1ª fase - dia 1


Questão 31 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Roma

Atualmente, muitos estudiosos  acreditam que é possível identificar processos de globalização em sociedades pré-modernas, em vista de fenômenos como o encurtamento relativo das distâncias (através de meios de transporte e comunicação mais eficazes), maior conectividade entre regiões previamente isoladas [...].

(Rafael Scopacasa. Revista de História, no 177, 2018.)


A expansão romana pelo mar Mediterrâneo pode ser considerada um exemplo de “globalização em sociedades pré-modernas”, pois envolveu



a)

eliminação da influência helenista e homogeneização dos hábitos alimentares na zona mediterrânica.

b)

imposição do monoteísmo romano e unidade monetária em todas as províncias controladas.

c)

descaracterização cultural dos povos dominados e interrupção da circulação marítima na região.

d)

uniformização linguística no entorno do mar e intercâmbios culturais entre os povos da região.

e)

mobilidade intensa de bens e interdependência entre regiões e povos distantes.

Resolução

Roma implementou uma grande ação expansionista territorial, incorporando grandes áreas não só europeias, mas também do Norte da África e da Ásia. Entre os séculos V a.C e III a.C (período da República), os romanos dominaram a Península Itálica, encerrando assim ameaças regionais e consolidando o abastecimento de produtos essenciais à população de Roma. Após essa conquista, dirigiram-se rumo à África, tomando Cartago (cidade de origem fenícia) no episódio conhecido como Guerras Púnicas (264 a.C - 146 a.C). A derrota de Cartago eliminou o principal entrave à expansão, e partir disso os exércitos romanos tomaram várias localidades, como a Síria, Macedônia, Grécia, Egito, Gália, entre outras. 
a) Incorreta. O helenismo foi o resultado da fusão da cultura clássica com as orientais, a partir da conquista da Grécia por Alexandre, o Grande. O mundo grego e a posterior difusão do helenismo deixaram significativas contribuições à tradição ocidental (inclusive romana), sendo incorreto, portanto, afirmar que esta influência foi eliminada pela expansão romana através do Mediterrâneo.
b) Incorreta. Parte significativa da expansão romana ao longo do Mediterrâneo ocorreu ainda no período da República, antes do surgimento do cristianismo e de um "monoteísmo romano". A crença em uma única divindade ganhou espaço e aceitação dentro de Roma posteriormente, já no período imperial, quando, em 313 d.C, o imperador Constantino pôs fim à perseguição aos cristãos com o Édito de Milão, concedendo-lhes liberdade religiosa. Ou seja, o monoteísmo romano não coincide temporalmente com a expansão nem durante a República nem em seu auge no Império. 
c) Incorreta. Os romanos tratavam de maneiras diferentes os povos dominados, sendo um método eficaz e que favorecia o controle romano. Por exemplo, certos povos incorporados voluntariamente aos domínios de Roma recebiam a cidadania completa ou parcial como recompensa pela lealdade. Era comum que Roma selasse sua aliança permitindo a manutenção dos seus próprios magistrados e leis tradicionais, mas submetendo-os às tutela romana e exigindo que fornecessem tropas para Roma quando requisitadas. Nesse sentido, não podemos afirmar que ocorreu a descaracterização cultural dos povos dominados. Além disso, a circulação marítima não foi interrompida, sendo intensificada a partir do momento que o Mar Mediterrâneo foi considerado "mare nostrum" dos romanos. 
d) Incorreta. Os diversos povos romanos conquistados eram incorporados ao mundo romano, seja como cidadãos, seja como aliados, e o exército teve um papel importante como unificador cultural ao generalizar o uso do latim entre os combatentes. Apesar disso, não é possível afirmar que ocorreu uma uniformização linguística no entorno do mar mediterrâneo, já que Roma permitia a manutenção das línguas locais em diversas ocasiões. 
e) Correta. A expansão romana favoreceu uma intensa mobilidade de bens e maior interdependência entre regiões e povos distantes. As vitórias da conquista romana favoreceram um grande afluxo de metais preciosos, permitindo o desenvolvimento de um vasto comércio entre Roma e suas províncias - regiões que forneciam produtos como trigo, madeira e objetos de luxo, por exemplo. Nesse sentido, podemos considerar que Roma, ao derrotar Cartago, passou a ter ampla influência em rotas comerciais do Mediterrâneo. Nesse sentido, a expansão romana pode ser associada ao processo de globalização nas sociedades pré-modernas. 

Questão 32 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Globalização

Atualmente, muitos estudiosos  acreditam que é possível identificar processos de globalização em sociedades pré-modernas, em vista de fenômenos como o encurtamento relativo das distâncias (através de meios de transporte e comunicação mais eficazes), maior conectividade entre regiões previamente isoladas [...].

(Rafael Scopacasa. Revista de História, no 177, 2018.)


O uso contemporâneo do conceito de globalização envolve, além dos aspectos mencionados no texto,



a)

imposição do setor industrial sobre o de serviços, autossuficiência energética dos países, ampla mobilidade de pessoas e mercadorias.

b)

convergência de preços e mercados entre regiões distantes, meios de comunicação ultravelozes, formação de uma consciência global.

c)

maior importância das barreiras geográficas, constituição de redes de contatos culturais, uniformização mundial de preços.

d)

unidade ideológica e política entre os governantes dos Estados, redução das distâncias físicas entre continentes, declínio da diversidade global.

e)

imposição do poder dos blocos econômicos regionais, internacionalização do movimento operário, redução das barreiras linguísticas.

Resolução

O processo de globalização apresenta múltiplas características além do fenômeno do encurtamento das distâncias, como proposto e analisado por David Harvey. 

Que relação a imagem cria entre os meios de transportes e a “redução” do  tamanho do planeta - Brainly.com.br

Fonte: Vestibular ESPM 2013/1 acessado em https://enem.estuda.com/questoes/?resolver=&prova=186&q=&inicio=12&q=&cat=&dificuldade=

Essa noção parte do pressuporto de que o uso e desenvolvimento de tecnologias faz com que os pontos espaciais sejam percorridos de maneira mais rápida, dando a impressão de um "encurtamento" das distâncias.

a) Incorreta. Podemos invalidar a alternativa sabendo que não é característica desse processo de globalização a autossuficiência energética dos países, bem como não há nele a imposição ou supremacia do setor industrial sobre o de serviços. A ultma parte da alternativa está correta face ao processo de globalização, quando afirma que há 'ampla mobilidade de pessoas e mercadorias'.

b) Correta. De fato a globalização conecta os locais e lugares do mundo em um único espaço global, e isso gera convergência de preços (preços gerados pela lei da oferta e procura em escala global) através das negociações em bolsas de valores mundiais; as novas tecnologias de trocas de informações pelas conexões de internet estão cada vez mais velozes e geram a estrutura fixa que permite as conexões humanas e econômicas em escala global, tal ampla interação gera uma cultura global de massa,  forma uma consciência global e faz de cada indivíduo produto das influências culturais do que é local e do que é global.

c) Incorreta. O processo de globalização derruba as barreiras geográficas, e não as amplia; através das tecnologias nos transportes e telecomunicações as barreiras são cada vez mais facilmente transpostas ou superadas, o que invalida a alternativa. É verdade, contudo, a segunda parte da alternativa, que sugere que a globalização e suas novas tecnologias de telecomunicações e transportes permitem as conexões humanas e econômicas em escala global, gerando com isso redes de contatos culturais e uniformização mundial de preços.

d) Incorreta. Foi dito anteriormente que a globalização conecta os locais e lugares do mundo em um único espaço global através dos amplos avanços das tecnologias nos transportes e telecomunicações, porém isso não muda as distancias físicas reais entre os continentes ou países, como a alternativa afirma, apenas permite que essas distâncias reais sejam mais rapidamente transpostas por pessoas, informações e mercadorias. O processo global de fato permite o surgimento de uma cultura global de massa, porém não gera convergência ou unidade ideológica e política entre os governantes dos Estados nacionais.

e) Incorreta. A globalização propõe a ampliação global das relações humanas, econômicas e mercadológicas. Neste mundo economicamente global, os estados nacionais uniram-se em blocos econômicos regionais para juntos terem maior força neste cenário tão competitivo. Este processo surgiu naturalmente e é uma tentativa de ganhar maior capacidade de concorrência no cenário global, mas não quer dizer que, mesmo com os blocos, haja neste cenário global a possibilidade de imposição de poder por parte de qualquer bloco econômico, mesmo os mais poderosos (União Europeia ou USMCA). Não há também no cenário global a internacionalização de um movimento operário, e também dizer que há uma redução nas barreiras linguísticas é errôneo, por ser uma generalização.

Questão 33 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Arte Renascentista

Observe a imagem.

(https://pt.wikipedia.org)

A Pietà, escultura de Michelangelo Buonarotti, foi produzida nos  últimos  anos do século  XV e revela uma característica  importante da arte renascentista:

 



a)

o  delineamento  preciso  das  formas  do  corpo  humano,  realizado a partir dos estudos de anatomia pelo artista.

b)

o teocentrismo, explicitado na inexpressividade e no estatismo da representação das figuras humanas.

c)

a  desproporcionalidade  entre  os  tamanhos  dos  corpos,  para evidenciar a grandiosidade da figura de Cristo.

d)

a influência da arte religiosa medieval, manifesta na tridimensionalidade e na carência de perspectiva da peça.

e)

o prevalecimento de temática bíblica, com recriação precisa e fiel de um trecho do Evangelho segundo Lucas.

Resolução

a) Correta. Nota-se, pela imagem, como a escultura é bem concluída e delineada, afinal o artista preocupa-se com uma composição geométrica (o todo da imagem forma um triângulo). Isso acontece, pois no período Renascentista buscava-se uma valorização da beleza na arte e, para tanto, os artistas, além de estudarem tecnicas básicas de arte, realizavam estudos de anatomia para deixar suas obras ainda mais belas.

b) Incorreta. A temática abordada na obra em questão não é exclusividade do período artístico renascentista. A ideia de se trabalhar com a temática cristã surge antes mesmo da Idade Média e se desenvolve nesse contexto. Ademais, a inexpressividade e estatismo da representação também são encontradas nas esculturas Gregas. Portanto, o teocentrismo, a inexpressividade e o estatismo não definem o período do Renascimento.

c) Incorreta. Na escultura Pietà, de Michelangelo, não é encontrada nenhuma desproporcionalidade, pelo contrário, é um trabalho que denota um domínio da anatomia humana, bem como da materialidade dos demais itens que compõem a cena .

d) Incorreta. Como a temática religiosa foi abordada na Idade Média e também em um período anterior (paleocristã), sua abordagem não se torna uma característica importante do Renascimento. Ademais, a escultura traz uma sensação de realismo para os espectadores, pois, além de dominar a anatomia dos corpos e os movimentos de tecidos, também controla a perspectiva na composição da imagem.

e) Incorreta. Conforme explicado nas alternativas B e D, a tematização da religião não é exclusividade do período Renascentista. Além disso, o escultor não retrata o que de fato é encontrado no evangelho, mas escolhe idealizar a cena (prática comum no Renascimento). Segundo o evangelho, após a morte de cristo Maria se retira do local.

 

Questão 34 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Sociedade colonial

O consumo dos alimentos nas propriedades de monocultura de cana-de-açúcar estava [...] baseado no que se podia produzir nas brechas de um grande  sistema  subordinado  ao  mercado  externo, resultando  em uma grande quantidade de farinha de mandioca,  feijões  de  diversos  tipos,  batata-doce,  milho e cará comidos com pouco rigor, além de uma cultura do doce, cristalizada na mistura das frutas com açúcar refinado e simbolizada, popularmente, pela rapadura.


(Paula Pinto e Silva. “Sabores da colônia”. In: Luciano Figueiredo (org).História do Brasil para ocupados, 2013)


O texto caracteriza formas de alimentação no Brasil colonial e revela



a)

o  esforço  metropolitano  de  diversificar  a  produção  da  colônia, com o intuito de ampliar as vendas de alimentos para outros países europeus.

b)

a diferença entre a sofisticação da alimentação da população colonial e o restrito conjunto de alimentos disponíveis na metrópole.

c)

a articulação entre um sistema de produção voltado ao atendimento das necessidades e interesses da metrópole e as estratégias de subsistência.

d)

o interesse dos grandes proprietários de terras na colônia de produzir para o mercado interno, rejeitando a submis-são ao domínio metropolitano.

e)

a  separação  entre  as  lavouras  voltadas  ao  fornecimento  de alimentos para os países vizinhos e as plantações destinadas ao consumo interno.

 

Resolução

A história da alimentação consiste em um amplo campo de estudos, que pesquisa desde a produção e a comercialização dos produtos, até o modo de preparo dos alimentos, bem como os rituais envolvidos no seu consumo.  Os estudos dessa temática apontam para um amplo leque de interações culturais, já que o primeiro século da alimentação na colônia foi de incorporação pelos portugueses da biodiversidade da região, além do importante contato com a tradição culinária indígena e a forte influência africana. 
a) Incorreta. A produção dos alimentos mencionados no texto não são resultados do esforço metropolitano de diversificar a produção de alimentos da colônia. Pelo contrário, o único esforço efetivo da metrópole era o de consolidar a produção monocultora do açúcar, conforme experiência anterior em ilhas do Atlântico. 
b) Incorreta. O texto trata dos alimentos consumidos na propriedades monocultoras da colônia e não menciona os alimentos disponíveis na metrópole, ou seja, o autor  não enfatiza essa suposta diferença. 
c) Correta. A economia colonial teve como característica fundamental o sistema denominado plantation, que consiste em latifúndios monocultores com mão de obra escrava visando à exportação. A partir de 1530, a demanda cada vez maior por açúcar na Europa, aliada à necessidade de medidas eficazes para manutenção e rentabilidade de seus territórios na América, fez com que a coroa portuguesa adotasse medidas de incentivo do cultivo açucareiro na América. Apesar da centralidade do modelo açucareiro, o texto destaca a importância das atividades de subsistência da população, as "brechas de um grande sistema subordinado ao mercado externo", o que resultava em uma diversidade de produtos cultivados visando à subsistência local.
d) Incorreta. A produção de gêneros visando ao abastecimento interno da população não demonstra o interesse dos grandes proprietários, mas sim uma necessidade básica do cultivo de subsistência. Vale destacar aqui que, conforme o menciona o autor, esse cultivo era feito nas "brechas de um grande sistema subordinado ao mercado externo", de modo que não abalava a submissão ao domínio metropolitano. Nesse período vigorava o conceito de "pacto colonial", que consiste na exclusividade do comércio da colônia com a metrópole, reafirmando assim a ideia de uma estrutura submissa. Dentro da lógica mercantilista do período, a colônia existe como forma de complementar a economia da metrópole, ou seja, suas atividades econômicas atendem puramente aos interesses portugueses e não foram implementadas visando ao desenvolvimento econômico interno. 
e) Incorreta. O Brasil colonial não forneceu alimentos para os países vizinhos. Conforme mencionado anteriormente, a lógica mercantilista colonial consistia na produção monocultora para o complemento econômico da metrópole, de modo que toda a produção exportada passava necessariamente por Portugal. 
Nota: Por muito tempo as relações entre Brasil e Portugal foram explicadas somente por meio do Pacto Colonial (também chamado de Exclusivo Comercial): a colônia só comercializa com a metrópole, garantindo assim lucros excepcionais. No entanto, esse quadro esquemático das relações entre colônia e metrópole, embora ajude na compreensão dos mecanismos estruturais do sistema, desconsidera a lógica interna da dinâmica colonial. Estudos recentes têm demonstrado que a produção de gêneros para o consumo local era bem mais importante do que se considerava, confirmando  que a dinâmica social do Brasil açucareiro era mais complexa do que a imagem fixada que não considerava as brechas no sistema mercantil colonial. 

Questão 35 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Mineração no Brasil

A  exploração do ouro, na região das Minas Gerais  durante o século  XVIII, implicou um conjunto de transformações no perfil geral da América portuguesa, tais como



a)

a redução no emprego da mão de obra escrava e a facilitação da entrada de imigrantes na colônia.

b)

a  implementação  do  regime  de  intendências  e  a  formação de nova estrutura administrativa na colônia.

c)

a concentração das atividades econômicas no interior da colônia e o abandono do comércio agroexportador.

d)

o  aumento dos intercâmbios comerciais com a América hispânica e a constituição de um mercado aurífero no continente.

e)

o contato direto da Inglaterra com as riquezas do território brasileiro e a dificuldade portuguesa de manter o monopólio comercial.

Resolução

a) Incorreta. A escravidão africana foi a base do trabalho na sociedade mineradora, de modo que nesse período ocorreu um aumento expressivo no tráfico, visando abastecer a região. O século XVIII caracterizou-se por um aumento populacional significativo: estima-se que em 1690 houvesse na colônia entre 184 e 300 mil pessoas, enquanto em 1780 esse número saltou para 2,7 milhões de habitantes e em 1798 haveria cerca de 3,25 milhões de habitantes no Brasil. Esse fluxo populacional foi causado pelas expectativas de enriquecimento fácil com a mineração e também com o aumento da chegada de escravos para trabalhar na região mineradora. Calcula-se que 70% da população da região era formada por escravos, aos quais cabia o árduo trabalho de retirar o ouro da terra e dos rios. 
b) Correta. Logo no segundo ano do século XVIII, o governo português determinou uma série de medidas para disciplinar a distribuição da atividade mineradora, estabelecendo o regime conhecido como Regimento de 1702. Esse documento previa a Intendência das Minas, um órgão administrativo, judicial, fiscal e técnico, que se tornou o grande cobrador de impostos e coibidor da prática do contrabando. A criação da Intendência representou uma centralização da estrutura administrativa colonial, já que a coroa passou a ter participação ativa e direta, estabelecendo a divisão das jazidas em lotes (datas),  determinando que o descobridor da jazida podia escolher duas delas e a terceira era destinada obrigatoriamente à coroa, que a vendia em leilão público. Como boa parte do ouro estava à mostra nos leitos dos rios (ouro de aluvião), era fundamental manter o controle sobre a região, e a coroa agiu rapidamente nesse sentido, evitando o perigo de ser excluída dos lucros decorrentes dessa atividade. 
c) Incorreta. É correto afirmar que ocorreu uma expansão significativa das atividades econômicas no interior da colônia devido à exploração aurífera. No entanto, não podemos afirmar que ocorreu o abandono do comércio agroexportador, pois, apesar de variações na intensidade deste, essa atividade esteve presente durante todo o  Brasil colonial. 
d) Incorreta. A exploração aurífera esteve submetida ao monópolio português, de modo que não ocorreu um intercâmbio comercial com a América hispânica nem a formação de um mercado aurífero no continente. A descoberta do ouro fez com que a metrópole agisse rapidamente para estabelecer o controle sobre sua exploração, e, por conseguinte, fixasse métodos eficientes de tributação.
e) Incorreta. Conforme mencionado nas alternativas acima, a coroa portuguesa esforçou-se para manter o controle e o monopólio da região e, embora o contrabando não tenha sido completamente extinto, podemos afirmar que o sistema português foi bastante eficiente em assegurar a participação da metrópole na lucratividade da atividade. A Inglaterra não teve um contato direto com as riquezas do território, embora tenha usufruído do ouro brasileiro que foi transferido para os cofres ingleses por meio do Tratado de Methuen, assinado com Portugal em 1703. 

Questão 36 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Razão e Proporção

O importante trabalho de fazer um alfinete é dividido em mais ou menos dezoito operações distintas. Vi uma pequena fábrica que só empregava dez operários e onde, em consequência, alguns deles eram encarregados de duas ou três operações. Mas, embora a fábrica fosse muito pobre e, por isso, mal aparelhada, quando em atividade, eles conseguiam fazer cerca de doze libras de alfinetes por dia: ora, cada libra contém mais de quatro mil alfinetes de tamanho médio. Assim, esses dez operários podiam fazer mais de quarenta e oito mil alfinetes por dia de trabalho; logo, se cada operário fez um décimo desse produto, podemos dizer que fez, num dia de trabalho, mais de quatro mil e oitocentos alfinetes. Mas, se todos tivessem trabalhado à parte e independentemente uns dos outros, e se eles não tivessem sido moldados a essa tarefa particular, cada um deles não teria feito, com certeza, vinte alfinetes.

(Adam Smith. A riqueza das nações (1776). Apud: André Gorz. Crítica da divisão do trabalho, 1980. Adaptado.)

Considerando que uma libra equivale a aproximadamente 450 gramas, o texto indica que

 



a)

o modelo de fábrica ampliou imensamente a capacidade de produção de alfinetes, pois as máquinas substituíram o trabalho humano com evidente melhoria na qualidade da mercadoria final.

b)

a mecanização e o parcelamento de tarefas reduziram a capacidade de produção de alfinetes, pois criaram dificuldades para que o conjunto dos operários operasse as máquinas.

c)

a massa de um alfinete de tamanho médio equivale a 10% de uma libra e, em decorrência, a produção diária da fábrica gerava cerca de 4,5 kg de mercadorias.

d)

o trabalho individual de cada operário envolvia o manejo diário de quatro mil e oitocentos alfinetes, que representavam, em massa, cerca de 540 gramas.

e)

a divisão de tarefas na fábrica homogeneizou a capacidade produtiva individual dos trabalhadores e eliminou a necessidade de controle patronal sobre a produção.

Resolução Sugerimos anulação

a) Incorreta. A afirmação de que as máquinas substituíram o trabalho humano não pode ser tomada como verdadeira, além de ser, no mínimo controversa, a depender do contexto, a sugestão de que essa hipotética substituição teria levado à melhoria evidente da mercadoria final. 

b) Incorreta. Adam Smith comenta, em sua obra "A riqueza das nações", sobre a divisão do trabalho e sua importância no que diz respeito à produtividade, afirmando, como se vê no excerto, que a alta especialização de tarefas possibilitou uma maior produção de mercadorias, diferentemete do que sugere a alternativa em questão.

c) Incorreta. Segundo o enunciado, 1 libra contém mais de 4000 alfinetes, portanto a massa de cada alfinete é aproximadamente (na verdade, inferior) igual a

m14000 libra=0,00025 libra

ou

malfinetemlibra14000=14000×100%=0,025%

ou aproximadamente

0,00025·450=0,1125 g

pois 1 libra corresponde a 450 gramas, sendo a massa de um alfinete muito inferior à 10% de uma libra, tornando a alternativa incorreta (a massa de um alfinete é aproximadamente 0,025% de uma libra). Além disso, a produção diária é de 12 libras, o que corresponde à

12·450 g=5400 g=5,4 kg

de produção diária em alfinetes.

d) Incorreta. Segundo o texto, a produção diária da fábrica era superior a 48000 alfinetes. De acordo com os cálculos apresentados na alternativa C, a produção diária é de 5,4 kg. A alternativa adota a simplificação de que, tendo a fábrica 10 funcionários, teremos o manejo diário de cerca de 0,54 kg, ou 540 g, por cada funcionário. No entanto, a alternativa foi infeliz ao afirmar que cada funcionário realizou o manejo diário de apenas 4800 alfinetes ou 540 gramas, pois, se há 18 operações e a questão trata justamente da produção em série, com divisão de tarefas e, portanto, com a participação dos funcionários em diferentes momentos da produção dos 48000 alfinetes, cada funcionário manejou muito mais do que 110 do total de alfinetes, sendo provável que vários deles, durante o processo produtivo, manejaram a totalidade dos alfinetes produzidos pela fábrica, que corresponde a 48000 alfinetes ou 5,4 kg, e não apenas 4800 alfinetes ou 540 gramas, como afirma a alternativa.

e) Incorreta. O item traz duas informações que são, igualmente, equivocadas. A primeira delas: "a divisão de tarefas na fábrica homogeneizou a capacidade produtiva individual dos trabalhadores". Esta afirmação é falsa, pois, embora os processos industriais, marcados pela alta divisão de tarefas (como enfatiza o texto), possam contribuir para certa homogeneização produtiva, eles não são capazes de resumir e reduzir a capacidade de produção de cada um a uma mesma coisa, como se fosse possível igualar, de forma absoluta, a força produtiva de todos os operários. Segunda afirmação incorreta: "eliminou a necessidade de controle patronal sobre a produção". Esta afirmação também é falsa, uma vez que o controle patronal sobre a produção existe desde o nascimento das indústrias e se mantém até os dias de hoje.

 

 

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Período Regencial Escravidão no segundo reinado

    Artigo 1º – Todos os escravos, que entrarem no território ou portos do Brasil, vindos de fora, ficam livres [...].

    Artigo 2º – Os importadores de escravos no Brasil incorrerão  na  pena  corporal  do  artigo  cento  e  setenta  e  nove  do  Código Criminal, imposta aos que reduzem à escravidão pessoas livres [...].

(Lei de 7 de novembro de 1831. https://camara.leg.br.)

A Lei de 7 de novembro de 1831, também conhecida como “Lei Feijó”,

 



a)

proporcionou  a  imediata  superação  da  escravidão  no  Brasil, que se consolidou com a entrada maciça de imigrantes europeus a partir da década de 1870.

b)

teve  efeito  reduzido,  pois  o  tráfico  internacional  de  escravos  e  a  entrada  de  mão  de  obra  africana  no  território  brasileiro  persistiram  nos  governos  sucessivos  do  país até a metade do século XIX.

c)

foi   promulgada   por   pressão   da   Coroa   inglesa,   que   determinou  que  navios  britânicos  apreendessem  todas  as embarcações suspeitas de tráfico de escravizados.

d)

proibiu  a  escravidão  no  Brasil,  embora  a  escassez  de  mão de obra assalariada tenha levado à manutenção do emprego de mão de obra de escravizados até a década de 1880.

e)

resultou  da  guinada  ocorrida  no  Período  Regencial,  quando  o  Brasil  assumiu  diretrizes  liberais  e  ilustradas  na condução da política econômica e no reconhecimento dos direitos humanos.

Resolução

a) Incorreta. A chamada "Lei Feijó" não proporcionou a imediata superação da escravidão no Brasil, versando apenas sobre a abolição do tráfico negreiro. E, apesar de seu conteúdo taxativo acerca da abolição do tráfico, a lei não apresentou efeito prático no combate ao chamado "infame comércio", que persistiu de forma ilegal até meados do século XIX.
b) Correta. Consagrada na historiografia como "Lei para Inglês Ver", a Lei de Abolição do Tráfico de 1831 não apresentou efeitos práticos em combater o comércio atlântico de cativos no Brasil. O desrespeito a tal legislação é decorrente principalmente do momento de expansão da cafeicultura no Brasil, atividade bastante lucrativa e que necessitava de um grande contingente de trabalhadores nas lavouras. De forma complementar à pressão econômica, a leniência das autoridades imperiais para com os comerciantes e senhores de escravos também foi fundamental para a manutenção do comércio de escravos após 1831. Contudo, ainda que não tenha sido eficaz na erradicação do tráfico negreiro, a lei foi utilizada posteriormente no século XIX por juristas e abolicionistas que buscavam conquistar na justiça a liberdade de escravos pelas ações de liberdade, a exemplo das ações movidas pelo rábula Luís Gama.
c) Incorreta. Ainda que a pressão britânica tenha sido fundamental na aprovação da Lei Feijó, não é correto afirmar que já havia a determinação de apreensão de embarcações suspeitas de tráfico de escravos. Essa medida foi aprovada depois da Lei Feijó, em 1845, na chamada Bill Aberdeen, quando os britânicos equipararam unilateralmente o tráfico negreiro à pirataria, numa medida de combate ao comércio de escravos.
d) Incorreta. A Lei Feijó determinou a abolição do tráfico negreiro no Brasil, e não da escravidão como um todo. O fim do trabalho escravo legalmente no Brasil ocorreu apenas em 1888, com a chamada "Lei Áurea".
e) Incorreta. A aprovação da referida lei não foi resultado dos desígnios de governo ilustrado e liberal, mas sim da pressão britânica pela aprovação da medida. Após sua independência, o Brasil já havia formalizado um compromisso, em 1826, com a Inglaterra, prevendo a abolição definitiva do tráfico atlântico em março de 1830. Ao expirar o prazo e notar a inércia do governo brasileiro no assunto, a Inglaterra voltou a pressionar as autoridades regenciais, resultando na aprovação da lei em novembro de 1831, mesmo que contrariando os interesses da elite escravocrata brasileira.

Questão 38 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Imperialismo no Século XIX

O reconhecimento do território africano empreendido pelas campanhas de exploração e pelas missões religiosas foi facilitador de uma verdadeira invasão de mercadores europeus nas caravanas e rotas de  comércio que ligavam diferentes pontos do continente. Muitos desses mercadores começaram a controlar algumas redes de comércio, criando novos sistemas de autoridade que não passavam mais por líderes  africanos. De início, isso não representou nenhum tipo de perigo para as elites africanas, que já estavam acostumadas a negociar com árabes, indianos e com os próprios europeus. No entanto, no decorrer do século, os europeus se tornaram  senhores  das  principais  rotas  comerciais  do  litoral  africano, inclusive as que ligavam as cidades orientais com o continente asiático.

(Ynaê Lopes dos Santos.História da África e do Brasil afrodescendente, 2017.)

Ao  avaliar  a  presença  europeia  no  continente  africano  ao  longo do século XIX, o texto caracteriza



a)

um movimento de intensificação do comércio internacional,  realizado  a  partir  da  difusão  de  valores  universais  como o cristianismo e a democracia.

b)

o  respeito  europeu  à  multiplicidade  de  crenças  e  manifestações  culturais  e  a  insistência  africana  em  manter  formas arcaicas de organização política.

c)

um  esforço  consciente  e  planejado  de  integração  entre  os continentes, por meio da constituição de ligações terrestres e marítimas.

d)

um  processo  de  interferência  gradual  e  profunda  nos  padrões culturais africanos, de organização social e dinâmica política das sociedades locais.

e)

a disposição europeia de colaborar para o progresso de países  subdesenvolvidos,  ampliando  a  capacidade  produtiva das economias locais.

Resolução

a) Incorreta. É incorreto classificar os valores de "democracia" e "cristianismo" como universais. Enquanto que "cristianismo" envolve os valores de uma específica religião entre várias existentes, "democracia" é um conceito político que apresenta variações interpretativas e práticas entre diferentes sociedades e civilizações. Ademais, no contexto do Imperialismo, as potências europeias evocavam o argumento da civilidade e do progresso para justificar o avanço neocolonial no continente africano, e não mobilizam particularmente a ideia de democracia para tal contexto.
b) Incorreta. Não é possível afirmar que existia um respeito europeu às tradições culturais africanas. O processo neocolonial foi baseado numa visão deliberadamente racista, eurocêntrica e hierarquizada acerca das culturas humanas, que compreendia a Europa como o centro de civilidade e progresso, enquanto que a África apresentava práticas socioculturais atrasadas e rudimentares. Ademais, a frase "formas arcaicas de organização política" comete tanto uma generalização quanto um juízo de valor sobre as estruturas políticas africanas, ignorando a multiplicidade das experiências naquele continente e hierarquizando os modelos de Estado segundo padrões eurocêntricos e ocidentais.
c) Incorreta. O projeto neocolonial não tinha como objetivo a formação consciente e planejada de uma integração entre os continentes. Em vez de interessados num projeto voluntário de integração, o principal intuito neocolonial envolvia o desenvolvimento das economias europeias através da busca de matérias-primas e mercados consumidores.
d) Correta. Conforme o texto base destaca, o neocolonialismo apresentou uma gradativa interferência europeia nas estruturas internas da sociedade africana. As expedições de exploração e as missões religiosas colaboraram para desnudar as estruturas comerciais internas do continente, que gradativamente passaram a contar com a participação de mercadores e das empresas europeias. Ainda que num primeiro momento isso não tivesse afetado as autoridades africanas, já acostumadas a participação de outras sociedades nas rotas comerciais, gradativamente os europeus tornaram os "senhores" dessas rotas comerciais, abalando as estruturas políticas e sociais tradicionais do continente africano.
e) Incorreta. Embora defendessem um caráter civilizatório no avanço imperialista do século XIX, as nações europeias não apresentavam uma efetiva colaboração no desenvolvimento dos continentes colonizados, sobretudo no campo econômico. O principal interesse europeu na África envolvia a conquista de matérias-primas e possíveis mercados para a economia europeia, sendo que estavam completamente desinteressados no efetivo desenvolvimento regional. Por fim, o termo "países subdesenvolvidos" é inadequado para versar sobre o imperialismo no século XIX, já que a África era vista como um território colonial, e não efetivamente interpretado como um continente repleto de  "países" consolidados em condição de subdesenvolvimento.

 

Questão 39 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Independência da América Espanhola

O processo de formação e consolidação dos Estados nacionais na América hispânica, nas duas primeiras décadas do século XIX, envolveu

 



a)

a participação militar direta dos Estados Unidos.

b)

a intermediação diplomática do Império brasileiro.

c)

a disputa entre projetos unitários e federalistas.

d)

o prevalecimento das tradições culturais indígenas.

e)

o franco apoio da Igreja católica aos novos Estados.

Resolução

a) Incorreta. Ainda que os Estados Unidos estivessem vinculados à Doutrina Monroe no período (marcada pelo lema "América para os americanos"), o país não chegou efetivamente a participar com intervenções militares diretas nas independências da América Hispânica durante as duas primeiras décadas do século XIX. Nesse momento, seu apoio às emancipações na América ficou restrito ao caráter diplomático e político.
b) Incorreta. O Brasil não apresentou um protagonismo de intermediação diplomática durante a formação e consolidação das independências na América Hispânica. Para além da anexação da Cisplatina durante o período Joanino, após a formalização de sua independência, o Brasil permaneceu relativamente isolado das repúblicas vizinhas na América do Sul. Por ser uma monarquia com laços dinásticos com os impérios europeus, bem como por apresentar tensões nas definições das fronteiras regionais, o Brasil era visto com receio pelos seus vizinhos, sem apresentar uma interferência diplomática relevante durante a consolidação desses estados nacionais.
c) Correta. Após assegurar a vitória militar nas campanhas de independência, os países formados na área da antiga América Espanhola vivenciaram disputas sobre o modelo político a ser adotado internamente. No caso particular da região do então Vice-Reinado da Prata, destacou-se a intensa disputa entre unitaristas e federalistas, respectivamente representado por comerciantes de Buenos Aires e estancieiros do interior da atual Argentina. Enquanto que os membros do Partido Unitário defendiam a formação de um governo centralizado na capital Buenos Aires, privilegiando o livre-comércio e a aproximação com a Grã-Bretanha, os federalistas valorizaram a autonomia das províncias e buscavam a formação de um sólido regime federalista. A disputa entre os partidos e suas lideranças locais - os chamados caudilhos - resultou nas chamadas guerras civis argentinas, processo que adiou a unificação definitiva do país apenas para 1862. Para além do exemplo argentino, a disputa entre modelos unitários e federalistas também tangenciou as discussões em outras partes da antiga colônia, como na disputa entre o projeto pan-americanista de Simón Bolívar contra os interesses das elites regionais, interessados na preservação de sua autonomia política em detrimento da formação de um estado centralizado.
d) Incorreta. A independência da América Espanhola foi protagonizada pelas elites locais nascidas nas América, os chamados de criollos. E, ainda que alguns processos de independência contassem com a importante adesão de indígenas em suas lutas, os Estados que se formaram não ressaltaram a cultura e as populações indígenas após sua independência, mas sim refletiam os padrões culturais das elites americanas protagonistas desse processo.
e) Incorreta. A Igreja Católica não apresentou franco apoio aos novos Estados nesse período. Tendo em vista a proximidade do papado das coroas católicas europeias no século XIX, a Igreja evitou reconhecer a emancipação da América Espanhola, posicionamento que colocaria em risco sua importante aliança com a monarquia espanhola. Para agravar a situação, o caráter republicano e ilustrado dos novos países na América distanciava ainda mais a Igreja desses novos países, sendo que o reconhecimento da emancipação pelo papado veio de forma bastante tardia, apenas após um quarto de século do início das independências na América.

Questão 40 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Política na República Oligárquica Economia na República Oligárquica

A  “política  dos  governadores”  é  considerada  a  última  etapa  da  montagem  do  sistema  oligárquico  ou  liberalismo  oligárquico, que permitiu, de forma duradoura, o controle do poder central pela oligarquia cafeeira.

(Carlos Alberto Ungaretti Dias.“Política dos governadores”. https://cpdoc.fgv.br.)

A  afirmação  do  texto  pode  ser  justificada  pelo  fato  de  que  essa política



a)

fortaleceu  a  política  econômica  de  caráter  liberal,  eliminando subsídios e favorecimentos do Estado aos diversos setores da produção agrícola.

b)

implementou  um  sistema  de  compra,  pelo  Estado,  do  conjunto da produção cafeeira, garantindo a estabilidade do preço mundial do café.

c)

ampliou  os  mecanismos  de  representação  política  dos  estados  no  poder  legislativo,  consolidando  a  isonomia  entre os poderes.

d)

inaugurou  um  período  de  ampliação  da  influência  dos  setores rurais na política nacional, neutralizando a força política do poder central.

e)

assegurou o compromisso de isenção da intervenção do Estado em assuntos locais, estabelecendo um equilíbrio entre estes e o poder central.

Resolução

A Política dos Governadores, tema central da questão, foi uma prática política da República Velha (1889-1930), no Brasil, desenvolvida principalmente nos anos em que o governo brasileiro era caracterizado como República Oligárquica (1894-1930). Caracterizava-se por um acordo entre o poder central - representado pelo governo federal - e os poderes locais - representados pelos governos dos estados. Em troca da não-interferência do governo federal, os oligarcas locais lhe forneciam sustentação política, colaborando para a eleição de representantes favoráveis no Poder Legislativo e para a manutenção de pessoas ligadas às oligarquias cafeeiras na cadeira presidencial (aqui podemos evocar a chamada Política do Café-com-Leite, que privilegiava políticos de São Paulo e Minas Gerais para o Poder Executivo). Essas práticas eram garantidas por recursos típicos da República Oligárquica, como o coronelismo e a aplicação de atitudes coercitivas nas eleições. As bases para esse tipo de prática política tornaram-se mais sólidas a partir do governo de Campos Sales (1898-1902).
a) Incorreta. A política econômica de caráter liberal, nesse período, era aplicada apenas pontualmente, em áreas de interesse das oligarquias que detinham a maior parte do poder econômico e político no país. Poderíamos pensar em liberalismo econômico na aplicação de isenções fiscais aos cafeicultores, por exemplo, mas não era uma política aplicada a todos os setores da economia, além de que, quando julgasse necessário, o governo poderia intervir para resgatar os produtores de café ou controlar o preço de seu produto. Dessa forma, não é possível falar em eliminação de subsídios ou favorecimentos, já que o setor da cafeicultura recebeu ambos. 
b) Incorreta. A partir do Convênio de Taubaté, em 1906, fortaleceu-se a chamada política de valorização do café, no qual governos estaduais (com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) em aliança com o governo federal, buscavam controlar o preço do café em momentos de sua desvalorização no mercado internacional. O Estado poderia comprar parte da produção cafeeira buscando controlar seu preço e valorizar o produto, inclusive estocando café para vendê-lo no momento em que o valor de mercado subisse. Porém, esse tipo de ação não garante a estabilidade do preço mundial do café, além de representar um comprometimento do Estado brasileiro com uma classe específica de produtores, o que levaria a uma distorção na prática econômica do país, já que em tempos de crise ou de preço menor do café no mercado internacional os prejuízos acabariam sendo sentidos por toda a sociedade brasileira, não ficando o impacto mais restrito aos produtores privados de café.
c) Incorreta. Alguns estados tiveram uma participação expressiva no Poder Legislativo nessa época, mas há um desequilíbrio regional que pode ser observado: as forças locais dos estados do Sudeste e do Nordeste são muito mais expressivas do que a das outras regiões do Brasil, demonstrando um desiquilíbrio dentro do próprio Poder Legislativo, algo confirmado pela proximidade maior que as oligarquias do Sudeste e do Nordeste possuíam com o Poder Executivo. Mesmo a aliança entre os poderes locais e o governo central estavam sujeitas à mudança caso um presidente que não fizesse parte da Política do Café-com-Leite fosse eleito, como ocorreu em 1910, com a eleição do gaúcho Hermes da Fonseca para presidente. Portanto, não havia uma completa isonomia entre os poderes, o que fica mais claro ainda caso examinemos o Poder Judiciário à época, que estava bastante sujeito aos poderes locais e à influência das oligarquias, não tendo autonomia em sua atuação.
d) Incorreta. A Política dos Governadores e sua época são realmente caracterizadas por uma ampliação da influência dos setores rurais na politica nacional, mas isso não significa a neutralização da força política do poder central, já que a atuação destacada dos setores rurais e dos poderes locais se dá justamente a partir de uma aliança com o Poder Executivo.
e) Correta. A aliança representada pela Política dos Governadores corresponde exatamente ao compromisso de não-intervenção do Poder Executivo nos assuntos locais, em troca de apoio político das oligarquias que dominam o cenário político das províncias. Isso estabelece um equilíbrio que facilita a governabilidade e a manutenção de privilégios a setores como o dos cafeicultores. A citação que compõe a questão classifica a prática como liberalismo oligárquico, que é uma abordagem conceitual precisa do período, já que princípios liberais como a limitação da interferência estatal e a liberdade de comércio eram aplicados não de maneira generalizada, mas sim privilegiando um setor da economia nacional, que também controlava sua política.