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Unifesp - 2ª fase - Línguas


Questão 1 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

estilística charges e tirinhas variante não-padrão

Considerando-se a situação de comunicação entre Garfield e seu dono, a frase, em linguagem coloquial, que preenche o balão do último quadrinho é:

 



a)
a) Tenho de saboreá-lo bem?
b)
b) Devo saborear a ele muito bem?
c)
c) Convém que eu o saboreie bem?
d)
Saboreá-lo-ei muito bem?
e)
e) Eu tenho de saborear bem ele?
Resolução

A questão solicita ao candidato que assinale a alternativa em que a fala de Garfield esteja em linguagem coloquial, ou seja, em um registro linguístico que costumeiramente não segue o rigor preconizado pela normatividade. Não temos desvios em relação à norma nas quatro primeiras alternativas, fenômeno que não se repete na alternativa E. Nela, observamos o uso do pronome pessoal do caso reto – ele na função de complemento direto do verbo saborear, uso condenado pela gramática normativa, contudo, amplamente utilizado na oralidade, que prima pela coloquialidade.

Questão 2 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

língua oral e língua escrita

A palavra falada é um fenômeno natural; a palavra escrita é um fenômeno cultural. O homem natural pode viver perfeitamente sem ler nem escrever. Não o pode o homem a que chamamos civilizado: por isso, como disse, a palavra escrita é um fenômeno cultural, não da natureza mas da civilização, da qual a cultura é a essência e o esteio.

Pertencendo, pois, a mundos (mentais) essencialmente diferentes, os dois tipos de palavra obedecem forçosamente a leis ou regras essencialmente diferentes.

A palavra falada é um caso, por assim dizer, democrático. Ao falar, temos que obedecer à lei do maior número, sob pena de ou não sermos compreendidos ou sermos inutilmente ridículos. Se a maioria pronuncia mal uma palavra, temos que a pronunciar mal. Se a maioria usa de uma construção gramatical errada, da mesma construção teremos que usar. Se a maioria caiu em usar estrangeirismos ou outras irregularidades verbais, assim temos que fazer. Os termos ou expressões que na linguagem escrita são justos, e até obrigatórios, tornam-se em estupidez e pedantaria, se deles fazemos uso no trato verbal. Tornam-se até em má-criação, pois o preceito fundamental da civilidade é que nos conformemos o mais possível com as maneiras, os hábitos, e a educação da pessoa com quem falamos, ainda que nisso faltemos às boas maneiras ou à etiqueta, que são a cultura exterior.

(Fernando Pessoa. A língua portuguesa, 1999. Adaptado)


Em sua argumentação, o autor estabelece que

 



a)
a palavra escrita se espelha na palavra falada. Dessa forma, a boa comunicação implica reconhecer que fala e escrita são de mesma natureza.
b)
as diferenças entre fala e escrita são muitas. Dessa forma, a boa comunicação está relacionada ao valor cultural da linguagem.
c)
o fenômeno cultural está contido no natural. Dessa forma, a boa comunicação diz respeito ao uso que cada pessoa faz, de acordo com as necessidades cotidianas.
d)
os fenômenos naturais precedem os culturais. Dessa forma, a boa comunicação depende de ajustar aqueles às especificidades destes.
e)
fala e escrita são domínios distintos. Dessa forma, a boa comunicação implica conhecer e empregar os recursos específicos de cada um deles.
Resolução

a)    Incorreta. A palavra escrita é um fenômeno cultural, ao passo que a palavra falada é natural. Assim, têm natureza diferente e uma não se espelha na outra.
b)    Incorreta. Por serem de naturezas distintas, realmente, as diferenças entre fala e escrita são muitas. Contudo, não é possível disso concluir que a boa comunicação está relacionada ao valor cultural da linguagem: o texto nada fala sobre isso.
c)    Incorreta. Os fenômenos cultural e natural de que fala o texto (palavra escrita e palavra falada) são de naturezas distintas, portanto, é evidente que um não está contido no outro. Quanto à boa comunicação, o texto apenas assevera que temos que obedecer à lei do maior número quando falamos, e nada diz sobre as necessidades cotidianas que norteariam o uso de cada pessoa.
d)    Incorreta. Como já esclarecido em itens anteriores, os fenômenos natural e cultural são de naturezas distintas, portanto, um não precede o outro, o que invalida a consequência defendida na alternativa em análise – de que a boa comunicação dependeria do ajustamento dos fenômenos naturais às especificidades dos fenômenos culturais.
e)    Correta. Conforme se lê no início do texto, fala e escrita são domínios distintos: “A palavra falada é um fenômenos natural; a palavra escrita é um fenômenos cultural”. Assim, conhecer e empregar os recursos específicos de cada um asseguraria a boa comunicação, também conforme o texto: “Pertencendo, pois, a mundos (mentais) essencialmente diferentes, os dois tipos de palavra obedecem forçosamente a leis ou regras essencialmente diferentes”.
 

Questão 3 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Variação Linguística língua oral e língua escrita

A palavra falada é um fenômeno natural; a palavra escrita é um fenômeno cultural. O homem natural pode viver perfeitamente sem ler nem escrever. Não o pode o homem a que chamamos civilizado: por isso, como disse, a palavra escrita é um fenômeno cultural, não da natureza mas da civilização, da qual a cultura é a essência e o esteio.

Pertencendo, pois, a mundos (mentais) essencialmente diferentes, os dois tipos de palavra obedecem forçosamente a leis ou regras essencialmente diferentes.

A palavra falada é um caso, por assim dizer, democrático. Ao falar, temos que obedecer à lei do maior número, sob pena de ou não sermos compreendidos ou sermos inutilmente ridículos. Se a maioria pronuncia mal uma palavra, temos que a pronunciar mal. Se a maioria usa de uma construção gramatical errada, da mesma construção teremos que usar. Se a maioria caiu em usar estrangeirismos ou outras irregularidades verbais, assim temos que fazer. Os termos ou expressões que na linguagem escrita são justos, e até obrigatórios, tornam-se em estupidez e pedantaria, se deles fazemos uso no trato verbal. Tornam-se até em má-criação, pois o preceito fundamental da civilidade é que nos conformemos o mais possível com as maneiras, os hábitos, e a educação da pessoa com quem falamos, ainda que nisso faltemos às boas maneiras ou à etiqueta, que são a cultura exterior.

(Fernando Pessoa. A língua portuguesa, 1999. Adaptado)


De acordo com o autor, “ao falar, temos que obedecer à lei do maior número”. Atendendo a esse princípio, para o português oral contemporâneo, está adequado o enunciado:

 



a)
Olvidei-me de trazer seu livro. Assistia a um filme deveras interessante. Você não se sente chateado por isso, não é mesmo?
b)
Caso assistisse a um filme e esquecesse teu livro... Sentir-te-ias magoado com esse meu comportamento?
c)
Cara, @#$&*...! Demorô!!! O fdm nem tchum... E pá... ☺ E o livro... Nem...  Que m***a!!!
d)
Me esqueci de trazer seu livro, porque fiquei assistindo um filme. Cê não tá chateado por causa disso, né?
e)
Nóis ia lê o livro na aula, mais fiquei veno TV, sistino um firme e isquici dele. Ocê tá chateado cumigu não né?
Resolução

a)    Incorreta. Esta alternativa reproduz uma variedade linguística extremamente formal, que não atende ao princípio da lei do maior número, já que tal variante, no português oral contemporâneo, é pouquíssimo utilizada pelos falantes.
b)    Incorreta. Esta alternativa também reproduz uma variedade linguística extremamente formal, que não atende ao princípio da lei do maior número, já que tal variante, no português oral contemporâneo, é pouquíssimo utilizada pelos falantes.
c)    Incorreta. Esta alternativa não reproduz uma variedade no português oral contemporâneo, e sim ilustra o que popularmente se considera “internetês”: a linguagem “popular” escrita da internet.
d)    Correta. Esta alternativa reproduz bastante verossimilhantemente o registro do português oral contemporâneo que atende à lei do maior número, uma vez que é reproduzido por número considerável de falantes. Os fenômenos que podem ser observados, por exemplo, são o uso do pronome oblíquo em início de frase (Me esqueci); a regência direta do verbo assistir com sentido de ver (assistindo um filme); a queda de sílabas (cê e tá); a interpelação informal ao interlocutor (né).
e)    Incorreta. Esta alternativa reproduz um registro do português contemporâneo relativo a falantes com baixa escolaridade, não atendendo ao princípio da lei do maior número.
 

Questão 4 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

social

A palavra falada é um fenômeno natural; a palavra escrita é um fenômeno cultural. O homem natural pode viver perfeitamente sem ler nem escrever. Não o pode o homem a que chamamos civilizado: por isso, como disse, a palavra escrita é um fenômeno cultural, não da natureza mas da civilização, da qual a cultura é a essência e o esteio.

Pertencendo, pois, a mundos (mentais) essencialmente diferentes, os dois tipos de palavra obedecem forçosamente a leis ou regras essencialmente diferentes.

A palavra falada é um caso, por assim dizer, democrático. Ao falar, temos que obedecer à lei do maior número, sob pena de ou não sermos compreendidos ou sermos inutilmente ridículos. Se a maioria pronuncia mal uma palavra, temos que a pronunciar mal. Se a maioria usa de uma construção gramatical errada, da mesma construção teremos que usar. Se a maioria caiu em usar estrangeirismos ou outras irregularidades verbais, assim temos que fazer. Os termos ou expressões que na linguagem escrita são justos, e até obrigatórios, tornam-se em estupidez e pedantaria, se deles fazemos uso no trato verbal. Tornam-se até em má-criação, pois o preceito fundamental da civilidade é que nos conformemos o mais possível com as maneiras, os hábitos, e a educação da pessoa com quem falamos, ainda que nisso faltemos às boas maneiras ou à etiqueta, que são a cultura exterior.

(Fernando Pessoa. A língua portuguesa, 1999. Adaptado)


Assinale a alternativa cujo enunciado atende à norma padrão da língua portuguesa.

 



a)
Durante a leitura do livro, surgiram várias dúvidas. O enredo e a temática abordada, que causou muita polêmica, mostraram a atualidade da obra. Vislumbraram-se vieses interessantes na construção das personagens.
b)
Durante a leitura do livro, ficou várias dúvidas. O enredo e a temática abordados, que causou muita polêmica, mostrou a atualidade da obra. Vislumbrou-se vieses interessantes na construção das personagens.
c)
Durante a leitura do livro, houve várias dúvidas. O enredo e a temática abordada, que causou muita polêmica, mostraram a atualidade da obra. Vislumbrou-se vieses interessantes na construção das personagens.
d)
Durante a leitura do livro, ficaram várias dúvidas. O enredo e a temática abordados, que causou muita polêmica, mostraram a atualidade da obra. Vislumbrou-se vieses interessantes na construção das personagens.
e)
Durante a leitura do livro, houveram várias dúvidas. O enredo e a temática abordada, que causou muita polêmica, mostrou a atualidade da obra. Vislumbraram-se vieses interessantes na construção das personagens.
Resolução

a)    Correta. Esta alternativa está irrepreensível do ponto de vista da norma- padrão da língua portuguesa.
b)    Incorreta. Durante a leitura do livro, ficaram várias dúvidas. O enredo e a temática abordados, que causaram muita polêmica, mostraram a atualidade da obra. Vislumbraram-se vieses interessantes na construção das personagens. O verbo “ficar” deve ir para o plural, para concordar com seu sujeito posposto “várias dúvidas”. Os verbos “causar” e “mostrar” devem ir para o plural para concordar com seu sujeito composto “o enredo e a temática abordados”. O verbo “vislumbrar” precisa ir para o plural, uma vez que deve concordar com seu sujeito “vieses interessantes”. Temos aqui um verbo transitivo direto (vislumbrar) + partícula se apassivadora.
c)    Incorreta. Durante a leitura do livro, houve várias dúvidas. O enredo e a temática abordada, que causou muita polêmica, mostraram a atualidade da obra. Vislumbraram-se vieses interessantes na construção das personagens. O verbo precisa ir para o plural, uma vez que deve  concordar com seu sujeito “vieses interessantes”. Temos aqui um verbo transitivo direto (vislumbrar) + partícula se apassivadora.
d)    Incorreta. Durante a leitura do livro, ficaram várias dúvidas. O enredo e a temática abordados, que causaram muita polêmica, mostraram a atualidade da obra. Vislumbraram-se vieses interessantes na construção das personagens. O verbo “causar” deve ir para o plural para concordar com seu sujeito composto “o enredo e a temática abordados”. O verbo “vislumbrar” precisa ir para o plural, uma vez que deve concordar com seu sujeito “vieses interessantes”. Temos aqui um verbo transitivo direto (vislumbrar) + partícula se apassivadora.
e)    Incorreta. Durante a leitura do livro, houve várias dúvidas. O enredo e a temática abordada, que causou muita polêmica, mostraram a atualidade da obra. Vislumbraram-se vieses interessantes na construção das personagens. O verbo “haver” é impessoal nesse caso, pois é sinônimo de “existir”. Deve, então, ficar no singular, por não ter sujeito. O verbo “mostrar” deve ir para o plural para concordar com seu sujeito composto “o enredo e a temática abordada”.
 

Questão 5 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Fernando Pessoa

Leia o poema de Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa.

 

Coroai-me de rosas,

Coroai-me em verdade

        De rosas –

Rosas que se apagam

Em fronte a apagar-se

        Tão cedo!

Coroai-me de rosas

E de folhas breves.

        E basta.

(As múltiplas faces de Fernando Pessoa, 1995.)

 

O tema tratado no poema é a



a)
necessidade de se buscar a verdadeira razão para uma vida plena.
b)
fugacidade do tempo, remetendo à ideia de brevidade da vida.
c)
busca pela simplicidade da vida, representada pela natureza.
d)
brevidade com que o verdadeiro amor perpassa a vida das pessoas.
e)
rapidez com que as relações verdadeiras começam e terminam.
Resolução

a)    Incorreta. Não há elementos no texto que evidenciem como tema uma necessidade de se buscar a verdadeira razão para uma vida plena.
b)    Correta. A fugacidade do tempo permeia todo o poema (Rosas que se apagam; Em fronte a apagar-se / Tão cedo; folhas breves) e a brevidade da vida é evidenciada no último verso (E basta.).
c)    Incorreta. Não há elementos no texto que evidenciem como tema uma busca pela simplicidade da vida, representada pela natureza (a qual, aliás, está relacionada à fugacidade do tempo).
d)    Incorreta. A brevidade de que fala o poema diz respeito à vida; não há elementos que façam referência a um verdadeiro amor que perpasse a vida das pessoas.
e)    Incorreta. Não há elementos no texto que evidenciem como tema a rapidez com que as relações verdadeiras começam e terminam (a questão da brevidade relaciona-se à vida).
 

Questão 6 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Os sertões

É preciso ler esse livro singular sem a obsessão de enquadrá-lo em um determinado gênero literário, o que implicaria em prejuízo paralisante. Ao contrário, a abertura a mais de uma perspectiva é o modo próprio de enfrentá-lo. A descrição minuciosa da terra, do homem e da luta situa-o no nível da cultura científica e histórica. Seu autor fez geografia humana e sociologia como um espírito atilado poderia fazê-las no começo do século, em nosso meio intelectual, então avesso à observação demorada e à pesquisa pura. Situando a obra na evolução do pensamento brasileiro, diz lucidamente o crítico Antonio Candido: “Livro posto entre a literatura e a sociologia naturalista, esta obra assinala um fim e um começo: o fim do imperialismo literário, o começo da análise científica aplicada aos aspectos mais importantes da sociedade brasileira (no caso, as contradições contidas na diferença de cultura entre as regiões litorâneas e o interior)”.

(Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira, 1994. Adaptado.)

 

O excerto trata da obra



a)
Capitães da areia, de Jorge Amado.
b)
b) O cortiço, de Aluísio de Azevedo.
c)
Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa
d)
Vidas secas, de Graciliano Ramos.
e)
Os sertões, de Euclides da Cunha.
Resolução

Esta questão é praticamente para verificação do repertório de leitura dos candidatos. Os itens destacados do terceiro período do texto de Bosi (A descrição minuciosa da terra, do homem e da luta situa-o no nível da cultura científica e histórica.) fazem referência explícita às três partes que compõem a obra Os sertões, de Euclides da Cunha – A terra; O homem; A luta. Considera-se que é uma obra que traz benefícios e conhecimentos não só para a Literatura, mas também para a Sociologia, a Geografia e a História, haja vista sua descrição minuciosa do relevo, do solo, da fauna, da flora e do clima do Nordeste na primeira parte do livro; de sua defesa do determinismo social na segunda parte; e de sua análise do episódio da Guerra de Canudos, na terceira parte. Assim, a alternativa correta é a E.

Questão 7 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Literatura Contemporânea

Mau despertar

Saio do sono como

de uma batalha

travada em

lugar algum

Não sei na madrugada

se estou ferido

se o corpo

tenho

riscado

de hematomas

Zonzo lavo

na pia

os olhos donde

ainda escorrem

uns restos de treva

 

(Ferreira Gullar. Muitas vozes, 2013.)


A leitura do poema permite inferir que

 



a)
o despertar do eu-lírico apaga as más lembranças da madrugada.
b)
a noite é problema para o eu-lírico, perturbado mais física que mentalmente.
c)
o eu-lírico atribui o seu mau despertar a uma noite de difícil sono.
d)
o eu-lírico encontra na noite difícil uma forma de enfrentar seus medos.
e)
o mau despertar acentua as feridas e as dores que perturbam o eu-lírico.
Resolução

a)    Incorreta. Não há elementos no poema que permitam afirmar que o despertar apaga as más lembranças do eu-lírico, mesmo porque esse momento é caracterizado (pelo título do poema, inclusive) como mau, e é ao acordar que as sensações desconfortáveis afloram ao eu-lírico.
b)    Incorreta. Ainda que haja a menção a elementos físicos, como o corpo ferido ou os olhos que precisam ser lavados, não fica evidente que essa perturbação se manifesta com mais força no estado físico. O eu-lírico se autodefine “zonzo”, sem saber ao certo o que teria acontecido durante a madrugada – evidências de que o seu estado mental foi bastante prejudicado pela má noite de sono.
c)    Correta. Os elementos referentes ao sono conturbado (a batalha, o corpo ferido, os hematomas), associados à imagem do despertar confuso que tenta afastar as más sensações trazidas pelo sono (o ato de lavar os olhos que ainda guardam “restos de trevas”) evidenciam que o mau despertar se deve a uma noite de sono difícil.
d)    Incorreta. De fato, o eu-lírico passa por uma noite difícil, mas não há, no poema, nenhum indício de que essa experiência o ajude a enfrentar seus medos.
e)    Incorreta. Não é adequado afirmar que o mau despertar acentua as feridas e dores do eu-lírico, uma vez que estas são justamente causadas pela má noite de sono.
 
 

Questão 8 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Literatura Contemporânea

Mau despertar

Saio do sono como

de uma batalha

travada em

lugar algum

Não sei na madrugada

se estou ferido

se o corpo

tenho

riscado

de hematomas

Zonzo lavo

na pia

os olhos donde

ainda escorrem

uns restos de treva

 

(Ferreira Gullar. Muitas vozes, 2013.)


Analisando-se as três estrofes do poema, atribui-se a cada uma os seguintes sentidos, respectivamente,

 



a)
a lembrança do sono — as consequências do mau sono — a libertação da noite mal dormida.
b)
a consciência do despertar — as hipóteses acerca do sono — a tentativa de se restaurar.
c)
a expectativa com o despertar — a certeza da noite mal dormida — a certeza de um dia ruim.
d)
a causa do sono conturbado — a possibilidade de recuperação — a ansiedade pela melhora.
e)
a renovação ao despertar — a possibilidade de enfrentar o mau sono — a busca por um dia melhor.
Resolução

a)    Incorreta. Não é possível afirmar que a primeira estrofe ilustre a lembrança do sono, uma vez que não há nela elementos que o descrevam. Como a segunda estrofe se inicia por “Não sei”, não é possível dizer que ela trata das consequências do sono. Na última estrofe, não há a noção de libertação da noite mal dormida, pelo contrário, o eu-lírico encontra-se ainda tentando se livrar dessa noite (dos olhos dele “ainda escorrem uns restos de treva”).
b)    Correta. De fato, a primeira estrofe carrega a consciência do despertar, o momento em que o eu-lírico começa a se dar conta de que está acordando, saindo de uma difícil noite de sono. A segunda estrofe realmente elenca hipóteses acerca do sono, como a de estar ferido ou com hematomas. Na terceira estrofe fica evidente, a partir da ação do eu-lírico de, mesmo zonzo, lavar o rosto, a sua tentativa de se restaurar.
c)    Incorreta. Não há, na primeira estrofe, nenhuma expectativa com o despertar, visto que o eu-lírico inicia o poema já desperto. Não é possível encontrar, na segunda estrofe, qualquer certeza referente à noite recém terminada. Também não é possível encontrar, na terceira estrofe, a certeza de um dia ruim, mesmo porque o eu-lírico tenta justamente afastar as sensações ruins ao lavar o rosto.
d)    Incorreta. Nenhuma causa para a má noite de sono é apontada pelo eu-lírico na primeira estrofe. A segunda estrofe enfatiza a falta de clareza das ideias do eu-lírico no momento do despertar, sem apontar para a possibilidade de recuperação. Ainda que o ato de lavar o rosto possa ser interpretado como uma tentativa ansiosa pela melhora, não há elementos textuais no poema que assegurem essa afirmação.
e)    Incorreta. O conteúdo da primeira estrofe está relacionado ao momento em que o eu-lírico desperta, ainda confuso, sem apontar para uma renovação. Em nenhum momento da segunda estrofe é encontrada a possibilidade de o mau sono ser enfrentado, o eu-lírico permanece fazendo conjunturas sobre o que pode ter acontecido durante o sono. Mais uma vez, o ato de lavar o rosto pode ser interpretado como uma tentativa de buscar um dia melhor do que haveria sido a noite, mas não há marcas textuais que garantam essa interpretação.
 

Questão 9 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Valores semânticos (adjetivo) Pronomes indefinidos Colocação dos termos nas orações

Mau despertar

Saio do sono como

de uma batalha

travada em

lugar algum

Não sei na madrugada

se estou ferido

se o corpo

tenho

riscado

de hematomas

Zonzo lavo

na pia

os olhos donde

ainda escorrem

uns restos de treva

 

(Ferreira Gullar. Muitas vozes, 2013.)


Assinale a alternativa em que a reescrita dos versos altera o sentido original do texto.

 



a)
“Não sei na madrugada / se estou ferido” → não sei se ferido estou na madrugada
b)
“se o corpo / tenho / riscado / de hematomas” → se de hematomas tenho o corpo riscado
c)
“ainda escorrem / uns restos de treva” → uns restos de treva escorrem ainda
d)
“travada em / lugar algum” → travada em algum lugar
e)
“Saio do sono como / de uma batalha” → do sono saio como de uma batalha
Resolução

a)    Incorreta. No par de versos dessa alternativa, o adjunto adverbial “na madrugada”, assim como todos os adjuntos adverbiais, podem se comportar de maneira relativamente independente em uma oração, sem que comprometam diretamente o sentido. Por conta dessa característica, a alteração proposta pela alternativa não altera o sentido do verso original.
b)    Incorreta. Temos em “de hematomas” um adjunto adnominal, que se comporta de maneira relativamente independente na oração, sem que seu deslocamento altere o sentido. A outra alteração realizada no verso original está relacionada à ordem usualmente encontrada nas sentenças em português (sujeito – verbo – objeto): no verso original, temos “se o corpo tenho riscado...”, em ordem não usual (objeto – sujeito – verbo) e na alteração proposta, temos “...tenho o corpo riscado”, agora já na ordem usual. Nenhuma das alterações, portanto, causa alteração de sentido aos versos.
c)    Incorreta. No verso original, o sujeito (“uns restos de treva”) está posposto ao verbo (“escorrem”); já no verso modificado, o sujeito aparece anteposto ao verbo, o que não causa mudança de sentido. Além disso, associado à alteração da ordem de termos essenciais da oração em questão, encontramos mais uma vez um adjunto adverbial (“ainda”) que se desloca pela frase sem causar alteração de sentido.
 d)    Correta. No verso original, “travada em lugar algum”, o pronome indefinido algum assume o sentido de “nenhum”. Com a inversão dos termos no verso modificado, “travada em algum lugar”, o mesmo pronome, por estar antecedendo um substantivo, o qualifica como um lugar específico, demarcado.
e)    Incorreta. Tanto no verso original como no verso modificado, o termo “do sono” funciona como um adjunto adverbial, que caracteriza o verbo “sair”. Dessa forma, por ser o adjunto um termo relativamente independente, sua alteração não causa mudança de sentido em relação ao verso original.
 

Questão 10 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

O novo acordo ortográfico

Ciência explica ______________.

Testes mostram que___________

de Leonardo da Vinci está sumindo

(www.uol.com.br, 05.06.2014. Adaptado.)

Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa e com o Novo Acordo Ortográfico, as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:



a)
por que – auto-retrato.
b)
porque – auto-retrato.
c)
porquê – autorretrato.
d)
por que – auto retrato.
e)
por quê – autorretrato.
Resolução

a)    Incorreta. Considerando que “por que” pode ser lido como “por qual razão” (e que, portanto, faria sentido na frase trazida pelo enunciado), caberia ao candidato se lembrar de que, em finais de períodos terminados por ponto, o “quê” deve receber o acento circunflexo. Além disso, o candidato deveria considerar que a forma “auto-retrato” é anterior ao Novo Acordo Ortográfico.
b)    Incorreta. A forma “porque” é uma conjunção explicativa, tem sentido de “pois”, “uma vez que” e, portanto, não pode preencher corretamente a lacuna do enunciado. O candidato deveria se lembrar também de que a forma “auto-retrato” é anterior ao Novo Acordo Ortográfico.
c)    Incorreta. A palavra “porquê” pertence à classe dos substantivos, significa “motivo”, “causa” e vem sempre acompanhada de algum determinante, seja numeral ou artigo, logo, também não completa corretamente a lacuna do enunciado. A forma “autorretrato”, em contrapartida, está de acordo com as regras do Novo Acordo Ortográfico.
d)    Incorreta. O candidato poderia considerar que “por que” pode ser lido como “por qual razão” (e que, portanto, faria sentido na frase trazida pelo enunciado), no entanto, ele deveria se lembrar de que, em finais de períodos terminados por ponto, o “quê” deve receber o acento circunflexo. A forma “auto retrato”, por sua vez, não está de acordo nem com as regras do Novo Acordo Ortográfico, nem com as regras que regiam a ortografia antes da implementação deste Acordo.
e)    Correta. O uso de “por quê” está correto. A frase trazida pelo enunciado exige a junção da preposição “por” com o pronome indefinido “que”, de modo a transmitir o sentido de “por qual razão”, e como o termo antecede um ponto final, exige-se o uso do acento circunflexo. Com relação ao  termo que deve completar a outra lacuna do enunciado, de acordo com as regras do Novo Acordo Ortográfico, palavras formadas por prefixo terminado em vogal e pela palavra seguinte iniciada por “r” têm essa letra dobrada, como é o caso de “autorretrato”.