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Unifesp - 2ª fase - Línguas


Questão 21 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Objetos direto e indireto

Cumpridos dez anos de prisão por um crime que não pratiquei e do qual, entanto, nunca me defendi, morto para a vida e para os sonhos: nada podendo já esperar e coisa alguma desejando – eu venho fazer enfim a minha confissão: isto é, demonstrar a minha inocência.

Talvez não me acreditem. Decerto que não me acreditam. Mas pouco importa. O meu interesse hoje em gritar que não assassinei Ricardo de Loureiro é nulo. Não tenho família; não preciso que me reabilitem. Mesmo quem esteve dez anos preso, nunca se reabilita. A verdade simples é esta.

E àqueles que, lendo o que fica exposto, me perguntarem: “Mas por que não fez a sua confissão quando era tempo? Por que não demonstrou a sua inocência ao tribunal?”, a esses responderei: – A minha defesa era impossível. Ninguém me acreditaria. E fora inútil fazer-me passar por um embusteiro ou por um doido… Demais, devo confessar, após os acontecimentos em que me vira envolvido nessa época, ficara tão despedaçado que a prisão se me afigurava uma coisa sorridente. Era o esquecimento, a tranquilidade, o sono. Era um fim como qualquer outro – um termo para a minha vida devastada. Toda a minha ânsia foi pois de ver o processo terminado e começar cumprindo a minha sentença.

De resto, o meu processo foi rápido. Oh! o caso parecia bem claro… Eu nem negava nem confessava. Mas quem cala consente… E todas as simpatias estavam do meu lado.

O crime era, como devem ter dito os jornais do tempo, um “crime passional”. Cherchez la femme*. Depois, a vítima um poeta – um artista. A mulher romantizara-se desaparecendo. Eu era um herói, no fim de contas. E um herói com seus laivos de mistério, o que mais me aureolava. Por tudo isso, independentemente do belo discurso de defesa, o júri concedeu-me circunstâncias atenuantes. E a minha pena foi curta.

Ah! foi bem curta – sobretudo para mim… Esses dez anos esvoaram-se-me como dez meses. É que, em realidade, as horas não podem mais ter ação sobre aqueles que viveram um instante que focou toda a sua vida. Atingido o sofrimento máximo, nada já nos faz sofrer. Vibradas as sensações máximas, nada já nos fará oscilar. Simplesmente, este momento culminante raras são as criaturas que o vivem. As que o viveram ou são, como eu, os mortos-vivos, ou – apenas – os desencantados que, muita vez, acabam no suicídio.

 

* Cherchez la femme: Procurem a mulher.

(Mário de Sá-Carneiro. A confissão de Lúcio, 2011.)


Quando se quer chamar atenção para o Objeto Direto que precede o verbo, costuma-se repeti-lo. É o que se chama Objeto Direto Pleonástico, em cuja constituição entra sempre um pronome pessoal átono.

(Celso Cunha e Lindley Cintra. Nova gramática do português contemporâneo, 2000.)

 

Verifica-se a ocorrência de objeto direto pleonástico em:



a)
“As que o viveram ou são, como eu, os mortos-vivos, ou – apenas – os desencantados
b)
“Esses dez anos esvoaram-se-me como dez meses.”
c)
“Por tudo isso, independentemente do belo discurso de defesa, o júri concedeu-me circunstâncias atenuantes.”
d)
“Simplesmente, este momento culminante raras são as criaturas que o vivem.”
e)
“Atingido o sofrimento máximo, nada já nos faz sofrer.”
Resolução

a)    Incorreta. Nesta primeira oração temos o pronome pessoal átono “o” como objeto direto de “viveram”, que retoma ideia citada anteriormente no texto (este momento culminante). Não há nesse caso a repetição do objeto direto.
b)    Incorreta. Como o verbo “esvoar”, presente na oração, é um neologismo, podemos considerar que o “se” tanto poderia ser parte integrante do verbo, quanto partícula de realce. De qualquer forma a partícula não exerce a função de objeto direto. O pronome pessoal átono “me” é objeto indireto do verbo “esvoar”. Não há, portanto, a constituição de um Objeto Direto Pleonástico.
c)    Incorreta. O pronome pessoal átono “me” é objeto indireto do verbo conceder (“concedeu-me”), e não há outro termo na oração que exerça igualmente a função de objeto.
d)    Correta. Neste caso, nota-se a constituição do Objeto Direto Pleonástico, sendo que tanto “este momento culminante”, quanto o pronome pessoal átono “o” exercem a função de objeto direto do verbo “viver”, o que chama a atenção para a particularidade do momento.
e)    Incorreta. O pronome pessoal átono “nos” é objeto indireto da locução verbal “faz sofrer”; ademais, não há outro termo referente a esse verbo que exerça a função de objeto.
 

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Machado de Assis Intertextualidade e Interdiscursividade

Para responder à questão, leia as opiniões em relação ao projeto de adaptação que visa facilitar obras de Machado de Assis.

 

TEXTO I

Isso é um assassinato e eu endosso. A autora [da adaptação] quer que a Academia se manifeste. Para ela, vai ser a glória. Mas vários acadêmicos se manifestaram. Eu me manifestei. Há temas em que a instituição não pode se baratear. Essa mulher quer que nós tenhamos essa discussão como se ela estivesse propondo a ressurreição eterna de Machado de Assis, como se ele dependesse dela. Confio na vigilância da sociedade. Vamos para a rua protestar.

(Nélida Piñon. http://entretenimento.uol.com.br)

 

TEXTO II

É melhor que o sujeito comece a ler através de uma adaptação bem feita de um clássico do que seja obrigado a ler um texto ilegível e incompreensível segundo a linguagem e os parâmetros culturais atuais. Depois que leu a adaptação, ele pode pegar o gosto, entrar no processo de leitura e eventualmente se interessar por ler o Machadão no original. Agora, dar uma machadada em um moleque que tem PS3, Xbox, 1000 canais a cabo e toda a internet à disposição é simplesmente burrice.

(Ronaldo Bressane. http://entretenimento.uol.com.br)

 

TEXTO III

Não defenderia, jamais, que Secco [autora da adaptação] fosse impedida de realizar seu projeto, mas não me parece que a proposta devesse merecer apoio do Ministério da Cultura e ser realizada com a ajuda de leis que, afinal, transferem impostos para a cultura. Trata-se, na melhor das hipóteses, de ingenuidade; na pior, de excesso de “sagacidade”. Não será a adulteração de obras, para torná-las supostamente mais legíveis por ignorantes, que irá resolver o problema do acesso a textos literários históricos – mesmo porque, adulterados, já terão deixado de ser o que eram.

(Marcos Augusto Gonçalves. http://www.folha.uol.com.br)


Em relação à questão da facilitação das obras machadianas, a leitura comparativa dos textos deixa claro que eles

 



a)
mantêm alguns pontos de concordância, havendo em 3 uma clara evidência de que se deve coibir essa iniciativa.
b)
externam uma visão bastante romantizada, o que se pode confirmar com a defesa que 2 faz do alcance do projeto.
c)
expressam o mesmo ponto de vista, o que pode ser confirmado em 3 pela anuência ao apoio do Ministério da Cultura.
d)
divergem quanto ao apoio financeiro, defendido claramente em 2, velado em 3 e negado veementemente em 1.
e)
apresentam posicionamentos diferentes, sendo que 1 expressa sua ideia de contrariedade de forma bastante radical.
Resolução

a)    Incorreta. Cada texto apresenta um posicionamento em relação ao projeto de adaptação, havendo clara contraposição entre os textos 1 e 2. No texto 3 não se alega que a iniciativa deva ser coibida; apenas se questiona o apoio do Ministério da Cultura a ela.
b)    Incorreta. Não se pode dizer que os textos apresentem uma visão romantizada acerca da adaptação. O texto 1, por exemplo, é bastante mordaz na crítica ao projeto.
c)    Incorreta. Os pontos de vista de cada texto são diferentes; o texto 1 é totalmente contrário ao projeto, enquanto o texto 2 o defende. Já o texto 3 faz uma ressalva, relativa ao apoio do Ministério da Cultura, que, para o autor, não deveria ser dado.
d)    Incorreta. Não há menção ao financiamento nos textos 1 e 2. Já no texto 3, há o claro posicionamento contrário ao apoio do Ministério da Cultura.
e)    Correta. Os autores partem de perspectivas distintas sobre o assunto, conforme elucidado nas assertivas anteriores. No texto 1, a contrariedade é expressa de forma radical, como podemos notar logo no início do trecho “Isso é um assassinato e eu endosso”.
 

Questão 23 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Valores semânticos (preposição)

Para responder à questão, leia as opiniões em relação ao projeto de adaptação que visa facilitar obras de Machado de Assis.

 

TEXTO I

Isso é um assassinato e eu endosso. A autora [da adaptação] quer que a Academia se manifeste. Para ela, vai ser a glória. Mas vários acadêmicos se manifestaram. Eu me manifestei. Há temas em que a instituição não pode se baratear. Essa mulher quer que nós tenhamos essa discussão como se ela estivesse propondo a ressurreição eterna de Machado de Assis, como se ele dependesse dela. Confio na vigilância da sociedade. Vamos para a rua protestar.

(Nélida Piñon. http://entretenimento.uol.com.br)

 

TEXTO II

É melhor que o sujeito comece a ler através de uma adaptação bem feita de um clássico do que seja obrigado a ler um texto ilegível e incompreensível segundo a linguagem e os parâmetros culturais atuais. Depois que leu a adaptação, ele pode pegar o gosto, entrar no processo de leitura e eventualmente se interessar por ler o Machadão no original. Agora, dar uma machadada em um moleque que tem PS3, Xbox, 1000 canais a cabo e toda a internet à disposição é simplesmente burrice.

(Ronaldo Bressane. http://entretenimento.uol.com.br)

 

TEXTO III

Não defenderia, jamais, que Secco [autora da adaptação] fosse impedida de realizar seu projeto, mas não me parece que a proposta devesse merecer apoio do Ministério da Cultura e ser realizada com a ajuda de leis que, afinal, transferem impostos para a cultura. Trata-se, na melhor das hipóteses, de ingenuidade; na pior, de excesso de “sagacidade”. Não será a adulteração de obras, para torná-las supostamente mais legíveis por ignorantes, que irá resolver o problema do acesso a textos literários históricos – mesmo porque, adulterados, já terão deixado de ser o que eram.

(Marcos Augusto Gonçalves. http://www.folha.uol.com.br)


Examine os enunciados:

 

• (Texto I) “Vamos para a rua protestar.” 

• (Texto III)“Não será a adulteração de obras, para torná-las supostamente mais legíveis por ignorantes”.

 

O termo “para”, em destaque nos enunciados, expressa, respectivamente, sentido de



a)
movimento e finalidade.
b)
modo e conformidade.
c)
tempo e comparação.
d)
movimento e comparação.
e)
conformidade e finalidade.
Resolução

De acordo com Bechara (2009), a preposição “para” pode denotar “termo de movimento, direção para um lugar com ideia acessória de demora ou destino” (p. 317). No primeiro enunciado, a palavra “rua” diz respeito ao lugar para o qual as pessoas protestantes irão se deslocar; portanto, a preposição que a precede indica movimento. Além disso, “para” também denota fim (op. cit., p. 317), isto é, finalidade, caso do segundo enunciado. Uma paráfrase válida da sentença em questão seria: “as obras serão adulteradas com a finalidade de torná-las supostamente mais legíveis por ignorantes”. As outras alternativas não apresentam sentidos válidos, uma vez que “para” não expressa, em nenhum contexto hipotético, modo, conformidade, tempo ou comparação.

Questão 24 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

antífrase Prefixal e Sufixal

Para responder à questão, leia as opiniões em relação ao projeto de adaptação que visa facilitar obras de Machado de Assis.

 

TEXTO I

Isso é um assassinato e eu endosso. A autora [da adaptação] quer que a Academia se manifeste. Para ela, vai ser a glória. Mas vários acadêmicos se manifestaram. Eu me manifestei. Há temas em que a instituição não pode se baratear. Essa mulher quer que nós tenhamos essa discussão como se ela estivesse propondo a ressurreição eterna de Machado de Assis, como se ele dependesse dela. Confio na vigilância da sociedade. Vamos para a rua protestar.

(Nélida Piñon. http://entretenimento.uol.com.br)

 

TEXTO II

É melhor que o sujeito comece a ler através de uma adaptação bem feita de um clássico do que seja obrigado a ler um texto ilegível e incompreensível segundo a linguagem e os parâmetros culturais atuais. Depois que leu a adaptação, ele pode pegar o gosto, entrar no processo de leitura e eventualmente se interessar por ler o Machadão no original. Agora, dar uma machadada em um moleque que tem PS3, Xbox, 1000 canais a cabo e toda a internet à disposição é simplesmente burrice.

(Ronaldo Bressane. http://entretenimento.uol.com.br)

 

TEXTO III

Não defenderia, jamais, que Secco [autora da adaptação] fosse impedida de realizar seu projeto, mas não me parece que a proposta devesse merecer apoio do Ministério da Cultura e ser realizada com a ajuda de leis que, afinal, transferem impostos para a cultura. Trata-se, na melhor das hipóteses, de ingenuidade; na pior, de excesso de “sagacidade”. Não será a adulteração de obras, para torná-las supostamente mais legíveis por ignorantes, que irá resolver o problema do acesso a textos literários históricos – mesmo porque, adulterados, já terão deixado de ser o que eram.

(Marcos Augusto Gonçalves. http://www.folha.uol.com.br)


Examine a passagem do texto 2: “e eventualmente se interessar por ler o Machadão no original. Agora, dar uma machadada em um moleque”

 

Os dois termos em destaque, derivados por sufixação, reportam a Machado de Assis. Tal recurso atribui aos substantivos, respectivamente, sentido de



a)
pejo e intimidade.
b)
ironia e simpatia.
c)
humor e reverência.
d)
simpatia e ironia.
e)
tamanho e humor.
Resolução

a)    Incorreta. Não é possível afirmar que o sufixo –ão confira ao substantivo sentido de pejo (pudor, timidez), já que essa relação não se verifica no texto. O sufixo –ada, por sua vez, não é característico de intimidade, e esta relação também não pode ser garantida pelo texto.
b)    Incorreta. Se tomado fora de contexto, o termo Machadão poderia ser considerado irônico, no entanto, ao ser interpretado no texto, essa possibilidade não se sustenta, visto que o autor inclusive defende a adaptação das obras de Machado de Assis. O sufixo do termo machadada não é suficiente para que seja transferido a ele o sentido de simpatia, interpretação também não reforçada pelo contexto.
c)    Incorreta. O sufixo –ão poderia ser responsável por conferir humor ao termo Machadão, tendo em mente que seria uma brincadeira (até mesmo como demonstração de carinho) com o nome do consagrado Machado de Assis. No entanto, a impossibilidade de se interpretar machadada como uma reverência ao grande autor (uma vez que nenhuma das acepções do sufixo –ada contempla essa possibilidade) não permite que esta alternativa seja marcada como a correta.
d)    Correta. Considerando o conteúdo do texto, aliado à forma escolhida, Machadão, pode-se afirmar que o uso do sufixo –ão confere ao termo o sentido de simpatia, ou seja, o termo funciona como uma forma simpática de se referir a Machado de Assis. Já no termo machadada, o sufixo –ada tem sentido de golpe, e é aí que a ironia aparece: na relação existente entre o golpe de um machado e a leitura inesperada e despreparada de uma obra de Machado de Assis; de alguma forma as atividades se assemelhariam.
e)    Incorreta. Ainda que o sufixo –ão tenha como sentido primordial o que se refere a tamanho, tal concepção não se aplica ao contexto, em que a caracterização de Machado de Assis vai além do que diz respeito ao tamanho. O mesmo raciocínio pode ser aplicado a machadada, pois mesmo que o termo possa ser lido com humor, esse não é o sentido primordial evidenciado pelas relações que o texto constrói.

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Memórias póstumas de Brás Cubas

O crítico Massaud Moisés assinala o filosofismo como uma das características de Memórias póstumas de Brás Cubas, romance que inaugura a produção madura de Machado de Assis. Tal filosofismo pode ser identificado na passagem:

 



a)
“O fundador da minha família foi um certo Damião Cubas, que floresceu na primeira metade do século XVIII. Era tanoeiro de ofício, natural do Rio de Janeiro, onde teria morrido na penúria e na obscuridade, se somente exercesse a tanoaria.”
b)
“Entre o queijo e o café, demonstrou-me Quincas Borba que o seu sistema era a destruição da dor. A dor, segundo o Humanitismo, é uma pura ilusão. Quando a criança é ameaçada por um pau, antes mesmo de ter sido espancada, fecha os olhos e treme; essa predisposição, é que constitui a base da ilusão humana, herdada e transmitida.”
c)
“Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos.”
d)
“Não houve nada, mas ele suspeita alguma coisa; está muito sério e não fala; agora saiu. Sorriu uma vez somente, para Nhonhô, depois de o fitar muito tempo, carrancudo. Não me tratou mal nem bem. Não sei o que vai acontecer; Deus queira que isto passe. Muita cautela, por ora, muita cautela.”
e)
“Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce ‘por pirraça’; e eu tinha apenas seis anos.”
Resolução

Observação: Por oposição a filosofia, “filosofismo” denota, segundo o Dicionário UNESP do Português Contemporâneo (2004), “ostentação exagerada de princípios e conceitos filosóficos; uso de considerações filosóficas onde elas não têm cabimento; filosofia sem fundamento”.


a)    Incorreta. O fragmento aqui em destaque se mantém na descrição de Damião Cubas.
b)    Correta. O Humanitismo, sistema filosófico criado por Quincas Borba em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, é um exemplo de filosofismo. No fragmento em destaque nesta alternativa, esse filosofismo, cujo cerne é “a destruição da dor”, é identificado e descrito.
c)    Incorreta. Este trecho descreve a ocasião da morte de Brás Cubas.
d)    Incorreta. Este parágrafo faz parte do capítulo CVII, em que Brás Cubas conjectura a desconfiança de Lobos Neves sobre sua relação com Virgília.
e)    Incorreta. Aqui há a descrição de um evento ocorrido à infância de Brás Cubas
 

Questão 26 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Pressupostos e Subentendidos

Leia o texto abaixo.

“A pessoa é presa por pirataria – e aí a cadeia mostra filmes piratas?”, denunciou o americano Richard Humprey, condenado a 29 meses de prisão por distribuir conteúdo pirateado na internet. O presídio onde ele está, em Ohio, foi pego exibindo uma cópia ilegal do filme O lobo de Wall Street.

(Superinteressante, julho de 2014.)

 

A fala do condenado revela



a)
a sua deliberação pessoal para pagar pelas contravenções e lutar contra a pirataria em todos os setores.
b)
a sua vontade de livrar-se da contravenção, o que se torna impossível a ele com a pirataria na prisão.
c)
o seu desencanto com a vida do crime, já que até mesmo na cadeia é obrigado a conviver com a pirataria.
d)
o seu inconformismo com a contradição entre o que se prega como certo e o que se pratica, no caso da pirataria.
e)
a falta de critérios mais específicos para condenar uma pessoa por piratear conteúdos livres da internet.
Resolução

A fala do interno do presídio de Ohio sobre irônica situação em que ele se viu demonstra sua exasperação. A instituição presidiária em que ele estava detido foi pega exibindo uma cópia pirata de um filme. Como a causa que levou Richard à cadeia foi a distribuição de cópias ilegais na internet, ele viu na analogia dos atos uma injustiça, a demonstração de pesos e medidas diferentes a seres aplicados ao Estado e ao indivíduo. Portanto, a alternativa que melhor satisfaz a questão é a “d”.

Questão 27 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Eça de Queirós Pressupostos e Subentendidos

Então começou a minha vida de milionário. Deixei bem depressa a casa de Madame Marques — que, desde que me sabia rico, me tratava todos os dias a arroz-doce, e ela mesma me servia, com o seu vestido de seda dos domingos. Comprei, habitei o palacete amarelo, ao Loreto: as magnificências da minha instalação são bem conhecidas pelas gravuras indiscretas da Ilustração Francesa. Tornou-se famoso na Europa o meu leito, de um gosto exuberante e bárbaro, com a barra recoberta de lâminas de ouro lavrado e cortinados de um raro brocado negro onde ondeiam, bordados a pérolas, versos eróticos de Catulo; uma lâmpada, suspensa no interior, derrama ali a claridade láctea e amorosa de um luar de Verão.

[...]

Entretanto Lisboa rojava-se aos meus pés. O pátio do palacete estava constantemente invadido por uma turba: olhando-a enfastiado das janelas da galeria, eu via lá branquejar os peitilhos da Aristocracia, negrejar a sotaina do Clero, e luzir o suor da Plebe: todos vinham suplicar, de lábio abjeto, a honra do meu sorriso e uma participação no meu ouro. Às vezes consentia em receber algum velho de título histórico: — ele adiantava-se pela sala, quase roçando o tapete com os cabelos brancos, tartamudeando adulações; e imediatamente, espalmando sobre o peito a mão de fortes veias onde corria um sangue de três séculos, oferecia-me uma filha bem-amada para esposa ou para concubina.

Todos os cidadãos me traziam presentes como a um ídolo sobre o altar — uns odes votivas, outros o meu monograma bordado a cabelo, alguns chinelas ou boquilhas, cada um a sua consciência. Se o meu olhar amortecido fixava, por acaso, na rua, uma mulher — era logo ao outro dia uma carta em que a criatura, esposa ou prostituta, me ofertava a sua nudez, o seu amor, e todas as complacências da lascívia.

Os jornalistas esporeavam a imaginação para achar adjetivos dignos da minha grandeza; fui o sublime Sr. Teodoro, cheguei a ser o celeste Sr. Teodoro; então, desvairada, a Gazeta das Locais chamou-me o extraceleste Sr. Teodoro! Diante de mim nenhuma cabeça ficou jamais coberta — ou usasse a coroa ou o coco. Todos os dias me era oferecida uma presidência de Ministério ou uma direção de confraria. Recusei sempre, com nojo.

(Eça de Queirós. O mandarim, s/d.)


Ao descrever a sua vida de milionário, o narrador

 



a)
reconhece que as pessoas se aproximam dele com mais respeito e cautela, fato que o deixa desconfortável, por sua natureza humilde.
b)
sente-se lisonjeado pelo tratamento cerimonioso de que é alvo constante, sobretudo porque as pessoas são honestas em seu proceder.
c)
ironiza as relações de interesses decorrentes da sua nova condição social, deixando evidente que as pessoas se humilham perante ele.
d)
ignora a forma como os mais pobres o interpelam, pois não consegue identificar os contatos sem interesses monetários.
e)
despreza a falta de veneração à sua pessoa, principalmente pelos mais bem nascidos, que não o veem como pertencente à aristocracia.
Resolução

a)    Incorreta. As descrições construídas ao longo do texto não  evidenciam respeito e cautela; sob os olhos do narrador, as pessoas suplicavam sua aproximação por meio de presentes e ofertas, com a intenção de alcançar parte do dinheiro do milionário. Além disso, não é possível depreender do texto a humildade do narrador; pelo contrário, trechos como “a honra do meu sorriso”, “adjetivos dignos da minha grandeza”, ou mesmo a descrição de seu “palacete amarelo”, indicam o inverso, isto é, sua prepotência.
b)    Incorreta. A lisonja não é conclusão óbvia do texto, sobretudo por conta do trecho final: “recusei sempre, com nojo”. Aliás, é importante ressaltar que o narrador não a sente principalmente porque as pessoas não agiam honestamente: todos os presentes oferecidos tinham em vista, como ele próprio ressalta, “a participação em seu ouro”.
c)    Correta. O narrador, em diversos momentos do texto, deixa evidente sua ciência das humilhações por que passavam os interesseiros ao seu redor. Alguns desses trechos são: “entretanto Lisboa rojava-se aos meus pés”; “todos vinham suplicar”; “todos os cidadãos me traziam presentes como a um ídolo sobre o altar”; “diante de mim nenhuma cabeça ficou coberta – usasse a coroa ou o coco”. Por meio de tais descrições, ironiza a postura e o comportamento de pessoas de quem ele tinha “nojo”, como afirma no final do texto, por saber que aquela aproximação tinha motivo (seu novo estado de milionário) e todos os agrados pretendiam ganhar algo em troca.
d)    Incorreta. O narrador não ignora a forma como os mais pobres o interpelam, o que pode ser constatado no seguinte excerto: “... e luzir o suor da Plebe: todos vinham suplicar, de lábio abjeto, a honra do meu sorriso”.
e)    Incorreta. Os “mais bem nascidos”, como se refere a alternativa, foram especificamente contemplados pelo narrador no seguinte trecho: “eu via lá branquejar os peitilhos da Aristocracia”.
 

Questão 28 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

gradação

Então começou a minha vida de milionário. Deixei bem depressa a casa de Madame Marques — que, desde que me sabia rico, me tratava todos os dias a arroz-doce, e ela mesma me servia, com o seu vestido de seda dos domingos. Comprei, habitei o palacete amarelo, ao Loreto: as magnificências da minha instalação são bem conhecidas pelas gravuras indiscretas da Ilustração Francesa. Tornou-se famoso na Europa o meu leito, de um gosto exuberante e bárbaro, com a barra recoberta de lâminas de ouro lavrado e cortinados de um raro brocado negro onde ondeiam, bordados a pérolas, versos eróticos de Catulo; uma lâmpada, suspensa no interior, derrama ali a claridade láctea e amorosa de um luar de Verão.

[...]

Entretanto Lisboa rojava-se aos meus pés. O pátio do palacete estava constantemente invadido por uma turba: olhando-a enfastiado das janelas da galeria, eu via lá branquejar os peitilhos da Aristocracia, negrejar a sotaina do Clero, e luzir o suor da Plebe: todos vinham suplicar, de lábio abjeto, a honra do meu sorriso e uma participação no meu ouro. Às vezes consentia em receber algum velho de título histórico: — ele adiantava-se pela sala, quase roçando o tapete com os cabelos brancos, tartamudeando adulações; e imediatamente, espalmando sobre o peito a mão de fortes veias onde corria um sangue de três séculos, oferecia-me uma filha bem-amada para esposa ou para concubina.

Todos os cidadãos me traziam presentes como a um ídolo sobre o altar — uns odes votivas, outros o meu monograma bordado a cabelo, alguns chinelas ou boquilhas, cada um a sua consciência. Se o meu olhar amortecido fixava, por acaso, na rua, uma mulher — era logo ao outro dia uma carta em que a criatura, esposa ou prostituta, me ofertava a sua nudez, o seu amor, e todas as complacências da lascívia.

Os jornalistas esporeavam a imaginação para achar adjetivos dignos da minha grandeza; fui o sublime Sr. Teodoro, cheguei a ser o celeste Sr. Teodoro; então, desvairada, a Gazeta das Locais chamou-me o extraceleste Sr. Teodoro! Diante de mim nenhuma cabeça ficou jamais coberta — ou usasse a coroa ou o coco. Todos os dias me era oferecida uma presidência de Ministério ou uma direção de confraria. Recusei sempre, com nojo.

(Eça de Queirós. O mandarim, s/d.)


“Os jornalistas esporeavam a imaginação para achar adjetivos dignos da minha grandeza; fui o sublime Sr. Teodoro, cheguei a ser o celeste Sr. Teodoro; então, desvairada, a Gazeta das Locais chamou-me o extraceleste Sr. Teodoro!”

 

Nesta passagem do último parágrafo, identifica-se uma



a)
hipérbole, por meio da qual o narrador enfatiza a intensidade de atenção recebida da imprensa portuguesa.
b)
gradação, por meio da qual o narrador reforça a ideia de bajulação posta em prática pelos jornais portugueses.
c)
ironia, por meio da qual o narrador refuta o tratamento que lhe dispensavam os jornalistas portugueses.
d)
redundância, por meio da qual o narrador deixa entrever o modo como as pessoas lhe especulavam a vida.
e)
antítese, por meio da qual o narrador explica as contradições dos jornais portugueses ao tomarem-no como assunto.
Resolução

a)    Incorreta. Hipérbole é a figura de linguagem associada ao exagero.  De fato, os adjetivos selecionados criam imagens superestimadas do narrador; no entanto, não é possível afirmar que o trecho em que constam tais atributos enfatiza a intensidade de atenção dada pela imprensa portuguesa, uma vez que o papel da bajulação dos jornalistas não  é central no texto (muitas pessoas bajulavam o narrador, e entre elas incluíam-se jornalistas — não especialmente os jornalistas).
b)    Correta. Gradação é a figura de linguagem que consiste na enumeração crescente ou decrescente de elementos. No caso, a ordem crescente em que estão elencados os adjetivos reforça a ideia de bajulação: sublime indica “inexcedível perfeição material” (definição do dicionário Houaiss); celestial, “que pertence ou concerne à divindade” (definição do dicionário Houaiss); e extraceleste, por extensão, “aquilo que ultrapassa o divino”. Assim, é visível que os adjetivos estão organizados do perfeito ao mais que perfeito, com a intenção de mostrar como a imprensa esforçava-se cada vez mais na criação de uma imagem positiva (adulação) do milionário.
c)    Incorreta. A ironia é a figura de linguagem que consiste na afirmação do contrário do que se quer dizer. Não é possível identificar tom irônico no trecho da questão, uma vez que se trata da descrição do comportamento da imprensa, tal como ela acontecia na realidade. Não há, aliás, refutação do tratamento por parte do narrador.
d)    Incorreta. Redundância, ou pleonasmo, é a figura de linguagem relacionada à repetição, propositada ou não. Os adjetivos ordenados no fragmento da questão não são redundantes, porque, embora todos positivos, trazem subentendidas referências diferentes entre si (daí a possibilidade de ordem crescente). Além disso, o trecho não trata de especulação, mas de bajulação.
e)    Incorreta. Antítese é a figura de linguagem caracterizada pela oposição de ideias. Os jornais que mencionavam o narrador não se contradiziam; ao contrário, todos reforçavam sua grandeza.

Questão 29 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Conjunções (valores semânticos)

Então começou a minha vida de milionário. Deixei bem depressa a casa de Madame Marques — que, desde que me sabia rico, me tratava todos os dias a arroz-doce, e ela mesma me servia, com o seu vestido de seda dos domingos. Comprei, habitei o palacete amarelo, ao Loreto: as magnificências da minha instalação são bem conhecidas pelas gravuras indiscretas da Ilustração Francesa. Tornou-se famoso na Europa o meu leito, de um gosto exuberante e bárbaro, com a barra recoberta de lâminas de ouro lavrado e cortinados de um raro brocado negro onde ondeiam, bordados a pérolas, versos eróticos de Catulo; uma lâmpada, suspensa no interior, derrama ali a claridade láctea e amorosa de um luar de Verão.

[...]

Entretanto Lisboa rojava-se aos meus pés. O pátio do palacete estava constantemente invadido por uma turba: olhando-a enfastiado das janelas da galeria, eu via lá branquejar os peitilhos da Aristocracia, negrejar a sotaina do Clero, e luzir o suor da Plebe: todos vinham suplicar, de lábio abjeto, a honra do meu sorriso e uma participação no meu ouro. Às vezes consentia em receber algum velho de título histórico: — ele adiantava-se pela sala, quase roçando o tapete com os cabelos brancos, tartamudeando adulações; e imediatamente, espalmando sobre o peito a mão de fortes veias onde corria um sangue de três séculos, oferecia-me uma filha bem-amada para esposa ou para concubina.

Todos os cidadãos me traziam presentes como a um ídolo sobre o altar — uns odes votivas, outros o meu monograma bordado a cabelo, alguns chinelas ou boquilhas, cada um a sua consciência. Se o meu olhar amortecido fixava, por acaso, na rua, uma mulher — era logo ao outro dia uma carta em que a criatura, esposa ou prostituta, me ofertava a sua nudez, o seu amor, e todas as complacências da lascívia.

Os jornalistas esporeavam a imaginação para achar adjetivos dignos da minha grandeza; fui o sublime Sr. Teodoro, cheguei a ser o celeste Sr. Teodoro; então, desvairada, a Gazeta das Locais chamou-me o extraceleste Sr. Teodoro! Diante de mim nenhuma cabeça ficou jamais coberta — ou usasse a coroa ou o coco. Todos os dias me era oferecida uma presidência de Ministério ou uma direção de confraria. Recusei sempre, com nojo.

(Eça de Queirós. O mandarim, s/d.)


Assinale a alternativa que apresenta uma correta análise da passagem do texto.

 



a)
Em “que, desde que me sabia rico, me tratava todos os dias a arroz-doce” (1.º parágrafo), a locução conjuntiva em destaque estabelece relação de tempo entre as orações.
b)
Em “e ela mesma me servia, com o seu vestido de seda dos domingos” (1.º parágrafo), o termo em destaque pode ser substituído por “mesmo”, sem prejuízo de sentido ao texto.
c)
Em “olhando-a enfastiado das janelas da galeria” (2.º parágrafo), o pronome em destaque recupera o substantivo “Lisboa”.
d)
Em “era logo ao outro dia uma carta em que a criatura” (3.º parágrafo), a expressão em destaque pode ser substituída, de acordo com a norma-padrão, por “cuja”.
e)
Em “derrama ali a claridade láctea e amorosa de um luar de Verão” (1.º parágrafo), o advérbio em destaque recupera a expressão “versos eróticos de Catulo”.
Resolução

a)    Correta. “Desde que” faz parte do grupo das conjunções subordinadas temporais, de acordo com Cunha e Cintra (2007). No trecho, expressa extensão a partir do momento em que Madame Marques toma conhecimento da riqueza do narrador.
b)    Incorreta. “Mesma”, nessa sentença, é adjetivo e significa “próprio”. Como se refere a “ela” e com este pronome concorda em gênero e em número, não poderia ser substituído pela versão masculina “mesmo”.
c)    Incorreta. Retornando ao texto, fica evidente que o pronome oblíquo retoma “uma turba”, e não “Lisboa”: “O pátio do palacete estava constantemente invadido por uma turba: olhando-a enfastiado das janelas da galeria, eu via...”.
d)    Incorreta. “Em que” retoma “carta”, de modo que o trecho em questão poderia ser assim parafraseado: “A criatura, esposa ou prostituta, me ofertava a sua nudez, o seu amor, e todas as complacências da lascívia na carta”. “Cuja”, por sua vez, é um pronome relativo que deixa subentendida uma relação genitiva entre termos, o que impede a recuperação da ideia de lugar/suporte, conforme se verifica na paráfrase.
e)    Incorreta. Como se verifica no texto, “ali” recupera “interior”: “uma lâmpada, suspensa no interior, derrama ali a claridade láctea e amorosa de uma luar de Verão”.
 

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Cruz e Souza

SILÊNCIOS

Largos Silêncios interpretativos,

Adoçados por funda nostalgia,

Balada de consolo e simpatia

Que os sentimentos meus torna cativos;

 

Harmonia de doces lenitivos,

Sombra, segredo, lágrima, harmonia

Da alma serena, da alma fugidia

Nos seus vagos espasmos sugestivos.

 

Ó Silêncios! ó cândidos desmaios,

Vácuos fecundos de celestes raios

De sonhos, no mais límpido cortejo...

 

Eu vos sinto os mistérios insondáveis

Como de estranhos anjos inefáveis

O glorioso esplendor de um grande beijo!

(Cruz e Sousa. Broquéis, Faróis, Últimos Sonetos, 2008.)


A análise do soneto revela como tema e recursos poéticos, respectivamente:



a)
a aura de mistério e de transcendentalidade suaviza o sofrimento do eu lírico; rimas alternadas e sinestesias se evidenciam nos versos de redondilha maior.
b)
o esforço de superação do sofrimento coexiste com o esgotamento das forças do eu lírico; assonâncias e metonímias reforçam os contrastes das rimas alternadas em versos livres.
c)
a religiosidade como forma de superação do sofrimento humano; metáforas e antíteses reforçam o negativismo da desagregação existencial nos versos livres.
d)
a apresentação da condição existencial do eu lírico, marcada pelo sofrimento, em uma abordagem transcendente; assonâncias e aliterações reforçam a sonoridade nos versos decassílabos.
e)
o apelo à subjetividade e à espiritualidade denota a conciliação entre o eu lírico e o mundo; metáforas e sinestesias reforçam o sentido de transcendentalidade nos versos de doze sílabas.
Resolução

A escansão invalida todos os enunciados com exceção do “d”, uma vez que, por meio dela, é possível constatar versos de dez sílabas métricas (versos decassílabos):

 

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Lar

gos

Si

lên

cios

in

ter

pre

ta

ti

A

do

ça

dos

por

fun

da

nos

tal

gi

Ba

la

da

de

con

so

lo e

sim

pa

ti

Que os

sen

ti

men

tos

meus

tor

na

ca

ti

 

A condição existencial do eu poemático marcada pelo sofrimento fica clara nas seguintes escolhas lexicais: “nostalgia”, “consolo”, “lenitivo”, “alma fugidia”, “desmaios”. Os “largos Silêncios interpretativos” e os “cândidos desmaios” são o remédio para sua dor, uma vez que permitem o alcance dos “raios celestes”, de “sonhos” e dos “mistérios insondáveis”, isto é, do transcendental.