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Unifesp - 2ª fase - Línguas


Questão 11 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Pressupostos e Subentendidos

VOCÊ CONSEGUIRIA FICAR 99 DIAS SEM O FACEBOOK?

Uma organização não governamental holandesa está propondo um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o grau de felicidade dos usuários longe da rede social.

O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológicos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder participar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar um contador na rede social.

Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência.

Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso, a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, que poderiam ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.

(http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)


De acordo com os pressupostos da campanha holandesa, o usuário do Facebook

 



a)
supera as suas barreiras emocionais na rede social e garante uma existência com mais felicidade.
b)
vivencia experiências únicas na rede social e a tem como forma de ser mais equilibrado emocionalmente.
c)
gasta tempo na rede social e deixa de se dedicar a momentos mais significativos em sua vida.
d)
emprega o seu tempo na rede social para trabalhar a emoção e entender melhor suas questões de vida.
e)
dedica um tempo exíguo à rede social e tem pouca motivação para atividades mais realizadoras.
Resolução

a)    Incorreta. Não há, no texto, nenhuma menção à superação de  barreiras emocionais por parte dos usuários do Facebook, tampouco à garantia de uma existência mais feliz na rede social.
b)    Incorreta. A noção de equilíbrio emocional não é trazida pelo texto, e não é relacionada a experiências vivenciadas na rede social – o texto sequer cita tais experiências.
c)    Correta. A ideia de que o usuário do Facebook gasta na rede um tempo que poderia dedicar a atividades mais proveitosas e significativas fica evidente a partir do último período do texto, “Em 99 dias sem acesso, a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, que poderiam ser utilizadas em ‘atividades emocionalmente mais realizadoras’”.
d)    Incorreta. O que o texto defende é justamente a ideia de que o tempo gasto na rede social poderia ser mais bem aproveitado, portanto, não cabe a interpretação de que o usuário emprega esse tempo para entender melhor suas questões de vida.
e)    Incorreta. A experiência descrita no texto comprova que os usuários não dedicam um tempo exíguo (escasso, insuficiente) à rede social em questão, o que já invalidaria a alternativa como correta. Além disso, o texto não trata, em nenhum momento, da motivação dos usuários para quaisquer outras atividades.
 

Questão 12 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Pressupostos e Subentendidos

VOCÊ CONSEGUIRIA FICAR 99 DIAS SEM O FACEBOOK?

Uma organização não governamental holandesa está propondo um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o grau de felicidade dos usuários longe da rede social.

O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológicos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder participar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar um contador na rede social.

Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência.

Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso, a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, que poderiam ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.

(http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)


Uma informação possível de se concluir da leitura do texto é:

 



a)
O Facebook realizou experimentos psicológicos sem o consentimento de seus usuários.
b)
Os usuários do Facebook sentem-se mais felizes quando não acessam a rede social.
c)
Os estudos da ONG holandesa têm o propósito de criar uma nova rede social.
d)
O tempo gasto na rede social potencializou perturbações psicológicas em seus usuários.
e)
O grau de satisfação e felicidade de uma pessoa independe de seu estado emocional.
Resolução

a)    Correta. O trecho do texto que permite a conclusão de que o Facebook realizava experimentos sem o consentimento do usuário é “O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológicos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que o teste é completamente voluntário”. O uso da expressão “a diferença neste caso” possibilita a interpretação de que o oposto – testes não voluntários, logo, não consentidos pelos usuários – era realizado pela empresa Facebook.
b)    Incorreta. Não há, no texto, nenhuma conclusão a respeito do experimento, e sim sua breve descrição. Não é possível afirmar, portanto, o grau de felicidade dos usuários quando acessam a rede.
c)    Incorreta. Em nenhum momento do texto há a menção à criação de uma nova rede social.
d)    Incorreta. Nenhum resultado da pesquisa é mostrado no texto; não é possível afirmar nada, então, sobre possíveis perturbações psicológicas dos usuários.
e)    Incorreta. O experimento descrito no texto busca uma relação entre o grau de felicidade dos usuários quando em contato com a rede que  sempre acessam; não há qualquer consideração sobre o estado emocional dessas pessoas.
 

Questão 13 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Valores semânticos (artigo)

VOCÊ CONSEGUIRIA FICAR 99 DIAS SEM O FACEBOOK?

Uma organização não governamental holandesa está propondo um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o grau de felicidade dos usuários longe da rede social.

O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológicos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder participar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar um contador na rede social.

Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência.

Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso, a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, que poderiam ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.

(http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)


Examine as passagens do primeiro parágrafo do texto:

 

• “Uma organização não governamental holandesa está propondo um desafio”

• “O objetivo é medir o grau de felicidade dos usuários longe da rede social”

 

A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão



a)
da retomada de informações que podem ser facilmente depreendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes semanticamente.
b)
de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alteraria o sentido do texto.
c)
da generalização, no primeiro caso, com a introdução de informação conhecida, e da especificação, no segundo, com informação nova.
d)
da introdução de uma informação nova, no primeiro caso, e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo.
e)
de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo qual são introduzidas de forma mais generalizada.
Resolução

a)    Incorreta. Sabendo que a passagem iniciada pelo artigo indefinido “uma” é a primeira do texto, não faz sentido pensar que se trata de uma retomada. Além disso, não é possível afirmar que “uma” e “a” (artigo definido) são semanticamente equivalentes.
b)    Incorreta. A troca dos artigos não é possível, uma vez que os artigos carregam cargas semânticas diferentes. Além disso, não é verdade que ambos se referem a informações já conhecidas.
c)    Incorreta. No primeiro caso não há a introdução de uma informação conhecida, tampouco há a generalização (o artigo “uma”, embora indefinido, marca claramente a especificidade e não a generalização).
d)    Correta. De fato, o uso do artigo “uma” tem como objetivo introduzir uma informação nova, visto que é responsável por iniciar o texto, inclusive. Já no segundo caso, o uso do artigo definido “a” (na contração com a preposição “de”) permite a retomada do termo “rede social”, encontrado no período imediatamente anterior ao que contém o artigo definido.
e)    Incorreta. Só há a introdução de uma informação nova na primeira ocorrência, e não é possível afirmar, por conta disso, que as informações sejam introduzidas de forma generalizada.
 

Questão 14 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Empregos de pontuação como elementos distintivos de significado

VOCÊ CONSEGUIRIA FICAR 99 DIAS SEM O FACEBOOK?

Uma organização não governamental holandesa está propondo um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o grau de felicidade dos usuários longe da rede social.

O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológicos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder participar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar um contador na rede social.

Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência.

Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso, a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, que poderiam ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.

(http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)


  • [...] ficar 90 dias sem dar nem uma "olhadinha" no Facebook (1º parágrafo)
  • [...] que poderiam ser utilizadas em "atividades emocionalmente mais realizadoras" (4º parágrafo)

 

Nos dois trechos, utilizam-se as aspas, respectivamente, para

 



a)
indicar o sentido metafórico e marcar a fala coloquial.
b)
enfatizar o discurso direto e marcar uma citação.
c)
marcar o sentido pejorativo e enfatizar o sentido metafórico.
d)
assinalar a ironia e indicar a fala de uma pessoa.
e)
realçar o sentido do substantivo e indicar uma transcrição.
Resolução

a)    Incorreta. Não há emprego metafórico em “olhadinha”, uma vez que, no enunciado, o substantivo mantém seu sentido denotativo (ampliado pelo sufixo, mas ainda assim mantido). Além disso, no segundo enunciado, o trecho “atividades emocionalmente mais realizadoras” não apresenta marcas de fala coloquial.
b)    Incorreta. “Olhadinha” é escolha lexical do próprio autor do texto, não de uma voz externa a ele, e por isso não é fruto de discurso direto. A referência à citação está correta: as aspas indicam o enunciado externo ao texto.
c)    Incorreta. “Olhadinha” não exprime sentido depreciativo, portanto não é uma escolha marcadamente pejorativa. Além disso, no segundo enunciado, as aspas são empregadas em um trecho de linguagem objetiva, de forma que não é possível associá-lo a um sentido metafórico.
d)    Incorreta. Seria factível depreender ironia de “olhadinha”, uma vez que o ato de olhar o Facebook toma tempo do usuário, e por isso não é breve como sugere o diminutivo. No entanto, não é possível atribuir a expressão marcada entre aspas no segundo enunciado a um indivíduo, dado que ela pertence à organização não governamental referida no texto.
e)    Correta. No primeiro enunciado, “dar uma olhada” significa espiar, olhar rapidamente. As aspas não seriam necessárias para construir o significado da expressão; por isso, ao serem usadas, reforçam o sentido do substantivo “olhadinha” (olhada rápida). O realce, aliás, é um dos efeitos recorrentes do emprego das aspas observado por Cunha e Cintra (2007), segundo os quais esse sinal de pontuação também aparece “no início e no fim de uma citação para distingui-la do resto do contexto” (p. 662), caso do segundo enunciado.
 

Questão 15 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Prefixal e Sufixal

VOCÊ CONSEGUIRIA FICAR 99 DIAS SEM O FACEBOOK?

Uma organização não governamental holandesa está propondo um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o grau de felicidade dos usuários longe da rede social.

O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológicos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder participar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar um contador na rede social.

Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência.

Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso, a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, que poderiam ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.

(http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)


  • [...] ficar 90 dias sem dar nem uma "olhadinha" no Facebook (1º parágrafo)
  • [...] que poderiam ser utilizadas em "atividades emocionalmente mais realizadoras" (4º parágrafo)

Analisando-se o emprego e a estrutura das palavras “olhadinha” e “emocionalmente”, é correto afirmar que os sufixos nelas presentes indicam, respectivamente, sentido de

 



a)
morosidade e intensidade.
b)
modo e consequência.
c)
rapidez e modo.
d)
intensidade e causa.
e)
afeto e tempo.
Resolução

a)    Incorreta. O sufixo –inha está mais imediatamente ligado à noção de tamanho, de onde podem surgir outras interpretações, nenhuma delas, no entanto, liga-se ao sentido de morosidade. O sufixo –mente, embora responsável por formar advérbios, nesse caso não é capaz de formar um que tenha sentido de intensidade.
b)    Incorreta. O sufixo –inha, conforme empregado no texto, não indica modo. “Emocionalmente”, por sua vez, não pode ser tomado como consequência.
c)    Correta. A partir do diminutivo – marcado pelo sufixo –, o termo “olhadinha” ganha sentido de rapidez, pois se refere a uma ação de curta duração (o emprego do termo no contexto evidencia esse sentido). Já o termo “emocionalmente” caracteriza-se, a partir do acréscimo do sufixo – mente, como um advérbio de modo, ou seja, as atividades em questão poderiam ser realizadas de modo mais emocional.
d)    Incorreta. Nenhuma das acepções do sufixo –inha tem sentido de intensidade. Da mesma forma, o sufixo –mente não pode ser considerado como marcador de causa.
e)    Incorreta. Em alguns contextos, o diminutivo pode ser considerado expressão de afeto, mas este não é o caso da palavra “olhadinha” e da forma como ela está aplicada no texto. Além disso, “emocionalmente” não carrega, definitivamente, o sentido de tempo.

 
 

Questão 16 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Predicação Verbal Objetos direto e indireto Regência verbal

Analise a capa de um folder de uma campanha de trânsito.

 

Explicitando-se os complementos dos verbos em “Eu cuido, eu respeito.”, obtém-se, em conformidade com a norma padrão da língua portuguesa:



a)
Eu a cuido, eu respeito-lhe.
b)
Eu cuido dela, eu lhe respeito.
c)
Eu cuido dela, eu a respeito.
d)
Eu lhe cuido e respeito.
e)
Eu cuido e respeito-a.
Resolução

Sabendo que o verbo cuidar é transitivo indireto e exige preposição “de”; e o verbo respeitar, no sentido de “ter respeito por”, é transitivo direto, temos:
a)    Incorreta. Falta preposição “de” após o verbo cuidar e o uso do “lhe” só deve ser feito para verbos transitivos indiretos.
b)    Incorreta. O uso do verbo cuidar está adequado, mas o uso do “lhe” só deve ser feito para verbos transitivos indiretos.
c)    Correta. O uso do verbo cuidar está adequado, assim como o de respeitar, que apresenta como complemento o pronome oblíquo “a”, que é utilizado para verbos transitivos diretos.
d)    Incorreta. O uso do “lhe” está atribuído aos dois verbos, mas somente é adequado para cuidar.
e)    Incorreta. Falta o complemento do verbo cuidar (pois não é intransitivo).

Questão 17 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Pressupostos e Subentendidos

Cumpridos dez anos de prisão por um crime que não pratiquei e do qual, entanto, nunca me defendi, morto para a vida e para os sonhos: nada podendo já esperar e coisa alguma desejando – eu venho fazer enfim a minha confissão: isto é, demonstrar a minha inocência.

Talvez não me acreditem. Decerto que não me acreditam. Mas pouco importa. O meu interesse hoje em gritar que não assassinei Ricardo de Loureiro é nulo. Não tenho família; não preciso que me reabilitem. Mesmo quem esteve dez anos preso, nunca se reabilita. A verdade simples é esta.

E àqueles que, lendo o que fica exposto, me perguntarem: “Mas por que não fez a sua confissão quando era tempo? Por que não demonstrou a sua inocência ao tribunal?”, a esses responderei: – A minha defesa era impossível. Ninguém me acreditaria. E fora inútil fazer-me passar por um embusteiro ou por um doido… Demais, devo confessar, após os acontecimentos em que me vira envolvido nessa época, ficara tão despedaçado que a prisão se me afigurava uma coisa sorridente. Era o esquecimento, a tranquilidade, o sono. Era um fim como qualquer outro – um termo para a minha vida devastada. Toda a minha ânsia foi pois de ver o processo terminado e começar cumprindo a minha sentença.

De resto, o meu processo foi rápido. Oh! o caso parecia bem claro… Eu nem negava nem confessava. Mas quem cala consente… E todas as simpatias estavam do meu lado.

O crime era, como devem ter dito os jornais do tempo, um “crime passional”. Cherchez la femme*. Depois, a vítima um poeta – um artista. A mulher romantizara-se desaparecendo. Eu era um herói, no fim de contas. E um herói com seus laivos de mistério, o que mais me aureolava. Por tudo isso, independentemente do belo discurso de defesa, o júri concedeu-me circunstâncias atenuantes. E a minha pena foi curta.

Ah! foi bem curta – sobretudo para mim… Esses dez anos esvoaram-se-me como dez meses. É que, em realidade, as horas não podem mais ter ação sobre aqueles que viveram um instante que focou toda a sua vida. Atingido o sofrimento máximo, nada já nos faz sofrer. Vibradas as sensações máximas, nada já nos fará oscilar. Simplesmente, este momento culminante raras são as criaturas que o vivem. As que o viveram ou são, como eu, os mortos-vivos, ou – apenas – os desencantados que, muita vez, acabam no suicídio.

 

* Cherchez la femme: Procurem a mulher.

(Mário de Sá-Carneiro. A confissão de Lúcio, 2011.)


No texto, o narrador sugere que tinha sido condenado por um crime

 



a)
praticado pelo poeta, de quem tomou a responsabilidade para que este pudesse fugir com a mulher amada, isento de culpa.
b)
motivado por questões amorosas, sobre o qual não emitiu um posicionamento claro que negasse ou confirmasse a sua culpa.
c)
ocorrido acidentalmente, fruto da percepção equivocada de que o poeta estaria em um romance proibido com a sua mulher.
d)
praticado pela esposa do artista, a quem acreditava que deveria recair a pena, mas não dispunha de provas suficientes para poder incriminá-la.
e)
marcado pelo mistério, que teve como vítimas o poeta e a mulher, e que contou com uma defesa confusa e permeada de inconsistências.
Resolução

a)    Incorreta. O crime não foi praticado pelo poeta, afirmação que pode ser referendada desde o começo do texto, quando o narrador proclama sua inocência. Já no início: “cumpridos dez anos de prisão por um crime que não pratiquei...”.
b)    Correta. O quinto parágrafo do texto deixa clara a motivação: “o crime era, como devem ter dito os jornais do tempo, um ‘crime passional’”. Apesar de alegar sua inocência na confissão posterior ao cumprimento da pena de dez anos, na época do crime, o narrador “nem negava nem confessava”.
c)    Incorreta. Não é possível depreender do texto qualquer relação entre o narrador e a mulher do poeta, tampouco amorosa, uma vez que a única menção a ela não deixa isso claro: “a mulher romantizara-se desaparecendo”. Além disso, não é possível pressupor acidente na morte, porque não há referências a isso em nenhum momento do texto.
d)    Incorreta. Em conformidade com a justificativa da alternativa anterior, não é possível depreender o envolvimento da mulher com o crime, já que a única referência a ela é construída de forma lacunar.
e)    Incorreta. O enunciado desta alternativa está errado, porque a mulher não foi morta (é possível concluir isso da sua fuga). Além disso, segundo o texto, a defesa não foi “confusa e permeada de inconsistências”, uma vez que o autor afirma ter proferido “um belo discurso de defesa”.

Questão 18 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Pressupostos e Subentendidos Verbo

Cumpridos dez anos de prisão por um crime que não pratiquei e do qual, entanto, nunca me defendi, morto para a vida e para os sonhos: nada podendo já esperar e coisa alguma desejando – eu venho fazer enfim a minha confissão: isto é, demonstrar a minha inocência.

Talvez não me acreditem. Decerto que não me acreditam. Mas pouco importa. O meu interesse hoje em gritar que não assassinei Ricardo de Loureiro é nulo. Não tenho família; não preciso que me reabilitem. Mesmo quem esteve dez anos preso, nunca se reabilita. A verdade simples é esta.

E àqueles que, lendo o que fica exposto, me perguntarem: “Mas por que não fez a sua confissão quando era tempo? Por que não demonstrou a sua inocência ao tribunal?”, a esses responderei: – A minha defesa era impossível. Ninguém me acreditaria. E fora inútil fazer-me passar por um embusteiro ou por um doido… Demais, devo confessar, após os acontecimentos em que me vira envolvido nessa época, ficara tão despedaçado que a prisão se me afigurava uma coisa sorridente. Era o esquecimento, a tranquilidade, o sono. Era um fim como qualquer outro – um termo para a minha vida devastada. Toda a minha ânsia foi pois de ver o processo terminado e começar cumprindo a minha sentença.

De resto, o meu processo foi rápido. Oh! o caso parecia bem claro… Eu nem negava nem confessava. Mas quem cala consente… E todas as simpatias estavam do meu lado.

O crime era, como devem ter dito os jornais do tempo, um “crime passional”. Cherchez la femme*. Depois, a vítima um poeta – um artista. A mulher romantizara-se desaparecendo. Eu era um herói, no fim de contas. E um herói com seus laivos de mistério, o que mais me aureolava. Por tudo isso, independentemente do belo discurso de defesa, o júri concedeu-me circunstâncias atenuantes. E a minha pena foi curta.

Ah! foi bem curta – sobretudo para mim… Esses dez anos esvoaram-se-me como dez meses. É que, em realidade, as horas não podem mais ter ação sobre aqueles que viveram um instante que focou toda a sua vida. Atingido o sofrimento máximo, nada já nos faz sofrer. Vibradas as sensações máximas, nada já nos fará oscilar. Simplesmente, este momento culminante raras são as criaturas que o vivem. As que o viveram ou são, como eu, os mortos-vivos, ou – apenas – os desencantados que, muita vez, acabam no suicídio.

 

* Cherchez la femme: Procurem a mulher.

(Mário de Sá-Carneiro. A confissão de Lúcio, 2011.)


No primeiro parágrafo, afirma-se: “eu venho fazer enfim a minha confissão”. Tal confissão se materializa textualmente em

 



a)
uma argumentação confusa, com oscilação dos tempos verbais entre presente, passado e futuro, relacionados a situações da vida do narrador.
b)
uma narrativa objetiva, com predomínio de verbos nos tempos passado e presente, relacionados a situações conhecidas do narrador.
c)
uma narrativa subjetiva, com predomínio de verbos no tempo passado, relacionados a situações das quais participara o narrador.
d)
uma argumentação racional, com predomínio de verbos no tempo presente, relacionados a situações analisadas pelo narrador.
e)
uma descrição pessoal, com predomínio de verbos no tempo presente, relacionados a situações que marcaram a existência do narrador.
Resolução

a)    Incorreta. Embora haja alternância entre os tempos verbais entre presente e passado, a oscilação é feita de maneira organizada. Além disso, o texto é predominantemente narrativo; não há uma argumentação confusa sobre as situações da vida do narrador.
b)    Incorreta. O texto apresenta a percepção do autor sobre um evento marcante de sua vida, sendo, portanto, uma narrativa subjetiva. Ainda que haja no texto alguns verbos no presente, predominam os verbos no tempo passado.
c)    Correta. A narrativa subjetiva é notável tanto pelo uso da primeira pessoa, quanto pelas avaliações do narrador sobre as situações das quais participara. A partir do terceiro parágrafo, a maior parte dos verbos encontra-se no passado, retomando a história do narrador (como: “era”, “demonstrou”, “fora”, “parecia”, “concedeu-me”, dentre outros).
d)    Incorreta. Embora o narrador eleja alguns argumentos para justificar o porquê de não ter se defendido das acusações, o texto não se constitui como uma argumentação racional. Há o predomínio da subjetividade e da narrativa. Os verbos estão predominantemente no passado.
e)    Incorreta. Não predomina no texto a descrição pessoal, e sim a narrativa subjetiva; além disso, a maior parte dos verbos está no tempo passado.

Questão 19 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Pressupostos e Subentendidos

Cumpridos dez anos de prisão por um crime que não pratiquei e do qual, entanto, nunca me defendi, morto para a vida e para os sonhos: nada podendo já esperar e coisa alguma desejando – eu venho fazer enfim a minha confissão: isto é, demonstrar a minha inocência.

Talvez não me acreditem. Decerto que não me acreditam. Mas pouco importa. O meu interesse hoje em gritar que não assassinei Ricardo de Loureiro é nulo. Não tenho família; não preciso que me reabilitem. Mesmo quem esteve dez anos preso, nunca se reabilita. A verdade simples é esta.

E àqueles que, lendo o que fica exposto, me perguntarem: “Mas por que não fez a sua confissão quando era tempo? Por que não demonstrou a sua inocência ao tribunal?”, a esses responderei: – A minha defesa era impossível. Ninguém me acreditaria. E fora inútil fazer-me passar por um embusteiro ou por um doido… Demais, devo confessar, após os acontecimentos em que me vira envolvido nessa época, ficara tão despedaçado que a prisão se me afigurava uma coisa sorridente. Era o esquecimento, a tranquilidade, o sono. Era um fim como qualquer outro – um termo para a minha vida devastada. Toda a minha ânsia foi pois de ver o processo terminado e começar cumprindo a minha sentença.

De resto, o meu processo foi rápido. Oh! o caso parecia bem claro… Eu nem negava nem confessava. Mas quem cala consente… E todas as simpatias estavam do meu lado.

O crime era, como devem ter dito os jornais do tempo, um “crime passional”. Cherchez la femme*. Depois, a vítima um poeta – um artista. A mulher romantizara-se desaparecendo. Eu era um herói, no fim de contas. E um herói com seus laivos de mistério, o que mais me aureolava. Por tudo isso, independentemente do belo discurso de defesa, o júri concedeu-me circunstâncias atenuantes. E a minha pena foi curta.

Ah! foi bem curta – sobretudo para mim… Esses dez anos esvoaram-se-me como dez meses. É que, em realidade, as horas não podem mais ter ação sobre aqueles que viveram um instante que focou toda a sua vida. Atingido o sofrimento máximo, nada já nos faz sofrer. Vibradas as sensações máximas, nada já nos fará oscilar. Simplesmente, este momento culminante raras são as criaturas que o vivem. As que o viveram ou são, como eu, os mortos-vivos, ou – apenas – os desencantados que, muita vez, acabam no suicídio.

 

* Cherchez la femme: Procurem a mulher.

(Mário de Sá-Carneiro. A confissão de Lúcio, 2011.)


Segundo o narrador afirma, a prisão lhe serviria para

 



a)
amenizar os transtornos pessoais que arruinaram a sua existência.
b)
mostrar a todos que estava sendo injustiçado e que deveriam rever o caso.
c)
coroar a sua existência de erros e desacertos, impossível de ser recomposta.
d)
reverter a seu favor a simpatia do júri e ter um novo julgamento em breve.
e)
colocá-lo em equilíbrio com a justiça dos homens e a justiça divina.
Resolução

a)    Correta. No terceiro parágrafo, ao justificar o fato de não ter tentado comprovar sua inocência, o narrador aponta o papel da prisão naquele momento: “(...) após os acontecimentos em que me vira envolvido nessa época, ficara tão despedaçado que a prisão se me afigurava uma coisa sorridente. Era o esquecimento, a tranquilidade, o sono. (...) Era um fim como qualquer outro – um termo para a minha vida devastada”. Neste trecho, fica clara a ruína de sua existência e a possibilidade de que a prisão amenize seus problemas.
b)    Incorreta. No segundo parágrafo o narrador deixa claro o posicionamento de que não se importa com que os outros creiam em sua inocência (“Talvez não me acreditem. Decerto que não me acreditam. Mas pouco importa.”).
c)    Incorreta. Não há elementos no texto que permitam a conclusão de que a existência do narrador fosse marcada por erros e desacertos. Sabe-se, apenas, que os acontecimentos, na época do crime, deixaram-no despedaçado e fizeram-no atingir o sofrimento máximo.
d)    Incorreta. No quinto parágrafo o narrador afirma ter conquistado a simpatia do júri e, por isso, ter tido uma pena curta (“Por tudo isso, independentemente do belo discurso de defesa, o júri concedeu-me atenuantes. E a minha pena foi curta.”). Ademais, no início do texto, o narrador afirma que nada espera ou deseja, logo, não possui pretensões de um novo julgamento.
e)    Incorreta. Não há bases no texto que permitam a inferência de que o narrador pretendia colocar-se em equilíbrio tanto com a justiça dos homens, quanto com a justiça divina. A sua alegada inocência poderia servir como indício do contrário, uma vez que, pela justiça divina, ele não seria condenado.
 

Questão 20 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Semântica Sinonímia

Cumpridos dez anos de prisão por um crime que não pratiquei e do qual, entanto, nunca me defendi, morto para a vida e para os sonhos: nada podendo já esperar e coisa alguma desejando – eu venho fazer enfim a minha confissão: isto é, demonstrar a minha inocência.

Talvez não me acreditem. Decerto que não me acreditam. Mas pouco importa. O meu interesse hoje em gritar que não assassinei Ricardo de Loureiro é nulo. Não tenho família; não preciso que me reabilitem. Mesmo quem esteve dez anos preso, nunca se reabilita. A verdade simples é esta.

E àqueles que, lendo o que fica exposto, me perguntarem: “Mas por que não fez a sua confissão quando era tempo? Por que não demonstrou a sua inocência ao tribunal?”, a esses responderei: – A minha defesa era impossível. Ninguém me acreditaria. E fora inútil fazer-me passar por um embusteiro ou por um doido… Demais, devo confessar, após os acontecimentos em que me vira envolvido nessa época, ficara tão despedaçado que a prisão se me afigurava uma coisa sorridente. Era o esquecimento, a tranquilidade, o sono. Era um fim como qualquer outro – um termo para a minha vida devastada. Toda a minha ânsia foi pois de ver o processo terminado e começar cumprindo a minha sentença.

De resto, o meu processo foi rápido. Oh! o caso parecia bem claro… Eu nem negava nem confessava. Mas quem cala consente… E todas as simpatias estavam do meu lado.

O crime era, como devem ter dito os jornais do tempo, um “crime passional”. Cherchez la femme*. Depois, a vítima um poeta – um artista. A mulher romantizara-se desaparecendo. Eu era um herói, no fim de contas. E um herói com seus laivos de mistério, o que mais me aureolava. Por tudo isso, independentemente do belo discurso de defesa, o júri concedeu-me circunstâncias atenuantes. E a minha pena foi curta.

Ah! foi bem curta – sobretudo para mim… Esses dez anos esvoaram-se-me como dez meses. É que, em realidade, as horas não podem mais ter ação sobre aqueles que viveram um instante que focou toda a sua vida. Atingido o sofrimento máximo, nada já nos faz sofrer. Vibradas as sensações máximas, nada já nos fará oscilar. Simplesmente, este momento culminante raras são as criaturas que o vivem. As que o viveram ou são, como eu, os mortos-vivos, ou – apenas – os desencantados que, muita vez, acabam no suicídio.

 

* Cherchez la femme: Procurem a mulher.

(Mário de Sá-Carneiro. A confissão de Lúcio, 2011.)


Observe as passagens do texto:

 

• “Decerto que não me acreditam.” (2.º parágrafo)

• “E um herói com seus laivos de mistério” (5.º parágrafo)

• “nada já nos fará oscilar.” (6.º parágrafo)

 

No contexto em que estão empregados, os termos em destaque significam, respectivamente,



a)
ocasionalmente – vestígios – transformar.
b)
possivelmente – marcas – afastar.
c)
eventualmente – características – mudar.
d)
imperiosamente – tipos – descobrir.
e)
certamente – indícios – variar.
Resolução

a)    Incorreta. A alternativa está incorreta, pois o advérbio “ocasionalmente” transmite a ideia de casualidade, não podendo substituir a “Decerto”, pois haveria alteração no sentido. Além disso, “oscilar” e “transformar” não são termos com significados equivalentes. O ato de oscilar envolve a alternância entre estados, o que não necessariamente ocorre na transformação.
b)    Incorreta. “Possivelmente” indica a noção de probabilidade e não equivale, portanto, a “Decerto”, que não abre espaço para dúvidas. “Afastar” confere a ideia distanciamento, o que também não corresponde ao significado de “oscilar”.
c)    Incorreta. Assim como “ocasionalmente”, “eventualmente” indica casualidade, não sendo esta a ideia transmitida por “Decerto”. A palavra “características” também não se aproxima semanticamente de “laivos”, que seriam sinais, vestígios ou indícios. E, embora a oscilação envolva mudança de um estado para outro, o verbo “mudar” não contempla, necessariamente, a possibilidade de volta ao estágio anterior.
d)    Incorreta. O advérbio “imperiosamente” distingue-se de “Decerto” por não transmitir a ideia de certeza, mas sim a de soberba. O significado de “laivos” e de “tipos” não é o mesmo – enquanto “laivos”, como já foi dito, significa “vestígios”, o termo “tipos” dá a noção de “formas”. Por fim, os verbos “descobrir” e “oscilar” não são sinônimos.
e)    Correta. A ideia de certeza pode ser transmitida tanto por “Decerto”, quanto por “certamente”. O substantivo “indícios”, assim como “laivos”, significa vestígios, sinais, podendo substituí-lo, sem que ocorra prejuízo de sentido na oração. O verbo “variar”, assim como “oscilar”, indica uma mudança inconstante.