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Unesp - 1ª fase


Questão 1 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Interpretação de Textos

Examine a tira Hagar, o Horrível do cartunista americano Dik Browne (1917-1989).

(Hagar, o Horrível, vol 1, 2014.)

O ensinamento ministrado por Hagar a seu filho poderia ser expresso do seguinte modo:



a)
a) “Muitos homens querem uma coisa, mas não suas consequências.”
b)
b) “A fome é a companheira do homem ocioso.”
c)
c) “Nada é mais útil ao homem do que uma sábia desconfiança.”
d)
d) “O estômago que raramente está vazio despreza alimentos vulgares.”
e)
e) “É impossível para um homem ser enganado por outra pessoa que não seja ele mesmo.”
Resolução

a) Incorreta. No diálogo de Hagar e seu filho não há indícios sobre “querer alguma coisa”.

b) Incorreta. A cena representada na tirinha demonstra o diálogo entre Hagar em seu filho, logo, não é possível saber se o garoto estava em um momento de ócio e, muito menos, se estava com fome.

c) Correta. Ao dizer “Veja, uma aranha lá no teto!”, Hagar aproveita da distração de seu filho para roubar o bolo de chocolate que estava em seu prato. De maneira implícita, o pai passou uma lição para seu filho, que provavelmente passará a desconfiar de seu pai e de outras pessoas em situações análogas a essa. É possível depreender, dessa forma, que “nada é mais útil ao homem que uma sábia desconfiança”, uma vez que, caso tivesse desconfiada do seu pai, o menino não perderia seu bolo de chocolate.

d) Incorreta. Não há informações suficientes na tirinha para identificar se o filho de Hagar estava de estômago vazio ou não.

e) Incorreta. O menino é enganado por seu pai e não por si mesmo.

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Interpretação de Textos

Navegava Alexandre [Magno] em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: “Basta, Senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador?”. Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades, e interpretar as significações, a uns e outros, definiu com o mesmo nome: [...] Se o rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.

Quando li isto em Sêneca, não me admirei tanto de que um filósofo estoico se atrevesse a escrever uma tal sentença em Roma, reinando nela Nero; o que mais me admirou, e quase envergonhou, foi que os nossos oradores evangélicos em tempo de príncipes católicos, ou para a emenda, ou para a cautela, não preguem a mesma doutrina. Saibam estes eloquentes mudos que mais ofendem os reis com o que calam que com o que disserem; porque a confiança com que isto se diz é sinal que lhes não toca, e que se não podem ofender; e a cautela com que se cala é argumento de que se ofenderão, porque lhes pode tocar. [...]

Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou escusa ou alivia o seu pecado [...]. O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera [...]. Não são só ladrões, diz o santo [São Basílio Magno], os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam.

(Essencial, 2011.)


No primeiro parágrafo, Antônio Vieira caracteriza a resposta do pirata a Alexandre Magno como



a)
a) hesitante.
b)
b) servil.
c)
c) dissimulada.
d)
d) ousada.
e)
e) enigmática.
Resolução

a) Incorreta. O pirata demonstra plena segurança de sua resposta e não hesita ao argumentar com Alexandre Magno.

b) Incorreta. Ao comparar-se com o imperador, o pirata revela ser bastante corajoso, o oposto de alguém subserviente.

c) Incorreta. Para ser considerada dissimulada, a resposta proferida deveria encobrir ou disfarçar propositalmente o ponto de vista do pirata, mas, pelo contrário, ele demonstra sua opinião de forma direta.

d) Correta. Ao trazer a fala do pirata, Antônio Vieira afirma que ele, “que não era medroso nem lerdo”, respondeu Alexandre Magno de forma inesperada, afirmando que, embora estivessem em posições sociais distintas, ambos eram igualmente ladrões. A réplica, bastante ousada, impressionou pela sinceridade e eloquência.

e) Incorreta. Para ser considerada enigmática, a resposta do pirata deveria ser implícita e subliminar. No entanto, isso não se verifica, uma vez que sua fala é literal e objetiva.

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Subordinação

Navegava Alexandre [Magno] em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: “Basta, Senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador?”. Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades, e interpretar as significações, a uns e outros, definiu com o mesmo nome: [...] Se o rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.

Quando li isto em Sêneca, não me admirei tanto de que um filósofo estoico se atrevesse a escrever uma tal sentença em Roma, reinando nela Nero; o que mais me admirou, e quase envergonhou, foi que os nossos oradores evangélicos em tempo de príncipes católicos, ou para a emenda, ou para a cautela, não preguem a mesma doutrina. Saibam estes eloquentes mudos que mais ofendem os reis com o que calam que com o que disserem; porque a confiança com que isto se diz é sinal que lhes não toca, e que se não podem ofender; e a cautela com que se cala é argumento de que se ofenderão, porque lhes pode tocar. [...]

Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou escusa ou alivia o seu pecado [...]. O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera [...]. Não são só ladrões, diz o santo [São Basílio Magno], os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam.

(Essencial, 2011.)


Se o rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.” (1o parágrafo)

Em relação ao trecho que o sucede, o trecho destacado tem sentido de



a)
a) finalidade.
b)
b) condição.
c)
c) causa.
d)
d) proporção.
e)
e) consequência.
Resolução

a) Incorreta. Para ter sentido de finalidade, a primeira oração deveria indicar a intenção daquilo que se declara na oração seguinte. As conjunções de finalidade mais comuns são a fim de que, porque e a locução conjuntiva para que.

b) Correta. A primeira oração, destacada em negrito, exprime o que deve ocorrer para que se seja possível (ou não) alguém receber o título de ladrão. O pirata afirma que, se um indivíduo – independentemente de sua posição social – fizer o que faz um ladrão e um pirata, ele deve ser receber o mesmo nome. Logo, essa é a condição para que uma pessoa possa ser chamada assim.

c) Incorreta. Para ser considerado um ladrão ou pirata são irrelevantes os motivos pelos quais foram feitos os roubos, mas sim o ato realizado. As conjunções mais comuns nesse caso são porque, pois, já que, entre outras.

d) Incorreta. A ideia de proporção acontece quando os fatos expostos nas duas orações são simultâneos. Nesses casos, comumente usa-se locuções conjuntivas proporcionais, como à medida que e ao passo que.

e) Incorreta. O fato de o rei da Macedônia ou qualquer outro comportar-se como um ladrão ou pirata não é um efeito da denominação que estes merecem receber. Para orações desse tipo, as conjunções e locuções mais comuns são que, tanto que, de forma que, entre outras.

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Interpretação de Textos

Navegava Alexandre [Magno] em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: “Basta, Senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador?”. Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades, e interpretar as significações, a uns e outros, definiu com o mesmo nome: [...] Se o rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.

Quando li isto em Sêneca, não me admirei tanto de que um filósofo estoico se atrevesse a escrever uma tal sentença em Roma, reinando nela Nero; o que mais me admirou, e quase envergonhou, foi que os nossos oradores evangélicos em tempo de príncipes católicos, ou para a emenda, ou para a cautela, não preguem a mesma doutrina. Saibam estes eloquentes mudos que mais ofendem os reis com o que calam que com o que disserem; porque a confiança com que isto se diz é sinal que lhes não toca, e que se não podem ofender; e a cautela com que se cala é argumento de que se ofenderão, porque lhes pode tocar. [...]

Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou escusa ou alivia o seu pecado [...]. O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera [...]. Não são só ladrões, diz o santo [São Basílio Magno], os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam.

(Essencial, 2011.)


No segundo parágrafo, Antônio Vieira torna explícito seu descontentamento com



a)
a) o imperador Nero.
b)
b) os príncipes católicos.
c)
c) a doutrina estoica.
d)
d) os oradores evangélicos.
e)
e) o filósofo Sêneca.
Resolução

d) Correta. Em seu sermão, Antônio Vieira demonstra decepção com os oradores evangélicos por eles não criticarem os príncipes católicos corruptos. Segundo o padre, “o que mais me admirou, e quase envergonhou, foi que os nossos oradores evangélicos em tempo de príncipes católicos, ou para a emenda, ou para a cautela, não preguem a mesma doutrina”. Quanto à doutrina mencionada, Vieira refere-se à postura de depreciar essa corrupção, como feito por Sêneca. Logo, as demais opções elencadas pelas alternativas não se aplicam.

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elipse

Navegava Alexandre [Magno] em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: “Basta, Senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador?”. Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades, e interpretar as significações, a uns e outros, definiu com o mesmo nome: [...] Se o rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.

Quando li isto em Sêneca, não me admirei tanto de que um filósofo estoico se atrevesse a escrever uma tal sentença em Roma, reinando nela Nero; o que mais me admirou, e quase envergonhou, foi que os nossos oradores evangélicos em tempo de príncipes católicos, ou para a emenda, ou para a cautela, não preguem a mesma doutrina. Saibam estes eloquentes mudos que mais ofendem os reis com o que calam que com o que disserem; porque a confiança com que isto se diz é sinal que lhes não toca, e que se não podem ofender; e a cautela com que se cala é argumento de que se ofenderão, porque lhes pode tocar. [...]

Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou escusa ou alivia o seu pecado [...]. O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera [...]. Não são só ladrões, diz o santo [São Basílio Magno], os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam.

(Essencial, 2011.)


Verifica-se o emprego de vírgula para indicar a elipse (supressão) do verbo em:



a)
“O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres.” (1° parágrafo)
b)
“Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam.” (3° parágrafo)
c)
“Se o rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.” (1° parágrafo)
d)
“Basta, Senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador?” (1° parágrafo)
e)
“O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera [...].” (3° parágrafo)
Resolução

A vírgula pode ser utilizada para indicar a supressão de um verbo, como recurso para evitar repetições desnecessárias dele. No trecho da alternativa a: “[...] o roubar com pouco faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres”, há a elipse do verbo fazer. Caso não houvesse a omissão, teríamos a seguinte sentença: “o roubar com pouco faz os piratas, o roubar com muito faz os Alexandres”. Nas demais alternativas o emprego da vírgula não se justifica pela omissão da forma verbal.

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antítese

Navegava Alexandre [Magno] em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: “Basta, Senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador?”. Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades, e interpretar as significações, a uns e outros, definiu com o mesmo nome: [...] Se o rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.

Quando li isto em Sêneca, não me admirei tanto de que um filósofo estoico se atrevesse a escrever uma tal sentença em Roma, reinando nela Nero; o que mais me admirou, e quase envergonhou, foi que os nossos oradores evangélicos em tempo de príncipes católicos, ou para a emenda, ou para a cautela, não preguem a mesma doutrina. Saibam estes eloquentes mudos que mais ofendem os reis com o que calam que com o que disserem; porque a confiança com que isto se diz é sinal que lhes não toca, e que se não podem ofender; e a cautela com que se cala é argumento de que se ofenderão, porque lhes pode tocar. [...]

Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou escusa ou alivia o seu pecado [...]. O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera [...]. Não são só ladrões, diz o santo [São Basílio Magno], os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam.

(Essencial, 2011.)


Em um trecho do “Sermão da Sexagésima”, Antônio Vieira critica o chamado estilo cultista de alguns oradores sacros de sua época nos seguintes termos: “Basta que não havemos de ver num sermão duas palavras em paz? Todas hão de estar sempre em fronteira com o seu contrário?”

Palavras “em fronteira com o seu contrário”, contudo, também foram empregadas por Vieira, conforme se verifica na expressão destacada em:



a)
a) “Saibam estes eloquentes mudos que mais ofendem os reis com o que calam que com o que disserem” (2° parágrafo)
b)
b) “Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos” (3° parágrafo)
c)
c) “Navegava Alexandre [Magno] em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia” (1° parágrafo)
d)
d) “O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera” (3° parágrafo)
e)
e) “Quando li isto em Sêneca, não me admirei tanto de que um filósofo estoico se atrevesse a escrever uma tal sentença em Roma, reinando nela Nero” (2° parágrafo)
Resolução

a) Correta. As palavras em fronteira com o seu contrário seriam aquelas cujos significados contrastam. Isso se verifica na expressão “eloquentes mudos”, uma vez que o adjetivo indica que o ser por ele determinado é capaz de falar e expressar-se com desenvoltura, enquanto o substantivo é aquele que não fala.

b) Incorreta. Na expressão “outros ladrões”, o pronome “outros” não se opõe ao significado de “ladrões”, apenas indica que os que furtam inserem-se em grupos distintos.

c) Incorreta. O adjetivo “poderosa” apenas indica a grande influência da armada, não sendo contrastante com o que se esperaria de um conjunto de navios comandados por Alexandre [Magno] para a conquista da Índia.

d) Incorreta. O adjetivo “alta” só foi empregado para demonstrar que a esfera em questão está acima de outras, não havendo uma contraposição de sentidos, mas sim uma especificação.

e) Incorreta. O adjetivo “estoico” remete a uma doutrina desenvolvida por várias gerações de filósofos, portanto, também não há oposição que possa ser identificada na expressão “filósofo estoico”.

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Sermões

Navegava Alexandre [Magno] em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: “Basta, Senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador?”. Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades, e interpretar as significações, a uns e outros, definiu com o mesmo nome: [...] Se o rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.

Quando li isto em Sêneca, não me admirei tanto de que um filósofo estoico se atrevesse a escrever uma tal sentença em Roma, reinando nela Nero; o que mais me admirou, e quase envergonhou, foi que os nossos oradores evangélicos em tempo de príncipes católicos, ou para a emenda, ou para a cautela, não preguem a mesma doutrina. Saibam estes eloquentes mudos que mais ofendem os reis com o que calam que com o que disserem; porque a confiança com que isto se diz é sinal que lhes não toca, e que se não podem ofender; e a cautela com que se cala é argumento de que se ofenderão, porque lhes pode tocar. [...]

Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou escusa ou alivia o seu pecado [...]. O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera [...]. Não são só ladrões, diz o santo [São Basílio Magno], os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam.

(Essencial, 2011.)


Assinale a alternativa cuja citação se aproxima tematicamente do “Sermão do bom ladrão” de Antônio Vieira.



a)
“Dizem que tudo o que é roubado tem mais valor.” (Tirso de Molina, dramaturgo espanhol, 1584-1648)
b)
“O dinheiro que se possui é o instrumento da liberdade; aquele que se persegue é o instrumento da escravidão.” (Rousseau, filósofo francês, 1712-1778)
c)
“Que o ladrão e a ladra tenham a mão cortada; esta será a recompensa pelo que fizeram e a punição da parte de Deus; pois Deus é poderoso e sábio.” (Alcorão, livro sagrado islâmico, século VII)
d)
“Para quem vive segundo os verdadeiros princípios, a grande riqueza seria viver serenamente com pouco: o que é pouco nunca é escasso.” (Lucrécio, poeta latino, 98-55 a.C.)
e)
“Rouba um prego, e serás enforcado como um malfeitor; rouba um reino, e tornar-te-ás duque.” (Chuang-Tzu, filósofo chinês, 369-286 a.C.)
Resolução

a) Incorreta. Embora a problemática do roubo esteja presente tanto na citação de Tirso de Molina, quanto no “Sermão do bom ladrão”, o recorte temático de cada um desses textos é diferente. Enquanto na fala do dramaturgo espanhol a ideia defendida é da valorização do roubo, no texto de Antônio Vieira se constrói tanto a aproximação, quanto a distinção daqueles que roubam – os que o fazem por necessidade e aqueles que pertencem às mais altas esferas.

b) Incorreta. Rousseau reflete sobre as possíveis aplicações do dinheiro, como instrumento da liberdade ou da escravidão, não sendo essa a problemática no texto de Vieira.

c) Incorreta. O trecho do Alcorão indica a punição que será dada aos ladrões, definida pela justiça humana e divina, sem ponderar sobre possíveis diferenças entre aqueles que praticam a ação de roubar. O “Sermão do bom ladrão” parte justamente dessa distinção.

d) Incorreta. O texto de Lucrécio defende uma vida serena, na qual a verdadeira riqueza seria agir conforme os verdadeiros princípios. A valorização de uma vida simples, modesta, não corresponde ao tema do “Sermão do bom ladrão”.

e) Correta. A citação de Chuang-Tzu parte da mesma temática do sermão de Antônio Vieira. A ideia discutida em ambos os textos é a de que aquele que rouba pouco é culpado, enquanto quem rouba muito é grande.

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Artigo Pronomes Preposição

Navegava Alexandre [Magno] em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: “Basta, Senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador?”. Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades, e interpretar as significações, a uns e outros, definiu com o mesmo nome: [...] Se o rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.

Quando li isto em Sêneca, não me admirei tanto de que um filósofo estoico se atrevesse a escrever uma tal sentença em Roma, reinando nela Nero; o que mais me admirou, e quase envergonhou, foi que os nossos oradores evangélicos em tempo de príncipes católicos, ou para a emenda, ou para a cautela, não preguem a mesma doutrina. Saibam estes eloquentes mudos que mais ofendem os reis com o que calam que com o que disserem; porque a confiança com que isto se diz é sinal que lhes não toca, e que se não podem ofender; e a cautela com que se cala é argumento de que se ofenderão, porque lhes pode tocar. [...]

Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou escusa ou alivia o seu pecado [...]. O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera [...]. Não são só ladrões, diz o santo [São Basílio Magno], os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam.

(Essencial, 2011.)


“[...] os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida [...].” (3° parágrafo)

Os termos destacados constituem, respectivamente,



a)
a) um pronome, uma preposição e um artigo.
b)
b) um artigo, uma preposição e uma preposição.
c)
c) uma preposição, um artigo e uma preposição.
d)
d) uma preposição, um artigo e um pronome.
e)
e) um artigo, um pronome e um pronome.
Resolução

O pronome “quem”, quando relativo, é sempre precedido de preposição, sendo esta a classificação do primeiro “a”. Já o segundo “a” precede um substantivo e é classificado, portanto, como artigo definido. O terceiro, que antecede o pronome demonstrativo “este”, é uma preposição regida pelo verbo “condenar”.

Questão 9 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Romantismo

 

A poesia dos antigos era a da posse, a dos novos é a da saudade (e anseio); aquela se ergue, firme, no chão do presente; esta oscila entre recordação e pressentimento. O ideal grego era a concórdia e o equilíbrio perfeitos de todas as forças; a harmonia natural. Os novos, porém, adquiriram a consciência da fragmentação interna que torna impossível este ideal; por isso, a sua poesia aspira a reconciliar os dois mundos em que se sentem divididos, o espiritual e o sensível, fundindo-os de um modo indissolúvel. Os antigos solucionam a sua tarefa, chegando à perfeição; os novos só pela aproximação podem satisfazer o seu anseio do infinito.

(August Schlegel apud Anatol Rosenfeld.

Texto/Contexto I, 1996. Adaptado.)

Os “novos” a que se refere o escritor alemão August Schlegel são os poetas



a)
a) modernistas.
b)
b) românticos.
c)
c) naturalistas.
d)
d) árcades.
e)
e) clássicos.
Resolução

a) Incorreta. Embora muitas das observações de Schlegel possam ser aplicadas à produção poética dos modernistas, afinal esse movimento retoma muitos aspectos do Romantismo, a tematização do passado (“saudade”) e do futuro (“anseio”) não é ponto central para os poetas que escreveram depois de 1922, que se debruçaram intensivamente sobre questões relacionadas às formas poéticas, à identidade nacional, à subjetividade e à crítica social.

b) Correta. Os românticos recriam o passado, a partir de uma leitura idealizada de nossa história e de nossos antepassados, além disso, buscam, muitas vezes, na infância uma saída para a tediosa realidade, que, em outras situações, encontra-se na morte, o que justifica o flerte da poesia romântica com o passado e o futuro, em detrimento do presente. Se para os clássicos deveria haver uma relação harmoniosa entre tema e forma, para os românticos os aspectos formais são secundários, de modo que dão vazão à liberdade formal e à originalidade, em oposição à imitação. Ademais, a fusão entre o mundo espiritual e o sensível pode ser verificada na idealização que se faz da pátria e da mulher, por exemplo, ao mesmo tempo em que se denunciam as agruras de nossa história e se manifesta o desejo carnal. Por fim, a expressão da subjetividade, ainda que não pautada pelo rigor formal, já eterniza os anseios e sentimentos do eu-lírico romântico.

c) Incorreta. O Naturalismo foi um movimento essencialmente de prosa, por isso, não é possível analisar produções poéticas dessa estética literária. No Brasil, em paralelo com o Naturalismo, foram os parnasianos que produziram versos.

d) Incorreta. O trecho “Aquela se ergue, firme, no chão do presente”, em que o pronome “aquela” faz referência à “poesia dos antigos”, invalida a alternativa em questão, pois os “antigos” são exatamente os árcades, cujas produções literárias tendem a estimular exatamente o vínculo com o agora e o aproveitamento do momento presente.

e) Incorreta. O trecho “O ideal grego era a concórdia e o equilíbrio perfeitos de todas as forças; a harmonia natural” invalida a alternativa em questão, pois os clássicos buscavam seus modelos de composição na Antiguidade Grega.

Questão 10 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Interpretação de Textos

A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha de flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras.

O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa também, à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era pegado.

Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora, quitandando.

Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha anúncios nas folhas públicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por onde andava e a quantia de gratificação. Quando não vinha a quantia, vinha promessa: “gratificar-se-á generosamente” – ou “receberá uma boa gratificação”. Muita vez o anúncio trazia em cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse.

Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não seria nobre, mas por ser instrumento da força com que se mantêm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita das ações reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptidão para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir também, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante rijo para pôr ordem à desordem.

(Contos: uma antologia, 1998.)


A perspectiva do narrador diante das situações e dos fatos relacionados à escravidão é marcada, sobretudo,



a)
a) pela indignação.
b)
b) pelo entusiasmo.
c)
c) pela ironia.
d)
d) pela indiferença.
e)
e) pelo saudosismo.
Resolução

a) Incorreta. Não há elementos textuais suficientes para que se possa afirmar que os fatos são narrados com indignação, pois não há um posicionamento explícito do narrador em relação às práticas relatadas.

b) Incorreta. O tom adotado pelo narrador não é de entusiasmo, uma vez que o relato não tem como objetivo enaltecer as ações relacionadas à captura ou à fuga de escravos.

c) Correta. O narrador apresenta um tom irônico ao relatar o tratamento dispensado aos escravos em diversas situações, como os castigos e as tentativas de captura. Em passagens como “e nem todos [os escravos] gostavam da escravidão” e “e nem todos [os escravos] gostavam de apanhar pancada” a ironia fica evidente, uma vez que estão sendo afirmadas posições claramente verdadeiras, mas colocadas como se pudessem ser contestadas.

d) Incorreta. Não há, no relato, nenhum sinal de indiferença do narrador em relação às práticas relatadas.

e) Incorreta. O narrador não apresenta sinais de saudosismo, mesmo porque as ações que descreve aparecem em seu relato como sendo contestáveis.