A poesia dos antigos era a da posse, a dos novos é a da saudade (e anseio); aquela se ergue, firme, no chão do presente; esta oscila entre recordação e pressentimento. O ideal grego era a concórdia e o equilíbrio perfeitos de todas as forças; a harmonia natural. Os novos, porém, adquiriram a consciência da fragmentação interna que torna impossível este ideal; por isso, a sua poesia aspira a reconciliar os dois mundos em que se sentem divididos, o espiritual e o sensível, fundindo-os de um modo indissolúvel. Os antigos solucionam a sua tarefa, chegando à perfeição; os novos só pela aproximação podem satisfazer o seu anseio do infinito.
(August Schlegel apud Anatol Rosenfeld.
Texto/Contexto I, 1996. Adaptado.)
Os “novos” a que se refere o escritor alemão August Schlegel são os poetas
a) |
a) modernistas. |
b) |
b) românticos. |
c) |
c) naturalistas. |
d) |
d) árcades. |
e) |
e) clássicos. |
a) Incorreta. Embora muitas das observações de Schlegel possam ser aplicadas à produção poética dos modernistas, afinal esse movimento retoma muitos aspectos do Romantismo, a tematização do passado (“saudade”) e do futuro (“anseio”) não é ponto central para os poetas que escreveram depois de 1922, que se debruçaram intensivamente sobre questões relacionadas às formas poéticas, à identidade nacional, à subjetividade e à crítica social.
b) Correta. Os românticos recriam o passado, a partir de uma leitura idealizada de nossa história e de nossos antepassados, além disso, buscam, muitas vezes, na infância uma saída para a tediosa realidade, que, em outras situações, encontra-se na morte, o que justifica o flerte da poesia romântica com o passado e o futuro, em detrimento do presente. Se para os clássicos deveria haver uma relação harmoniosa entre tema e forma, para os românticos os aspectos formais são secundários, de modo que dão vazão à liberdade formal e à originalidade, em oposição à imitação. Ademais, a fusão entre o mundo espiritual e o sensível pode ser verificada na idealização que se faz da pátria e da mulher, por exemplo, ao mesmo tempo em que se denunciam as agruras de nossa história e se manifesta o desejo carnal. Por fim, a expressão da subjetividade, ainda que não pautada pelo rigor formal, já eterniza os anseios e sentimentos do eu-lírico romântico.
c) Incorreta. O Naturalismo foi um movimento essencialmente de prosa, por isso, não é possível analisar produções poéticas dessa estética literária. No Brasil, em paralelo com o Naturalismo, foram os parnasianos que produziram versos.
d) Incorreta. O trecho “Aquela se ergue, firme, no chão do presente”, em que o pronome “aquela” faz referência à “poesia dos antigos”, invalida a alternativa em questão, pois os “antigos” são exatamente os árcades, cujas produções literárias tendem a estimular exatamente o vínculo com o agora e o aproveitamento do momento presente.
e) Incorreta. O trecho “O ideal grego era a concórdia e o equilíbrio perfeitos de todas as forças; a harmonia natural” invalida a alternativa em questão, pois os clássicos buscavam seus modelos de composição na Antiguidade Grega.