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Unesp - 1ª fase


Questão 31 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Roma

 

(http://recursostic.educacion.es.)

O mapa do Império Romano na época de Augusto (27 a.C. – 14 d.C.) demonstra



a)
a iminência de conflitos religiosos, resultantes da tensão provocada pela conquista de Jerusalém pelos cristãos.
b)
a conformação do maior império da Antiguidade e a imposição do poder romano sobre os chineses e indianos
c)
a dificuldade das tropas romanas de avançar sobre territórios da África e a concentração dos domínios imperiais no continente europeu.
d)
a importância do Mar Mediterrâneo para a expansão imperial e para a circulação entre as áreas de hegemonia romana.
e)
a resistência do Egito e de Cartago, que conseguiram impedir o avanço romano sobre seus territórios.
Resolução

a) Incorreta. A conquista da região do Mar Mediterrâneo, retratada no mapa apresentado, não tem nenhuma relação com conflitos religiosos na região de Jerusalém. As conquistas decorrentes da expansão romana nesse período não eram consideradas como conquistas dos cristãos, tendo em vista que o Cristianismo ainda estava em fase de consolidação e só se tornou a religião oficial do Império Romano em 380 d.C durante o governo do imperador Teodósio.

b) Incorreta. A partir da observação do mapa, que destaca as conquistas romanas, não é possível afirmar que a imagem demonstra a imposição do poder romano sobre os chineses e indianos, tendo em vista que suas conquistas restringem-se às proximidades do Mar Mediterrâneo, antes de atingir o Mar Cáspio. Ou seja, não há presença romana nas regiões citadas.

c) Incorreta. Não é possível analisar o mapa apresentado como indicativo de uma dificuldade dos romanos de avançar sobre o território africano, considerando que estes tinham derrotado a cidade-estado de Cartago ainda no período republicano, durante as Guerras Púnicas (264 - 146 a.C).

d) Correta. A presença romana na região destacada pode ser entendida como sintomática da importância da região do Mar Mediterrâneo para a expansão imperial. O controle romano da região do Mediterrâneo teve um papel fundamental na dinâmica e organização do Império romano, na medida em que facilitou sua integração, favoreceu a cobrança de impostos e as relações econômicas, que tinham Roma como eixo central. Essa presença fez com que a região passasse a ser denominada de “Mare Nostrum”, indicando a hegemonia romana na região, que se consolidou com a conquista de Cartago (vitória nas Guerras Púnicas) e se estendeu da Península Ibérica até a região do Egito.

e) Incorreta. As regiões mencionadas nessa alternativa já tinham sido conquistadas pelos romanos. O Egito tinha se tornado uma província romana em 30 a.C quando Otávio derrotou Marco Antônio e depôs Cleópatra. Já a região de Cartago chocou-se com o expansionismo romano durante o período republicano, em um conjunto de conflitos chamados de "Guerras Púnicas", entre 264 a.C e 146 a.C. Ao longo dos três conflitos os romanos conseguiram derrotar completamente Cartago iniciaram seu domínio no mar Mediterrâneo.

Questão 32 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Árabes e Islamismo

A migração de Maomé e seus seguidores, em 622, de Meca para Medina permitiu a consolidação da religião muçulmana que incluía, entre outros princípios,



a)
a proibição de que os muçulmanos saíssem da Península Arábica, pois eles sofriam perseguições em outros territórios.
b)
a recomendação de que os muçulmanos não limitassem seu culto a um só Deus, pois o criador multiplica-se em diversas formas e faces.
c)
a recomendação de que os muçulmanos não escravizassem ou atacassem outros muçulmanos, pois eles pertencem à mesma irmandade de fé.
d)
a proibição de que os muçulmanos exercessem atividades comerciais, pois o manejo cotidiano de riquezas era considerado impuro.
e)
a proibição de que os muçulmanos visitassem Meca, pois o solo puro e sagrado dessa cidade deveria permanecer intocado.
Resolução

a) Incorreta. A religião muçulmana não possuía nenhum princípio que determinasse proibições no que se refere ao deslocamento geográfico de seus seguidores, limitando-se somente a incentivar a peregrinação à Meca ao menos uma vez na vida.

b) Incorreta. O Islamismo tem como uma de suas características fundamentais e centrais o fato de ser monoteísta, baseada no princípio de que “Alá é o único Deus e Maomé é seu profeta”. Não há, dentro da doutrina islâmica, nenhuma recomendação para que seus seguidores se desviem ou recusem esse princípio fundamental. Para os muçulmanos, Deus é único e fundamental sendo sua adoração o principal propósito da existência.

c) Correta. A concepção de irmandade de fé dentro do Islamismo era bastante forte, de modo que se incentivava uma postura distinta em relação àqueles que eram seguidores do Islã. O princípio de não escravização de outros muçulmanos foi também importante para o fortalecimento político da unidade dos seguidores, tendo em vista o projeto de unificação política também fazia parte da disseminação e consolidação da religião islâmica.

d) Incorreta. O alcorão, livro fundamental da religião islâmica, não condena as atividades comerciais. Algumas passagens do livro recomendam evitar a usura, mas em relação ao comércio não há restrições.

e) Incorreta. Um dos pilares fundamentais do Islamismo é justamente a concepção de que os muçulmanos devem, caso tenham condições para tal, realizar a peregrinação à Meca pelo menos uma vez na vida. Sendo assim, a alternativa contrapõe-se diretamente à uma das bases essenciais da religião islâmica. Além da peregrinação à Meca, são outros pilares do Islamismo: a oração voltada à Meca cinco vezes ao dia, a doação de esmolas, o jejum no Ramadã e a recitação e aceitação da crença.

Questão 33 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Chegada à América

 

Em 1500, fazia oito anos que havia presença europeia no Caribe: uma primeira tentativa de colonização que ninguém na época podia imaginar que seria o prelúdio da conquista e da ocidentalização de todo um continente e até, na realidade, uma das primeiras etapas da globalização.

A aventura das ilhas foi exemplar para toda a América, espanhola, inglesa ou portuguesa, pois ali se desenvolveu um roteiro que se reproduziu em várias outras regiões do continente americano: caos e esbanjamento, incompetência e desperdício, indiferença, massacres e epidemias. A experiência serviu pelo menos de lição à coroa espanhola, que tentou praticar no resto de suas possessões americanas uma política mais racional de dominação e de exploração dos vencidos: a instalação de uma Igreja poderosa, dominadora e próxima dos autóctones, assim como a instalação de uma rede administrativa densa e o envio de funcionários zelosos, que evitaram a repetição da catástrofe antilhana.

(Serge Gruzinski. A passagem do século: 1480-1520: as origens da globalização, 1999. Adaptado.)

 

A afirmação de que os primeiros traços da presença europeia na América foram “o prelúdio da ocidentalização” e “uma das primeiras etapas da globalização” é correta porque a conquista do continente americano representou



a)
a demonstração da teoria de Cristóvão Colombo sobre a esfericidade da Terra e o fracasso dos novos instrumentos de navegação.
b)
a definição da superioridade militar e religiosa do Ocidente cristão e o início da perseguição sistemática a judeus e muçulmanos.
c)
o encontro e o choque entre culturas e o gradual deslocamento do eixo do comércio mundial para o Oceano Atlântico
d)
o avanço da monetarização da economia e o lançamento de projetos de regulação e controle centralizado do comércio internacional.
e)
o encerramento das relações comerciais da Europa com o Oriente e o imediato declínio da venda das especiarias produzidas na Índia.
Resolução

a) Incorreta. Embora as grandes navegações tenham contribuído para a demonstração da teoria de Cristóvão Colombo, é incorreto afirmar que a conquista do continente americano representou o fracasso dos instrumentos de navegação. A melhoria e o aperfeiçoamento tanto das técnicas quanto dos instrumentos de navegação foram fundamentais para impulsionar as viagens, com destaque para a bússola, o astrolábio, o quadrante, etc.

b) Incorreta. Não é adequado o uso de critérios e hierarquizações baseado nas concepções de inferioridade e superioridade para comparar as sociedades humanas. Além disso, não podemos generalizar a conquista do continente americano como o início da perseguição sistemática a judeus e muçulmanos, destacando que mesmo durante de colonização de forte influência católica existiram momentos de tolerância religiosa, como é o caso da Era Nassalina (1637-1645) no contexto do Brasil holandês (1630-1654).

c) Correta. O contato entre europeus e nativos americanos foi marcada por um choque cultural significativo, na medida em que representou um encontro de povos com costumes, práticas e expectativas muito distintas. O declínio das relações comerciais com o Oriente a partir de 1530 e o avanço da colonização na América contribuíram para o deslocamento do eixo do comércio mundial para o Oceano Atlântico, devido à expansão do açúcar na América portuguesa, as atividades mineradoras na América espanhola e principalmente o tráfico atlântico de escravos, que passou a ser uma das atividades mais lucrativas na modernidade.

d) Incorreta. A conquista do continente americano não representou um processo de regulação e controle e centralizado do comércio internacional. A lógica da conquista inseria-se no contexto de valorização dos princípios mercantilistas, a partir da relação entre colônia e metrópole. No caso da América portuguesa, destacava-se o Pacto Colonial, segundo o qual a colônia deveria manter relações econômicas exclusivamente com a metrópole, sendo sua função complementar a economia portuguesa. Em relação à América Espanhola, destacava-se o sistema de “portos únicos”, que selecionava somente alguns portos que poderiam comercializar entre a América e Europa, em uma tentativa da coroa espanhola de manter maior controle sobre esse processo. Ou seja, as relações econômicas seguiam princípios específicos da lógica colônia-metrópole, sem essa dimensão internacional sugerida pela alternativa.

e) Incorreta. A partir de 1530 ocorre um declínio do comércio com o Oriente, especialmente no caso português, que depara-se com um aumento da concorrência e da desvalorização das especiarias no mercado internacional. No entanto, não há o encerramento, e sim a diminuição dessas relações comerciais. Além disso, o declínio da venda não é imediato, e sim gradativo.

Questão 34 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Chegada à América

 

Em 1500, fazia oito anos que havia presença europeia no Caribe: uma primeira tentativa de colonização que ninguém na época podia imaginar que seria o prelúdio da conquista e da ocidentalização de todo um continente e até, na realidade, uma das primeiras etapas da globalização.

A aventura das ilhas foi exemplar para toda a América, espanhola, inglesa ou portuguesa, pois ali se desenvolveu um roteiro que se reproduziu em várias outras regiões do continente americano: caos e esbanjamento, incompetência e desperdício, indiferença, massacres e epidemias. A experiência serviu pelo menos de lição à coroa espanhola, que tentou praticar no resto de suas possessões americanas uma política mais racional de dominação e de exploração dos vencidos: a instalação de uma Igreja poderosa, dominadora e próxima dos autóctones, assim como a instalação de uma rede administrativa densa e o envio de funcionários zelosos, que evitaram a repetição da catástrofe antilhana.

(Serge Gruzinski. A passagem do século: 1480-1520: as origens da globalização, 1999. Adaptado.)

Os problemas ocorridos na colonização das ilhas do Caribe podem ser considerados “exemplares para toda a América”, pois geraram



a)
o reconhecimento, pelos europeus, da necessidade de instalação de feitorias no litoral para a segurança dos viajantes e a aceitação, pelos nativos, da hegemonia dos conquistadores.
b)
a identificação de uma grande oportunidade, para nativos e europeus, de conviver com outros povos e desenvolver a tolerância e o respeito a valores morais e culturais diferentes.
c)
a formação de uma elite colonial que recusava submeter-se às ordens das coroas europeias e dispunha de plena autonomia na produção e comercialização das mercadorias.
d)
o início de um longo conflito entre os europeus e as populações nativas, que provocou perdas humanas e financeiras nos dois lados, inviabilizando a exploração comercial da América.
e)
o temor, nos indígenas, diante da ambição europeia e a percepção, pelos europeus, da dificuldade de estruturar o empreendimento colonial e manter o controle de terras e povos tão distantes.
Resolução

a) Incorreta. O estabelecimento de feitorias não tinha como objetivo manter a segurança dos viajantes, e sim um propósito comercial, já que tratava-se de entrepostos comerciais que facilitavam o comércio dos produtos do território. Também é incorreto afirmar que os nativos aceitaram a hegemonia dos conquistadores, sendo que esse processo foi marcado por diversos conflitos armados e também por outras formas de resistência, como as fugas para o interior do território e a formação da Confederação dos Tamoios, revolta dos tupinambás contra a presença dos colonizadores no século XVI.

b) Incorreta. O contato entre europeus e nativos não foi marcado, em nenhuma medida, pela concepção de desenvolver tolerância e respeito aos valores morais e culturais diferentes. A concepção eurocêntrica de que os valores dos colonizadores eram superiores foi predominante nesse processo, de modo que houve um esforço por parte destes na imposição do cristianismo (por meio da catequese), da lógica de trabalho europeia, de seus hábitos, dentre outros. Ou seja, podemos afirmar que foi uma relação marcada pela violenta tentativa de subjugar os nativos, inclusive culturalmente.

c) Incorreta. Durante a colonização na América, não ocorreu esse processo de desvinculação entre a elite colonial e as coroas europeias mencionado pela alternativa. Embora possamos apontar momentos específicos de conflitos e movimentos separatistas liderados pela elite, como o caso da Inconfidência Mineira (1789), não foi o tipo de relação predominante. Além disso, tanto a elite da América portuguesa quanto a elite da América espanhola (chapetones e criollos) não dispunham de autonomia na produção e comercialização de mercadorias, estando sujeitas ao controle e tributação da coroa.

d) Incorreta. Embora o conflito entre europeus e nativos tenha, de fato, provocado perdas humanas e financeiras nos dois lados, é incorreto afirmar que isso inviabilizou a exploração comercial da América. Os projetos colonizadores, inseridos na lógica mercantilista, foram altamente lucrativos, baseados na exploração de metais, do trabalho escravo de indígenas e africanos e na produção agrícola.

e) Correta. O contato entre europeus e indígenas foi acompanhado da dizimação das populações nativas, seja por epidemias, exploração do trabalho ou conflitos armados, aspectos que reforçaram o temor desses povos em relação aos colonizadores. Por outro lado, a implementação e viabilização de uma estrutura de administração colonial que tornasse tal empreendimento rentável era uma tarefa difícil. Podemos mencionar como exemplo dessas dificuldades o caso da América Portuguesa. A primeira tentativa de montagem do aparato administrativo colonial foi a implementação do sistema de Capitanias Hereditárias (1532), que dividia o território em faixas de terras e concedia-os aos donatários, transferindo assim os custos da colonização. A descentralização do sistema e o fracasso econômico da maioria das capitanias fez com que Portugal adotasse um novo sistema que coexistia com esse, a criação do cargo de Governador Geral a partir de 1549. Novamente, devido à extensão do território, a criação desse cargo com a tentativa de centralizar a administração colonial enfrentou dificuldades, evidenciando assim os percalços enfrentados pelos colonizadores europeus.

Questão 35 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Chegada à América

 

Em 1500, fazia oito anos que havia presença europeia no Caribe: uma primeira tentativa de colonização que ninguém na época podia imaginar que seria o prelúdio da conquista e da ocidentalização de todo um continente e até, na realidade, uma das primeiras etapas da globalização.

A aventura das ilhas foi exemplar para toda a América, espanhola, inglesa ou portuguesa, pois ali se desenvolveu um roteiro que se reproduziu em várias outras regiões do continente americano: caos e esbanjamento, incompetência e desperdício, indiferença, massacres e epidemias. A experiência serviu pelo menos de lição à coroa espanhola, que tentou praticar no resto de suas possessões americanas uma política mais racional de dominação e de exploração dos vencidos: a instalação de uma Igreja poderosa, dominadora e próxima dos autóctones, assim como a instalação de uma rede administrativa densa e o envio de funcionários zelosos, que evitaram a repetição da catástrofe antilhana.

(Serge Gruzinski. A passagem do século: 1480-1520: as origens da globalização, 1999. Adaptado.)

 

As epidemias provocadas pelos contatos entre europeus e povos autóctones da América



a)
representaram uma espécie de guerra biológica que afetou, ainda que de forma desigual, conquistadores e conquistados.
b)
demonstraram o risco da expansão territorial para áreas distantes e determinaram o imediato desenvolvimento de vacinas.
c)
foram utilizadas pelos nativos para impedir o avanço dos europeus, que contraíram doenças tropicais, como a febre amarela e a malária.
d)
levaram à proibição, pelas cortes europeias, do contato sexual entre europeus e nativos, para impedir a propagação da sífilis.
e)
provocaram a interdição, pelas cortes europeias, da circulação de mulheres grávidas entre os dois continentes.
Resolução

a) Correta. O efeito da disseminação de doenças entre a população ameríndia foi aniquilante e causou um forte rastro de destruição. De modo geral, tratou-se fundamentalmente de doença de transmissão respiratória, tais como varíola, gripe e sarampo. As epidemias acabaram favorecendo a supremacia de um pequeno grupo de exploradores sobre vastos domínios e populações, tais como o Império Asteca e os Incas.

b) Incorreta. A disseminação de epidemias ocorreu desde o momento que esses povos entraram em contato, sendo indiferente a questão da expansão territorial nesse processo. O desenvolvimento de vacinas não ocorreu de forma imediata, sendo que estas só foram desenvolvidas em meados do século XIX.

c) Incorreta. É incorreto afirmar que as epidemias foram “usadas pelos nativos”. De modo geral, foram as populações indígenas que foram assoladas pelas doenças trazidas pelos europeus e não o contrário.

d) Incorreta. Não ocorreu uma proibição pelas cortes europeias do contato sexual entre europeus e nativos, tendo em vista que a disseminação de doenças atingiu principalmente os ameríndios e não o contrário. Além disso, as principais doenças que tornaram-se epidêmicas nesse contexto não eram transmitidas sexualmente.

e) Incorreta. Não ocorreu a interdição da circulação de mulheres grávidas entre os dois continentes, pois as doenças atingiram principalmente os nativos e não os europeus.

Questão 36 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Chegada à América

Em 1500, fazia oito anos que havia presença europeia no Caribe: uma primeira tentativa de colonização que ninguém na época podia imaginar que seria o prelúdio da conquista e da ocidentalização de todo um continente e até, na realidade, uma das primeiras etapas da globalização.

A aventura das ilhas foi exemplar para toda a América, espanhola, inglesa ou portuguesa, pois ali se desenvolveu um roteiro que se reproduziu em várias outras regiões do continente americano: caos e esbanjamento, incompetência e desperdício, indiferença, massacres e epidemias. A experiência serviu pelo menos de lição à coroa espanhola, que tentou praticar no resto de suas possessões americanas uma política mais racional de dominação e de exploração dos vencidos: a instalação de uma Igreja poderosa, dominadora e próxima dos autóctones, assim como a instalação de uma rede administrativa densa e o envio de funcionários zelosos, que evitaram a repetição da catástrofe antilhana.

(Serge Gruzinski. A passagem do século: 1480-1520:

as origens da globalização, 1999. Adaptado.)

“A instalação de uma Igreja poderosa, dominadora e próxima dos autóctones” contribuiu para a dominação espanhola e portuguesa da América, uma vez que os religiosos



a)
aceitaram a imposição de tributos às comunidades indígenas, mas impediram a utilização de nativos na agricultura e na mineração.
b)
desenvolveram missões de cristianização dos nativos e facilitaram o emprego de mão de obra indígena na empresa colonial.
c)
toleraram as religiosidades dos povos nativos e assim conseguiram convencê-los a colaborar com o avanço da colonização.
d)
mediaram os conflitos entre grupos indígenas rivais e asseguraram o estabelecimento de relações amistosas destes com os colonizadores.
e)
rejeitaram os regimes de trabalho compulsório, mas estimularam o emprego de mão de obra indígena em obras públicas.
Resolução

a) Incorreta. Os religiosos não impediram a utilização de nativos na agricultura e na mineração. O aspecto religioso esteve presente no processo de colonização tanto da América espanhola quanto da América Portuguesa. No caso da América portuguesa, por exemplo, nas missões (comunidades formadas por jesuítas e nativos) os jesuítas ensinavam atividades agrícolas para os índios, além de fornecer também a catequese.

b) Correta. A formação das missões jesuíticas (também conhecidas como reduções ou aldeamentos) foi um dos pilares centrais do projeto colonizador. Nessas comunidades, formadas por nativos e padres da Companhia de Jesus, os indígenas recebiam a catequese e aprendiam técnicas de cultivo e coleta (como o caso das drogas do sertão na região Norte). Desse modo, os aldeamentos contribuíram para o ensinamento e preparação dos indígenas no que se refere ao emprego dos nativos como mão-de-obra. Desse processo decorre o fato de que as bandeiras, expedições que apresavam indígenas para a venda como escravos, tinham preferência pelos nativos “aldeados”, pois estes já tinham um maior contato com a lógica de trabalho que o índio “selvagem”, sendo portanto mais valorizados comercialmente.

c) Incorreta. Não ocorreu a tolerância da religiosidade dos povos nativos. De modo geral, a Igreja nem mesmo considerava as crenças dos nativos como uma religião de fato, de modo que ocorreu um esforço sistemático de catequese dos ameríndios.

d) Incorreta. Não é correto afirmar que os religiosos mediaram os conflitos entre grupos indígenas rivais. Embora os colonizadores de modo geral tenham se envolvido em disputas nativas, os religiosos especificamente mantiveram-se alheios à esses.

e) Incorreta. A alternativa está incorreta pois os religiosos, embora defendessem os nativos contra a escravização, não estimularam o emprego de nativos em obras públicas.

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Crise do Império

 

É correto interpretar a charge, que representa D. Pedro II e foi publicada em 1887, como uma

 



a)
celebração da serenidade e harmonia das relações sociais no país durante o Império.
b)
crítica à passividade e à inoperância do imperador em meio a um período de dificuldades no país.
c)
valorização do esforço do imperador em manter-se atualizado em relação ao que acontecia no país.
d)
demonstração da exaustão provocada pela diversidade de atividades exercidas pelo imperador.
e)
denúncia da baixa qualidade da imprensa monárquica e de suas insistentes críticas ao imperador.
Resolução

a) Incorreta. O momento em que a charge foi publicada é marcado por diversas agitações sociais. Não é possível observar a ideia de celebração na charge: ao mostrar Dom Pedro II dormindo neste contexto, o artista ridiculariza o Imperador.

b) Correta. A charge é de um período de crise acentuada do Segundo Reinado. Ao mostrar Pedro II dormindo com os jornais no colo, o artista mostra um Imperador indiferente e imóvel em relação a diversas tensões que agitavam o país, como a Questão Militar, a Questão Religiosa, a Questão abolicionista e a ascensão do movimento republicano. Ao mesmo tempo, ao ressaltar seu comportamento típico de pessoas de idade avançada, a charge remete à dificuldade de adaptação de Pedro II às novas questões trazidas pelas modificações socioeconômicas vividas pela sociedade brasileiras na segunda metade do século XIX.

c) Incorreta. Ângelo Agostini, artista italiano e republicano, era extremamente crítico ao governo de Pedro II e ao que considerava falta de interesse do Imperador em questões que considerava prementes na época. Por isso retrata o Imperador como sonolento e obsoleto, não havendo nenhum elemento na imagem que aponte para uma visão de Pedro II como um homem empenhado na resolução dos problemas do país.

d) Incorreta. Não há na charge nenhum elemento que indique uma vida dinâmica e cansativa da parte de Pedro II. Pelo contrário, ele aparece caracterizado como um cidadão idoso comum, que tira um cochilo durante a leitura dos jornais diários.

e) Incorreta. Não se pode dizer que a imprensa de forma geral realizava no período insistentes críticas a Dom Pedro II, agindo via de regra de forma branda. Além disso, para que se pudesse sustentar que a charge mostra Dom Pedro II lendo jornais com críticas insistentes a sua pessoa, seria necessário uma representação do Imperador na qual esse demonstrasse raiva ou desprezo, não sonolência.

Questão 38 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Guerra de Canudos

Entre as manifestações místicas presentes no Nordeste brasileiro no final do Império e nas primeiras décadas da República, identificam-se



a)
o cangaço, que realizava saques a armazéns para roubar alimentos e distribuí-los aos famintos, e o coronelismo, com suas práticas assistencialistas.
b)
a ação catequizadora de padres e bispos ligados à Igreja católica e a atuação do líder José Maria, que comandou a resistência na região do Contestado.
c)
as pregações do Padre Ibiapina, relacionadas à defesa do protestantismo calvinista, e a literatura de cordel, que cantava os mitos e as lendas da região.
d)
a liderança do Padre Cícero, vinculada à dinâmica política tradicional da região, e o movimento de Canudos, com características de contestação social.
e)
a peregrinação de multidões a Juazeiro do Norte, para pedir graças aos padres milagreiros, e a liderança messiânica do fazendeiro pernambucano Delmiro Gouveia.
Resolução

a) Incorreta. Embora a atuação dos cangaceiros e as práticas coronelistas estejam inseridas no contexto mencionado pela questão, não tratavam-se de manifestações místicas. O coronelismo era uma manifestação de um poder privado local e possuía uma identidade específica, constituindo um sistema político e um fenômeno datado. Já o Cangaço consistia na atuação de grupos armados de sertanejos, também característico dos anos finais do século XIX e início do XX no Nordeste brasileiro.

b) Incorreta. Embora tenham realmente ocorrido ações catequizadoras de padres católicos ao longo desse período na região nordeste, a Guerra do Contestado (1912-1916), ligada ao monge José Maria, aconteceu na região sul do Brasil, na fronteira entre o Paraná e Santa Catarina. José Maria era um curandeiro da região, de modo que sua atuação não representava institucionalmente a Igreja Católica.

c) Incorreta. O Padre Ibiapina (1806-1883) teve uma intensa atuação entre as populações sertanejas do nordeste, lutando por melhorias da condição de vida daquela população. Porém, sua pregação era ligada ao catolicismo e jamais se vinculou ao protestantismo calvinista.

d) Correta. O Padre Cícero Romão Batista (1844-1934) obteve ao longo de sua trajetória, muito ligada ao estado do Ceará e a cidade de Juazeiro do Norte, grande prestígio e devoção popular, sendo considerado pela população uma figura santa. Acumulou grande poder religioso e político, sendo considerado uma das maiores lideranças daquela região enquanto viveu. Já o beato Antônio Mendes Maciel (1830-1897), conhecido como Antônio Conselheiro, reuniu no sertão da Bahia um grande número de seguidores entre a população mais pobre. Juntamente de seus seguidores formaram a comunidade do Belo Monte, apelidada de Canudos, um vilarejo que reuniu milhares de habitantes. O misticismo que envolvia a figura de Conselheiro era muito marcante, sendo atribuído a ele poderes de cura e profetização. Canudos foi vista com desconfiança pelas elites religiosas e econômicas da Bahia, sendo considerado uma ameaçadora rebelião sertaneja, de modo que as autoridades republicanas mobilizaram uma série de expedições militares para a destruição do arraial.

e) Incorreta. Embora realmente Juazeiro do Norte tenha sido centro de peregrinações populares, a figura de Delmiro Gouvêia (1863-1917) nunca esteve ligada a área religiosa. Gouvêia foi um grande líder da área empresarial no nordeste, sendo responsável pela inauguração da primeira hidroelétrica do Brasil.

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México (Independência)

 

A Nação terá em qualquer tempo o direito de impor à propriedade privada as modalidades ditadas pelo interesse público [...]. Com esse objetivo serão determinadas as medidas necessárias ao fracionamento dos latifúndios [...]. Os povoados, vilarejos e comunidades que careçam de terras e águas ou não as tenham em quantidades suficientes para as necessidades de sua população terão direito a elas, tomando-as das propriedades vizinhas, porém respeitando, sempre, a pequena propriedade.

 

(Artigo 27 da Constituição mexicana de 1917.

Apud Héctor H. Bruit. Revoluções na América Latina, 1988.)

 

O artigo 27 da Constituição elaborada ao final da Revolução Mexicana dispõe sobre a propriedade de terra e



a)
a) corresponde aos interesses dos grandes conglomerados norte-americanos, que se instalaram no país durante o período do porfirismo.
b)
b) expõe o avanço do projeto liberal burguês e de sua concepção de desenvolvimento de uma agricultura integralmente voltada à exportação.
c)
c) restabelece a hegemonia sociopolítica dos grandes proprietários rurais e da Igreja católica, que havia sido abalada nos anos de luta.
d)
d) representa a vitória dos projetos defendidos pelos setores operários e camponeses vinculados a grupos socialistas e anarquistas.
e)
e) contempla parcialmente as reivindicações dos movimentos camponeses e indígenas, por distribuição de terras.
Resolução

a) Incorreta. O trecho da Constituição Mexicana citado pela questão trata de um processo de reforma agrária, que poderia de alguma forma beneficiar os camponeses, que iniciaram sua luta por melhores condições de vida por meio da Revolução de 1910. Dessa forma, esses artigos consagrados pela referida Constituição não correspondem aos interesses dos grandes conglomerados norte-americanos, conforme afirma a alternativa.

b) Incorreta. Embora a reforma agrária apresentada pelo texto constitucional seja bastante tímida em relação aos desejos dos camponeses mexicanos da época, fato que demonstra a intenção do aproximação do estado mexicano com os setores burgueses liberais, não é possível afirmar que a proteção aos povoados, vilarejos e comunidades contida no texto esteja de acordo com um projeto agroexportador, uma vez que ele estaria baseado na produção latifundiária.

c) Incorreta. A Revolução Mexicana (1910), que possuiu o protagonismo de líderes camponeses tais como Zapata e Vila, realmente ameaçou a hegemonia das elites latifundiárias daquele país. Entretanto, embora os camponeses não tenham obtido êxito em suas propostas de reforma agrária, não é possível afirmar que a referida elite retomou o controle do processo social tal qual era antes, pois o trecho da Constituição apresentado pela questão apresenta uma proposta de alguns benefícios aos camponeses.

d) Incorreta. O texto constitucional não representa uma vitória completa dos anseios dos camponeses, pois a proposta aprovada, embora contemplasse o reestabelecimento parcial dos hejidos (terras comunais indíginas que haviam sido retiradas ao longo do governo de Porfírio Dias, entre 1884-1911), não representou a integralidade do plano Ayala (1911) do líder camponês Emiliano Zapata, que previa a destinação de 1/3 das terras dos latifundios aos indígenas e camponeses.

e) Correta. De fato, o texto constitucional aprovado após a auge do processo revolucionário mexicano, não representou uma vitória integral dos setores indígenas e camponeses, que desejavam uma ampla reforma agrária no país. A partir da leitura dos artigos da Constituição, é possível observar que o projeto de reorganização da estrutura fundiária apresentou muitas limitações, de modo que podemos afirmar que somente alguns pontos de um projeto de ampla reforma agrária foram contemplados, representando uma vitória parcial.

Questão 40 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Fascismo

 

A corporação tem como objetivo aumentar sempre o poder global da Nação em vista de sua extensão no mundo. É justo afirmar o valor internacional da nossa organização, pois é no campo internacional somente que serão avaliadas as raças e as nações, quando a Europa, daqui a alguns tempos, apesar do nosso firme e sincero desejo de colaboração e de paz, tiver novamente chegado a outra encruzilhada dos destinos.

(Apud Katia M. de Queirós Mattoso. Textos e documentos

para o estudo da história contemporânea: 1789-1963, 1977.)

 

O texto apresenta características do movimento



a)
socialista.
b)
liberal.
c)
fascista.
d)
positivista.
e)
modernista.
Resolução

a) Incorreta. O texto alude ao corporativismo, ao nacionalismo, ao racismo e ao possível enfrentamento futuro da nação em uma guerra. Dessa maneira, não apresenta nenhuma relação com o ideário socialista, que se opõe a esses princípios.

b) Incorreta. O sistema fascista se opõe completamente aos princípios liberais, uma vez que o liberalismo, defende a não intervenção do Estado em nenhum setor da vida indivídual. Ou seja, trata-se de um ideário oposto ao fascismo, que tem entre suas bases o corporativismo e a grande presença do Estado na vida da nação.

c) Correta. O uso do “corporação” no texto faz alusão à política corporativista, característica do fascismo italiano. As corporações, dentro do projeto fascista, assumiam grande poder, pois eram instituições que indicavam os interesses das classes sociais por meio da representatividade que os indivíduos teriam ao participar delas, tanto no nível profissional, quanto no industrial ou econômico. A seguir, o texto aponta outras caracterísiticas de regimes fascistas, pois mostra a importância das corporações dentro da nação (sugerindo o conceito de nacionalismo), do lugar e da hierarquia das “raças” dentro dessa mesma nação e do mundo europeu, fato que demonstra traços racistas na concepção do processo social. Por fim, o texto aponta características militaristas, pois afirma que a nação pode participar de um enfretamento em um futuro próximo.

d) Incorreta. O positivismo, doutrina filosófica de Auguste Comte (1798-1857), afirmava a existência de estágios de organização social pelos quais as sociedades passavam, sendo o terceiro desses estágios, chamado de positivo. No estágio positivo a humanidade utilizaria apenas princípios racionais e científicos para pautar suas ações. Nesse sentido, não há nenhuma relação entre essa concepção e o nacionalismo, corporativismo, racismo, ou militarismo, os pontos principais do texto.

e) Incorreta. O modernismo foi um movimento que permeou a cultura e as artes em geral ao longo da primeira metade do século 20 e não possui nenhuma relação com o os aspectos enfatizados pelo autor do texto.