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Unifesp - 2ª fase - Línguas


Questão 11 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

O Primo Basílio

O melro veio com efeito às três horas. Luísa estava na sala, ao piano.

– Está ali o sujeito do costume – foi dizer Juliana.

Luísa voltou-se corada, escandalizada da expressão:

– Ah! meu primo Basílio? Mande entrar. - E chamando-a: – Ouça, se vier o Sr. Sebastião, ou alguém, que entre.

Era o primo! O sujeito, as suas visitas perderam de repente para ela todo o interesse picante. A sua malícia cheia, enfunada até aí, caiu, engelhou-se como uma vela a que falta o vento. Ora, adeus! Era o primo! Subiu à cozinha, devagar, — lograda.

– Temos grande novidade, Sr.a Joana! O tal peralta é primo. Diz que é o primo Basílio. - E com um risinho: – É o Basílio! Ora o Basílio! Sai-nos primo à última hora! O diabo tem graça!

– Então que havia de o homem ser se não parente? – observou Joana.

Juliana não respondeu. Quis saber se estava o ferro pronto, que tinha uma carga de roupa para passar! E sentou-se à janela, esperando. O céu baixo e pardo pesava, carregado de eletricidade; às vezes uma aragem súbita e fina punha nas folhagens dos quintais um arrepio trêmulo.

– É o primo! – refletia ela. – E só vem então quando o marido se vai. Boa! E fica-se toda no ar quando ele sai; e é roupa-branca e mais roupa-branca, e roupão novo, e tipóia para o passeio, e suspiros e olheiras! Boa bêbeda! Tudo fica na família!

Os olhos luziam-lhe. Já se não sentia tão lograda. Havia ali muito “para ver e para escutar”. E o ferro estava pronto?

Mas a campainha, embaixo, tocou.

(Eça de Queirós. O primo Basílio, 1993.)

 


Considere o antepenúltimo parágrafo do texto para responder à questão.

 

– É o primo! – refletia ela. – E só vem então quando o marido se vai. Boa! E fica-se toda no ar quando ele sai; e é roupa-branca e mais roupa-branca, e roupão novo, e tipóia para o passeio, e suspiros e olheiras! Boa bêbeda! Tudo fica na família!

 

Nas reflexões de Juliana, está sugerido o que acaba por ser o tema gerador desse romance de Eça de Queirós, a saber:



a)
a relação extra conjugal de Luísa com seu próprio primo.
b)
o casamento por interesse, mediante a compra do amor de Jorge.
c)
o casamento por conveniência, no qual Luísa foi traída.
d)
o amor extra conjugal, em nome do qual Luísa abandona o marido.
e)
a vingança, em que Juliana chantageia o amante de Luísa.
Resolução

a) Correta. Na reflexão selecionada pela questão, Juliana cita três personagens. O marido, o primo e Luísa, sua patroa. Revela assim o tema central da trama de O Primo Basílio, qual seja, o triângulo amoroso, no qual Luísa se envolve. De modo sucinto, Luísa é casada com Jorge e se envolve com seu primo. Juliana, empregada interessada em ascender socialmente, passa então a chantagear a patroa, levando-lhes a uma tragédia, que culmina em seu assassinato e na loucura de Luísa. Além disso, Basílio é apresentado na obra como um sujeito sedutor e ardiloso. A obra critica a instituição do casamento e as relações morais da alta sociedade portuguesa de seu tempo.

b) Incorreta. Basílio não se casa com Luísa.

c) Incorreta. Luísa e Jorge não são apresentados como um casal de conveniência no início do romance, pelo contrário, são apresentados como um casal burguês típico e feliz.

d) Incorreta. Luísa não abandona o marido. Na verdade, nem Basílio assim deseja, embora seja verdade que Luísa se apaixona pelo primo, acreditando na reciprocidade do sentimento. Assolada pela culpa e chantageada pela empregada, Luísa a empurra da escada. Posteriormente, passa a ter alucinações com a empregada morta. Basílio por sua vez se mostra inescrupuloso e apenas preocupado com o prazer.

e) Incorreta. Luísa não vitima seu primo Basílio, mas a empregada Juliana.

Questão 12 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Pressupostos e Subentendidos O Primo Basílio

O melro veio com efeito às três horas. Luísa estava na sala, ao piano.

– Está ali o sujeito do costume – foi dizer Juliana.

Luísa voltou-se corada, escandalizada da expressão:

– Ah! meu primo Basílio? Mande entrar. - E chamando-a: – Ouça, se vier o Sr. Sebastião, ou alguém, que entre.

Era o primo! O sujeito, as suas visitas perderam de repente para ela todo o interesse picante. A sua malícia cheia, enfunada até aí, caiu, engelhou-se como uma vela a que falta o vento. Ora, adeus! Era o primo! Subiu à cozinha, devagar, — lograda.

– Temos grande novidade, Sr.a Joana! O tal peralta é primo. Diz que é o primo Basílio. - E com um risinho: – É o Basílio! Ora o Basílio! Sai-nos primo à última hora! O diabo tem graça!

– Então que havia de o homem ser se não parente? – observou Joana.

Juliana não respondeu. Quis saber se estava o ferro pronto, que tinha uma carga de roupa para passar! E sentou-se à janela, esperando. O céu baixo e pardo pesava, carregado de eletricidade; às vezes uma aragem súbita e fina punha nas folhagens dos quintais um arrepio trêmulo.

– É o primo! – refletia ela. – E só vem então quando o marido se vai. Boa! E fica-se toda no ar quando ele sai; e é roupa-branca e mais roupa-branca, e roupão novo, e tipóia para o passeio, e suspiros e olheiras! Boa bêbeda! Tudo fica na família!

Os olhos luziam-lhe. Já se não sentia tão lograda. Havia ali muito “para ver e para escutar”. E o ferro estava pronto?

Mas a campainha, embaixo, tocou.

(Eça de Queirós. O primo Basílio, 1993.)

 


Considere o antepenúltimo parágrafo do texto para responder à questão.

– É o primo! – refletia ela. – E só vem então quando o marido se vai. Boa! E fica-se toda no ar quando ele sai; e é roupa-branca e mais roupa-branca, e roupão novo, e tipóia para o passeio, e suspiros e olheiras! Boa bêbeda! Tudo fica na família!

A leitura do parágrafo permite concluir que as reflexões de Juliana são pautadas



a)
pela falta de interesse que tem de se ocupar dos afazeres domésticos.
b)
pela insatisfação de contemplar o bem-estar da família.
c)
pelo inconformismo com os encontros, que lhe representam mais afazeres.
d)
pelo descaso que revela ter em relação a Luísa e aos seus familiares.
e)
pelo ressentimento que experimenta, por não receber a atenção desejada.
Resolução

a) Incorreta. As reflexões de Juliana não se pautam, no trecho acima, pela sua falta de interesse no trabalho, mas em deixar sugerido que está atenta à traição da patroa e no modo como isso se relaciona com o seu posicionamento na casa, enquanto empregada.

b) Incorreta. Juliana não pode ficar insatisfeita em contemplar a felicidade da família, porque Basílio é um membro da família que a leva à dissolução, portanto, não há felicidade a ser contemplada.

c) Correta. No trecho acima, Juliana revela que a traição faz com que ela trabalhe mais, para que a patroa consiga se manter arrumada e asseada para os encontros e passeios que tem com Basílio.

d) Incorreta. Não se revela neste parágrafo descaso com os familiares de Luísa. Em verdade, ao dizer “Tudo fica em família!”, sua fala sugere ironia, já que o adultério de Luísa se dá com o primo.

e) Incorreta. Pode-se perceber nas entrelinhas certo ressentimento no trecho, mas não pela falta de atenção recebida, e sim pelo caráter do trabalho e sua posição social em face aos patrões.

Questão 13 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Conjunção Pronomes relativos O subjuntivo e o emprego de seus tempos

O melro veio com efeito às três horas. Luísa estava na sala, ao piano.

– Está ali o sujeito do costume – foi dizer Juliana.

Luísa voltou-se corada, escandalizada da expressão:

– Ah! meu primo Basílio? Mande entrar. - E chamando-a: – Ouça, se vier o Sr. Sebastião, ou alguém, que entre.

Era o primo! O sujeito, as suas visitas perderam de repente para ela todo o interesse picante. A sua malícia cheia, enfunada até aí, caiu, engelhou-se como uma vela a que falta o vento. Ora, adeus! Era o primo! Subiu à cozinha, devagar, — lograda.

– Temos grande novidade, Sr.a Joana! O tal peralta é primo. Diz que é o primo Basílio. - E com um risinho: – É o Basílio! Ora o Basílio! Sai-nos primo à última hora! O diabo tem graça!

– Então que havia de o homem ser se não parente? – observou Joana.

Juliana não respondeu. Quis saber se estava o ferro pronto, que tinha uma carga de roupa para passar! E sentou-se à janela, esperando. O céu baixo e pardo pesava, carregado de eletricidade; às vezes uma aragem súbita e fina punha nas folhagens dos quintais um arrepio trêmulo.

– É o primo! – refletia ela. – E só vem então quando o marido se vai. Boa! E fica-se toda no ar quando ele sai; e é roupa-branca e mais roupa-branca, e roupão novo, e tipóia para o passeio, e suspiros e olheiras! Boa bêbeda! Tudo fica na família!

Os olhos luziam-lhe. Já se não sentia tão lograda. Havia ali muito “para ver e para escutar”. E o ferro estava pronto?

Mas a campainha, embaixo, tocou.

(Eça de Queirós. O primo Basílio, 1993.)

 


O trecho do texto reescrito sem prejuízo para o sentido original e para a correção gramatical encontra-se em:



a)
a) [...] engelhou-se tal como uma vela para a qual faltasse o vento. (5.º parágrafo)
b)
b) E sentou-se na janela enquanto esperava. (8.º parágrafo)
c)
c) Os olhos luziam para Juliana. (10.º parágrafo)
d)
d) – Ah! meu primo Basílio? Mande-lhe entrar. (4.º parágrafo)
e)
e) – Ouça, caso vêm o Sr. Sebastião, ou alguém, que entre. (4.º parágrafo)
Resolução

a) Correta. A substituição não apresenta nenhum desvio à norma padrão, além de as alterações não modificarem o sentido do trecho original. O acréscimo do elemento tal à conjunção como apenas a transforma em uma locução conjuntiva, mantendo o valor semântico comparativo. A troca do pronome relativo que, por a qual, mantém o sentido original e também é uma substituição válida. A troca do modo indicativo no verbo “falta” pelo subjuntivo “faltasse” não altera o sentido e pode ser considerada correta.

b) Incorreta. A troca da preposição à craseada pela preposição na é considerada pela gramática normativa uma transgressão.

c) Incorreta. O uso do pronome no trecho é uma opção estilística, funcionando como um elemento que ora pode ser considerado expletivo, ora destacando a posse dos olhos, já que estes pertenciam à Juliana. Como se dissesse Seus olhos luziam ou simplesmente Os olhos luziam. Portanto, a substituição de lhe por para Juliana alteram o sentido do texto.

d) Incorreta. O uso de lhe é incorreto, pois este pronome é usado para objetos indiretos. Para objetos diretos, como é o caso, (Mande Basílio entrar) usa-se o pronome oblíquo “o”: Mande-o entrar.

e) Incorreta. Como se trata de hipótese, o uso preconizado pela gramática tradicional é um verbo no presente do subjuntivo: Ouça, caso venha (...). Além disso, o verbo está no plural, um equívoco, já que seu sujeito é singular (Sr. Sebastião).

Questão 14 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Eça de Queirós

O melro veio com efeito às três horas. Luísa estava na sala, ao piano.

– Está ali o sujeito do costume – foi dizer Juliana.

Luísa voltou-se corada, escandalizada da expressão:

– Ah! meu primo Basílio? Mande entrar. - E chamando-a: – Ouça, se vier o Sr. Sebastião, ou alguém, que entre.

Era o primo! O sujeito, as suas visitas perderam de repente para ela todo o interesse picante. A sua malícia cheia, enfunada até aí, caiu, engelhou-se como uma vela a que falta o vento. Ora, adeus! Era o primo! Subiu à cozinha, devagar, — lograda.

– Temos grande novidade, Sr.a Joana! O tal peralta é primo. Diz que é o primo Basílio. - E com um risinho: – É o Basílio! Ora o Basílio! Sai-nos primo à última hora! O diabo tem graça!

– Então que havia de o homem ser se não parente? – observou Joana.

Juliana não respondeu. Quis saber se estava o ferro pronto, que tinha uma carga de roupa para passar! E sentou-se à janela, esperando. O céu baixo e pardo pesava, carregado de eletricidade; às vezes uma aragem súbita e fina punha nas folhagens dos quintais um arrepio trêmulo.

– É o primo! – refletia ela. – E só vem então quando o marido se vai. Boa! E fica-se toda no ar quando ele sai; e é roupa-branca e mais roupa-branca, e roupão novo, e tipóia para o passeio, e suspiros e olheiras! Boa bêbeda! Tudo fica na família!

Os olhos luziam-lhe. Já se não sentia tão lograda. Havia ali muito “para ver e para escutar”. E o ferro estava pronto?

Mas a campainha, embaixo, tocou.

(Eça de Queirós. O primo Basílio, 1993.)

 


A leitura do trecho de O primo Basílio, em seu conjunto, permite concluir corretamente que essa obra



a)
a) retrata a sociedade portuguesa da época de forma romântica e idealizada.
b)
b) faz um retrato crítico da sociedade portuguesa da época, exibindo os seus costumes.
c)
c) faz explicitamente a defesa das instituições sociais, como a família.
d)
d) expõe a sociedade portuguesa da época para recuperar a tradição e os vínculos sociais.
e)
e) traz as relações humanas de forma idealista, ainda que recupere a ideologia vigente.
Resolução

a) Incorreta. A obra se enquadra no período essencialmente realista de Eça de Queirós, que dizia ser o Realismo a escola que faria a “anatomia do caráter humano” em seu conhecido texto Idealismo e Realismo, em que critica o discurso romântico. Ao expor o triângulo amoroso e suas consequências, entende-se (na crítica literária) que Eça pretendia desmascarar o mundo de aparências das elites portuguesas do século XIX.

b) Correta. Eça tece críticas às instituições portuguesas tradicionais em suas obras desse período, como O Primo Basílio, O crime do Padre Amaro, Os Maias. Esse retrato crítico da sociedade se enquadra dentro de seu entendimento escolástico do que seria o Realismo (na França e Inglaterra, Naturalismo). A proposta é revelar o mundo hipócrita e o que se esconde por trás das aparências das inúmeras relações do período.

c) Incorreta. Ao contrário do que afirma a alternativa, Eça não defende as instituições, mas revela a decadência delas.

d) Incorreta. Pelo contrário, os realistas são vistos como denunciadores da sociedade vigente em seu período, e considerados subversivos em relação à ordem e às tradições.

e) Incorreta. As relações humanas são apresentadas de modo a não idealizá-las, em geral com o intuito de subverter a ideologia vigente.

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Sintaxe do verbo haver Semântica

 

 

Pegamos os nossos 24.253 km de fronteiras e os esticamos em uma linha reta. Assim, fica possível entender o que acontece em cada canto desse Brasilzão: ______ invasões de terra, ______ de drogas e cenários de tirar o fôlego.

(http://super.abril.com.br. Adaptado.)

 


As lacunas do texto são preenchidas, correta e respectivamente, por:



a)
acontece – tráfico.
b)
existe – tráfego.
c)
se vê – tráfego.
d)
há – tráfico.
e)
ocorre – tráfego.
Resolução

O termo que completa corretamente a primeira lacuna deve, se o verbo em questão admitir tal forma, estar flexionado no plural, pois o seu sujeito, “invasões”, está flexionado no plural. A segunda lacuna é corretamente preenchida pelo termo “tráfico”, para que o sentido estabelecido pelo texto (venda de produtos ilegais) seja garantido. O termo “tráfego” diz respeito a trânsito.

a) Incorreta. Como o verbo “acontecer” admite a flexão no plural, para que esta alternativa estivesse totalmente correta, sua forma deveria ser “acontecem”.

b) Incorreta. Como o verbo “existir” admite a flexão no plural, para que esta alternativa estivesse correta, sua forma deveria ser “existem”. Além disso, o termo “tráfego” não completa corretamente a segunda lacuna.

c) Incorreta. Como o verbo “ver” admite a flexão no plural, para que esta alternativa estivesse correta, a expressão deveria ser “veem-se”, considerando ainda a colocação pronominal adequada. Além disso, o termo “tráfego” não completa corretamente a segunda lacuna.

d) Correta. O verbo “haver”, com o sentido expresso pela frase, o de “existir”, não admite a flexão para o plural, embora possa transmitir essa ideia. Logo, não há problemas com a expressão “há invasões”. Além disso, o termo “tráfico” completa corretamente a segunda lacuna.

e) Incorreta. Como o verbo “ocorrer” admite a flexão no plural, para que esta alternativa estivesse totalmente correta, sua forma deveria ser “ocorrem”. Além disso, o termo “tráfego” não completa corretamente a segunda lacuna.

Questão 16 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Pressupostos e Subentendidos

 

 

Pegamos os nossos 24.253 km de fronteiras e os esticamos em uma linha reta. Assim, fica possível entender o que acontece em cada canto desse Brasilzão: ______ invasões de terra, ______ de drogas e cenários de tirar o fôlego.

(http://super.abril.com.br. Adaptado.)

 


De acordo com o texto, é correto afirmar que



a)
a) belos cenários estimulam grandes problemas nas fronteiras do Brasil, cuja maior parte está em terra.
b)
b) problemas contrastam com belos cenários nas fronteiras do Brasil, cuja maior parte está em terra.
c)
c) belos cenários convivem com a gravidade dos problemas nas fronteiras do Brasil, cuja maior parte está em mar.
d)
d) problemas se sobrepõem a cenários de grande beleza nas fronteiras do Brasil, cuja maior parte está em mar.
e)
problemas e lugares exóticos se equilibram nas fronteiras do Brasil, as quais também estão em equilíbrio em extensão.
Resolução

a) Incorreta. Segundo o texto, não há causalidade alguma entre cenário e problemas, apesar de ser verdadeiro que a maior parte das fronteiras do Brasil está em terra (70%).

b) Correta. Conforme se verifica no texto, a beleza (‘cenários de tirar o fôlego’) coexiste de maneira antagônica com os problemas (‘tráfico de drogas’). Por fim, constata-se que a expressão ‘cuja maior parte está em terra’ confirma a informação de que 70% das fronteiras estão em terra, contra 30% em mar.

c) Incorreta. Conforme explicado acima, a maior parte das fronteiras não está em mar (apenas 30%).

d) Incorreta. Os problemas contrastam com os belos cenários, e não se sobrepõem. Além disso, a maior parte das fronteiras está em terra (70%).

e) Incorreta. A expressão ‘tirar o fôlego’ não sugere exotismo, mas sim grande beleza. Além disso, também não seria correta a noção de equilíbrio sugerida nesta alternativa, uma vez que 70% das fronteiras estão em terra e apenas 30% estão em mar.

Questão 17 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Pressupostos e Subentendidos

Poetas e tipógrafos

Vice-cônsul do Brasil em Barcelona em 1947, o poeta João Cabral de Melo Neto foi a um médico por causa de sua crônica dor de cabeça. Ele lhe receitou exercícios físicos, para “canalizar a tensão”. João Cabral seguiu o conselho. Comprou uma prensa manual e passou a produzir à mão, domesticamente, os próprios livros e os dos amigos. E, com tal “ginástica poética”, como a chamava, tornou-se essa ave rara e fascinante: um editor artesanal.

Um livro recém-lançado, “Editores Artesanais Brasileiros”, de Gisela Creni, conta a história de João Cabral e de outros sonhadores que, desde os anos 50, enriqueceram a cultura brasileira a partir de seu quarto dos fundos ou de um galpão no quintal.

O editor artesanal dispõe de uma minitipografia e faz tudo: escolhe a tipologia, compõe o texto, diagrama-o, produz as ilustrações, tira provas, revisa, compra o papel e imprime – em folhas soltas, não costuradas – 100 ou 200 lindos exemplares de um livrinho que, se não fosse por ele, nunca seria publicado. Daí, distribui-os aos subscritores (amigos que se comprometeram a comprar um exemplar). O resto, dá ao autor. Os livreiros não querem nem saber.

Foi assim que nasceram, em pequenos livros, poemas de – acredite ou não – João Cabral, Manuel Bandeira, Drummond, Cecília Meireles, Joaquim Cardozo, Vinicius de Moraes, Lêdo Ivo, Paulo Mendes Campos, Jorge de Lima e até o conto “Com o Vaqueiro Mariano” (1952), de Guimarães Rosa. E de Donne, Baudelaire, Lautréamont, Rimbaud, Mallarmé, Keats, Rilke, Eliot, Lorca, Cummings e outros, traduzidos por amor.

João Cabral não se curou da dor de cabeça, mas valeu.

(Ruy Castro. Folha de S.Paulo, 17.08.2013. Adaptado.)


As informações do texto permitem afirmar que



a)
a) a venda de uma edição artesanal se dá com um grande volume de livros, razão pela qual desperta grande interesse comercial e cultural dos editores no Brasil.
b)
b) os livreiros normalmente têm pouco interesse por livros artesanais, como os de Manuel Bandeira e Cecília Meireles, por considerarem-nos uma forma menor de expressão artística.
c)
c) as edições artesanais, como as de João Cabral de Melo Neto, raramente se destinam à produção de obras literárias para pessoas dos círculos íntimos de convivência dos autores.
d)
d) a edição artesanal é uma realidade específica do Brasil, retratando
e)
e) a edição artesanal, como a praticada por João Cabral de Melo Neto, permitiu que a cultura nacional fosse enriquecida com obras de expressivos escritores.
Resolução

a) Incorreta. A alternativa está equivocada sobretudo por afirmar o contrário do que se depreende da leitura do texto: numa edição artesanal a produção é de poucos volumes (‘100 ou 200 lindos exemplares de um livrinho’). Além disso, não desperta interesse comercial (‘Os livreiros não querem nem saber’).

b) Incorreta. Segundo o texto, o desinteresse por parte dos livreiros não decorreria de um critério de ordem estética, e sim mercadológico/comercial.

c) Incorreta. Conforme se pode confirmar em [‘daí distribui-os aos subscritores (amigos que se comprometeram a comprar um exemplar)].

d) Incorreta. A dificuldade relatada no texto estende-se a autores estrangeiros, tais como Donne, Baudelaire, Lautréamont, Rimbaud, Mallarmé, Keats, Rilke, Lorca e Cummings, então, não se trata de uma realidade específica do Brasil.

e) Correta. De fato, o texto informa que o trabalho de editores (como João Cabral de Melo Neto) não preocupados exclusivamente com uma resposta comercial rápida e eficaz possibilitou tornar acessíveis aos leitores do Brasil obras de autores brasileiros (consagrados), bem como de traduções de autores estrangeiros.

Questão 18 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Figuras de Linguagem conotação metáfora

Poetas e tipógrafos

Vice-cônsul do Brasil em Barcelona em 1947, o poeta João Cabral de Melo Neto foi a um médico por causa de sua crônica dor de cabeça. Ele lhe receitou exercícios físicos, para “canalizar a tensão”. João Cabral seguiu o conselho. Comprou uma prensa manual e passou a produzir à mão, domesticamente, os próprios livros e os dos amigos. E, com tal “ginástica poética”, como a chamava, tornou-se essa ave rara e fascinante: um editor artesanal.

Um livro recém-lançado, “Editores Artesanais Brasileiros”, de Gisela Creni, conta a história de João Cabral e de outros sonhadores que, desde os anos 50, enriqueceram a cultura brasileira a partir de seu quarto dos fundos ou de um galpão no quintal.

O editor artesanal dispõe de uma minitipografia e faz tudo: escolhe a tipologia, compõe o texto, diagrama-o, produz as ilustrações, tira provas, revisa, compra o papel e imprime – em folhas soltas, não costuradas – 100 ou 200 lindos exemplares de um livrinho que, se não fosse por ele, nunca seria publicado. Daí, distribui-os aos subscritores (amigos que se comprometeram a comprar um exemplar). O resto, dá ao autor. Os livreiros não querem nem saber.

Foi assim que nasceram, em pequenos livros, poemas de – acredite ou não – João Cabral, Manuel Bandeira, Drummond, Cecília Meireles, Joaquim Cardozo, Vinicius de Moraes, Lêdo Ivo, Paulo Mendes Campos, Jorge de Lima e até o conto “Com o Vaqueiro Mariano” (1952), de Guimarães Rosa. E de Donne, Baudelaire, Lautréamont, Rimbaud, Mallarmé, Keats, Rilke, Eliot, Lorca, Cummings e outros, traduzidos por amor.

João Cabral não se curou da dor de cabeça, mas valeu.

(Ruy Castro. Folha de S.Paulo, 17.08.2013. Adaptado.)


Com a frase – tornou-se essa ave rara e fascinante – (1º parágrafo), o autor vale-se de uma



a)
ironia para questionar João Cabral como editor artesanal.
b)
hipérbole para sugerir que João Cabral melhorou após a prensa.
c)
metonímia para atribuir uma ideia de genialidade a João Cabral.
d)
redundância para afirmar que João Cabral poderia dispensar a prensa.
e)
metáfora para externar uma avaliação positiva de João Cabral.
Resolução

a) Incorreta. Não se trata de ironizar João Cabral e/ou sua condição de editor artesanal. Conforme se pode verificar em vários pontos do texto (fim da 3ª linha do 2º §: ‘enriqueceram a cultura brasileira a partir de seu quarto dos fundos’; e ainda a expressão ‘mas valeu’, ao fim do texto, que pode ser lida como um agradecimento do cronista a João Cabral); a ironia é tida como um recurso de linguagem que produz crítica, por meio de um subentendido. Sua percepção depende de um intrincado jogo entre emissor e receptor, em que o segundo reconhece indícios contextuais na mensagem do primeiro.

b) Incorreta. Afinal, além de não ser uma hipérbole, a última frase do texto disse deliberadamente que João Cabral não se curou da dor de cabeça; a hipérbole é entendida como uma construção que produz um sentido exagerado.

c) Incorreta. Além de não ser uma metonímia, o texto não atribui em momento algum ‘genialidade’ a João Cabral; a metonímia é caracterizada como a troca de um nome por outro, com o qual mantenha uma relação semântica de contiguidade (convivem no mesmo campo semântico).

d) Incorreta. Embora se possa admitir algum grau de redundância no elogio feito pelo cronista a João Cabral, tal elogio foi feito a ele, enquanto editor. Portanto, não faria sentido que ele dispensasse a prensa, sem a qual seu trabalho como editor não ocorreria; redundância ou pleonasmo é a repetição de formas sintáticas que se reforçam, muitas vezes sendo considerado um uso equivocado pela gramática tradicional.

e) Correta. De fato, na frase citada, a expressão ‘ave rara’ foi usada em sentido figurado. Poderia tanto ser interpretada como uma metáfora, quanto como uma catacrese e a intenção do cronista ao valer-se de tal expressão é elogiosa. Ou seja, emite/sugere um juízo positivo acerca da figura do editor artesanal (sobretudo, de João Cabral).

Questão 19 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Conjunção Aposto Pontuação na separação de termos

Poetas e tipógrafos

Vice-cônsul do Brasil em Barcelona em 1947, o poeta João Cabral de Melo Neto foi a um médico por causa de sua crônica dor de cabeça. Ele lhe receitou exercícios físicos, para “canalizar a tensão”. João Cabral seguiu o conselho. Comprou uma prensa manual e passou a produzir à mão, domesticamente, os próprios livros e os dos amigos. E, com tal “ginástica poética”, como a chamava, tornou-se essa ave rara e fascinante: um editor artesanal.

Um livro recém-lançado, “Editores Artesanais Brasileiros”, de Gisela Creni, conta a história de João Cabral e de outros sonhadores que, desde os anos 50, enriqueceram a cultura brasileira a partir de seu quarto dos fundos ou de um galpão no quintal.

O editor artesanal dispõe de uma minitipografia e faz tudo: escolhe a tipologia, compõe o texto, diagrama-o, produz as ilustrações, tira provas, revisa, compra o papel e imprime – em folhas soltas, não costuradas – 100 ou 200 lindos exemplares de um livrinho que, se não fosse por ele, nunca seria publicado. Daí, distribui-os aos subscritores (amigos que se comprometeram a comprar um exemplar). O resto, dá ao autor. Os livreiros não querem nem saber.

Foi assim que nasceram, em pequenos livros, poemas de – acredite ou não – João Cabral, Manuel Bandeira, Drummond, Cecília Meireles, Joaquim Cardozo, Vinicius de Moraes, Lêdo Ivo, Paulo Mendes Campos, Jorge de Lima e até o conto “Com o Vaqueiro Mariano” (1952), de Guimarães Rosa. E de Donne, Baudelaire, Lautréamont, Rimbaud, Mallarmé, Keats, Rilke, Eliot, Lorca, Cummings e outros, traduzidos por amor.

João Cabral não se curou da dor de cabeça, mas valeu.

(Ruy Castro. Folha de S.Paulo, 17.08.2013. Adaptado.)


Vice-cônsul do Brasil em Barcelona em 1947, o poeta João Cabral de Melo Neto foi a um médico por causa de sua crônica dor de cabeça.

 

O trecho pode ser reescrito, sem prejuízo de sentido ao texto, por:



a)
Por ser vice-cônsul do Brasil em Barcelona em 1947, o poeta João Cabral de Melo Neto foi a um médico com crônica dor de cabeça.
b)
Vice-cônsul do Brasil em Barcelona em 1947, como sentia dor de cabeça crônica, o poeta João Cabral de Melo Neto foi a um médico.
c)
Vice-cônsul do Brasil em Barcelona em 1947, o poeta João Cabral de Melo Neto foi a um médico, mas era vítima de uma crônica dor de cabeça.
d)
Vice-cônsul do Brasil em Barcelona em 1947, tão logo sentiu sua crônica dor de cabeça, o poeta João Cabral de Melo Neto foi a um médico.
e)
Embora fosse vice-cônsul do Brasil em Barcelona em 1947, o poeta João Cabral de Melo Neto foi a um médico sentindo crônica dor de cabeça.
Resolução

a) Incorreta. Do modo como está reestruturada, a frase afirma que ‘ser vice-cônsul’ teria sido a causa (ou condição) para que João Cabral procurasse um médico. Além disso, essa nova redação acarreta certa ambiguidade: não esclarece se a ‘crônica dor de cabeça’ seria do paciente ou do médico.

b) Correta. A expressão indicativa da situação profissional de João Cabral, deslocada da posição mais esperada na ordem direta, está corretamente sucedida por uma vírgula. Além disso, a nova redação indica corretamente a causa/o motivo (‘crônica dor de cabeça’) e a consequência (‘foi a um médico’).

c) Incorreta. Essa nova redação, a partir do acréscimo da conjunção adversativa, acrescenta uma oposição entre (‘foi a um médico’) e (‘era vítima de uma crônica dor de cabeça’). Tal oposição não aparece na redação original.

d) Incorreta. A nova redação, a partir do acréscimo da expressão conjuntiva ‘tão logo’, sugere instantaneidade/imediatismo, ausente na redação original.

e) Incorreta. Nessa nova redação, a conjunção concessiva indicaria que o fato de ser vice-cônsul pudesse de algum modo dificultar ou impossibilitar que João Cabral procurasse um médico.

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Poetas e tipógrafos

Vice-cônsul do Brasil em Barcelona em 1947, o poeta João Cabral de Melo Neto foi a um médico por causa de sua crônica dor de cabeça. Ele lhe receitou exercícios físicos, para “canalizar a tensão”. João Cabral seguiu o conselho. Comprou uma prensa manual e passou a produzir à mão, domesticamente, os próprios livros e os dos amigos. E, com tal “ginástica poética”, como a chamava, tornou-se essa ave rara e fascinante: um editor artesanal.

Um livro recém-lançado, “Editores Artesanais Brasileiros”, de Gisela Creni, conta a história de João Cabral e de outros sonhadores que, desde os anos 50, enriqueceram a cultura brasileira a partir de seu quarto dos fundos ou de um galpão no quintal.

O editor artesanal dispõe de uma minitipografia e faz tudo: escolhe a tipologia, compõe o texto, diagrama-o, produz as ilustrações, tira provas, revisa, compra o papel e imprime – em folhas soltas, não costuradas – 100 ou 200 lindos exemplares de um livrinho que, se não fosse por ele, nunca seria publicado. Daí, distribui-os aos subscritores (amigos que se comprometeram a comprar um exemplar). O resto, dá ao autor. Os livreiros não querem nem saber.

Foi assim que nasceram, em pequenos livros, poemas de – acredite ou não – João Cabral, Manuel Bandeira, Drummond, Cecília Meireles, Joaquim Cardozo, Vinicius de Moraes, Lêdo Ivo, Paulo Mendes Campos, Jorge de Lima e até o conto “Com o Vaqueiro Mariano” (1952), de Guimarães Rosa. E de Donne, Baudelaire, Lautréamont, Rimbaud, Mallarmé, Keats, Rilke, Eliot, Lorca, Cummings e outros, traduzidos por amor.

João Cabral não se curou da dor de cabeça, mas valeu.

(Ruy Castro. Folha de S.Paulo, 17.08.2013. Adaptado.)


Na oração – como a chamava – (1.º parágrafo), o pronome retoma:

a) ginástica poética.

b) ave rara e fascinante.

c) crônica dor de cabeça.

d) prensa manual.

e) tensão.



Resolução

SEM RESPOSTA

O gabarito oficial indica a alternativa D (prensa manual) como resposta. No entanto, se se volta ao texto, verifica-se que, na verdade, o pronome ‘a’ em ‘como a chamava’ funciona muito mais como um referente situacional (também chamado de referente extratextual, conf. Fávero e Koch, 2000) do que como referente anafórico (aquele que retoma um termo anteriormente citado no texto). Afinal, seria muito forçoso (senão de todo inadequado) considerar que a expressão usada por João Cabral (que tem como núcleo o substantivo ‘ginástica’) fosse uma referência a um aparelho (prensa). Parece muito mais razoável supor que a expressão ‘ginástica poética’ seja uma referência à atividade/ação realizada com a tal prensa manual. Nesse sentido, o pronome ‘a’ referir-se-ia a algo como: essa ginástica (porque é uma atividade e que demanda esforço físico) e poética (porque envolve criação artística). Por tudo isso, a questão não apresenta resposta.