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Unesp 2020 - 2ª fase - dia 1 - Humanas, Natureza e Matemática


Questão 1 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Pré-História do Brasil Teorias sobre a chegada do homem à América

Luzia, com cerca de 12500 anos, é o fóssil humano mais antigo encontrado no território do atual Brasil.

A imagem 1 mostra a reconstituição virtual de sua cabeça, realizada em 1999.

A imagem 2 mostra a reconstituição virtual de sua cabeça, realizada em 2018, após estudos mais recentes.

(https://oglobo.globo.com)


a) Defina o que é um fóssil. O que significa “cultura material”?

b) Considerando as imagens, cite uma informação que foi obtida pelos pesquisadores a partir do estudo do fóssil de Luzia. Mencione uma limitação desse tipo de estudo.



Resolução

a) Fósseis são restos ou vestígios de animais e vegetais que permanecem preservados em rochas sedimentares. O conceito de cultura material está relacionado às produções feitas a partir da atuação do homem no meio físico, sendo essa confecção moldada segundo propósitos e normas culturais. Os objetos que fazem parte da cultura material são componentes de produção e reprodução da vida social de determinado grupo humano. A cultura material pode portanto abranger artefatos, estruturas, modificações da paisagem e até o próprio corpo. 

b) A partir das imagens, podemos considerar que uma das informações obtidas pelos pesquisadores a partir do estudo do fóssil é que ela não possuía  traços africanos - que foram alterados na segunda reconstituição, o que pode ser observado na mudança do formato do nariz, da boca e da estrutura óssea, esta assume um formato mais ovalado. Dessa forma, a reconstituição virtual de sua cabeça realizada em 2018 contraria a tese de povoamento do continente a partir de uma onda migratória proveniente da África. Esse tipo de estudos assume diversas limitações pois é baseado no DNA fóssil, enfrentando problemas na coleta arqueológica para a extração do material genético, na conservação dos fósseis, problemas de armazenamento e desgastes naturais. No caso do crânio de Luzia, por exemplo, este estava exposto no Museu Nacional do Rio Janeiro, instituição que foi consumida por um incêndio. Devido a isso, o DNA extraído de partes do crânio de Luzia foi fragmentado pelas altas temperaturas, dificultando o estudo. 

Nota: A primeira reconstituição facial de Luzia foi realizada na década de 1990 pelo especialista britânico Richard Neave. Esse formato foi baseado na teoria do professor Walter Neves da USP, segundo o qual, o povo de Luzia teria chegado à América antes dos ancestrais dos povos indígenas atuais. Essa primeira leva migratória teria pontanto características africanas ou dos aborígenes australianos. 
A segunda reconstituição foi realizada recentemente pela especialista Caroline Wilkinson, da Liverpool John Moores University, na Inglaterra. A investigação a partir de DNA fóssil que confirmou a existência de um único grupo populacional ancestral de todas as etnias americanas. Esse novo rosto foi feito a partir de dados arqueogenéricos e consideram que todas as populações da América descendem de uma única população que teria chegado ao Novo Mundo pelo Estreito de Bering há cerca de 20 mil anos. Os descendentes da corrente migratória ancestral que chegou pela América do Norte se diversificaram em duas linhagens há cerca de 16 mil anos e se dividiram em levas consecutivas e distintas que povoaram o Panamá e a América do Sul. A partir do DNA os pesquisadores atestam a afinidade dessa corrente migratória com povos da Sibéria e do norte da China.

Questão 2 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Revolução Francesa

Leia os dois textos, escritos no final do século XVIII.

Texto 1

    O grande dia, resultado da libertação, começava a me despertar; respirava livremente, quando vi diante de mim uma multidão em tumulto. Não fiquei surpreso... Aproximo-me e... oh! espetáculo de horror! Vejo duas cabeças na ponta de uma lança!...

    Aterrorizado, informo-me... “São”, diz-me um açougueiro, “as cabeças de Flesselles e de De Launay...” Ouvindo isso, estremeço! Vejo uma nuvem de males pairar sobre a infeliz capital dos franceses... Mas a informação não estava inteiramente correta: a cabeça de Flesselles, o rosto desfigurado pelo tiro de pistola que há pouco acabara com sua vida, rolava nas águas do Sena. Eram De Launay e seu major que eu via ultrajados!

    Prossigo: mil vozes de arauto para a Novidade... [...] Não acreditei e fui ver o cerco de perto... No meio da Grève, encontro um corpo sem a cabeça estendido no meio do riacho, rodeado por cinco ou seis indiferentes. Faço perguntas... É o governador da Bastilha...

    Que pensamentos!... Esse homem, outrora impassível diante do desespero dos infelizes enterrados vivos sob sua guarda, por ordem de execráveis ministros, ei-lo!...

(Restif de la Bretonne. As noites revolucionárias, 1989.)

Texto 2

    Oh! Aquela alegria me deu náuseas. Sentia-me ao mesmo tempo satisfeito e descontente. E eu disse, tanto melhor e tanto pior. Eu entendia que o povo comum estava tomando a justiça em suas mãos. Aprovo essa justiça [...] mas poderia não ser cruel? Castigos de todos os tipos, arrastamento e esquartejamento, tortura, a roda, o cavalete, a fogueira, verdugos proliferando por toda parte trouxeram tanto prejuízo aos nossos costumes! Nossos senhores [...] colherão o que semearam.

(Graco Babeuf apud Robert Darnton. O beijo de Lamourette: mídia, cultura e revolução, 1990.)


a) Cite o evento histórico a que o texto 1 se refere e a situação sociopolítica e econômica a que esse evento se opôs.

b) Identifique o elemento comum aos dois textos e explique a última frase do texto 2.



Resolução

a) O evento histórico a que o texto 1 se refere é a Queda da Bastilha em 14 de julho de 1789, evento que marca o início da Revolução Francesa. A Bastilha era um símbolo do Antigo Regime francês, pois era o local usado como prisão para os opositores da monarquia. A tomada da Bastilha representou a derrocada do Antigo Regime francês (denominação usada para conjunto de características sociais, políticas e econômicas da França durante a Idade Moderna, entre os séculos XV-XVIII). No que se refere à situação sociopolítica, a França era uma Monarquia absolutista governada por Luis XVI e Maria Antonieta, que tornou-se um personagem símbolo da corte francesa ostentensiva que a Revolução destruiu. A estrutura social da França era estamental, sendo formada pelo Primeiro Estado (constituído pelo clero), pelo Segundo Estado (constituído pela nobreza) e pelo Terceiro Estado (formado por diveros setores da burguesia, camponeses, trabalhadores urbanos, sans-culottes, etc). O Estado francês preservava uma base essencialmente feudal, na qual o Primeiro e o Segundo estado possuíam privilégios como a pensões e isenção de impostos. Dessa forma, o quadro de descontentamento e insatisfação era geral, pois o Terceiro Estado (especialmente setores enriquecidos da burguesia) alegavam que custeavam um aparelho burocrático administrativo caro sem serem reconhecidos como cidadãos ou mesmo terem direitos políticos. O quadro de tensão da França pré-revolucionária foi agravado nos dez meses anteriores à Revolução quando os preços dos gêneros alimentícios sofreram um aumento significativo devido aos maus resultados das colheiras de 1787 e 1788.  Além disso, a participação da França em diversos conflitos militares como a Guerra dos Sete Anos (1756-1763) e a Guerra de Independência dos EUA (1776-1783) representou um expressivo aumento da dívida pública do país. Dessa forma, a Revolução Francesa se opôs à insustentável estrutura sócio-econômica estabelecida nos moldes do Antigo Regime, buscando uma alteração na estrutura do estado francês com o fim dos privilégios estamentais e a efetiva participação do Terceiro Estado nas decisões políticas. 

b) O elementos que pode ser observado nos dois textos é a presença da violência nas manifestações populares. Esse aspecto pode ser observado nos trechos "a cabeça de Flesselles, o rosto desfigurado pelo tiro de pistola que há pouco acabara com sua vida"  (texto 1) e em "Castigos de todos os tipos, arrastamento e esquartejamento, tortura, a roda, o cavalete, a fogueira, verdugos proliferando por toda parte trouxeram tanto prejuízo aos nossos costumes!" (texto 2). A última frase do texto afirma que "Nossos senhores [...] colherão o que semearam", fazendo uma alusão à possibilidade de vingança por parte do povo, que era submetido à uma rígida estrutura sócio-política que resultava em uma vida de privações e dificuldades, tais como maus-tratos, castigos e falta de privilégios como os desfrutados pelos estamentos superiores. 

Questão 3 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Vargas Dutra

A deposição de Getúlio é o fim do regime excepcional estabelecido em 10 de novembro de 1937. […] O governo passa ao Judiciário. O presidente José Linhares esclarece melhor o quadro, com a Lei constitucional no 13, de 12.11.1945, estabelecendo que “os representantes eleitos a 2 de dezembro de 1945 para a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão no Distrito Federal, sessenta dias após as eleições, em Assembleia Constituinte...”

(Francisco Iglésias. Constituintes e constituições brasileiras, 1985.)


a) Indique qual foi o “regime excepcional estabelecido em 10 de novembro de 1937” e cite uma característica da Constituição que esse regime gerou.

b) Contextualize o cenário interno do país no período que se seguiu à “deposição de Getúlio” e cite uma característica da Constituição produzida por essa Assembleia Constituinte.



Resolução

a) O regime excepcional estabelecido em 10 de novembro de 1937 foi o Estado Novo. O novo regime criou a Constituição de 1937, inspirada em cartas fascistas como a Polonesa e, por isso, apelidada de Polaca. A constituição foi elaborada pelo jurista Francisco Campos, ministro da Justiça do novo regime, e obteve a aprovação prévia de Vargas e do ministro da Guerra, general Eurico Dutra. A principal característica dessa constituição era a excessiva centralização política nas mãos do executivo, que passava a ter a atribuição de nomear os interventores estaduais, que por sua vez, nomeavam as autoridades municipais. Outras características da Constituição eram: criação de um sistema sindical moldado nos princípios do corporativismo e a suspensão do Parlamento e dos partidos políticos (considerados símbolos da democracia liberal).

b) Após a queda de Vargas e o fim do Estado Novo em outubro de 1945, foram realizadas eleições para a Assembléia Nacional Constituinte. Com a eleição da nova Constituinte, seus membros se reuniram para elaborar um novo texto constitucional que passou a vigorar a partir de setembro de 1946 e substituiu a carta de 1937. As eleições dessa Constituinte ocorreram no contexto da recém derrota do nazi-fascismo na Europa e durante o processo de redemocratização no Brasil. As marcas desse período apareceram já nos meses iniciais das discussões da Constituinte, quando foi intenso o julgamento do regime anterior, produzindo a chamada "autópsia da ditadura". No contexto de reorganização dos partidos políticos, a Constituinte de 1946 teve como característica sua ampla heterogeneidade político-ideológica, de modo que as forças predominantes (ocupavam o maior número de cadeiras) - o Partido Social Democrático (PSD) e a União Democrática Nacional (UDN) - se uniram em torno de um projeto liberal-democrático com o intuito de assegurar o equilíbrio entre os três poderes e evitar uma nova experiência política de hipertrofia do Executivo. Algumas características dessa Constituição democrática eram:  independência dos três poderes (Judiciário, Executivo e Legislativo), mandato presidencial de cinco anos, proibição da reeleição para cargos executivos, fortalecimento das atribuições do Congresso, princípio federalista (com divisão de atribuições entre a União, os estados e os municípios), voto secreto e universal para maiores de dezoitos anos, liberdade de organização partidária, ampliação da obrigatoriedade do voto feminino, manutenção da estrutura corporativista (advinda do regime anterior) e direito à greve (subordinado a julgamento da Justiça do Trabalho). 

Questão 4 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Conflitos na Ásia e Oceania

Kim Jong-un atravessou o paralelo 38 que divide a Península Coreana às 9h28, hora local desta sexta-feira, e se tornou o primeiro governante do Norte a pisar no Sul desde o fim da Guerra da Coreia, em 1953. Do outro lado da fronteira, ele foi recebido por Moon Jae-in, o presidente eleito em 2017 com uma plataforma que defende a coexistência pacífica e a cooperação entre os dois lados separados em zonas de influência comunista e capitalista depois da Segunda Guerra.

(Claudia Trevisan. “Em encontro histórico na Coreia do Sul, Kim fala em ‘novo capítulo’ e ‘era de paz’”. https://internacional.estadao.com.br, 26.04.2018. Adaptado.)


a) Descreva o contexto histórico em que ocorreu a Guerra da Coreia.

b) Caracterize a atual situação da Coreia do Norte e a da Coreia do Sul, indicando para cada uma delas: regime político, organização econômica e postura diplomática.



Resolução

a) A Guerra da Coreia ocorreu de 1950 a 1953 no contexto histórico da Guerra Fria, aliás foi um dos primeiros conflitos com a bipolarização mundial. A península coreana sofria com intervenções estrangeiras desde o início do século XX quando o território coreano foi anexado ao Japão. Após a II Guerra Mundial a península foi dividida por EUA e URSS na Conferência de Potsdam em Julho de 1945. Com a Revolução Socialista na China em 1949 tropas norte-coreanas foram apoiadas pelo país que invadiu a Coreia do Sul. Os EUA mandam tropas para o sul da península com intuito de evitar a disseminação do socialismo pela região. Em 1953 é assinado um armistício que define o paralelo 38 norte como a fronteira entre as coreias. A partir de então instala-se uma ditadura familiar na Coreia do Norte sob a liderança de Kim Il-Sung e um governo capitalista na Coreia do Sul.

b) Atualmente a Coreia do Norte apresenta um regime político fechado de caráter socialista e de ditadura familiar sob a liderança de Kim Jong-Un, a economia é centralizada e planejada inteiramente pelo governo com industrialização incipiente e menores taxas de urbanização. Diplomaticamente o país mantém relações principais com a China e a Coreia do Sul, porém vem desde 2011, com a chegada ao poder de Kim Jong-Un, desenvolvendo um polêmico programa nuclear com vários testes de mísseis colaborando para a instabilidade geopolítica na região. O presidente norte coreano teve três encontros presenciais com o presidente dos EUA Donald Trump desde junho de 2018  os quais viabilizaram a assinatura de um acordo de desnuclearização da Coreia, porém sem metas efetivas que possam levar ao cumprimento desse acordo.

Já a Coreia do Sul recebeu grandes investimentos de EUA e Japão, principalmente a partir da década de 70, que fez o país se transformar em um dos principais Tigres Asiáticos (modelo de industrialização rápido e baseado em investimentos estrangeiros de países da região). Politicamente o país se apresenta como uma República Democrática Presidencialista de sistema capitalista. Economicamente o país já é considerado por muitos especialistas como um país desenvolvido, com altos níveis de industrialização e urbanização, inclusive com importantes transnacionais espalhadas pelo mundo como a Hyundai e a LG. O país também se destaca com um dos mais eficientes sistemas educacionais do mundo com grandes investimentos na área e grande desempenho em provas internacionais como o Pisa. Destaque também em investimentos em tecnologia e no IDH. Diplomaticamente o país estabelece relações com quase todos os países do mundo e participa das principais organizações mundiais como a ONU, OMC, APEC e G20.

Questão 5 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Regionalização da economia (blocos econômicos)

Divisão Internacional do Trabalho, século XX

(James O. Tamdjian e Ivan L. Mendes. Geografia, 2013. Adaptado.)


a) Identifique e caracterize a regionalização socioeconômica representada no mapa.

b) Descreva, em linhas gerais, os fluxos produtivos entre os dois grupos indicados no mapa.



Resolução

a) A regionalização socioeconômica representada no mapa é a Divisão Internacional do Trabalho (DIT) no século XX entre países ricos do Norte e países pobres do Sul. Essa divisão do mundo foi estabelecida na década de 90 com o final da Guerra Fria (Conflito Leste-Oeste); com a crise do socialismo e a extinção do chamado Segundo Mundo na divisão do mundo durante a Guerra Fria convencionou-se dividir o mundo em Norte rico e Sul pobre. Cabe salientar que essa é uma divisão muito superficial, pois o comércio internacional é muito complexo e que não corresponde aos hemisférios Norte e Sul, como podemos perceber na representação.

b) Os países pobres do Sul exportam matérias primas(commodities) e importam produtos industrializados e tecnologia. Os países ricos do Norte exportam produtos industriais e tecnologia e importam matérias primas. Esse comércio é, em linhas gerais, bastante lucrativo para os países ricos do Norte. Cabe ressaltar que após a II Guerra Mundial houve  a expansão das transnacionais para alguns países subdesenvolvidos que passaram também a exportar produtos industrializados. Com a Terceira Revolução Industrial e a fase financeira e informacional do capitalismo a partir da década de 70 do século XX houve a abertura dos mercados financeiros e uma maior complexidade nas relações internacionais. Surgem também os chamados países emergentes com destaque para o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que confirmam a complexidade do comércio internacional.

Questão 6 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Estrutura fundiária brasileira Principais indicadores sociais População brasileira

    A partir da Constituição de 1988, diante da frustração com relação às perspectivas de realização de ampla reforma agrária, uma das mudanças verificáveis nos conflitos em torno do controle territorial tem sido a busca de acionamento, cada vez mais intensa, de dispositivos legais que correspondam à garantia de realização de interesses de grupos sociais atingidos por iniciativas governamentais ou privadas. Na busca da manutenção do acesso e controle sobre territórios e recursos naturais, vários grupos sociais têm procurado identificar, na legislação brasileira, instrumentos que lhes facultem a permanência na terra.

(Horácio A. Sant’ana Júnior. “Projetos de desenvolvimento e a criação de reservas extrativistas”. In: Neide Esterci et al (orgs.). Territórios socioambientais em construção na Amazônia brasileira, 2014. Adaptado.)


a) Cite dois grupos sociais da Amazônia que lutam pelos seus direitos de permanência na terra.

b) Apresente dois motivos que justificam a permanência desses grupos sociais na terra.



Resolução

a) Populações indígenas e ribeirinhas (que vivem bem próximas aos rios) compõem duas das populações tradicionais da região Amazônica. Essas populações são caracterizadas por formas de exploração do solo com técnicas mais rudimentares. Normalmente sobrevivem de agricultura, extrativismo, criação de animais e artesanato e a organização econômica e social de cada uma dessas populações representa uma forma particular de gestão dos recursos oferecidos pela natureza. A existência desses povos está diretamente ligada à manutenção e preservação dos ambientes em que vivem. Cabe salientar também a luta dos quilombolas e dos assentados pela reforma agrária.

b) Os principais argumentos utilizados pelas comunidades tradicionais para defender a permanência na terra são o direito histórico à posse em função de que tais terras pertenciam aos seus antepassados e a necessidade de exploração dos recursos naturais que viabilizam a reprodução econômica e social do grupo, inclusive em sua dimensão cultural.

Questão 7 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Fatores climáticos Massas de ar (Climatologia) Atmosfera (Climatologia)

Circulação geral da atmosfera

ZCIT

(Zona de Convergência Intertropical)

(Fillipe T. P. Torres e Pedro J. O. Machado. Introdução à climatologia, 2011. Adaptado.)


a) Identifique as pressões atmosféricas nas latitudes 0º e 30º.

b) Explique a dinâmica da ZCIT e indique uma consequência de sua atuação.



Resolução

a) A latitute 0º corresponde à região da Linha do Equador, caracterizada pelo predomínio de baixas pressões atmosféricas ( área ciclonal) em função das altas temperaturas e umidade. O movimento do ar em áreas de baixa pressão é convergente e ascensional, o que favorece a formação  de chuvas.

Já as latitudes subtropicais, próximas à 30º, são áreas em que predominam as altas pressões atmosféricas (anticiclones) e isso favorece a diminuição da pluviosidade nesta faixa do Planeta, inclusive a maioria dos desertos estão localizados nessa região. O movimento do ar em anticiclones é de subsidência (descida) e divergente e tal padrão de movimento é o que favorece a diminuição da pluviosidade nestes locais.

b) A ZCIT, Zona de Convergência Intertropical, corresponde a uma faixa do planeta na qual ocorre a convergência dos ventos alísios de ambos hemisférios. Portanto, está relacionada à corrente ascendente da célula de Hadley (padrão de circulação atmosférica que ocorre entre as latitudes subtropicais e as proximidades da Linha do Equador).

Ao longo do ano a mudança das estações provoca alterações  na faixa do mundo onde ocorre a ZCIT, pois a sua formação está relacionada às altas temperaturas e umidade. Durante os equinócios (outono e primavera) a ZCIT está, aproximadamente , na Linha do Equador. Já em janeiro, verão do hemisfério sul, há um deslocamento desse fenômeno atmosférico em sentido ao sul do Equador, enquanto que em julho, o deslocamento ocorre em direção ao Hemisfério Norte (verão desse hemisfério).

Fonte:commons.wikimedia.org

A ZCIT configura-se numa área de baixa pressão atmosférica, logo, a principal consequência desse fenômeno é a formação de chuvas, que nesse caso é de padrão convectivo. Tais chuvas possuem grande relevância para as regiões do mundo afetadas por elas. 

Questão 8 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Problemas ambientais urbanos Conferências internacionais sobre meio ambiente

A imagem ilustra uma estrutura que atende às diretrizes do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), criado durante a Conferência de Kyoto, em 1997.

(www.rondonia.ro.gov.br, 15.04.2014. Adaptado.)


a) Identifique a estrutura esquematizada e cite um dos gases liberados pelo percolado.

b) Apresente a principal meta do MDL e cite outra medida, além da esquematizada, para alcançá-la.



Resolução

a) A estrutura esquematizada é a construção de um aterro sanitário. Os principais gases liberados pelo lixo são o metano e o gás carbônico. O aterro sanitário é uma estrutura que atende às diretrizes do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado durante a Conferência de Kyoto (1997) porque reduz os impactos do descarte inadequado dos resíduos sólidos (lixo) que é um dos principais problemas urbanos da atualidade. Grande parte do lixo ainda é descartado no Brasil em depósitos a céu aberto (lixões), o que agrava problemas ambientais (poluição) e sociais (catadores). A construção dos aterros, como ilustrado na imagem, minimiza esses impactos.

b) Os MDLs, conhecidos também como créditos de carbono, foram instrumentos que viabilizaram a implementação da 1ª fase do protocolo de Kyoto. A principal meta desse mecanismo é estimular ações que promovam o desenvolvimento sustentável em países emergentes e menos desenvolvidos visando a redução das emissoes de gases estufa. Quando o MDL é financiado por países desenvolvidos, esses países podem abater a redução conseguida das metas as quais eles  precisam atingir. Entre as medidas que podem alcançar as metas do MDLs, além dos aterros sanitários, estão: reflorestamento, investimentos em energias alternativas (renováveis e pouco poluentes) bem como projetos de eficiência energética.

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Marx Sociologia de Marx

Texto 1

    A distinção entre natureza e cultura leva em conta a maneira como o tempo se realiza: na natureza o tempo é repetição (o dia sempre sucede a noite, as estações do ano se sucedem sempre da mesma maneira etc.); o tempo da cultura é o da transformação (isto é, das mudanças nos costumes, nas leis, nas instituições sociais e políticas etc.). Para vários filósofos e historiadores, a cultura surge quando os homens produzem as primeiras transformações na natureza pela ação do trabalho.

(Marilena Chauí. Convite à filosofia, 2005. Adaptado.)

Texto 2

    Em que consiste, então, a alienação do trabalho? Primeiro, que o trabalho é externo ao trabalhador, isto é, não pertence ao seu ser, que ele não se afirma em seu trabalho, mas nega-se nele, que não se sente bem, mas infeliz, que não desenvolve nenhuma energia física e espiritual livre, mas mortifica seu físico e arruína o seu espírito. O trabalhador só se sente, por conseguinte e em primeiro lugar, junto a si quando está fora do trabalho, e fora de si quando está no trabalho. Ele está em casa quando não trabalha e, quando trabalha, não está em casa. O seu trabalho não é, portanto, um trabalho voluntário, mas forçado. O trabalho não é, por isso, a satisfação de uma carência, mas somente um meio de satisfazer necessidades fora dele.

(Karl Marx. Manuscritos econômico-filosóficos, 2008. Adaptado.)


a) Com base no texto 1, diferencie “tempo natural” e “tempo cultural”.

b) Como Karl Marx entende a alienação do trabalho? Relacione o conceito de alienação do trabalho à noção de “tempo cultural” apresentada no texto 1.



Resolução

a) O "tempo natural" é o tempo da natureza e portanto sua percepção centra-se naquilo que se repete: as estações do ano, a sucessão do dia pela noite. O "tempo cultural", por sua vez, é focado nas transformações, nas "mudanças nos costumes, nas leis, nas instituições sociais e políticas."   

b) Alienação do trabalho é o processo descrito por Karl Marx em que o trabalhador deixa de reconhecer-se no seu trabalho. Para Marx, "o trabalho é um processo em que o ser humano com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza". Se o "tempo cultural" se foca nas modificações, as transformações que interessam a ele são promovidas por aqueles que modificam a natureza, ou seja, aqueles que trabalham. No processo de alienação do trabalho, típico do capitalismo, o trabalhador não mais se identifica com os resultados do seu trabalho, se torna alguém externo a ele. Desta maneira, por conta deste processo, escapa à consciência daquele que trabalha que são suas ações que causam as modificações que podemos observar nos costumes, nas leis, nas intituições, ou seja, que são eles os principais agentes do "tempo cultural".  

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Escola de Frankfurt

Texto 1

    No sentido mais amplo do progresso do pensamento, o esclarecimento tem perseguido sempre o objetivo de livrar os homens do medo e de investi-los na posição de senhores. Mas a terra totalmente esclarecida resplandece sob o signo de uma calamidade triunfal. O programa do esclarecimento era o desencantamento do mundo. Sua meta era dissolver os mitos e substituir a imaginação pelo saber. Francis Bacon, “o pai da filosofia experimental”, capturou bem a mentalidade da ciência que se fez depois dele. O saber que é poder não conhece barreira alguma. O que os homens querem aprender da natureza é como empregá-la para dominar completamente a ela e aos homens. Nada mais importa.

(Theodor W. Adorno e Max Horkheimer. Dialética do esclarecimento, 1985. Adaptado.)

Texto 2

    A crise ambiental para a qual o modelo insustentável de desenvolvimento do ser humano conduziu a Terra tem facetas preocupantes: as mudanças climáticas ameaçadoras e transversais, a perda dramática de biodiversidade, a redução drástica da água doce disponível, a poluição letal do ar, a profusão de plásticos nos mares e oceanos, a pesca excessiva.

(Esther Sánchez e Manuel Planelles. “As mudanças sem precedentes necessárias para evitar uma catástrofe ambiental global”. https://brasil.elpais.com, 13.03.2019. Adaptado.)


a) Com base no texto 1, explique o que seria o “desencantamento do mundo” e o “programa do esclarecimento”.

b) Relacione o princípio da ciência moderna, presente no texto 1, com a “crise ambiental”, descrita no texto 2.



Resolução

a) O "desencantamento do mundo" (ou "desmagificação" do mundo) é o processo histórico descrito por Max Weber em que deixa de ter força na civilização ocidental a ideia de um mundo cheio de mistérios, permeado de forças ocultas que podem ser manipuladas pela magia. Nessa perspectva, tudo que existe pode chegar um dia a ser conhecido pela racionalidade humana. Caso se deseje modificar a realidade, essa modificação deve se dar pela aplicação do saber científico, não por procederes magicos ou religiosos. No texto 1, o conceito é descrito como "dissolver os mitos e substituir a imaginação pelo saber." O "programa do esclarecimento" é conhecer para poder "dominar completamente" a natureza e aos homens. Neste projeto, saber é poder, e este saber "não conhece barreira alguma".

b) Desde seus primórdios,  a ciência moderna se norteou pelo princípio de observar e conhecer a natureza, os seus mecanismos e seu funcionamento. É um princípio fundamental do saber científico a idea de que a razão humana é capaz de conhecer e explicar o mundo. Essa valorização da razão é parte importante do "esclarecimento" abordado pelo texto de Adorno e Horkheimer. Para os filósofos, há uma dimensão do  esclarecimento, que eles nomeiam "razão instrumental", que deseja conhecer e explicar por conta de uma motivação específica, que é "aprender da natureza (...) como empregá-la para dominar completamente a ela e aos homens" e investir os homens "da posição de senhores". Esta razão converte a natureza em algo que existe para servir aos desígnios humanos, que portanto pode ser modificada ou explorada ao bel-prazer de nossa espécie. A grave crise ambiental em que nos encontramos é reflexo desta matriz de pensamento, que não entende os seres humanos como parte do todo da natureza, mas sim como senhores destacados dela, que podem usá-la de forma ilimitada.