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Questão 9 Unesp 2020 - 2ª fase - dia 1 - Humanas, Natureza e Matemática

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Questão 9

Marx Sociologia de Marx

Texto 1

    A distinção entre natureza e cultura leva em conta a maneira como o tempo se realiza: na natureza o tempo é repetição (o dia sempre sucede a noite, as estações do ano se sucedem sempre da mesma maneira etc.); o tempo da cultura é o da transformação (isto é, das mudanças nos costumes, nas leis, nas instituições sociais e políticas etc.). Para vários filósofos e historiadores, a cultura surge quando os homens produzem as primeiras transformações na natureza pela ação do trabalho.

(Marilena Chauí. Convite à filosofia, 2005. Adaptado.)

Texto 2

    Em que consiste, então, a alienação do trabalho? Primeiro, que o trabalho é externo ao trabalhador, isto é, não pertence ao seu ser, que ele não se afirma em seu trabalho, mas nega-se nele, que não se sente bem, mas infeliz, que não desenvolve nenhuma energia física e espiritual livre, mas mortifica seu físico e arruína o seu espírito. O trabalhador só se sente, por conseguinte e em primeiro lugar, junto a si quando está fora do trabalho, e fora de si quando está no trabalho. Ele está em casa quando não trabalha e, quando trabalha, não está em casa. O seu trabalho não é, portanto, um trabalho voluntário, mas forçado. O trabalho não é, por isso, a satisfação de uma carência, mas somente um meio de satisfazer necessidades fora dele.

(Karl Marx. Manuscritos econômico-filosóficos, 2008. Adaptado.)


a) Com base no texto 1, diferencie “tempo natural” e “tempo cultural”.

b) Como Karl Marx entende a alienação do trabalho? Relacione o conceito de alienação do trabalho à noção de “tempo cultural” apresentada no texto 1.



Resolução

a) O "tempo natural" é o tempo da natureza e portanto sua percepção centra-se naquilo que se repete: as estações do ano, a sucessão do dia pela noite. O "tempo cultural", por sua vez, é focado nas transformações, nas "mudanças nos costumes, nas leis, nas instituições sociais e políticas."   

b) Alienação do trabalho é o processo descrito por Karl Marx em que o trabalhador deixa de reconhecer-se no seu trabalho. Para Marx, "o trabalho é um processo em que o ser humano com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza". Se o "tempo cultural" se foca nas modificações, as transformações que interessam a ele são promovidas por aqueles que modificam a natureza, ou seja, aqueles que trabalham. No processo de alienação do trabalho, típico do capitalismo, o trabalhador não mais se identifica com os resultados do seu trabalho, se torna alguém externo a ele. Desta maneira, por conta deste processo, escapa à consciência daquele que trabalha que são suas ações que causam as modificações que podemos observar nos costumes, nas leis, nas intituições, ou seja, que são eles os principais agentes do "tempo cultural".