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Questão 1 Unesp 2020 - 2ª fase - dia 1 - Humanas, Natureza e Matemática

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Questão 1

Pré-História do Brasil Teorias sobre a chegada do homem à América

Luzia, com cerca de 12500 anos, é o fóssil humano mais antigo encontrado no território do atual Brasil.

A imagem 1 mostra a reconstituição virtual de sua cabeça, realizada em 1999.

A imagem 2 mostra a reconstituição virtual de sua cabeça, realizada em 2018, após estudos mais recentes.

(https://oglobo.globo.com)


a) Defina o que é um fóssil. O que significa “cultura material”?

b) Considerando as imagens, cite uma informação que foi obtida pelos pesquisadores a partir do estudo do fóssil de Luzia. Mencione uma limitação desse tipo de estudo.



Resolução

a) Fósseis são restos ou vestígios de animais e vegetais que permanecem preservados em rochas sedimentares. O conceito de cultura material está relacionado às produções feitas a partir da atuação do homem no meio físico, sendo essa confecção moldada segundo propósitos e normas culturais. Os objetos que fazem parte da cultura material são componentes de produção e reprodução da vida social de determinado grupo humano. A cultura material pode portanto abranger artefatos, estruturas, modificações da paisagem e até o próprio corpo. 

b) A partir das imagens, podemos considerar que uma das informações obtidas pelos pesquisadores a partir do estudo do fóssil é que ela não possuía  traços africanos - que foram alterados na segunda reconstituição, o que pode ser observado na mudança do formato do nariz, da boca e da estrutura óssea, esta assume um formato mais ovalado. Dessa forma, a reconstituição virtual de sua cabeça realizada em 2018 contraria a tese de povoamento do continente a partir de uma onda migratória proveniente da África. Esse tipo de estudos assume diversas limitações pois é baseado no DNA fóssil, enfrentando problemas na coleta arqueológica para a extração do material genético, na conservação dos fósseis, problemas de armazenamento e desgastes naturais. No caso do crânio de Luzia, por exemplo, este estava exposto no Museu Nacional do Rio Janeiro, instituição que foi consumida por um incêndio. Devido a isso, o DNA extraído de partes do crânio de Luzia foi fragmentado pelas altas temperaturas, dificultando o estudo. 

Nota: A primeira reconstituição facial de Luzia foi realizada na década de 1990 pelo especialista britânico Richard Neave. Esse formato foi baseado na teoria do professor Walter Neves da USP, segundo o qual, o povo de Luzia teria chegado à América antes dos ancestrais dos povos indígenas atuais. Essa primeira leva migratória teria pontanto características africanas ou dos aborígenes australianos. 
A segunda reconstituição foi realizada recentemente pela especialista Caroline Wilkinson, da Liverpool John Moores University, na Inglaterra. A investigação a partir de DNA fóssil que confirmou a existência de um único grupo populacional ancestral de todas as etnias americanas. Esse novo rosto foi feito a partir de dados arqueogenéricos e consideram que todas as populações da América descendem de uma única população que teria chegado ao Novo Mundo pelo Estreito de Bering há cerca de 20 mil anos. Os descendentes da corrente migratória ancestral que chegou pela América do Norte se diversificaram em duas linhagens há cerca de 16 mil anos e se dividiram em levas consecutivas e distintas que povoaram o Panamá e a América do Sul. A partir do DNA os pesquisadores atestam a afinidade dessa corrente migratória com povos da Sibéria e do norte da China.