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Unesp 2020 - 2ª fase - dia 1 - Humanas, Natureza e Matemática


Questão 11 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Kant (FSH)

Texto 1

A Estética sob o aspecto de mera “ciência da sensibilidade” chega ao seu fim no século XX e é progressivamente substituída por um discurso que conjuga racionalidade e afetividade. Agora será preciso tentar compreender aisthesis não mais através da dicotomia tradicional entre senso (razão) e sensível (afetividade), mas como uma experiência simultânea de percepção sensível e percepção de sentido (racional).

(Charles Feitosa. Explicando a filosofia com arte, 2004. Adaptado.)

Texto 2

Inicialmente Kant opera com o termo estética na Crítica da razão pura segundo o significado de conhecimento sensível, no campo da teoria do conhecimento. Nessa obra, a estética designa uma importante parte da teoria do conhecimento. Segundo Kant, “sem sensibilidade nenhum objeto nos seria dado, e sem entendimento nenhum objeto seria pensado. Pensamentos sem conteúdo são vazios, intuições sem conceito são cegas”. O conhecimento possui duas partes.

(Marco Aurélio Werle. “O lugar de Kant na fundamentação da estética como disciplina filosófica”. In: Doispontos, vol. 2, no 2, outubro de 2005. Adaptado.)


a) Qual o principal objeto de investigação filosófica da disciplina Estética? Por que a Estética é tradicionalmente associada à sensibilidade?

b) De acordo com o texto 2, quais são as “duas partes” do conhecimento? Qual a importância da estética na produção do conhecimento?



Resolução

a) A Estética é o campo de discussão filosófica geralmente associado às discussões sobre o belo. Desta forma, ela se desenvolve em torno de  explicitar os critérios pelos quais julgamos a aparência das coisas, ou seja, como formulamos juízos favoráveis ou desfavoráveis a partir do que se apresenta  aos nossos sentidos. Assim, faz parte da história do pensamento que seja associada à sensibilidade, ou seja, à faculdade de recepção das impressões dos sentidos.

b) Segundo o texto 2, as duas partes do conhecimento são a sensibilidade e o entendimento. A estética investiga justamente a faculdade da sensibilidade, que é responsável por oferecer objetos ao pensamento.

Questão 12 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Platão Filosofia Medieval (FSH)

    Uma questão que acompanha todo o pensamento medieval, e é um foco permanente de tensão na filosofia cristã durante esse período, constitui o que ficou conhecido por “conflito entre razão e fé”. Mesmo os defensores da importância da filosofia grega admitirão que os ensinamentos dos textos sagrados têm precedência e, portanto, só podem ser aceitas doutrinas filosóficas compatíveis com esses ensinamentos. Podemos dizer que a leitura que os primeiros pensadores cristãos fazem da filosofia grega é sempre altamente seletiva, tomando aquilo que consideram compatível com o cristianismo enquanto religião revelada. Portanto, o critério de adoção de doutrinas e conceitos filosóficos é, em geral, determinado por sua relação com os ensinamentos da religião. Nesse sentido, privilegia-se sobretudo a metafísica platônica, com seu dualismo entre mundo espiritual e material.

(Danilo Marcondes. Iniciação à história da filosofia, 2004. Adaptado.)


a) Qual o nome da teoria dualista formulada por Platão, indicada no texto? Explique essa teoria.

b) Em que consiste o conflito entre razão e fé, no período medieval, abordado pelo texto? Explique como esse conflito contribuiu para a “seleção” do dualismo platônico pelos primeiros pensadores cristãos.

 



Resolução

a) O texto faz referência à Teoria das Ideias (ou das Formas) de Platão. Para o filósofo existiria um mundo sensível, apreensível pelos sentidos, composto de formas ilusórias, imperfeitas e mutáveis, e um mundo inteligível, composto das versões verdadeiras, perfeitas e eternas das formas presentes no mundo sensível. Essas versões perfeitas seriam as Ideias. A prática da filosofia visa conhecer as Ideias através da dialética. 

b) O conflito citado entre razão e fé é um dos problemas centrais da filosofia no período medieval. A filosofia surge no mundo grego antigo como iniciativa de explicação do mundo e da natureza através da racionalidade. Assim, para os filósofos gregos é a razão quem guia a reflexão filosófica. Na Idade Média, com a hegemonia da visão de mundo cristã no Ocidente, essa posição passou a ser tensionada. Seriam a fé e a razão apenas formas diferentes de atingir a verdade? Se a fé e a razão levassem a conclusões diferentes, como resolver o conflito? Os pensadores cristãos medievais precisavam lidar com o fato de que, para o cristianismo, a fé e o conhecimento que vem das Escrituras teriam sempre prioridade em relação à razão e às reflexões da filosofia antiga. Podemos citar como exemplo extremo disso a teoria da Iluminação Divina de Santo Agostinho, para quem a razão nem sequer é possível sem a existência anterior da fé. Platão entendia existir uma realidade material, atrelada aos sentidos, ilusória e falsa, que precisava ser abandonada para que se chegasse à verdade perfeita, eterna e imutável. Esta dualidade entre uma existência material e imperfeita e uma realidade perfeita e eterna é facilmente associável às divisões cristãs entre carne e espírito, humano e divino. Portanto, o pensamento de Platão podia ser lido de maneira a corroborar com a  visão de mundo cristã, reforçando assim a percepção medieval que o conhecimento racional devia servir aos preceitos apontados pela fé. 

 

Questão 13 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Fermentação Alcoólica Fotossíntese Ciclo do Carbono

    O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, que, hoje, é o insumo básico de uma ampla variedade de produtos e serviços de valor agregado, como o etanol e a bioeletricidade. A principal atratividade do etanol é o grande benefício para o meio ambiente: estima-se que, em substituição à gasolina, seja possível evitar até 90% das emissões de gases do efeito estufa. Já a bioeletricidade, mais novo e importante produto do setor sucroenergético, é produzida a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar, permitindo o aproveitamento desses resíduos para a geração de energia.

(www.unica.com.br. Adaptado.)


a) Uma das razões pelas quais a combustão do etanol é benéfica ao meio ambiente é o fato de ele ser obtido de fonte renovável. Explique por que a queima de um combustível de fonte renovável, como o etanol, em comparação à queima de combustíveis fósseis, contribui para uma menor concentração de CO2 na atmosfera. Justifique se a produção de bioeletricidade a partir da utilização da palha e do bagaço da cana-de-açúcar aumenta ou diminui essa concentração de CO2 na atmosfera.

b) Nas usinas, a cana-de-açúcar é moída para a extração do caldo de cana, ou garapa, matéria-prima para a síntese do etanol. Que processo biológico resulta na síntese desse combustível a partir da garapa? Além do etanol, que gás é produzido ao longo desse processo?



Resolução

a) O etanol (C2H5OH) é um dos produtos da fermentação alcoólica feita a partir da glicose, um monossacarídeo formado pela fotossíntese, processo que promove a fixação do CO2 da atmosfera pela ação da enzima RuBisCO. Portanto, quando o etanol é utilizado como combustível, há a devolução de CO2 para a atmosfera. Diferentemente da combustão do etanol, quando a combustão é feita a partir de combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural), há a liberação de CO2 a partir de moléculas orgânicas que estavam aprisionadas no subsolo há milhões de anos, o que contribui significativamente para o aumento da concentração desse gás na atmosfera atual. Assim, o uso de etanol como combustível devolve o CO2 que havia sido removido da atmosfera há pouco tempo, visto que o ciclo do carbono no cultivo de cana-de-açúcar é bem mais curto do que o ciclo do carbono na formação de combustíveis fósseis.

A palha e o bagaço da cana-de-açúcar podem ser usados para a geração de bioeletricidade, uma vez que essas estruturas vegetais são combustíveis orgânicos ricos em celulose, polissacarídeo estrutural constituído por muitas moléculas de glicose unidas por ligações β (1 → 4). Quando a celulose é queimada, libera-se a energia armazenada nas ligações glicosídicas desse polissacarídeo na forma de calor, que é empregado para aquecer a água em caldeiras industriais, cujo vapor liberado é utilizado para movimentar turbinas que geram energia elétrica. Considerando o que foi solicitado na segunda parte da alternativa a, ou seja, se haverá aumento ou diminuição do CO2, entendemos que essa queima libera, além de energia, gás carbônico (CO2), o que aumenta a concentração desse gás na atmosfera. Porém, analisando-se o processo de forma global, como o carbono contido na celulose foi obtido do gás carbônico presente na atmosfera, durante a queima da palha e do bagaço, esse carbono é apenas devolvido à atmosfera, de onde será novamente retirado por outras plantas durante o processo de fotossíntese. Assim sendo, a concentração de CO2 na atmosfera tende a permanecer constante, uma vez que o carbono acrescentado pela combustão é o mesmo carbono que foi retirado da atmosfera pela fotossíntese meses antes. Caso a bioeletricidade venha a substituir a geração de energia elétrica a partir da queima de combustíveis fósseis (como, por exemplo, em usinas termelétricas), então deixa-se de acrescentar carbono extra à atmosfera, o que contribui para uma menor concentração de CO2 no ar a longo prazo.

b) O caldo de cana ou garapa é originado a partir da compactação do caule da cana-de-açúcar que, ao ser esmagado, libera a seiva elaborada que estava contida em seus vasos condutores. O teor adocicado desta bebida é garantido, principalmente, pela sacarose presente na seiva elaborada contida nos vasos condutores do floema. A sacarose é um dissacarídeo que contém, em sua composição, a glicose que será oxidada pelo processo de fermentação alcoólica realizado por organismos como as leveduras (pertencentes ao reino Fungi). A fermentação é um processo citoplasmático simples que independe da presença de gás Oe promove a oxidação parcial das moléculas de glicose, resultando em um saldo de 2 moléculas de ATP por molécula de glicose oxidada. A equação resumida da fermentação alcoólica é dada abaixo:

glicose  2 etanol + 2 dióxido de carbono

ou, mais especificamente,

C6H12O6  2 C2H5OH + 2 CO2

Munidos destas informações, pode-se afirmar que o processo biológico que origina o etanol é a fermentação alcoólica e que, além do etanol, o gás formado neste processo é o CO2 (gás carbônico).

Questão 14 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Cariótipo Fases da Mitose

As figuras de 1 a 3 apresentam os conjuntos cromossômicos (cariótipos) de machos de três espécies de mamíferos: Homo sapiens (homem), Canis familiaris (cão) e Felis catus (gato), não necessariamente nessa ordem. As figuras 4 e 5 apresentam, respectivamente, os cariótipos de machos de Bos taurus (boi) e de Capra hircus (bode). Para a elaboração de cariótipos, os cromossomos em metáfase são fotografados e organizados lado a lado, segundo seus pares homólogos. Nessa sequência (de 1 a 5), os cariótipos estão em escalas diferentes.

a) Sabendo-se que o gato tem um número cromossômico menor que o do cão, qual o número diploide do Homo sapiens, do Canis familiaris e do Felis catus, respectivamente? Cite uma característica, evidente nos cariótipos, que permite afirmar que os cromossomos apresentados são metafásicos.

b) As espécies Bos taurus e Capra hircus apresentam cariótipos muito parecidos, com a mesma ploidia e, à exceção do cromossomo X, têm cromossomos de mesma morfologia. Como se explica o fato de conjuntos cromossômicos tão semelhantes determinarem características fenotípicas tão diferentes quanto aquelas que distinguem os bois dos bodes?



Resolução

Para responder à esta questão, primeiramente, o aluno deve atentar à leitura do enunciado: os cariótipos de 1 a 3 são referentes à espécie humana, cães e gatos. Sabendo que a espécie humana possui cariótipo diploide formado por 46 cromossomos, sendo 22 pares de cromossomos autossômicos e um par de cromossomos sexuais, é possível identificar o cariótipo da figura 2 como pertencente à espécie humana, afinal é o único cariótipo formado por 46 cromossomos, ou seja, 23 pares. Sendo a figura 2 correspondente à espécie humana, as figuras 1 e 3 são referentes ao gato e cão, o que pode ser identificado a partir de informações adicionais fornecidas pelo enunciado. O texto afirma que o gato possui número cromossômico menor que o do cão, logo, pode-se concluir que o cariótipo do gato é representado na figura 3, enquanto o cariótipo do cão é representado na figura 1. Cientes destas observações e conclusões, os itens podem ser respondidos.

a) Homo sapiens – identificado pela figura 2 – possui número diploide igual a 46, ou seja, 2n = 46. A célula somática representada possui dois conjuntos cromossômicos de 23 cromossomos, totalizando 46 cromossomos. É importante ressaltar que, embora não sejam identificados através de números, os cromossomos sexuais X e Y, típicos da caracterização sexual de mamíferos, também devem ser contabilizados na determinação do número diploide. Assim, embora a imagem mostre cromossomos identificados até o número 22, os cromossomos sexuais correspondem ao 23º par cromossômico.

Canis familiaris – identificado pela figura 1 – possui número diploide igual a 78, ou seja, 2n = 78. A célula somática representada possui dois conjuntos cromossômicos de 39 cromossomos, totalizando 78 cromossomos.

Felis catus – identificado pela figura 3 – possui número diploide igual a 38, ou seja, 2n = 38. A célula somática representada possui dois conjuntos cromossômicos de 19 cromossomos, totalizando 38 cromossomos.  

As divisões celulares são divididas em fases identificadas como prófase, metáfase, anáfase e telófase. A metáfase é a segunda fase da divisão celular caracterizada pelo posicionamento dos cromossomos na placa equatorial (ou seja, na porção mediana na célula) e pelo máximo grau de condensação apresentado pelos cromossomos. Assim, o cromossomo metafásico é caracterizado por ser aquele com maior nível de compactação da cromatina, o que torna os cromossomos mais fáceis de serem analisados, pois estão estruturalmente bem delimitados e definidos.

Antes de qualquer divisão celular, a célula se encontra em interfase, caracterizada pela presença de núcleo bem definido e material genético na forma de cromatina, uma massa difusa, sem formato definido, composta de DNA e proteínas, como as histonas. Ao iniciar a divisão celular, o envoltório nuclear é desfeito e a cromatina sofre compactação de modo progressivo, sendo que o máximo grau de compactação é atingido na segunda fase, a metáfase. A imagem a seguir, mostra esquematicamente, como ocorre a progressiva organização e compactação da cromatina.

Imagem: Lopes, Sônia. BIO 3: Conect live. 3. Ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

b) Cromossomos são unidades individualizadas e compactadas de cromatina, e, portanto, um cromossomo é formado por DNA e proteínas. Alguns trechos de DNA codificam proteínas ou outras moléculas como RNAt, e à estes trechos dá-se o nome de “genes”. Um gene consiste em um segmento de sequência de bases nitrogenadas de DNA capaz de codificar a produção de um determinado produto detectável, como por exemplo, as proteínas que determinam fenótipos. Assim sendo, um cromossomo é formado por inúmeros genes de dimensões submicroscópicas, não detectáveis pela metodologia empregada no exercício. Com base nas imagens fornecidas pelo exercício, os cariótipos são formados por cromossomos morfologicamente semelhantes, porém, os tipos e a sequência de genes que formam estes cromossomos são distintos, uma vez que os animais são de espécies diferentes. Outro ponto importante a ser considerado é o fato de que mesmo que alguns genes sejam compartilhados entre bois e cabras, a expressão destes genes pode diferir nas espécies em questão: um gene pode estar ativo em uma espécie e inativo em outra, contribuindo também para caracterização de fenótipos diferentes. Um último aspecto que vale ser mencionado é que, além de genes, os cromossomos também possuem sequências de DNA não codificantes, que embora não sejam detectáveis pela imagem, podem divergir entre as espécies. Portanto, mesmo sendo morfologicamente semelhantes, do ponto de vista molecular, os cromossomos são formados por sequências de bases diferentes, genes diferentes, além de apresentar expressão gênica diferencial e proporção de DNA não codificante distintas.

Questão 15 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Protozooses Doenças (Bactérias) Artrópoda Interpretação de cladogramas

Os artrópodes apresentados nas imagens de 1 a 4 são os vetores da doença de Chagas, da peste bubônica, da leishmaniose e da febre maculosa, não necessariamente nessa ordem

No cladograma, as letras A, B, C e D representam as relações filogenéticas entre os artrópodes das figuras, não necessariamente na mesma ordem em que aparecem nas imagens.

a) Quais imagens apresentam, respectivamente, os artrópodes vetores da doença de Chagas, da peste bubônica, da leishmaniose e da febre maculosa? Qual dessas doenças não é transmitida pela picada do respectivo vetor?

b) Sabendo que, no cladograma apresentado, a letra B corresponde ao artrópode representado na figura 3, a quais números correspondem, respectivamente, as letras A, C e D? Considerando as classes taxonômicas às quais pertencem as espécies de artrópodes apresentadas nas imagens, justifique a posição da espécie representada pela letra A no cladograma.



Resolução

a) As quatro imagens mostradas na questão representam artrópodes (filo Arthropoda) vetores de quatro importantes doenças humanas:

  • A imagem 1 representa o carrapato-estrela (Amblyomma cajennense), artrópode da classe Arachnida (subclasse Acari) e vetor da febre maculosa.
  • A imagem 2 representa uma pulga, artrópode da classe Insecta (ordem Siphonaptera) e vetor da peste bubônica.
  • A imagem 3 representa o barbeiro (Triatoma infestans), artrópode da classe Insecta (ordem Hemiptera) e vetor da doença de Chagas.
  • A imagem 4 representa o mosquito-palha (Lutzomyia longipalpis), artrópode da classe Insecta (ordem Diptera) e vetor da leishmaniose.

A febre maculosa é transmitida pela picada do carrapato-estrela, o qual inocula a bactéria da espécie Rickettsia rickettsii na corrente sanguínea do hospedeiro. Essa doença causa sintomas como febre, dor de cabeça intensa, vômito, dor muscular e manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos. Ela pode ser evitada adotando-se medidas que impeçam a picada do carrapato, como usar roupas claras e que cubram todo o corpo, evitar andar em locais com vegetação alta e uso de repelentes.

A peste bubônica é transmitida pela picada de pulgas, as quais inoculam a bactéria da espécie Yersinia pestis na corrente sanguínea do hospedeiro. Essa doença causa sintomas semelhantes aos da gripe, como febre, dor de cabeça e vômito, podendo ser evitada pela adoção de medidas de saúde pública, como não manusear animais mortos em áreas onde a doença é comum.

A doença de Chagas é transmitida pelas fezes do barbeiro, as quais contêm o protozoário flagelado da espécie Trypanosoma cruzi. O inseto barbeiro pica as pessoas geralmente na face, onde também deposita suas fezes. O ato de coçar o rosto acaba conduzindo as fezes do barbeiro para a lesão da picada ou para a conjuntiva ocular, de onde o protozoário atinge a corrente sanguínea. A doença de Chagas causa sintomas como febre e linfonodos inchados (fase aguda) e aumento do coração, esôfago e intestino grosso (fase crônica). Ela pode ser evitada pelo uso de inseticidas para combater o vetor, pela construção de casas alvenaria e pelo uso de repelentes e mosquiteiros nas camas.

A leishmaniose é transmitida pela picada do mosquito-palha, o qual inocula o protozoário flagelado da espécie Leishmania braziliensis (leishmaniose tegumentar americana) ou das espécies L. donovani, L. infantum e L. chagasi (leishmaniose visceral) na corrente sanguínea do hospedeiro. A leishmaniose causa sintomas como úlceras na pele (forma cutânea), úlceras nas mucosas das vias aéreas superiores (forma mucocutânea) e febre, hepatoesplenomegalia, diarreia, perda de peso, fraqueza e anemia (forma visceral). Essa doença pode ser evitada pelo combate ao vetor, pelo uso de repelentes e mosquiteiros, evitando se expor nos horários de maior atividade do vetor e vacinando ou tratando os cães domésticos.

Portanto, das doenças indicadas na questão, somente a doença de Chagas não é transmitida pela picada do respectivo vetor.

b) Se a letra B corresponde ao artrópode representado na figura 3, as imagens que correspondem, respectivamente, as letras A, C e D são 1, 2 e 4 ou 1, 4 e 2, pois é possível que as letras C e D sejam ocupadas tanto pela pulga quanto pelo mosquito-palha, mantendo-se assim a mesma hipótese de relação de parentesco (Figura 1)

Figura 1: cladograma que representa as relações de parentesco evolutivo entre os vetores da doença de Chagas, da peste bubônica, da leishmaniose e da febre maculosa.

Como o inseto barbeiro corresponde à letra B, os outros dois insetos vetores representados nas figuras (Imagem 2 e Imagem 4) devem corresponder às letras C e D. Isso se justifica porque os grupos C e D compartilham com o grupo B um ancestral comum mais recente do que aquele compartilhado com o grupo A. Portanto, pode-se afirmar que os grupos B, C e D compartilham entre si um maior número de sinapomorfias e, assim, possuem um parentesco evolutivo mais próximo.

O artrópode que corresponde à letra A é o carrapato-estrela, pois, sendo o grupo A o táxon basal do cladograma, ou seja, o táxon que se separa primeiro do tronco evolutivo principal, ele é filogeneticamente menos próximo dos demais grupos (B, C e D). Isso se justifica porque o carrapato-estrela é um aracnídeo (subfilo Chelicerata), enquanto o barbeiro, a pulga e o mosquito-palha são insetos (subfilo Hexapoda). Podemos relacionar o cladograma mostrado na questão com o cladograma que representa a hipótese mais aceita atualmente para as relações de parentesco evolutivo entre os artrópodes (Figura 2).

Figura 2: Cladograma que representa as relações de parentesco evolutivo do filo Arthropoda.

Questão 16 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Ligações Químicas Sólidos moleculares, covalentes, iônicos e metálicos Reações Inorgânicas

Em quatro tubos de ensaio contendo iguais volumes de soluções aquosas ácidas de HCl com mesma concentração em mol/L, foram acrescentadas iguais quantidades, em mol, de quatro substâncias diferentes, sob forma de pó, como ilustra a imagem.

Em cada tubo houve reação química, evidenciada pela produção de gás e pelo desaparecimento total do sólido.

a) Classifique as substâncias sólidas acrescentadas aos tubos de ensaio de acordo com os seguintes critérios:

• aquelas que são boas condutoras de eletricidade.
• aquelas que apresentam ligações covalentes.

b) Em qual dos tubos houve produção de maior volume de gás? Justifique sua resposta.



Resolução

a) Para que uma sistema apresente condutividade elétrica é necessário que haja cargas livres se movimentando. Considerando os sólidos apresentados, os metais magnésio e alumínio são bons condutores de eletricidade, visto que a estrutura molecular da ligação metálica consiste em um átomo fixo com elétrons de valência deslocalizados (mar de elétrons), isto é, movimentando-se livremente, conforme a representação a seguir:

(https://s3-us-west-2.amazonaws.com/courses-images/wp-content/uploads/sites/752/2016/09/26194950/cizwibqlq1ekvk6xr0d5.png acessado em 15/12/2019 às 19:50).

Os compostos NaHCO3 e MgCO3 são iônicos e suas estruturas cristalinas consistem em cátions e ânions intercalados e em posições fixas, portanto, não são capazes de conduzir corrente elétrica neste estado de agregação.

Apesar dos compostos apresentarem ligação metálica (Mg e Al) e ligação iônica (NaHCO3 e MgCO3), temos a presença de ligação covalente no ânion de cada um dos compostos iônicos. Fazendo a dissociação dos compostos identificamos os ânions hidrogenocarbonato (HCO3-) e carbonato (CO32-):

NaHCO3 → Na+ + HCO3-

MgCO3 → Mg+ + CO32-

Tais ânions são formados pela ligação entre ametais, que por terem pouca diferença de eletronegatividade estabelecem ligação covalente. A fórmula estrutural de ambos os ânions com as respectivas ligações covalentes representadas por traços são:

Sendo assim, os compostos NaHCO3 e MgCO3 apresentam ligações covalentes em suas estruturas.

b) Nos tubos de ensaio 1 e 2 temos a reação de um metal com ácido, portanto, caracteriza uma reação de deslocamento entre o íon hidrogênio e o metal, sendo que o primeiro reduzirá para gás hidrogênio (H2), ao passo que o segundo oxidará formando um sal.

Já nos tubos 3 e 4 teremos uma reação de dupla troca que ocorrerá devido a formação de um ácido fraco, o H2CO3 (vide reações a seguir), o qual possui um equilíbrio de decomposição que gera o gás carbônico que sairá do sistema. Equacionando genericamente cada uma das reações e considerando uma mesma quantidade n para os reagentes temos:

Tubo 1:  n Mg(s) + 2n HCl(aq)n MgCl2(aq)+n H2(g)

Tubo 2: n Al(s) + 3n HCl(aq)n  AlCl3(aq)+3n2 H2(g)

Tubo 3: n NaHCO3 (s) +n HCl(aq)n NaCl + n H2O(l) +n CO2(g)

Tubo 4: n MgCO3 (s) +2n HCl(aq)n MgCl2(aq) + n H2O(l) +n CO2(g)

Pela análise das equações químicas podemos concluir que o tubo de ensaio 2 liberou mais gás, pois para cada n mols da sustância houve liberação de 1,5n mols de gás, enquanto que para os demais a proporção foi de n mols da substância para n mols de gás.

 

Questão 17 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Fracionamento Fórmulas Químicas Radioatividade

Parte das areias das praias do litoral sul do Espírito Santo é conhecida pelos depósitos minerais contendo radioisótopos na estrutura cristalina. A inspeção visual, por meio de lupa, de amostras dessas areias revela serem constituídas basicamente de misturas de duas frações: uma, em maior quantidade, com grãos irregulares variando de amarelo escuro a translúcido, que podem ser atribuídos à ocorrência de quartzo, silicatos agregados e monazitas; e outra, com grãos bem mais escuros, facilmente atraídos por um ímã, contendo óxidos de ferro magnéticos associados a minerais não magnéticos.

As fórmulas químicas das monazitas presentes nessas areias foram estimadas a partir dos teores elementares de terras raras e tório e são compatíveis com a fórmula Ce3+ 0,494La3+ 0,24Nd3+ 0,20Th4+ 0,05(PO4 3– ).

(Flávia dos Santos Coelho et al. “Óxidos de ferro e monazita de areias de praias do Espírito Santo”. Química Nova, vol. 28, n° 2, março/abril de 2005. Adaptado.)


a) Qual o nome do processo de separação de misturas utilizado para separar as partes escuras das claras da areia monazítica? Com base na fórmula química apresentada, demonstre que a monazita é eletricamente neutra.

b) O principal responsável pela radioatividade da areia monazítica é o tório-232, um emissor de partículas alfa. Escreva a equação que representa essa emissão e calcule o número de nêutrons do nuclídeo formado.



Resolução

A) O nome do processo utilizado para separar as partes escuras (óxidos de ferro magnéticos associados a minerais não magnéticos) das partes claras (quartzo, silicatos agregados e monazitas) é separação magnética, que consiste na separação de uma mistura heterogênea (geralmente de sólidos) sendo que um dos sólidos presentes é atraído por um imã.

Considerando a carga elétrica de cada íon e as quantidades de cada um dos íons presentes de acordo com a fórmula química fornecida no enunciado, temos:

Carga positiva total:(+3)·0,494 Ce+(+3)·0,24La+(+3)·0,20Nd+(+4)·0,05Th+3

Carga negativa total: (-3)·1PO43-=-3

Portanto, a soma das cargas positivas e negativas é zero, indicando que a monazita é eletricamente neutra.

B) Na emissão de uma partícula alfa, o número de massa do nuclídeo emissor diminui em 4 unidades e seu número atômico diminui em 2 unidades. Logo, a equação que representa a emissão de uma partícula alfa pelo decaimento radioativo do tório-232 é a seguinte:

T90232hR88228a+α24

O número de massa (A) é a soma do número atômico (Z) com o número de nêutrons (N). Assim, podemos calcular o número de nêutrons do nuclídeo formado:

A=Z+NN=A-ZN=228-88N=140

Questão 18 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Isomeria Óptica Aminas e Amidas Relação Mol - Massa Cálculo com constante de Avogadro Reações de Ácidos Carboxílicos

A melatonina (massa molar = 232 g/mol) é um hormônio produzido pela glândula pineal, conhecido como “hormônio da escuridão” ou “hormônio do sono”. A biossíntese desse hormônio se dá a partir do triptofano, que se transforma em serotonina, e esta em melatonina. Essas transformações ocorrem por ação de enzimas.

A produção diária de melatonina no organismo humano tem um ritmo sincronizado com o ciclo de iluminação ambiental característico do dia e da noite, de modo que o pico de produção ocorre durante a noite. O gráfico ilustra a concentração de melatonina no plasma, em diferentes horários do dia e da noite.

(Josephine Arendt. “Melatonin”. Journal of Biological Rhythms, agosto de 2005. Adaptado.)

a) Identifique na fórmula do triptofano, reproduzida no campo de Resolução e Resposta, o átomo de carbono quiral e a função amina primária. Considerando a sequência da biossíntese da melatonina, identifique em qual transformação ocorre descarboxilação.

b) Considerando o gráfico e sabendo que 1 pg = 10–12 g, calcule a quantidade em mol e o número de moléculas de melatonina presentes em cada mL de plasma humano às 8 horas da manhã.

 

FOLHA DE RESPOSTA:



Resolução

a) O carbono quiral é o átomo de carbono que faz quatro ligações simples e está ligado a quatro grupos diferentes. Ele está identificado na estrutura do triptofano (representada mais abaixo) por um asterisco vermelho.

As aminas podem ser caracterizadas como compostos orgânicos derivados da amônia (NH3), nas quais os hidrogênios foram substituídos por cadeias carbônicas. Uma amina é caracterizada como primária quando apenas um dos hidrogênios da amônia é substituído por uma cadeia carbônica; numa amina secundária, dois hidrogênios são substituídos por duas cadeias carbônicas; e numa amina terciária, os três hidrogênios são substituídos por cadeias carbônicas. A função amina primária está identificada na fórmula estrutural do triptofano pelo círculo vermelho.

A descarboxilação consiste na remoção de um grupo carboxílico na forma de CO2. Podemos notar que o grupo carboxílico do triptofano, destacado pelo círculo azul, é removido quando a molécula de triptofano é transformada em serotonina, como mostrado a seguir:

 

b) Como podemos observar pelo gráfico, às 8 horas da manhã, a concentração de melatonina no plasma é 25 pg/mL:

Considerando a massa molar da melatonina, podemos calcular a quantidade de mol de melatonina presente em 25 pg:

1 mol de melatonina232 g de melatoninan25·10-12 g de melatonina 

n1,08·10-13 mol de melatonina

Agora, utilizando a constante de Avogadro, obtemos o número de moléculas de melatonina:

232 g de melatonina6·1023 moléculas de melatonina25·10-12 g de melatoninaN 

N6,5·1010 moléculas de melatonina

Questão 19 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Estática Equilíbrio de Corpos Extensos

Para montar a fachada de seu restaurante, o proprietário considera duas maneiras diferentes de prender uma placa na entrada, conforme as figuras 1 e 2. Nas duas maneiras, uma mesma placa de 4 m de comprimento e massa de 30 kg será presa a uma haste rígida de massa desprezível e de 6 m de comprimento, que será mantida em equilíbrio, na posição horizontal. Na situação da figura 1, a haste é presa a uma parede vertical por uma articulação A, de dimensões desprezíveis, e por um fio ideal vertical, fixo em uma marquise horizontal, no ponto B. Na situação da figura 2, a haste é presa à parede vertical pela mesma articulação A e por um fio ideal, preso no ponto C dessa parede.

Considerando g = 10 m/s2,

a) represente as forças que atuam na haste e calcule a intensidade, em N, da força de tração no fio que prende a haste à marquise, na situação da figura 1.

b) calcule a intensidade, em N, da força aplicada pela articulação sobre a haste, na situação da figura 2.



Resolução

a) As forças que atuam sobre a barra são: Tração (T); a força devido ao peso da placa (Pplaca) de massa 30 kg e a força de contato da articulação (F). Estas forças estão dispostas da seguinte maneira

Sabemos que a força F deve ser vertical, pois uma das condições de equilíbrio estático é a de que a força resultante sobre o sistema seja nula.

A outra condição de equilíbrio estático é que o momento resultante seja nulo. Dessa forma, temos

MF+MP+MT=0

escolhendo o ponto da articulação como referência, temos

F·0-P·4+T·6=0

-300·4+T·6=0

 

T=200 N

b) Na situação da figura 2, temos

Da mesma relação de momento que utilizamos no item anterior, temos

MF+MP+MT=0

Fy·0-P·4+T·6·sen30º=0

-300·4+T·6·0,5=0

T=400 N

Sendo a força resultante nula, temos

Fy+Ty=PFx=Tx

Fy+400·sen30°=300Fx=400·cos30°

Fy=100 NFx=200·3 N

Sendo

F=Fx2+Fy2

F=1002+200·32

F=10013 N

 

Questão 20 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Construção Geométrica (Espelhos Esféricos) Espelhos esféricos

Uma placa retangular de espessura desprezível e de vértices PQRS é posicionada, em repouso, sobre o eixo principal de um espelho esférico gaussiano de vértice V, foco principal F e centro de curvatura C, de modo que a posição do vértice R da placa coincida com a posição do ponto C, conforme figura. O raio de curvatura desse espelho mede 160 cm e o comprimento da placa é 40 cm.

a) Na figura apresentada no campo de Resolução e Resposta, construa, traçando raios de luz, a imagem P’S’ do lado PS dessa placa. Identifique, nessa figura, os pontos P’ e S’ e classifique essa imagem como real ou virtual, justificando sua resposta.

b) Calcule, em cm, a distância entre a imagem P’S’, do lado PS, e a imagem Q’R’, do lado QR.

 

FOLHA DE RESPOSTA:



Resolução

a) Fazendo a construção geométrica dos raios notáveis na figura do campo de resposta, temos:

1) Raio intercepta o espelho paralelamente ao eixo principal e retorna passando pelo foco.

2) Raio intercepta o espelho passando pelo foco e retorna paralelamente ao eixo principal.

 

Assim, a imagem é real pois se encontra em frente ao espelho e é formada pelos raios de luz e não por seus prolongamentos. Podemos notar, também, que pe uma imagem invertida e maior que o objeto.

b)

 

Como se observa na imagem acima, a distância focal do espelho é de f = 80 cm e, para o lado PS da placa, a distância ao espelho é de p = 120 cm. Para calcular então a posição de P'S' utilizamos a lei de Gauss conforme abaixo:

180 = 1120 + 1p'      1p' = 180 - 1120p' = 240 cm

Para o lado QR, por se encontrar sobre o centro de curvatura do espelho, sua imagem se formará também sobre o centro de curvatura, porém com direção invertida para baixo. Desta maneira, o lado Q'R' da imagem da placa está sobre o centro de curvatura do espelho e, por isso, sua posição é de p'2 = 160 cm. 

Assim, a distância entre as imagens P'S' e Q'R' é dada por:

d=240 - 160 d= 80 cm