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Unicamp 2021 - 1ª fase - 2º dia


Questão 51 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Sistemas Conservativos na Dinâmica

Uma cápsula destinada a levar astronautas à Estação Espacial Internacional (ISS) tem massa m=7500 kg, incluindo as massas dos próprios astronautas. A cápsula é impulsionada até a órbita da ISS por um foguete lançador e por propulsores próprios para os ajustes finais. O aumento da energia potencial gravitacional devido ao deslocamento da cápsula desde a superfície da Terra até a aproximação com a ISS é dado por U=3,0×1010 J.. A velocidade da ISS é vISS8000 m/s A velocidade inicial da cápsula em razão do movimento de rotação da Terra pode ser desprezada. Sem levar em conta a energia perdida pelo atrito com o ar durante o lançamento, pode-se dizer que o trabalho realizado pelo foguete e pelos propulsores sobre a cápsula é de

 



a)

2,1×1011 J.

b)

2,4×1011 J.

c)

2,7×1011 J.

d)

5,1×1011 J.

Resolução

O trabalho W realizado pelo fogue e pelos propulsores sobre a cápsula equivale à sua variação de energia mecânica, ou seja,

W=EMec

W=U+Ec

W=3·1010+m·v22

W=3·1010+7500·800022

W=0,3·1011+2,4·1011

W=2,7·1011 J

Questão 52 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Celsius, Fahrenheit, Kelvin, Réaumur

Em março de 2020, a Unicamp e o Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab), dos Estados Unidos, assinaram um acordo de cooperação científica com o objetivo de desenvolver tanques para conter argônio líquido a baixíssimas temperaturas (criostatos). Esses tanques abrigarão detectores para o estudo dos neutrinos.

 

 


A temperatura do argônio nos tanques é TAr= -184ºC . Usualmente, a grandeza “temperatura” em física é expressa na escala Kelvin (K). Sabendo-se que as temperaturas aproximadas do ponto de ebulição TE e do ponto de solidificação TS da água à pressão atmosférica são, respectivamente, TE373 K  TS273 K, a temperatura do argônio nos tanques será igual a



a)

20 K.

b)

89 K.

c)

189 K.

d)

457 K.

Resolução

Para converter um valor de temperatura em unidades de ºC para K basta adicionarmos uma parcela de 273, ou seja:

TK=TC+273

TK=-184+273

TK=89 K

Questão 53 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Pressão de um Líquido

Em março de 2020, a Unicamp e o Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab), dos Estados Unidos, assinaram um acordo de cooperação científica com o objetivo de desenvolver tanques para conter argônio líquido a baixíssimas temperaturas (criostatos). Esses tanques abrigarão detectores para o estudo dos neutrinos.

 

 


A pressão exercida na base de certo tanque do Fermilabpela coluna de argônio líquido no seu interior é P=5,6×104 N/m2 . A densidade do argônio líquido no tanque é d=1400 kg/m3 Assim, a altura do tanque será de



a)

2,0 m.

b)

4,0 m.

c)

7,8 m.

d)

25,0 m.

Resolução

Pelo teorema de Stevin temos

p=d·g·h

5,6·104=1400·10·h

h=4 m

Questão 54 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Energia e Potência Elétricas

Lâmpadas de luz ultravioleta (UV) são indicadas para higienização e esterilização de objetos e ambientes em razão do seu potencial germicida.


Considere uma lâmpada UV de potência P=100 W que funcione por t=15 minutos durante o processo de esterilização de um objeto. A energia elétrica consumida pela lâmpada nesse processo é igual a



a)

0,0066 kWh.

b)

0,015 kWh.

c)

0,025 kWh.

d)

1,5 kWh.

Resolução

O consumo de energia (ΔE) de um aparelho de potência P, em um intervalo de tempo Δt, é dado por

ΔE=P·Δt.

Uma vez que a unidade de medida de todas alternativas é o kWh (quilowatt-hora), as unidades de medida da potência e do intervalo de tempo devem ser respectivamente kW (quilowatt) e h (horas). Assim, a partir dos dados do enunciado, temos

P=100 W=0,1 kW e Δt=15 min=14 h.

Desta forma,

ΔE=0,1kW·14h 

ΔE=0,025 kWh.

Questão 55 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Potência Elétrica

Lâmpadas de luz ultravioleta (UV) são indicadas para higienização e esterilização de objetos e ambientes em razão do seu potencial germicida.


Em outro processo de esterilização, uma lâmpada UV de potência P=60 W funciona sob uma diferença de potencial elétrico U=100 V A potência elétrica pode ser expressa também em kVA, sendo 1 kVA=1000 V×1 A =1000 W. A corrente elétrica i do circuito que alimenta a lâmpada é igual a



a)

0,36 A.

b)

0,60 A.

c)

1,6 A.

d)

3,6 A.

Resolução

O enunciado fornece os valores nominais de potência (P=60 W) e DDP (U=100 V) da lâmpada em questão.

A relação entre essas grandezas e a intensidade da corrente elétrica (i) é dada pela equação

P=U.i.

Logo,

i=PU=60 W100 V 

i=0,60 A.

É interessante notar que, caso o candidato não se lembrasse ou não conhecesse a equação utilizada, ela poderia ser deduzida do cálculo apresentado no próprio enunciado, onde o produto da DDP (em volt) pela corrente (em ampère) resulta na potência (em watt).

Questão 56 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Equação fundamental da ondulatória

Lâmpadas de luz ultravioleta (UV) são indicadas para higienização e esterilização de objetos e ambientes em razão do seu potencial germicida.


A ação germicida da luz UV varia conforme o comprimento de onda λ da radiação. O gráfico a seguir mostra a eficiência germicida da luz UV em função de λ, em sua atuação durante certo tempo sobre um agente patogênico.

Pode-se afirmar que a frequência da luz UV que gera eficiência germicida máxima neste caso é

Dados: Velocidade da luz: c=3,0×108 m/s.

 



a)

0,9×106 Hz.

b)

8,1×1010 Hz.

c)

5,4×1012 Hz.

d)

1,1×1015 Hz.

Resolução

A partir da leitura do gráfico é possível perceber que a eficiência germicida máxima ocorre para o comprimento de onda

λ=270 nm=270·10-9 m.

Para determinar a frequência correspondente a essa radiação podemos utilizar a equação fundamental da ondulatória:

v=λ·f  f=vλ.

Logo, utilizando o valor da velocidade da luz fornecido pelo enunciado, temos

f=3·108270·10-9 

f1,1·1015 Hz.

Questão 57 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Roma

Os aposentos comuns são aqueles aos quais o povo pode ir, como os vestíbulos e pátios. Assim, magníficos vestíbulos, aposentos e átrios não são necessários para as pessoas de fortuna comum, pois visitam, mas não são visitados. As casas de banqueiros deveriam ser mais espaçosas e vistosas, protegidas contra ladrões. Advogados e retóricos deveriam morar com elegância. Para aqueles que ocupam cargos e magistraturas, deveriam ser feitos vestíbulos reais, amplos e devidamente decorados com grandeza.

(Adaptado de Vitrúvio, “Sobre a Arquitetura”, em Pedro Paulo Funari, Antiguidade Clássica. Campinas: Editora da Unicamp, 2003, p. 81.)

O arquiteto romano Vitrúvio expressa, em seu texto clássico sobre os princípios da Arquitetura,



a)

a naturalização das diferenças sociais impressas na vida material, já que as habitações ditas comuns deveriam ser simples e as dos enriquecidos deveriam ser espaçosas e vistosas.

b)

a resistência contra as diferenças sociais impressas na vida material, já que as habitações de pessoas de fortuna comum, magistrados e funcionários públicos deveriam ser iguais.

c)

a percepção das diferenças sociais durante todo o Império Romano, materializadas nas habitações, e a busca por moradias mais belas e espaçosas para todos.

d)

a determinação em conservar as diferenças sociais no Império Romano, a partir de políticas públicas de construção de moradias amplas para pessoas de fortuna comum.

Resolução

a) Correta. O texto de Marcos Vitrúvio Polião (81 a.C. - 15 a.C.) retrata de forma quase natural as diferenças de classes na sociedade romana antiga por meio das construções arquitetônicas das habitações. Para o autor, pessoas comuns deveriam ter habitações simples, pois ninguém se importaria em visitá-las. O inverso valeria para os de maior prestígio social.

b) Incorreta. Não há nenhum tipo de crítica social ou questionamento da ordem vigente no texto de Vitrúvio, muito menos a defesa de qualquer projeto de igualdade dentre as habitações pertencentes aos romanos.

c) Incorreta. O autor não defendia a construção de moradias mais belas e espaçosas para todos. Ao contrário, dizia que era natural pessoas menos importantes possuírem habitações mais simples.

d) Incorreta. O autor não defendia em seu texto um projeto público de construção de moradias amplas para pessoas comuns. Ao contrário, o texto apenas defende que as pessoas de escalão mais baixo da sociedade poderiam possuir habitações mais simples.

Questão 58 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Idade Moderna

A epidemia de sífilis golpeou Nápoles, pela primeira vez, em 1494. Os ingleses a chamaram de “enfermidade francesa”, os franceses disseram que era um “mal napolitano” e os napolitanos achavam que vinha da América. O vírus, por definição, é o outro. Sexualmente transmissível, a sífilis materializou nos corpos, dos séculos XVI ao XIX, as formas de repressão e exclusão social da modernidade.

(Adaptado de Paul B. Preciado, Aprendendo do vírus, em Sopa de Wuhan. APOS, 2020, p. 184-187.)

Considerando as referências acima sobre a epidemia de sífilis na época moderna, é possível afirmar:



a)

A história da sífilis baseia-se em experiências mundiais unívocas. Ela transcorre simultaneamente em toda parte e promove uma compreensão tolerante da diversidade dos sujeitos a partir da noção de raça.

b)

A história da sífilis a descreve como uma epidemia local. Ela implica uma percepção neutra do outro, na medida em que ele seria considerado a fonte e o fator de transmissão da doença.

c)

A história da sífilis teve longa duração na Euro-américa. O medo da doença contribuiu para a formação e o fortalecimento de políticas de repressão racial, que incidiam nos corpos dos sujeitos sociais.

d)

A história da sífilis mostra um trajeto fixo de expansão da epidemia, que começou em Nápoles e alcançou a América. Ela conta uma história do passado de exclusão dos burgueses, dos médicos e dos engenheiros da sociedade.

Resolução

a) Incorreta. Ao contrário do que afirma a alternativa, a experiência da Sífilis era vivida de forma diferente conforme as regiões e as pessoas que se contaminavam. Em geral, os povos que tomavam contato com essa enfermidade culpavam outros povos e raças de a terem trazido de outras regiões. Dessa forma, a epidemia não contribuiu para a existência de uma compreensão tolerante entre os diversos povos que se envolveram com a referida doença.

b) Incorreta. A sífilis não foi uma epidemia local, ao contrário chegou em grande parte do mundo. Porém, a tendência das pessoas era identificar no outro a causa da chegada da doença. Como essa moléstia é uma doença sexualmente transmissível, a tendência era retratar o outro como "imoral" ou "pervertido", de modo que a percepção do outro não era neutra. 

c) Correta. O texto destaca que a sífilis se espalhou por grande parte do mundo entre os séculos XVI e XIX e que em geral os povos tinham uma tendência de culpar outros povos ou raças pela chegada da moléstia. Tal fato contribuiu para a disseminação do sentimento racista. Muitas vezes, principalmente no ambiente positivista do século XIX, a doença foi associada aos povos africanos, devido ao que chamavam de "comportamento sexual desregrado", muitas vezes sendo recusado o oferecimento de tratamento a essas pessoas.

d) Incorreta. A história da propagação da sífilis não pode ser descrita com um trajeto fixo, começando em Nápoles. Na verdade, ela esteve dispersa em várias regiões por séculos e a tendência das pessoas era culpar os outros povos ou raças, os quais eram considerados como tendo comportamento imoral e responsabilizados pela chegada da doença. As maiores vítimas desse processo não foram especificamente "burgueses" ou "médicos", mas sim "os napolitanos", "os franceses", "os ingleses" e, especialmente no século XIX, "os africanos". 

Questão 59 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Sociedade colonial

A questão da consciência ou autopercepção nacional nas colônias da América tem sido frequentemente tratada de forma desligada do seu contexto político e social. Podemos, todavia, pensar em um sentimento de distinção e diferença, uma falta de identificação com a Europa e uma consciência da realidade colonial que teria existido entre populações mestiças.

(Adaptado de Stuart B Schwartz, “A formação de uma identidade colonial no Brasil”, em Da América Portuguesa ao Brasil. Lisboa: Difel, 2003, p. 218.)

Com base no texto acima sobre a formação da identidade colonial, assinale a alternativa correta.



a)

No continente ibero-americano, prevaleceu uma percepção colonial de mestiços distinta daquela das elites coloniais, nascidas ou não nessa região, pois essas elites foram formadas nos cânones universitários coloniais desde o século XVI.

b)

Composta por imigrantes vindos da Europa e por seus descendentes brancos nascidos no Brasil, a elite colonial e os mestiços construíam suas identidades calcadas nas tensões sociais e hierarquias sócio-políticas da realidade colonial.

c)

Em função de experiências sociais distintas, a noção de pertencimento era similar entre os sujeitos envolvidos na realidade colonial ibero-americana. Por exemplo, os quilombolas tinham a mesma identidade nacional que os pardos livres.

d)

Os brasileiros desenvolveram, desde o período colonial ibero-americano, uma consciência nacional homogênea, porque o modo como eram vistos exteriormente e o modo como se viam influenciavam a compreensão da relação liberal estabelecida entre a colônia e a metrópole.

Resolução

a) Incorreta. Considerando que o texto trata da história do Brasil, torna-se inviável que as chamadas "elites coloniais" tenham se formado seguindo os "cânones das universidades coloniais desde o século XVI", pois os primeiros cursos universitários, tais como direito e medicina, chegaram até o Brasil apenas no século XIX e as universidades somente no século XX.

b) Correta. As realidades aqui construídas por meio do projeto colonial português acabaram por forjar uma elite colonial no Brasil, composta por imigrantes e seus descendentes. A história colonial desenvolveu-se entremeada dos conflitos aqui existentes entre essas elites e a mão-de-obra por elas explorada, composta por mestiços, indígenas e escravos. Dessa forma, a identidade de cada um desses segmentos sociais se deu em meio a esse processo histórico marcado por inúmeros conflitos.

c) Incorreta. Na verdade, em função de experiências socias distintas, a noção de pertencimento não era similar entre os sujeitos envolvidos. Tal fato fez com que os quilombolas formassem uma identidade nacional diferente dos pardos livres.

d) Incorreta. Não podemos afirmar que desde o período colonial, os diversos elementos que compunham nossa sociedade construíram uma identidade nacional homogênea. Ao contrário, conforme a vivência de cada segmento social, se construiu uma identidade própria.

Questão 60 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Escravidão

Quando um campesinato afro-brasileiro surgiu no final do século XVIII, os agricultores do litoral da Bahia misturaram conhecimentos agrícolas e etnobotânicos da África e do Brasil para fazer proliferar o dendê africano. Mosaicos de mata atlântica e campos de mandioca transformaram o litoral da Bahia em um simulacro transatlântico do complexo de palmeiras da África Ocidental, criando uma paisagem afro-brasileira. A Costa do Dendê, no sul da Bahia, resultante desse processo, permanece como um testemunho de contribuições africanas e de afrodescendentes para o desenvolvimento econômico, ecológico e cultural das Américas.

(Adaptado de Case Watkins, "African Oil Palms, Colonial Socioecological Transformation and the Making of an Afro-Brazilian Landscape in Bahia, Brazil." Environment and History. Winwick Cambridgeshire: The White Horse Press, 2015, v. 21, p. 41.)

Com base no excerto e em seus conhecimentos sobre a cultura brasileira, assinale a alternativa correta.

 



a)

A formação histórica da paisagem da Costa do Dendê, na Bahia, é resultado da produção em larga escala de azeite de dendê nos grandes latifúndios monocultores que utilizavam mão de obra escrava africana e indígena desde o século XVI.

b)

A desigualdade sócio-econômica que marcou a história da formação do campesinato brasileiro é um fator que inviabiliza o desenvolvimento econômico e ambiental do Brasil com base na produção de combustível sustentável a partir de dendê.

c)

Os dendezeiros do litoral brasileiro são resultado de tecnologias de cruzamento entre espécies de palmeiras africanas, asiáticas e nativas que eram cultivadas secularmente pelos indígenas em toda a América do Sul.

d)

Os bosques de dendezeiros no litoral baiano formam uma paisagem que testemunha o protagonismo histórico dos africanos e seus descendentes a partir de seus hábitos alimentares, conhecimentos sobre as plantas e práticas agrícolas.

Resolução

a) Incorreta. O texto fornecido pela questão explicita que o cultivo do dendê foi resultado da atividade de um campesinato afro-brasileiro no final do século XVIII. A atividade mencionada pela alternativa, a produção dos latifúndios monocultores na Bahia durante o período colonial, teve como foco o cultivo e processamento da cana de açúcar, não o dendê mencionado no texto. A produção agrícola demonstrava uma hierarquia: agricultores de descendência europeia normalmente produziam para os mercados de exportação, principalmente a cana-de-açúcar; já os descendentes de africanos se envolviam principalmente na produção de subsistência.

b) Incorreta. Embora seja possível afirmar que a formação do campesinato brasileiro foi marcada por drásticas desigualdades socioeconômicas, é incorreto apontá-las diretamente como inviabilizadoras do desenvolvimento econômico e ambiental do Brasil, sobretudo a partir da produção de combustível sustentável de dendê. Tratam-se de contextos diferentes, tendo em vista que o Brasil passou a estudar fontes alternativas de energia somente a partir de 1979, com a segunda Crise Internacional do Petróleo. A partir de então, foram criados e expandidos diversos projetos governamentais que passaram a colocar o óleo de dendê como uma das alternativas de grande relevância para o uso como biocombustível. Ou seja, ainda que a expansão dessa produção enfrente dificuldades, não é possível atribuí-las somente às desigualdades socioeconômicas do campesinato no contexto mencionado no exercício. As dificuldades enfrentadas contemporaneamente são muito variadas, como, por exemplo, a falta de crédito, dificuldades tecnológicas, falta de mão de obra, variedade da palma predominante na região (resulta em baixa produtividade) e topografia da região, dificultando a mecanização da colheita.

c) Incorreta. O texto enfatiza que "A Costa do Dendê, no sul da Bahia, resultante desse processo, permanece com um testemunho de contribuições africanas e de afrodescendentes". Vale destacar que, conforme explicitado pelo texto, o dendê (Elaeis guineensis) é uma palmeira de origem africana, tendo chegado no Brasil no século XVI, quando se adaptou no litoral sul da Bahia. Posteriormente, o plantio comercial da mesma verificou-se na região Norte do país. 

d) Correta. O dendê e seu consumo fazem parte da vasta herança cultural legada pela África ao Brasil. O óleo de palma - ou seja, o azeite de dendê - era de grande importância em diversas sociedades da África Central e Ocidental, sendo trazido para o Brasil na chamada "Diáspora Africana", processo de transferência forçada de milhares de africanos escravizados para a América. Nas viagens atlânticas, era frequente o processamento do azeite de dendê a bordo dos navios negreiros, gerando um excedente de grãos de palma (sementes) que chegavam ao Novo Mundo. O azeite de dendê passou, desde então, a ser utilizado tanto como um ingrediente fundamental  na culinária quanto como um material litúrgico afro-brasileiro. Os bosques de dendezeiros se estabeleceram no sul da Bahia, constituindo uma verdadeira paisagem afro-brasileira, conforme apresentado pelo excerto do exercício. Vale destacar também que esta preservação pode ser considerada uma das formas de resistência cotidiana à escravidão pela chamada agência socioecológica dos escravizados, processo no qual escravizados e libertos usaram o conhecimento etnobotânico e agrícola para transformar as paisagens coloniais.