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Unicamp 2021 - 1ª fase - 2º dia


Questão 11 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Subordinação Valores semânticos (adjetivo)

Dizer que Caetano falou "X” porque "é um leonino vaidoso" quer dizer que: a) todo leonino é vaidoso (se leonino, vaidoso), ou b) que ele pertence a um subconjunto de leoninos, os vaidosos? (o que dá, no primeiro caso, "leonino, que é vaidoso" e no segundo, "leonino que é vaidoso").

(Sírio Possenti, postagem na rede social Facebook, 8 de agosto de 2020.)

Entre os comentários à postagem, qual deles responde corretamente à pergunta do autor?



a)

“Em um determinado universo de crenças, leoninos são vaidosos. Isso é um clichê, um senso comum.”

b)

“‘É um leonino vaidoso’ = é como qualquer leonino, no caso, vaidoso. É vaidoso porque é vaidoso. Alternativa a.”

c)

“Entendo como a opção 2. Para que eu entendesse como opção 1, deveria ser: ‘como todo leonino, é vaidoso’, ou algo do tipo.”

d)

“Fico com a restritiva ‘leonino que é vaidoso’. Entendo que, ao trazer vaidoso a leonino, acentua o vaidoso já implicado em leonino.”

Resolução

a) Incorreta. O comentário não responde à pergunta feira por Possenti, apenas comenta sobre o clichê a respeito dos leoninos.

b) Incorreta. Embora o comentário responda à pergunta, não o faz corretamente, pois, pautado pelo senso comum a respeito dos leoninos, interpreta que a construção apresentada por Sírio Possenti generaliza a vaidade como uma característica de todos os leoninos.

c) Correta. Na resposta elaborada, o redator responde à pergunta de Possenti e utiliza-se da compreensão gramatical adequada para a interpretação da frase em questão. Em “leonino vaidoso”, o adjetivo vaidoso é empregado como restritivo, ou seja, delimita o grupo do substantivo que caracteriza (leonino). Desse modo, afirma-se que apenas uma parte do grupo de leoninos é vaidoso, e não sua totalidade. Além disso, ainda se apresenta uma reformulação da opção 1, tornando a atribuição de vaidoso a leoninos generalizante, pelo uso da expressão “como todo leonino”.

d) Incorreta. Embora a alternativa apresente uma construção correta com a oração subordinada adjetiva restritiva, na segunda frase, na explicação, ao apontar que o termo vaidoso acentua o leonino, a restrição se perde e torna-se explicação. Afinal, se o termo vaidoso está implicado em leonino, não cabe restrição, e sim explicação.

 

Questão 12 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

intertexto Variação Linguística

TEXTO 1

antipoema

é preciso rasurar o cânone
distorcer as regras
as rimas
as métricas

o padrão
a norma que prende a língua

os milionários que se beneficiam do nosso silêncio

do medo de se dizer poeta,

só assim será livre a palavra.

(Ma Njanu é idealizadora do “Clube de Leitoras” na periferia de Fortaleza e da “Pretarau, Sarau das Pretas”, coletivo de artistas negras. Disponível em http://recantodasletras.com.br/poesias/6903974. Acessado em 20/05/2020.)

TEXTO 2

“O povo não é estúpido quando diz ‘vou na escola’, ‘me deixe’, ‘carneirada’, ‘mapear’, ‘farra’, ‘vagão’, ‘futebol’. É antes inteligentíssimo nessa aparente ignorância porque, sofrendo as influências da terra, do clima, das ligações e contatos com outras raças, das necessidades do momento e de adaptação, e da pronúncia, do caráter, da psicologia racial, modifica aos poucos uma língua que já não lhe serve de expressão porque não expressa ou sofre essas influências e a transformará afinal numa outra língua que se adapta a essas influências.

(Carta de Mário a Drummond, 18 de fevereiro de 1925, em Lélia Coelho Frota,Carlos e Mário: correspondência completa entre Carlos Drummond de Andradee Mário de Andrade. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2002, p. 101.)

Apesar de passados quase 100 anos, a carta de Mário de Andrade ecoa no poema de Ma Njanu. Ambos os textos manifestam



a)

a ignorância ratificada do povo em sua luta para se expressar.

b)

a necessidade de diversificar a língua segundo outros costumes.

c)

a inteligência do povo e dos poetas livres de influências.

d)

a ingenuidade em se crer na possibilidade de escapar às regras.

Resolução

O enunciado da questão solicitava que fosse selecionada uma alternativa na qual ambos os textos fossem contemplados. Tanto no poema de Ma Njanu, quanto no trecho da carta de Mário de Andrade, o tema que os une é a contrariedade aos padrões estabelecidos (principalmente relacionados à língua). Njanu adota uma postura mais assertiva e focada nas transgressões que poetas devem fazer ao rasurar o cânone/ distorcer as regras/ as rimas/ as métricas/ o padrão. Já Mário de Andrade focaliza a variação, contrária ao padrão estabelecido, a partir das multiplicidades encontradas nos falares do povo, defendendo que não se trata de uma estupidez, mas de algo inteligentíssimo, utilizado para uma adaptação aos contextos e situacionalidades vividas. A partir dessa leitura, analisamos os itens abaixo.

a) Incorreta. Embora o poema não aborde o povo, o texto de Mário de Andrade, quando o faz, coloca-se exatamente em oposição à visão de que o uso de uma variação não privilegiada possa ser considerada ignorância.

b) Correta. Tanto o poema de Njanu como o trecho da carta de Mário apresentam a necessidade de rompimento com um padrão estabelecido da língua, ou seja, sua diversificação a partir de outros costumes. A primeira, ao apontar a necessidade das transgressões às regras de composição poética clássica, advoga que tais padrões são responsáveis por prender a língua e que é necessário tornar a palavra livre. O segundo defende que a modificação da língua feita pelo povo é fruto de necessidades contextuais, as quais devem ser aceitas, pois provocarão a construção de uma outra língua adaptada a tais influências.

c) Incorreta. O trecho de Mário de Andrade certamente aborda e enfatiza a inteligência do povo, porém o poema de Njanu não apresenta nem inteligência do povo, nem dos poetas em si.

d) Incorreta. O conceito de ingenuidade aparece superficialmente apenas na carta de Mário, quando ele menciona uma “aparente ignorância”, mas não está relacionado a qualquer intuito de “escapar às regras”.

Questão 13 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Text Comprehension

A situação abaixo ocorreu em uma entrevista com a atriz Scarlett Johansson e o ator Robert Downey Junior, que atuaram juntos em um filme.

(Disponível em https://www.cracked.com/blog/14-epic-comebacks-stars-gave-tostupid-interview-questions/. Acessado em 25/06/20.)

Em sua resposta, a atriz



a)

evidencia o seu descontentamento por meio de uma mudança de assunto.

b)

rechaça a pergunta e sugere que Robert Downey Jr. a responda.

c)

desaprova a pergunta com um comentário sarcástico dirigido a Robert Downey Jr.

d)

critica o teor da pergunta e sugere uma mudança de assunto.

Resolução

Vamos ver a tradução livre do trecho da questão:

Entrevistador: “Para entrar em forma para “Black Window” você tinha algo especial para fazer em termos de dieta, como se você tivesse que comer algum alimento específico, ou esse tipo de coisa?

Scarlett Johansson: Como é que você obtém as questões existenciais e eu recebo a questão da comida de coelho?

É importante interpretar o contexto que a questão descreve. Em uma entrevista a um ator e uma atriz de renome e que atuaram no mesmo filme, as perguntas direcionadas ao ator eram de uma natureza diferente daquelas direcionadas à atriz. Devido ao fato de ser mulher, uma pergunta sobre a sua dieta e o formato de seu corpo lhe foi direcionada,  um tipo de questionamento que normalmente é direcionado apenas às mulheres, e que não foi feito ao ator, que é homem.

a) Incorreta. A atriz realmente evidencia seu descontentamento com a natureza da pergunta que lhe foi feita, mas isso não é feito mudando de assunto, e sim respondendo à pergunta original com outra pergunta, sarcástica, denunciando o sexismo de que estava sendo vítima.

b) Incorreta. A atriz realmente rechaça a pergunta que lhe foi feita, mas por meio de outra pergunta, sarcástica, denunciando o sexismo de que estava sendo vítima, e não sugerindo que o colega respondesse à pergunta original.

c) Correta. A atriz desaprova a pergunta que lhe foi feita, uma vez que não ilustrava o tema central da entrevista – o filme do qual ela e seu colega participaram juntos. Por ser mulher, a ela foi direcionado um questionamento sexista, sobre dieta e corpo em forma, ao passo que, para seu colega homem, perguntas mais pertinentes ao contexto da entrevista foram lançadas. De maneira sarcástica, ela responde à pergunta do entrevistador por meio de outra pergunta, sarcástica, falsamente direcionada ao colega que com ela atuou no filme que motivou a entrevista, indicando que as perguntas a ele direcionadas eram sobre “questões existenciais”, mas para ela versavam sobre “comida de coelho”.

d) Incorreta. A atriz realmente tem a intenção de criticar a pergunta direcionada a ela na entrevista, mas não propondo uma mudança de assunto, e sim evidenciando, de maneira sarcástica, que a natureza da pergunta que lhe foi direcionada era inadequada ao contexto da entrevista e de natureza sexista.

Questão 14 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Text Comprehension

Os tweets abaixo remetem ao contexto do trabalho domiciliar durante o período de isolamento social.

(Disponível em https://twitter.com/ajdewerd/status/1237495536036581379. Acessado em 30/07/2020.)

A resposta de Andrea ao tweet de Julieanne



a)

questiona a eficácia de reuniões online no período de isolamento social.

b)

complementa a crítica a comportamentos que devem ser evitados em reuniões online.

c)

ilustra uma experiência que elas vivenciaram juntas em uma reunião online.

d)

acrescenta outro tipo de dificuldade vivenciado em reuniões online.

Resolução

Vamos traduzir os tweets para entendermos melhor a questão:

Tweet de Julieanne Smolinski

During social distancing, it´s important to remember good conference call etiquette: (Durante o distanciamento social, é importante lembrar a boa etiqueta da teleconferência:)

- awkward silence  (silêncio estranho)

- can you hear me (você consegue me ouvir)

- (weird small talk because someone is 10 min late) (conversa fiada esquisita porque alguém está 10 minutos atrasado)

- BEEP BOOP (barulho de computador)

- strange crunch (um mastigar ruidoso esquisito)

- heavy breath (respiração pesada)

- oops sorry you go ahead (ops me desculpe você continue)

- sorry no, you (desculpe não, você)

- BOOP beep (barulho de computador)

- bye? (tchau?)

Resposta de Andrea DeWerd a Julieanne Smolinski

you forgot (você esqueceu)

- who just joined? (quem acabou de entrar?)

- ope we lost Karen (opa, nós perdemos a Karen)

- oh Karen are you back? (oh Karen, você está de volta?)

- Karen, we were just discussing some topic for which your knowledge is essential and which we will now repeat for 10 minutes now that you´re back on (Karen nós estávamos discutindo algum tópico para o qual o seu conhecimento é essencial e que nós iremos repetir por 10 minutos agora que você está de volta)

- Karen? (Karen?)

A resposta de Andrea ao tweet de Julieanne

a) Incorreta.  A Andrea não está questionando a eficácia de reuniões online no período de isolamento social, mas acrescentando outro tipo de dificuldade vivenciada em teleconferências.

b) Incorreta. Não podemos afirmar que a Andrea está complementando a crítica a comportamentos que devem ser evitados em reuniões online, uma vez que, como vimos pelas traduções dos tweets, embora a Julieanne esteja, de fato, criticando alguns comportamentos inadequados em teleconferências, o problema mencionado por Andrea é de ordem técnica, ou seja, uma perda de conexão.

c) Incorreta. Não podemos afirmar que Andrea esteja ilustrando uma experiência vivenciada por ela e Julieanne juntas em uma reunião online uma vez que pode se tratar de exemplo hipotético (ainda que baseado em situações reais) ou mesmo de uma experiência vivenciada por Andrea sem a presença de Julieanne.

d) Correta. No tweet de Andrea, ela acrescenta outro tipo de dificuldade vivenciado em reuniões online, que não é de origem comportamental, como as citadas por Julieanne. A dificuldade é em relação à perda de conexão, como podemos verificar na tradução acima.

 

 

 

 

Questão 15 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Text Comprehension

A curious item was found among Beethoven’s effects, locked away in a drawer, at the time of his death: three letters, written but apparently never sent (they may have been sent but returned to him), to the “Immortal Beloved.” The content, which varies from high-flown poetic sentiments to banal complaints about his health and discomfort, makes it clear that this is no literary exercise but was intended for a real person. The month and day of the week are given, but not the year. The periods 1801–02, 1806–07, and 1811–12 have been proposed, but the last is the most probable. The most cogent arguments regarding the identity of the person addressed, those by Maynard Solomon, point to Antonie Brentano, a native Viennese, who was the wife of a Frankfurt merchant and sister-in-law to Beethoven familiar Bettina Brentano.

(Adaptado de https://www.britannica.com/biography/Ludwig-van-Beethoven. Acessado em 29/07/20.)

A partir do conteúdo do texto, pode-se afirmar que



a)

as cartas mencionadas foram enviadas por Beethoven, mas devolvidas a ele.

b)

a destinatária das cartas de Beethoven seria uma cunhada do próprio compositor.

c)

as cartas foram enviadas no período de 1801 a 1812.

d)

a hipótese mais sólida é a de que a destinatária das cartas seria uma vienense.

Resolução

Tradução do excerto:

Um item curioso foi encontrado entre os bens de Beethoven, trancado em uma gaveta, no momento de sua morte: três cartas, escritas, mas aparentemente nunca enviadas (elas podem ter sido enviadas e retornado para ele), para a "Amada Imortal".
O conteúdo, que varia de sentimentos poéticos arrogantes a queixas banais sobre sua saúde e desconforto, deixa claro que este não é exercício literário, mas foi destinado a uma pessoa real. O mês e o dia da semana são dados, mas não o ano. Os períodos 02/1801, 07/1806 e 12/1811 foram propostos, mas o último é o mais provável. Os argumentos mais convincentes em relação à identidade da pessoa a quem [as cartas] se destinavam, de Maynard Solomon, apontam para Antonie Brentano, uma nativa vienense, que era a esposa de um comerciante de Frankfurt e cunhada da amiga de Beethoven Bettina Brentano.

a) Incorreta. Não podemos afirmar com certeza que as cartas mencionadas foram enviadas por Beethoven, como podemos ver neste trecho "... three letters, written but apparently never sent." (três cartas, escritas, mas aparentemente nunca enviadas) , e,  "...they may have been sent  but returned to him."  (elas podem ter sido enviadas e retornado para ele).  

b) Incorreta. A destinatária das cartas de Beethoven seria uma cunhada de uma amiga do compositor chamada Bettina Brentano. "...sister-in-law to Beethoven familiar Bettina Brentano."

c) Incorreta. No texto sugerem-se alguns períodos em que as cartas teriam sido enviadas, que são 02/1801, 07/1806 e 12/1811. Também se afirma que o último período seria o mais provável. "...the last is the most probable.". Sendo assim, temos a sugestão de três períodos prováveis, mas não se pode afirmar com certeza que as cartas teriam sido enviadas neste intervalo.

d) Correta. A hipótese mais sólida é a de que a destinatária das cartas seria uma vienense, como podemos perceber neste trecho final do texto: "The most cogent arguments regarding the identity of the person addressed, those by Maynard Solomon, point to Antonie Brentano, a native Viennese (...)" (Os argumentos mais convincentes em relação à identidade da pessoa a quem [as cartas] se destinavam, de Maynard Solomon, apontam para Antonie Brentano, uma nativa vienense).

Questão 16 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Text Comprehension

Catherine Fletcher, Tue 4 Feb 2020
The decision by a UK University to close history, modern languages and politics degrees in favour of more “careerfocused” courses has been widely criticised. The problem lies in reducing university education to what sells to employers. A society – and a world – urgently needs people who have the education to think about big issues, which aren’t only scientific or technological: they’re also about the ways that people have made, and continue to make, decisions. The humanities matter. And it matters that students from all backgrounds have the opportunity to join in these world-changing discussions.

Roger Brown, Mon 10 Feb 2020
Catherine Fletcher is completely correct to warn about the damage that current policies are doing to the humanities. But her warning comes much too late. As I and other scholars have shown, the problem started with a government green paper which declared that the fundamental purpose of higher education was to serve the economy. Until we recover the idea that higher education is as much about the public good as anything else, we will never be able to sustain the humanities as an essential component of a balanced curriculum. Unfortunately, there is very little sign that this has been grasped by any of our current policymakers.

(Adaptado de www.theguardian.com/education/2020/feb/10/humanities-are-notthe-right-courses-to-cut. Acessado em 22/05/2019.)

Os textos acima concordam quanto à identificação de um problema nos cursos universitários no Reino Unido, mas divergem quanto



a)

à função do ensino universitário nos dias de hoje.

b)

ao momento em que esse problema se originou.

c)

ao objetivo principal do ensino das Humanidades.

d)

à solução proposta para o problema.

Resolução

Vamos ver a tradução livre dos textos da questão:

Catherine Fletcher, terça, 4 de fevereiro de 2020

A decisão de uma universidade do Reino Unido de encerrar cursos de história, línguas modernas e política em favor de cursos mais “focados na carreira” tem sido amplamente criticada. O problema reside em reduzir a educação universitária ao que vende para empregadores. Uma sociedade - e um mundo - precisa urgentemente de pessoas que têm a educação para pensar sobre grandes questões, que não são apenas científicos ou tecnológicos: eles também se referem aos caminhos que as pessoas têm trilhado, e continuam a trilhar, decisões. As humanidades são importantes. E importa que alunos de todas as origens tenham a oportunidade de ingressar nessas discussões que mudam o mundo.

Roger Brown, seg, 10 de fevereiro de 2020

Catherine Fletcher está completamente correta em alertar sobre os danos que as políticas atuais estão causando às humanidades. Mas o aviso dela chega tarde demais. Como eu e outros estudiosos mostramos, o problema começou com um green paper* do governo, que declarou que o propósito fundamental do ensino superior era servir à economia. Até que recuperemos a ideia de que o ensino superior é tanto sobre o bem público quanto sobre qualquer outra coisa, nós nunca seremos capazes de sustentar as humanidades como um elemento essencial de um currículo equilibrado. Infelizmente, existem muito poucos sinais de que isso foi compreendido por qualquer um de nossos formuladores de políticas atuais.

* green paper é um “relatório governamental” sem força de lei, mas com propostas sobre determinadas situações ou temas para serem discutidas posteriormente pela sociedade.

a) Incorreta. Ambos concordam que, hoje, o ensino universitário se volta para a economia em detrimento da formação das áreas de humanidades. Segundo Catherine Fletcher, “A decisão de uma universidade do Reino Unido de encerrar cursos de história, línguas modernas e política em favor de cursos mais “focados na carreira” tem sido amplamente criticada. O problema reside em reduzir a educação universitária ao que vende para empregadores. (…) As humanidades são importantes.!  Segundo Roger Brown, “Catherine Fletcher está completamente correta em alertar sobre os danos que as políticas atuais estão causando às humanidades. (…) o problema começou com um livro verde do governo que declarou que o propósito fundamental do ensino superior era servir à economia..”

b) Correta. Para Roger Brown, veio muito tarde o diagnóstico de Catherine Fletcher quanto ao problema de um ensino universitário rechaçar as formações em humanidades. Para ela, o estopim da crítica foi a decisão de uma universidade do Reino Unido de abolir alguns cursos de humanidades para investir em cursos mais “focados na carreira”, mas Roger Brown alerta que esse problema começou bem antes, quando o governo declarou que o propósito fundamental do ensino superior era servir à economia, problema diagnosticado por ele e outros estudiosos há tempos.

c) Incorreta. Para ambos, o ensino das Humanidades tem um objetivo essencial na formação universitária. Para Catherine Fletcher, ‘Uma sociedade - e um mundo - precisa urgentemente de pessoas que têm a educação para pensar sobre grandes questões, que não são apenas científicos ou tecnológicos: eles também se referem as maneiras que as pessoas têm feito, e continuam a fazer, decisões. As humanidades são importantes.” Para Roger Brown, “Até que recuperemos a ideia de que o ensino superior é tanto sobre o bem público quanto sobre qualquer outra coisa, nós nunca seremos capaz de sustentar as humanidades como um elemento essencial componente de um currículo equilibrado.”

d) Incorreta. Não podemos afirmar que os autores divergem quanto à solução proposta para o problema, haja vista que nenhum deles abordou explicitamente caminhos de solução.

Questão 17 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Text Comprehension Pronoun

OUR WORD OF THE YEAR FOR 2019 IS THEY

English lacks a gender-neutral singular pronoun to correspond with singular pronouns like everyone or someone, and as a consequence they has been used for this purpose for over 600 years. Recently though, they has also been used to refer to a person whose gender identity is nonbinary, a sense that is increasingly common in published text, social media, and in daily personal interactions between English speakers. There's no doubt that its use is established in the English language, which is why it was added to the Merriam-Webster dictionary in September of 2019. Nonbinary they was also prominent in the news in 2019. Congresswoman Pramila Jayapal (WA) revealed in April that her child is gender-nonconforming and uses they. And the American Psychological Association’s blog officially recommended that singular they be preferred in professional writing over “he or she” when the reference is to a person whose gender is unknown or to a person who prefers they.

(Adaptado de https://www.merriam-webster.com/words-at-play/word-of-the-year/they. Acessado em 29/04/2020.)

De acordo com o texto, o fato de uma palavra simples, como o pronome “they”, ter sido escolhida como a palavra do ano de 2019 se justifica pela necessidade de



a)

fazer justiça a uma palavra que já é usada há mais de 600 anos.

b)

legitimar os sentidos recentes dessa palavra que permeiam diversas instâncias da vida social.

c)

esclarecer dúvidas quanto ao emprego gramatical adequado dessa palavra em textos escritos.

d)

atender às recomendações de órgãos oficiais quanto ao uso dessa palavra em textos escritos.

Resolução

Vamos ver a tradução livre do texto da questão:

NOSSA PALAVRA DO ANO DE 2019 É THEY*

A língua inglesa não tem um pronome singular de gênero neutro para corresponder aos pronomes singulares, como é o caso de everyone* ou somebody (alguém), e como consequência o pronome they tem sido usado para esse fim por mais de 600 anos. Porém, recentemente, they também tem sido usado para se referir a uma pessoa cuja identidade de gênero não é binária, um uso que é cada vez mais comum em texto publicado, mídia social, e no dia a dia das interações entre falantes de inglês. Não há dúvidas de que tal uso esteja estabelecido na língua inglesa, motivo pelo qual foi adicionado ao dicionário Merriam-Webster em Setembro de 2019.

Não-binário, o they também teve destaque nas notícias em 2019. A congressista Pramila Jayapal (WA) revelou em abril que seu filho não está em conformidade com o gênero e usa esse pronome. E o blog oficial da Assiciação Americana de Psicologia recomenda oficialmente que o singular they sejam o escolhido em escritas oficiais, e não "ele ou ela", quando a referência é para uma pessoa cujo gênero é desconhecido ou para uma pessoa que prefira they.

* Os pronomes “they” e “everyone” não podem ser traduzidos para o português no contexto desse texto, uma vez que seus equivalentes em nosso vernáculo designam gênero.

De acordo com o texto, o fato de uma palavra simples, como o pronome “they”, ter sido escolhida como a palavra do ano de 2019 se justifica pela necessidade de

a) Incorreta. Na verdade, não se trata de “fazer justiça” à palavra; o texto afirma que” A língua inglesa não tem um pronome singular de gênero neutro para corresponder aos pronomes singulares, como é o caso de everyone* ou somebody (alguém), e como consequência o pronome they tem sido usado para esse fim por mais de 600 anos”. Portanto, não é esta a justificativa para que o pronome they tenha sido escolhido como a palavra do ano de 2019.

b) Correta. O texto esclarece que o pronome they assumiu novos sentidos, ao ser utilizado por pessoas de gênero não-binário, que não se identificam com o masculino ele (he) e com o feminino ela (she), deixando de designar apenas o plural no uso cotidiano da língua. Até mesmo a Associação Americana de Psicologia indicou que seus profissionais estejam atentos à pertinência do uso do pronome they no lugar dos pronomes que designam masculino e feminino, tanto para pessoas não-binárias quanto para qualquer outra que prefira ser tratada por they no lugar de he ou she, por exemplo. Portanto, a escolha do pronome they como palavra do ano em 2019 se justifica para conferir legitimidade a esses novos sentidos.

c) Incorreta. O texto não esclarece dúvidas sobre o emprego adequado do pronome they em textos escritos, pois, na verdade, discorre sobre os novos usos desse pronome pelos falantes da língua inglesa em contexto recente, portanto, não é este o motivo pelo qual o pronome they foi escolhido como a palavra do ano de 2019.

d) Incorreta. Ainda que o texto cite a recomendação da Associação Americana de Psicologia em relação ao uso do pronome they em seus textos escritos, não é esta a justificativa para a escolha do pronome they como palavra do ano em 2019.

Questão 18 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Notes / Leaflets

O cartaz reproduzido a seguir faz parte de uma campanha da Organização Pan-Americana da Saúde.

(Disponível em https://www.paho.org/en/topics/violence-against-women. Acessado em 24/08/2020.)

Qual das medidas abaixo é recomendada no cartaz?



a)

Comunicar à polícia os casos de violência contra as mulheres.

b)

Contratar advogados que atuem em defesa das mulheres agredidas.

c)

Estabelecer programas de prevenção aos casos de agressão contra mulheres.

d)

Criar unidades de saúde especializadas em atender mulheres vítimas de agressão.

Resolução

O cartaz apresentado faz parte de uma campanha da Organização Pan-Americana da Saúde e diz o seguinte:

STOP VIOLENCE AGAINST WOMEN 

A role for the health sector

1. Provide comprehensive health services for survivors

2. Collect data about prevalence, risk factors and health consequences

3. Prevent violence by fostering and informing prevention programmes

4. Inform policies to address violence against women

5. Advocate for the recognition of violence against women as a public health problem

Traduzindo o cartaz temos:

PARE A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

Um papel para a área de saúde

1. Fornecer serviços de saúde abrangentes para sobreviventes

2. Coletar dados sobre prevalência, fatores de risco e consequências para a saúde

3. Prevenir a violência fomentando/promovendo e informando sobre programas de prevenção

4. Informar sobre políticas de enfrentamento à violência contra a mulher

5. Defender o reconhecimento da violência contra a mulher como um problema de saúde pública

a) Incorreta. Podemos perceber pela tradução do cartaz que não há menção a comunicar à polícia os casos de violência contra mulheres. Talvez o fato do item 4 mencionar policies que significa políticas possa dar margem à confusão.

b) Incorreta. O item 5 menciona advocate, e, novamente, pode gerar uma confusão pois advocate não significa contratar um advogado e sim defender [um ponto de vista], que, no contexto, seria defender o reconhecimento da violência contra a mulher como sendo um problema de saúde pública.

c) Correta. Podemos perceber pela tradução do cartaz que é mencionada a necessidade de se estabelecer programas de prevenção aos casos de agressão contra mulheres.

d) Incorreta.  O cartaz não menciona a criação de unidades de saúde especializadas em atender mulheres vítimas de agressão.

Questão 19 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

poem

“There Will Come Soft Rains” (Sara Teasdale)

There will come soft rains and the smell of the ground,
And swallows circling with their shimmering sound;
And frogs in the pools singing at night,
And wild plum trees in tremulous white;
Robins will wear their feathery fire,
Whistling their whims on a low fence-wire;
And not one will know of the war, not one
Will care at last when it is done.
Not one would mind, neither bird nor tree,
If mankind perished utterly;
And Spring herself, when she woke at dawn
Would scarcely know that we were gone.

(Disponível em https://poets.org/poem/there-will-come-soft-rains. Acessado em 24/08/2020.)

O poema destaca

 



a)

a ilusão da centralidade do ser humano diante da natureza.

b)

a fragilidade da natureza diante das ações nocivas dos seres humanos.

c)

a desesperança nos seres humanos provocada pelas guerras frequentes.

d)

a destruição de todos os seres no ciclo natural que governa o mundo.

Resolução

Vamos ver a tradução livre do texto da questão:

“Haverá chuvas suaves” (Sara Teasdale)

Haverá chuvas suaves e o cheiro do solo,

E andorinhas circulando com seu som cintilante;

E sapos nas piscinas cantando à noite,

E ameixeiras selvagens em um branco trêmulo;

Robins vai usar suas penas em fogo,

Assobiando seus caprichos em uma cerca baixa;

E ninguém vai saber da guerra, ninguém

Por fim, se importará quando terminar.

Ninguém se importaria, nem pássaro, nem árvore,

Se a humanidade perecesse totalmente;

E a própria primavera, quando ela acordasse ao amanhecer

Mal saberia que nós tínhamos partido.

O poema destaca

a) Correta. Segundo o poema, se a humanidade desaparecesse [Se a humanidade perecesse totalmente], ninguém notaria, ninguém sentiria falta, ninguém perceberia. Animais e a natureza continuariam com suas vidas, portanto, o texto questiona a centralidade do ser humano diante da natureza; tratar-se-ia de uma ilusão, uma vez que nossa ausência não causaria falta ou comoção a qualquer outro elemento da natureza.

b) Incorreta. Considerando que “a guerra” seja uma ação nociva dos seres humanos, o texto coloca os seres humanos como dotados de fragilidade e a natureza em um lugar privilegiado de poder, uma vez que quem perecerá será a humanidade, e não a natureza.

c) Incorreta. Segundo o texto, “a guerra” não seria percebida por ninguém além da humanidade: E ninguém vai saber da guerra, ninguém / Por fim, se importará quando terminar. Portanto, não é possível falar de “desesperança nos seres humanos”. Também não é possível falar sobre a frequência das guerras de que trata o texto.

d) Incorreta. O texto indica apenas o perecimento da humanidade, e não dos outros elementos da natureza: animais, plantas e até mesmo a Primavera teriam sua existência plenamente preservada com o findar da “guerra”.

Questão 20 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Book / Film review

‘The Complete Stories,’ by Clarice Lispector

By Terrence Rafferty
July 27, 2015

There’s a whiff of madness in the fiction of Clarice Lispector. The “Complete Stories” of the Brazilian writer, edited by Benjamin Moser and sensitively translated by Katrina Dodson, is a dangerous book to read quickly or casually because it’s so consistently delirious. Sentence by sentence, page by page, Lispector is exhilaratingly, arrestingly strange, but her  erceptions come so fast, veer so wildly between the mundane and the metaphysical, that after a while you don’t know where you are, either in the book or in the world. So it’s best to approach her with some caution. For the ordinary reader — that is to say, for most of us — immersion in the teeming mind of Clarice Lispector can be an exhausting, even a  eranging, experience, not to be undertaken lightly. (Pack food, water, a first aid kit and plenty of sunblock.)

Her stories are full of strange words, in strange combinations, and her “Complete Stories” is a remarkable book, proof that she was — in the company of Jorge Luis Borges, Juan Rulfo and her 19th-century countryman Machado de Assis — one of the true originals of Latin American literature.

THE COMPLETE STORIES
By Clarice Lispector
Edited by Benjamin Moser
Translated by Katrina Dodson
645 pp. New Directions. $28.95.

(Adaptado de https://www.nytimes.com/2015/08/02/books/review/the-completestories-by-clarice-lispector.html. Acessado em 21/07/20.)

No texto acima, o livro de Clarice Lispector recebe uma crítica



a)

positiva, apesar das ressalvas quanto aos cuidados que a leitura da obra exige.

b)

negativa, apesar dos elogios à originalidade da autora e à tradução para o inglês.

c)

positiva, apesar dos alertas quanto às temáticas perigosas da obra.

d)

negativa, apesar da comparação com grandes nomes da literatura latino-americana.

Resolução

A questão 20 apresenta um book review (uma resenha) da obra As Histórias Cmpletas de Clarice Lispector

Traduzindo o texto que acompanha a questão temos:

'As Histórias Completas', de Clarice Lispector
Por Terrence Rafferty
27 de julho de 2015


Há um cheiro/um sopro (whiff) de loucura na ficção de Clarice Lispector. As "Histórias Completas" da escritora brasileira, editado por Benjamin Moser e sensivelmente traduzido por Katrina Dodson, é um livro perigoso para ler rapidamente ou casualmente, porque é tão consistentemente delirante. Sentença por sentença, página por página, Lispector é emocionante, cativantemente estranha, mas suas percepções vêm tão rápido e se afastam (veer) tão descontroladamente entre o mundano e o metafísico, que depois de um tempo você não sabe onde você está, quer no livro ou no mundo. Então é melhor abordá-la com alguma cautela. Para o leitor comum que é por assim dizer, para a maioria de nós uma imersão em uma mente fervilhante (teeming) de Clarice Lispector pode ser uma experiência exaustiva e até perturbadora (deranging) e que não deve ser realizada de forma leviana. (Embale comida, água, um kit de primeiros socorros e muito protetor solar.)

Suas histórias estão cheias de palavras estranhas, em estranhas combinações e "Histórias Completas" é uma livro notável, prova de que ela era na companhia de Jorge Luis Borges, Juan Rulfo e seu compatriota do século XIX Machado de Assis — uma dos verdadeiros originais da Literatura Latina Americana.

 

a) Correta. Podemos perceber pela tradução da resenha acima que o livro de Clarice Lispector recebe uma crítica positiva e que as ressalvas quanto aos cuidados que a leitura da obra exige apontam no sentido de uma obra exuberante, rica e arrebatadora.

b) Incorreta. Conforme mencionado na alternativa anterior, o livro de Clarice Lispector não recebeu uma crítica negativa, tendo sido realizados elogios à originalidade da autora e também à maneira consistentemente delirante que ela escreve. Quanto à tradução para o inglês, a referência é elogiosa ao afirmar que foi feita de forma sensível.

c) Incorreta. A crítica é positiva, mas os alertas não são em relação às temáticas perigosas da obra, mas para que o leitor leigo aborde a obra com cautela.

d) Incorreta. A crítica não é negativa e, embora ocorra a comparação de Clarice Lispector com grandes nomes da literatura latino-americana como Jorge Luis Borges, Juan Rulfo e Machado de Assis, a autora é avaliada como uma escritora com tamanha qualidade que merece figurar na mesma lista que outros grandes escritores.