Os aposentos comuns são aqueles aos quais o povo pode ir, como os vestíbulos e pátios. Assim, magníficos vestíbulos, aposentos e átrios não são necessários para as pessoas de fortuna comum, pois visitam, mas não são visitados. As casas de banqueiros deveriam ser mais espaçosas e vistosas, protegidas contra ladrões. Advogados e retóricos deveriam morar com elegância. Para aqueles que ocupam cargos e magistraturas, deveriam ser feitos vestíbulos reais, amplos e devidamente decorados com grandeza.
(Adaptado de Vitrúvio, “Sobre a Arquitetura”, em Pedro Paulo Funari, Antiguidade Clássica. Campinas: Editora da Unicamp, 2003, p. 81.)
O arquiteto romano Vitrúvio expressa, em seu texto clássico sobre os princípios da Arquitetura,
a) |
a naturalização das diferenças sociais impressas na vida material, já que as habitações ditas comuns deveriam ser simples e as dos enriquecidos deveriam ser espaçosas e vistosas. |
b) |
a resistência contra as diferenças sociais impressas na vida material, já que as habitações de pessoas de fortuna comum, magistrados e funcionários públicos deveriam ser iguais. |
c) |
a percepção das diferenças sociais durante todo o Império Romano, materializadas nas habitações, e a busca por moradias mais belas e espaçosas para todos. |
d) |
a determinação em conservar as diferenças sociais no Império Romano, a partir de políticas públicas de construção de moradias amplas para pessoas de fortuna comum. |
a) Correta. O texto de Marcos Vitrúvio Polião (81 a.C. - 15 a.C.) retrata de forma quase natural as diferenças de classes na sociedade romana antiga por meio das construções arquitetônicas das habitações. Para o autor, pessoas comuns deveriam ter habitações simples, pois ninguém se importaria em visitá-las. O inverso valeria para os de maior prestígio social.
b) Incorreta. Não há nenhum tipo de crítica social ou questionamento da ordem vigente no texto de Vitrúvio, muito menos a defesa de qualquer projeto de igualdade dentre as habitações pertencentes aos romanos.
c) Incorreta. O autor não defendia a construção de moradias mais belas e espaçosas para todos. Ao contrário, dizia que era natural pessoas menos importantes possuírem habitações mais simples.
d) Incorreta. O autor não defendia em seu texto um projeto público de construção de moradias amplas para pessoas comuns. Ao contrário, o texto apenas defende que as pessoas de escalão mais baixo da sociedade poderiam possuir habitações mais simples.