REDAÇÃO PROPOSTA 1
Você é candidato/a a vereador/a em uma cidade de São Paulo. Em sua campanha, prometeu resolver uma situação polêmica envolvendo a escola pública em que estudou. A escola foi fundada em 1965 e tem em seu pátio duas estátuas de figuras históricas apresentadas como glórias passadas do Estado: um bandeirante, que hoje dá nome a uma rodovia estadual (Anhanguera), e um missionário jesuíta que fundou a cidade de São Paulo (Padre Anchieta). Tais estátuas sempre passaram despercebidas pela maioria dos estudantes. Em 2020, inspirados no movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), que questionou monumentos erguidos em homenagem a colonizadores e escravagistas na Europa, Estados Unidos e África, um grupo de estudantes se mobilizou para pedir a retirada das estátuas do pátio da escola. Outros estudantes se manifestaram contra a possível retirada.
Como ex-aluno/a e candidato/a a vereador/a, você foi convidado/a para discutir o assunto na assembleia estudantil dessa escola. Você então decide preparar um discurso político a ser proferido na assembleia. Em seu texto, você deve: a) fazer um balanço das duas visões em disputa; b) assumir uma posição sobre como agir diante do dilema da retirada ou não das estátuas, argumentando no sentido de convencer os estudantes ali presentes. Lembre-se de que, como líder político, sua posição terá impacto nos encaminhamentos da assembleia. Para escrever seu texto, leve em conta a coletânea apresentada a seguir.
1. Bandeirante: indivíduo que no Brasil colonial tomou parte em bandeira (no sentido de “expedição”); paulista (no sentido de “natural” ou “habitante”); que ou o que abre caminho; desbravador, precursor, pioneiro.
(Dicionário Houaiss on-line. Disponível emhttps://houaiss.uol.com.br/corporativo/apps/uol_www/v5-4/html/index.php#1.Acessado em 28/09/2020.)
2. Os vândalos do bem escolheram o alvo certo. Assim como os intelectuais de ontem, que ergueram estátuas para celebrar as ideias hegemônicas da época, os de hoje estão dispostos a derrubá-las em nome do mesmo princípio covarde. Uma estátua é uma cicatriz da história, uma marca inscrita pelo passado no corpo paisagístico da sociedade. Nas praças, nos parques ou nas ruas, as estátuas alertam-nos sobre o passado - ou melhor, sobre incontáveis camadas de passado. A derrubada desses símbolos revela o desejo tirânico de exterminar a memória social. Uma estátua erguida no passado não representa uma celebração presente de um personagem ou de uma ideologia, mas apenas a prova material de que, um dia, em outra época, isso foi celebrado.
(Adaptado de Demétrio Magnoli, Derrubada de estátua é a imposição do esquecimento. Folha de São Paulo, 26/06/2020.)
3.
(Alexandre Beck. Disponível em https://tirasarmandinho.tumblr.com/post/151198042879/tirinha-original. Acessado em 28/09/2020.)
4.Cidades são locais de memória e temos o direito de atribuirmos novos sentidos a monumentos que outrora esculpimos em pedra. Não se apaga a história, escrita com a caneta dos vencedores. No caso de estátuas, questiona-se quem merece um pedestal público. A escolha não está entre depredar monumentos ou deixá-los intocáveis. Podemos, ao invés disso, ter a maturidade de escolher não elogiar genocidas em nosso espaço público e derrubar monumentos. Civilidade essa que é, aliás, infinitamente superior à das figuras representadas nesses monumentos. Seja para pô-los em museus, para colocá-los em cemitérios de esculturas, para ressignificá-los, quando o valor artístico permite, seja para destruí-los, quando este valor for pífio.
(Adaptado de Thiago Amparo, Borba Gato deve cair. Folha de São Paulo, 14/06/2020.)
5. Como todos os missionários do Brasil, Anchieta protegia os índios e benzia a escravidão dos negros. Para ele, o cativeiro dos últimos livrava os primeiros da exploração colonial. Depois, o padre Antônio Vieira completou a justificação jesuítica do tráfico negreiro, afirmando que o escravismo também salvava os africanos do paganismo. Ao fio dos anos, acumulando negócios, os jesuítas se tornaram grandes proprietários de escravos. A fazenda de Santa Cruz, que lhes pertencia, era a maior propriedade escravista das Américas por volta de 1750, concentrando mais de mil cativos negros e mulatos.
(Adaptado de Luiz Felipe Alencastro, Santo Anchieta dos poucos. Folha de São Paulo, 20/07/2014.)
6. Os motivos que moviam os bandeirantes eram três. Em primeiro lugar, a riqueza: comerciantes endinheirados organizavam bandeiras para descobrir novas minas e depósitos de ouro, prata e pedras como a esmeralda. Em segundo lugar, a propriedade: fazendeiros financiadores usavam as expedições para ampliar suas terras, aumentando o território para cultivo ou criação de gado. Por fim, a mão de obra: muitas viagens tinham como objetivo recapturar escravos fugitivos ou então encontrar índios que pudessem ser escravizados.
(Adaptado dehttps://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-era-uma-expedicao-dos-bandeirantes/. Acessado em 25/09/2020.)
REDAÇÃO PROPOSTA 2
Você se encontra em uma situação de vulnerabilidade socioeconômica que o deixa mais exposto à infecção pelo vírus da Covid-19 e se sente indignado/a com a negligência do Estado, que não adota medidas sérias e eficazes para evitar que você e outros/as trabalhadores/as corram esse risco. Em um ato de resistência psíquica e política, você decide escrever um diário para registrar o seu testemunho dos acontecimentos extraordinários da pandemia da Covid-19 para que as gerações futuras possam entender como as decisões políticas de um dado momento são determinantes para a história da humanidade.
Escreva um texto de entrada para o seu diário, no qual você deve a) narrar um episódio em que você corre o risco de contrair a Covid-19 em razão de seu trabalho e; b) denunciar, a partir desse episódio, a necropolítica como forma de organização de um Estado negligente em relação à saúde dos mais vulneráveis. Lembre-se de que seu diário servirá de testemunho para que seus descendentes tomem conhecimento do exercício da necropolítica que marcou a pandemia da Covid-19. Para escrever seu texto, leve em conta a coletânea apresentada a seguir.
Diário é um gênero textual, geralmente de caráter íntimo, em que se fazem anotações de experiências pessoais cotidianas, e que é organizado pela data de registro dessas anotações. Alguns diários podem ultrapassar o interesse privado do seu autor e interessar a outros possíveis leitores, seja pela pertinência das reflexões pessoais, seja por documentar uma época histórica. |
1. Necropolíticaé um conceito desenvolvido pelo filósofo Achille Mbembe que questiona os limites da soberania quando o Estado, baseado em premissas coloniais, racistas e capitalistas, escolhe quem deve viver e quem deve morrer(...). Segundo a pesquisadora Rosane Borges, racismo, capitalismo e necropolítica são inseparáveis. Um sustenta o outro. Aquilo que o capitalismo acha que não serve mais, ele abate, porque são corpos negros. O que se faz com amassa sobrante do mercado de trabalho? O que se faz com o contingente de pessoas que não são absorvidas pelas novas competências técnicas e tecnológicas do capitalismo? Se mata, se exclui. Obviamente que essa mesma massa sobrante são corpos negros, mulheres negras, que foram fundamentais para a acumulação de capital. Corpos que foram escravizados e que hoje não interessam mais para o capital. São pessoas que estão vivendo nas franjas do sistema social, marginalizadas. Nesse processo de marginalização, a gente cria linhas divisórias entrenós e os outros. E esses outros podem ser alvo de tudo. Inclusive da morte.
(Adaptado de O que é necropolítica. Disponível em https://ponte.org/o-que-e-necropolitica-e-como-se-aplica-a-seguranca-publica-no-brasil/. Acessado em 15/01/2021.)
2. Quais são as consequências dessa pandemia no que diz respeito à reflexão sobre igualdade, interdependência global e nossas obrigações uns com os outros? O vírus não discrimina. Poderíamos dizer que ele nos trata com igualdade, nos colocando igualmente diante do risco de adoecer, perder alguém próximo e de viver em um mundo marcado por uma ameaça iminente. A desigualdade social e econômica garantirá a discriminação do vírus. O vírus por si só não discrimina, mas nós, humanos, certamente o fazemos, moldados e movidos como somos pelos poderes casados do nacionalismo, do racismo, da xenofobia e do capitalismo. Quais mortes chorar? Parece provável que passaremos a ver um cenário doloroso no qual algumas criaturas humanas afirmam seu direito de viver a custo de outras, reinscrevendo a distinção espúria entre vidas passíveis de luto e aquelas não passíveis de luto, isto é, entre aqueles que devem ser protegidos contra a morte a qualquer custo e aqueles cujas vidas não valeriam o bastante para serem salvaguardadas contra a doença e a morte.
(Adaptado de Judith Butler, O capitalismo tem seus limites. Disponível emhttps://www.redebrasilatual.com.br/blogs/blog-na-rede/2020/03/judith-butler-sobre-a-covid-19-o-capitalismo-tem-seus-limites/.Acessado em 08/09/2020.)
3.
(Adaptado de Pedro Conforte/ Plantão Enfoco. Disponível em https://www.brasildefato.com.br. Acessado em 28/09/2020.)
4.
(Adaptadode Confinada. Roteiro de Triscila Oliveira e Ilustração de Leandro Assis. Disponível em @leandro_assis_ilustra. (Instagram). Acessado em14/12/2020.)
5. O chefe de governo negou a gravidade do problema, insultou os coveiros, promoveu aglomerações e espalhou desinformação sobre o distanciamento, a higienização e o uso de máscara. Jogou com a vida dos que acreditaram em um remédio inócuo, a cloroquina, e nisso comprometeu o Exército e o SUS. Desmoralizou os médicos Ministros da Saúde, ignorou medidas que inibiriam a evolução da doença e deixou mofar milhões de testes que ajudariam a salvar vidas. Após atribuir poderes políticos às vacinas, o governo federal se dedica agora, negando uma cultura de cem anos, a minar a confiança nelas. Por ele, a pandemia nunca será superada.
(Adaptado de Ruy Castro, Os médicos sobre Bolsonaro. Disponível emhttps://www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycastro/2020/12/os-medicos-sobre-bolsonaro.shtml. Acessado em 14/12/2020.)
A prova de redação do Vestibular Unicamp 2021 apresentou dois gêneros textuais inéditos, mantendo a tendência verificada nos últimos anos de incorporar às propostas oferecidas ao candidato acontecimentos e discussões pertinentes ao momento atual, estimulando sua visão crítica e valorizando seu conhecimento de mundo.
PROPOSTA 1
Na proposta 1, é solicitada a elaboração de um discurso político, motivado por uma polêmica acerca da derrubada de estátuas que enaltecem figuras consideradas, atualmente, violentas e pouco representativas do povo brasileiro, como colonizadores e escravagistas.
Do ponto de vista estrutural da proposta, é solicitado que o texto traga as duas visões em disputa a respeito da polêmica que envolve a retirada das estátuas e que assuma uma dessas visões, argumentando para convencer os estudantes ali presentes que também têm participação na assembleia. Nesse sentido, seria imprescindível que o discurso deixasse evidente que há dois pontos de vista acerca dessa polêmica e quais são eles (ou seja, a visão de quem acredita que as estátuas devem ser retiradas e a visão de quem acredita que as estátuas devem ser mantidas). Esse pode ser um ponto de fragilidade do texto: o candidato que defender um ponto de vista sem explicitar que existe a visão oposta possivelmente terá dificuldade para alcançar a nota máxima em algum dos critérios da grade de correção. Além disso, o texto deve, ainda, argumentar em favor do ponto de vista escolhido, outra habilidade bastante importante para a adequada realização desta proposta.
Como situação de produção, a proposta oferece um contexto bastante verossímil: um candidato a vereador que, tendo um vínculo com a escola pública em que estudou, interessa-se tanto pelas questões referentes à vida escolar como às concernentes à sua vida pública e, por isso, sente-se confortável para discursar em uma assembleia estudantil que discutirá um tema tão relevante. A imagem desse candidato a vereador e desse contexto de produção do texto poderiam certamente ser explorados ao longo do discurso, gênero textual que exige marcas relativamente fixas, como a primeira pessoa do singular, a interpelação do público ouvinte e uso de dêiticos que situem esse discurso no espaço e tempo presentes.
Os textos de apoio oferecidos pela proposta permitem que ambos os posicionamentos sejam defendidos com eficácia: o excerto 1 apresenta uma definição do termo “Bandeirante”, que poderia ser usada para apresentar a discussão (dado que a definição não traz necessariamente um caráter negativo) ou ambientar a argumentação (já que a definição pode ser lida como uma neutralização das ações violentas desse grupo, por exemplo). O excerto 2, trecho de autoria do jornalista Demétrio Magnoli, apresenta um ponto de vista a favor da permanência de estátuas que remetem a um passado que não existe mais – do ponto de vista do jornalista, uma estátua é como uma “cicatriz da história”, algo que deve ser mantido por ser a prova material de que aquele evento ocorreu e apagar essa cicatriz seria um ato covarde de imposição de uma ideologia hegemônica. O excerto 3, uma tirinha da autoria de Alexandre Beck de seu personagem Armandinho, aponta para a relativização do termo “vândalos”, uma vez que, no primeiro quadrinho, o termo parece se aplicar àqueles que teriam pichado o monumento em homenagem aos bandeirantes e, no segundo quadrinho, fica subentendido que os “vândalos” seriam os próprios bandeirantes, que causavam destruição e dor na busca de riquezas. O excerto 4, trecho de autoria de Thiago Amparo, aponta para a possibilidade de se revisitar os monumentos históricos que permeiam a cidade, uma vez que a retirada deles, para o autor, representa uma civilidade muito maior que a representada pela sua construção. O excerto 5, de autoria do historiador Luiz Felipe de Alencastro, destaca de que forma os jesuítas atuaram na manutenção da escravidão dos negros, o que poderia ser usado pelo candidato também como contextualização ou como argumentação. O excerto 6 traz um panorama geral das ações dos bandeirantes, o que poderia ajudar a construir a ideia de que eles agiam de maneira a valorizar apenas seus interesses e não a vida de índios ou negros escravizados.
De um modo geral, as habilidades de exposição de ideias e argumentação foram bem exploradas pela proposta, que trouxe, ainda, espaço para que o candidato pudesse refletir e se colocar a respeito de uma questão tão atual como a da ressignificação de monumentos históricos.
PROPOSTA 2
Na proposta 2, foi solicitada a elaboração de um texto de entrada para um diário, ou seja, uma página de diário, gênero textual que foi definido na própria proposta em um box visualmente destacado.
Para a realização desta proposta, o candidato deveria se colocar no lugar de uma pessoa que, em situação de vulnerabilidade social, sente-se exposta à infecção do vírus da Covid-19 e indignada com a negligência estatal para lidar com essa situação.
O texto deveria ser organizado de modo a apresentar a narração de um episódio em que fique evidente o risco que essa pessoa enfrentou de contrair a Covid-19 por conta de seu trabalho e a denúncia de que o Estado emprega atualmente uma necropolítica em relação à saúde dos mais vulneráveis especialmente no contexto atual de pandemia. É importante ter em mente que a escrita desse texto tem como intenção alertar e informar as futuras gerações sobre a importância da ação estatal em uma situação delicada como a atual.
Como situação de produção, então, esse contexto mais amplo poderia ser bastante explorado: a ideia de uma pessoa que, sentindo-se desamparada e indignada, decide manter um diário como ferramenta de resistência psíquica e política, ou seja, tanto a esfera individual como a esfera social podem ser trabalhadas de forma a construir a imagem desse enunciador e desse contexto geral. Do ponto de vista dos interlocutores, ainda que um diário não necessariamente os pressuponha, a situação de produção evidencia que um dos objetivos dessa escrita é a comunicação com os possíveis leitores futuros do diário, e essa construção também poderia ser explorada pelo candidato.
Os textos da coletânea oferecem os conceitos necessários para a realização de um bom texto: o excerto 1 traz uma definição do termo necropolítica (a ação do Estado que, com base em conceitos contestáveis, decide quem pode morrer e quem pode viver), que deveria ser mandatoriamente incorporado ao texto do candidato para a realização do item b do enunciado. O excerto 2 aponta para a forma como a sociedade desigual em que vivemos expõe de maneira também muito desigual as pessoas de diferentes classes econômicas aos prejuízos causados pelo vírus causador da pandemia de Covid-19. O excerto 3, uma foto que retrata duas realidades distintas – a do trabalhador, negro, que não pode deixar de atuar durante a pandemia ,e a do branco que tem condições necessárias para se exercitar em meio ao mesmo contexto. Essa imagem mimetiza uma situação muito discrepante e, por isso, poderia ser usada como base para a argumentação do candidato em relação às diferenças de possibilidades de se lidar com a pandemia. O excerto 4, tira da série Confinadas, expõe o contexto de muitos trabalhadores que, com ou sem garantias trabalhistas, viram-se obrigados a enfrentar situações perigosas de possível contágio pela Covid-19. O excerto 5, de autoria do escritor Ruy Castro, destaca a atuação do atual governo brasileiro, em especial na figura de seu chefe de governo, na condução do país na atual pandemia, explicitando que ações desastrosas levaram o país ao momento crítico que todos enfrentam. O autor do texto destaca a desinformação, a prescrição de medicamentos sem comprovação e a descredibilização das vacinas como algumas das ações que prejudicam o combate à pandemia. Nesse sentido, o texto poderia ser usado para ilustrar a sensação de desamparo e indignação, que motivam a escrita da página de diário.
Em linhas gerais, a proposta 2 mobilizou estratégias diferentes da exigidas para a elaboração da proposta 1, dado que a construção de uma página pessoal para a reflexão e desabafo, com vistas a eternizar uma crítica social em relação ao momento atual, pressupõe habilidades específicas do candidato, que, no entanto, deve ser capaz de, assim como na proposta 1, traçar paralelos entre uma situação coletiva e uma individual.
É preciso também que nos questionemos sobre a finalidade última das obras que julgamos dignas de serem estudadas. Em regra geral, o leitor não profissional, tanto hoje quanto ontem, lê essas obras para encontrar um sentido que lhe permita compreender melhor o homem e o mundo, para nelas descobrir uma beleza que enriqueça sua existência; ao fazê-lo, ele compreende melhor a si mesmo.
(Adaptado de T. Todorov, A literatura em perigo.São Paulo: Difel, 2009, p. 32-33.)
FÓRMULA MÁGICA DA PAZ
Essa porra é um campo minado
Quantas vezes eu pensei em me jogar daqui?
Mas, aí, minha área é tudo o que eu tenho
A minha vida é aqui e eu não consigo sair
É muito fácil fugir, mas eu não vou
Não vou trair quem eu fui, quem eu sou
Eu gosto de onde eu tô e de onde eu vim
O ensinamento da favela foi muito bom para mim
(...)
A gente vive se matando, irmão, por quê?
Não me olhe assim, eu sou igual a você
Descanse o seu gatilho, descanse o seu gatilho
Entre no trem da malandragem, meu rap é o trilho
(Racionais Mc’s, Sobrevivendo no inferno. São Paulo: Companhiadas Letras, 2018,p. 121e 129.)
a) Identifique, nos versos transcritos acima, uma expressão que se opõe ao título da canção e uma outra que o confirma. Explique o título da canção considerando o último verso.
b) Com base no trecho de Todorove no excerto da canção, formule dois argumentos (um ético e um estético) que justifiquem o estudo do rap.
a) As expressões que se opõem ao título da canção é “campo minado” e "a gente vive se matando", que remetem a um contexto de guerra com o qual a violência presente na realidade da periferia é comparada. As expressões que confirmam o título são “ensinamento da favela” e “descanse seu gatilho”, sendo que a primeira remete a um conjunto de valores, aprendidos no contexto da comunidade periférica, que visam encontrar alternativas à violência, e a segunda, por sua vez, aponta para a necessidade de se abdicar da violência armada como condição indispensável para se alcançar a paz.
O último verso do excerto se configura como um convite em que o enunciador convida seu interlocutor a entrar no “trem da malandragem”, garantindo-lhe que “meu rap é o trilho”. Tal interpelação pode ser considerada como a apresentação de uma alternativa à realidade violenta vivida pelos jovens moradores da periferia: a malandragem seria uma estratégia que possibilitaria evitar o destino reservado a esses jovens – criminalidade, violência, morte – e encontrar um modo de vida mais pacífico, propiciado pelo rap e pelos valores vinculados a essa manifestação artística. Nesse sentido, a letra apresenta a seu destinatário “a fórmula mágica da paz” anunciada no título cujos “componentes” seriam a rejeição da violência (descanse seu gatilho), o reconhecimento da igualdade entre os moradores da periferia, que vivem realidades semelhantes (eu sou igual a você) e a adesão aos valores coletivos propostos pelos rap.
b) Ao afirmar que o estudo de uma obra literária pode ser motivado pela busca de um “sentido que lhe permita compreender melhor o homem e o mundo”, Todorov apresenta um argumento ético que justifica a eleição do rap como objeto de estudo. Ao se debruçar sobre esse gênero musical, o leitor/ouvinte terá a oportunidade de conhecer a realidade da periferia a partir do ponto de vista dos sujeitos que vivem nela e enfrentam um cotidiano marcado pela violência, pela marginalização, pelo racismo e por uma série de precariedades. Nesse sentido, será possível compreender como essas pessoas veem o mundo e de que forma elas constituem seu pensamento e sua sensibilidade frente à realidade em que vivem.
O segundo argumento apresentado pelo autor é de ordem estética e considera que o estudo de uma determinada obra literária possibilita ao leitor “descobrir uma beleza que enriqueça sua existência”. Essa justificativa pode embasar o estudo do rap, uma vez que esse gênero permite entrar em contato com uma formulação artística capaz de transformar uma realidade de violência, exclusão e miséria em “ritmo e poesia”, em algo belo, capaz de tocar a sensibilidade e mudar o modo como tal realidade e as pessoas que nela vivem são percebidas socialmente.
Peroração, do latim perorātio, peroratiōnis, de perorāre, significa concluir, arrematar, acabar. Corresponde à parte final do sermão, caracterizada geralmente pela recapitulação, pela amplificação de uma ideia e pela comoção do auditório. Sua finalidade última é comover e mover os ouvintes, isto é, emocionar e mover o ânimo do público para a ação.
(Adaptado de Flávio Antônio Fernandes Reis, “Peroração”. Disponível em www.edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/peroracao.Acessadoem 06/10/2020.)
“Mortos, mortos, desenganai estes vivos! Dizei-nos que pensamentos e que sentimentos foram os vossos, quando entrastes e saístes pelas portas da morte. (...)Entre essas duas portas se acha subitamente o homem no momento da morte, sem poder tornar atrás, nem parar, nem fugir, nem dilatar, senão entrar para onde não sabe, e para sempre. Oh que transe tão apertado! Oh que passo tão estreito! Oh que momento tão terrível!”
(Antonio Vieira, “Sermão de 1672”. Sermões de Quarta-feira de Cinza. A arte de morrer: São Paulo: Nova Alexandria,1994,p.65.)
a) Identifique e explique as duas estratégias retóricas utilizadas por Vieira ao encaminhar-se para a conclusão do Sermão de 1672.
b) Com que sentimentos o pregador busca sensibilizar os ouvintes? Que ação procura estimular nos cristãos?
a) De acordo com o excerto crítico, na peroração, o pregador se empenhará em recapitular os argumentos do sermão, amplificar uma ideia, realçando-a diante do auditório e, por fim, comover os ouvintes para levá-los à ação. Para alcançar esses objetivos na conclusão do Sermão de 1672, Vieira emprega uma série de estratégias retóricas, dentre as quais é possível citar:
A teatralização presente no discurso aos mortos: Vieira dirige a palavra aos mortos, conclamando-os a dizer quais foram os seus pensamentos e sentimentos quando atravessaram as portas da morte. Dessa forma, pregando aos ausentes, o pregador atinge indiretamente o seu auditório, incitando sua curiosidade e mantendo vivo o seu interesse para que o efeito do sermão pudesse ser mais eficaz.
Ênfase no momento terrível de entrada na eternidade: ao dirigir-se aos mortos, Vieira lhes pede que relembrem o momento terrível em que, ao cruzar as portas da morte, entraram para a eternidade. Nesse ponto, ele ressalta o horror de tão terrível momento em que já não há espaço para arrependimentos e nem há a possibilidade de voltar atrás.
Recurso à imaginação: estabelecendo uma relação com a estratégia anterior, Vieira faz com que os ouvintes se transportem, pela imaginação, ao momento de seu julgamento, quando estarão prestes a saber se passarão a eternidade no céu ou no inferno. Seu objetivo é fazer com que eles vivam o horror desse momento para, assim, reverem e mudarem seu modo de vida.
Recursos linguísticos: o pregador lança mão de uma série de recursos linguísticos que visam comover o público, tais como a repetição da interjeição – “oh!” – que evidencia seu assombro e o “páthos” (fortes emoções) frente à perspectiva da morte e do julgamento. Contribuem para a criação desse efeito o emprego dos pontos de exclamação e as anáforas – “Oh que transe tão apertado! Oh que passo tão estreito! Oh que momento tão terrível!”, que reiteram a gravidade desse momento.
b) A partir das estratégias retóricas mobilizadas na peroração, Vieira pretende comover o auditório, despertando o “páthos”, isto é, argumentos de ordem emotiva, que falam mais aos sentimentos que à razão. Dessa forma, ao teatralizar o momento chave da vida cristã – a passagem para a vida eterna – ele desperta sentimentos de pânico e terror nos ouvintes, mostrando-lhes a possibilidade da condenação eterna. Seu objetivo é fazer com que os fiéis sintam o arrependimento que, porventura, poderão vir a sentir caso, no momento da morte, não tenham levado uma vida conforme os preceitos cristãos. Ao fazer isso, o pregador pretende mover o público à conversão que implicaria na renúncia dos prazeres terrenos e na adoção da vida espiritual, de acordo com os preceitos da Igreja.
“A literatura deve, portanto, ser lida e estudada porque oferece um meio de preservar e transmitir a experiência dos outros, aqueles que estão distantes de nós no espaço e no tempo, ou que diferem de nós por suas condições de vida. Ela nos torna sensíveis ao fato de que os outros são muito diversos e que seus valores se distanciam dos nossos.”
(Antoine Compagnon, Literatura para quê? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009, p. 46-47.)
“E tudo dela repugnava a Ruth: a estupidez, a humildade, a cor, a forma, o cheiro; mas percebera que também ali havia uma alma e sofrimento, e então, com lágrimas nos olhos, perguntava a Deus, ao grande Pai misericordioso, por que a criara, a ela, tão branca e tão bonita, e fizera com o mesmo sopro aquela carne de trevas, aquele corpo feio da Sancha imunda? Que reparasse aquela injustiça tremenda e alegrasse em felicidade perfeita o coração da negra.
─ Sim, o coração dela deve ser da mesma cor que o meu, cismava Ruth, confusa, com os olhos no altar.”
(Júlia Lopes de Almeida, A falência. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 235.)
a) Indique duas palavras do texto de A falência que marcam a tensão entre matéria e espírito. Explique como essa tensão é vivida pela personagem.
b) Relacione as duas últimas frases da passagem do romance com as reflexões de Compagnon, considerando as condições de trabalho na sociedade brasileira ao final do século XIX.
a) No excerto, a referência à matéria está presente na palavra “carne”, assim como em “corpo”, “cor”, “forma” e “cheiro”; já o espírito é referido em “alma”, bem como em “sofrimento” e “felicidade”. Para Ruth, há uma tensão entre a repulsa ao corpo de Sancha, fruto de uma formação ainda atrelada à ideia escravocrata de inferioridade do negro, e a constatação de que a criada possui uma alma como a sua, que sofre e que também tem direito à felicidade.
b) Segundo Compagnon, a literatura proporciona o contato com experiências e valores de épocas, espaços e condições de vida diversos e distantes de nossa realidade; assim, devemos entender o conflito de Ruth levando em conta que a sociedade brasileira, no final do século XIX, vivia a passagem da escravidão para o trabalho livre. Isso posto, as reflexões da personagem a respeito de Sancha e sua confusão ao cogitar que “o coração dela deve ser da mesma cor que o meu” evidenciam, por um lado, sua formação oriunda de um contexto escravocrata, em que o racismo era uma prática comum e naturalizada. Por outro, verifica-se o nascimento de uma sensibilidade que, embora não supere esse racismo, apresenta uma nova perspectiva em que a pessoa negra é humanizada e passa a ser vista de modo mais igualitário. Dessa forma, o impasse vivido por Ruth no romance “a Falência”, ao constatar a “injustiça tremenda” sofrida pela criada, evidencia ao leitor contemporâneo o modo como as questões raciais eram percebidas e discutidas no contexto social no qual a obra circulou pela primeira vez.
Leia a definição abaixo e a transcrição de parte do vídeo feito por Regina Casé e afilha Benedita no dia do surdo.
Essa aqui é a Benedita, minha filha. Ela tem uma perda auditiva severa. Ela teve essa perda quando era muito bebezinha. Desde então, eu vi que as pessoas têm muita dificuldade de se comunicar com ela. Ficam agoniadas quando percebem que ela não escuta ou que ela usa aparelho. Então, nós duas resolvemos ajudar um pouquinho, com nossa experiência, nessa comunicação com situações do dia a dia. Por exemplo: não dá para falar de costas para a pessoa, porque muitas vezes ela depende da leitura labial para entender. Outro exemplo: não precisa gritar porque volume (alto-baixo) é uma coisa completamente diferente de frequência (agudo-grave). Outra coisa que acontece direto: em vez de falarem com a pessoa surda, perguntam para a pessoa que está do lado. E para terminar, é uma loucura quando alguém fala: `Nossa, mas ela é tão linda! Ninguém diz que ela é surda ́. Procure saber o que é capacitismo e daqui para frente seja anticapacitista! Ela é linda. E é surda!
(Adaptadode Regina Casé. Disponível em https://www.instagram.com/tv/CFmrEqylXpI/?utm_source=ig_embed.)
a) Considerando as noções de capacitismo e anticapacitismo, explique o uso de “mas” e de “e” nas frases “Nossa, mas ela é tão linda!” “Ela é linda. E é surda!”.
b) Apontando as dificuldades de comunicação com uma pessoa surda, Regina Casé observa que uma situação frequente é o interlocutor dirigir-se a quem está ao lado da pessoa. Nesse caso, trata-se de uma atitude capacitista ou anticapacitista? Explique.
a) Capacitismo é o "termo usado para descrever a discriminação e a opressão contra pessoas com deficiência, que abrange desde a acessibilidade até a forma como a sociedade trata essas pessoas". A construção "Nossa, mas ela é tão linda!", ao se referir a Benedita, filha da apresentadora Regina Casé, é exemplo de capacitismo, pois, por meio da conjunção coordenativa adversativa mas, introduz uma ideia de oposição entre o fato de Benedita ser surda e ser bonita, como se a concomitância dessas duas características fosse estranha à normalidade. Ao descrever tais comentários, os quais a apresentadora chama de "loucura", Casé convoca os leitores a serem anticapacitistas, ou seja, a tomarem uma posição contrária ao capacitismo, o qual carrega em si forte carga de preconceito. A construção "Ela é linda. E é surda!, por fazer uso da conjunção coordenativa aditiva E, traz às características "ser bonita" e "ser surda" uma ideia de soma, de complementaridade, normalizando ambas características.
b) O interlocutor dirigir-se a quem está ao lado da pessoa surda é exemplo de uma atitude capacitista, condizente com o conceito de capacitismo apresentado pelo enunciado: ""termo usado para descrever a discriminação e a opressão contra pessoas com deficiência, que abrange desde a acessibilidade até a forma como a sociedade trata essas pessoas". Isso porque a pessoa surda não ouve, no entanto, é plenamente capaz de estabelecer comunicação com seus interlocutores, bastando-se observar algumas atitudes, por exemplo - conforme descreve a apresentadora Regina Casé - não falar de costas para a pessoa surda ou não gritar. Se o interlocutor não se dirige diretamente ao surdo, e sim àquele que o acompanha, demonstra uma atitude capacitista na medida em que supõe a inabilidade do surdo em se comunicar com uma pessoa ouvinte.
Texto 1
O dilema das redes (2020) aborda um dilema comum em documentários desse tipo. É, sem dúvida, importante a denúncia vinda dos empresários desse setor que lucraram muito com a criação de empresas digitais que monopolizam as redes: a revelação de seu funcionamento, de seus preocupantes efeitos sobre as pessoas e de sua perniciosa influência em processos políticos – uma espécie de crise de consciência. Contudo, eles parecem não entender exatamente que são eles os protagonistas. Empenhados em desenvolver uma “ferramenta” capaz de integrar as pessoas, viram-se enredados nessa rede cuja finalidade era prender a atenção e servir de plataforma de marketing. Ora, é evidente que são empresas que querem lucros, portanto, não são exatamente “ferramentas”. O documentário afasta a resposta simples de que o produto que vendem são os dados capturados por essas plataformas. Elas funcionam mapeando comportamentos e padrões de modo a dirigir a oferta do produto com um alto grau de certeza de consumo. E é aqui que a discussão fica interessante: qual é, afinal, o produto? A resposta do documentário é simples: nós.
Texto 2
[Sabe...Eu acho que o dilema não é a rede... mas o pescador!!!]
(Adaptado de Mauro Iasi, O dilema do dilema das redes: a internet é o ópio do povo. Blog da Boitempo. Disponível em https://blogdaboitempo. com.br/o-dilema-do-dilema-das-redes-a-internet-e-o-opio-do-povo/.Acessado em 10/10/2020.)
a) Considerando o primeiro parágrafo do texto 1, indique dois substantivos a que a expressão “viram-se enredados” se refere.
b) Considere a charge (Texto 2) e, com base na finalidade das “ferramentas” (discutidas no primeiro e no segundo parágrafos do Texto 1), explique por que o dilema não é da rede.
a) Dois substantivos a que a expressão "viram-se enredados" se refere são empresários e protagonistas. Segundo o texto, especificamente no segundo período do primeiro parágrafo, os empresários do setor digital denunciam, no documentário O dilema das redes, o funcionamento de empresas digitais, os efeitos preocupantes dessas empresas nas pessoas e a influência em processos políticos, denúncia que o texto descreve como "uma espécie de crise de consciência" dos empresários desse setor. No terceiro período, introduzido pela conjunção coordenativa adversativa contudo, o texto aventa a hipótese de esses empresários do setor digital, na verdade, não entenderem que eles mesmos são os protagonistas da situação que os próprios denunciam, ao, conforme o quarto período, empenharem-se no desenvolvimento de uma "ferramenta" capaz de integrar as pessoas ("ferramenta" que, no segundo parágrafo do texto, não serão vistas propriamente como "ferramentas", uma vez que tais empresas têm como objetivo a geração de lucros) e verem-se enredados nessa rede. Portanto, são os empresários do setor digital os protagonistas da situação descrita e aqueles que viram-se enredados pela rede que denunciam.
b) Segundo o texto 1, as "ferramentas" não são exatamente "ferramentas" porque as empresas querem lucros. Parafraseando o texto, se, por um lado, os empresários do setor empenharam-se no desenvolvimnto dessas ferramentas para integrar as pessoas, por outro, a finalidade das redes é prender a atenção das pessoas e servir de plataforma de marketing. O documentário em análise esclarece que, na verdade, o produto que tais plataformas vendem não são os dados capturados por elas, e sim os próprios usuários, uma vez as plataformas funcionam mapeando os comportamentos dos usuários para oferecer produtos direcionados a seus interesses, aumentando a certeza do consumo. Dessa forma, o dilema não seria a rede em si - e, nesse contexto, a charge dialoga com o texto 1, explorando a polissemia da palavra rede (rede digital e rede do pescador) - , mas o pescador - nesse contexto, há deslizamento de sentido do termo pescador (aquele que joga a rede de pesca e que, portanto, é o responsável por pegar os peixes; e aquele que, no contexto das redes digitais, direciona todo o trabalho de mapeamento do comportamento dos usuários com o objetivo de direcionar o oferecimento de produtos para gerar alto grau de certeza de consumo). Ou seja, o dilema se coloca na postura dos "pescadores" das plataformas digitais, aqueles que, na verdade, segundo o texto, vendem os usuários como produtos: os empresários do setor digital.
Texto 1
Audino Vilão é o pseudônimo de Marcelo Marques. O universitário paulista de 18 anos cursa Licenciatura em História e produz vídeos em que traduz conceitos filosóficos complexos em linguagem coloquial, com gírias típicas das periferias do Estado de São Paulo. Audino se apresenta como um vilão que sequestra o conhecimento da elite acadêmica e distribui pra todo mundo, igualmente, da melhor forma possível. Ele entende que é preciso valorizar a cultura do aluno, o dialeto dele, seu conhecimento de vida.
(Adaptado de Bárbara Martins,“Audino Vilão: universitário traz conceitos filosóficos para linguagem da periferia. ”Disponível em https://www.hypeness.com.br/2020. Acessado em 09/11/2020.)
Texto 2
“E aí, molecadinha que nos assiste? Primeiramente um abraço, um cheiro, um amasso, diretamente daqui da 019, Audino Vilão na voz, trazendo pra vocês uma explicação: que que é democracia? Pra começar, vamo vê na história. A democracia surgiu na Grécia, na cidade de Atenas, em 504 a.C., em resposta aos governos autoritários. Cê é louco, o bagulho, mó tempo, né? Os cara mandava em tudo, metia o louco. Aí os caras saíram do poder, o povo se uniu e pensou: Parça, e se nós fizesse esse bagulho agora, e se nós mandasse nesse bagulho aí? Aí a rapaziada lá, suave, se reuniu nas praça, nos congresso, os cara discutia qual que vai ser a plantação, qual que vai ser o festival da cidade. Só que, naquela época, pra você participar da democracia você precisava ser homem, maior de 21 anos, precisava possuir terras e... o mais importante: você precisava ser cidadão ateniense. Você não poderia ser nem mulher, nem escravo. Então era um bagulho meio elitista, tá ligado? Era um bagulho meio exclusivo.
Mas qual que é essas ideia de democracia? Democracia é uma forma de governo onde todo mundo pode participar. Dá pra todo mundo tentar fazer o seu corre, e tentar progredir no nosso país, no nosso município, na nossa quebrada. Porque a democracia parte de um princípio de respeito à liberdade individual. Mas não fica só nisso não. A democracia também acontece quando você vai lá e cobra o político: e aí, mano, cadê as escola? O certo é o certo, o errado é cobrado, e a democracia é dessa fita, entendeu?”
(Adaptado de Audino Vilão. Disponível em https://www.instagram.com/p/C E7wnZypyEi/. Acessado em 09/11/2020.)
a) Cite duas características da democracia grega que, segundo Audino Vilão, a diferenciam do conceito atual de democracia.
b) A quem se dirigem os vocativos “Parça” (no primeiro parágrafo), e “mano” (no segundo parágrafo)?
a) Segundo Audino Vilão, "Aí a rapaziada lá, suave, se reuniu nas praça, nos congresso, os cara discutia qual que vai ser a plantação, qual que vai ser o festival da cidade. Só que, naquela época, pra você participar da democracia você precisava ser homem, maior de 21 anos, precisava possuir terras e... o mais importante: você precisava ser cidadão ateniense. Você não poderia ser nem mulher, nem escravo. Então era um bagulho meio elitista, tá ligado? Era um bagulho meio exclusivo." Esse trecho esclarece que, na democracia grega, os cidadãos participavam diretamente das discussões sobre as tomadas de decisão, ao passo que, hoje, elegemos representantes do Poder Executivo e do Poder Legislativo para nos representar. Ainda segundo o texto, era necessário ser homem, ter mais de 21 anos, possuir terras e não ser escravo. O conceito atual de democracia não diferencia gênero, sendo a participação em eleições por meio do voto direto um direito (no Brasil, esse direito é garantido a partir dos 16 anos) da democracia atual. A posse de terras não é condição para participação democrática e a escravidão foi abolida no Brasil, não sendo, portanto, uma condição impeditiva para acesso à democracia. Cabe observar que o candidato deveria escolher apenas duas características da democracia grega que a diferenciam do conceito atual de democracia.
b) O vocativo "Parça" - Aí os caras saíram do poder, o povo se uniu e pensou: Parça, e se nós fizesse esse bagulho agora, e se nós mandasse nesse bagulho aí? - refere-se aos cidadãos atenienses, pois Audino Vilão simula, nesse trecho, um diálogo entre os habitantes de Atenas quando do surgimento da democracia grega. Já o vocativo "mano" - A democracia também acontece quando você vai lá e cobra o político: e aí, mano, cadê as escola? - refere-se aos políticos da atualidade, pois Audino Vilão simula, nesse trecho, um diálogo entre a população e os governantes, cobrando deles ações concretas.
Durante anos, Penélope esperou que seu marido, Ulisses, retornasse da Guerra de Troia (IX e VII a.C.). Essa viagem é o tema da Odisseia, poema épico grego atribuído a Homero. Como os anos passavam e não havia notícias de Ulisses, o pai de Penélope sugeriu que ela se casasse novamente. Diante da insistência do pai, resolveu aceitar a corte dos pretendentes, com a condição de que o novo casamento somente aconteceria depois que ela terminasse de tecer um sudário, que ficou conhecido como “Tela de Penélope”, que serviria de mortalha para Laerte, pai de Ulisses. Durante o dia, aos olhos de todos, Penélope tecia, e à noite, secretamente, desmanchava todo o trabalho. Com esse artifício, adiava a escolha de outro marido até a volta de Ulisses.
(Adaptado de Penélope, Wikipedia. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Pen%C3%A9lope. Acessado em 09/01/2021.)
Penélope (I)
O que o dia tece
a noite esquece.
O que o dia traça
a noite esgarça.
De dia, tramas,
de noite, traças.
De dia, sedas,
de noite, perdas.
De dia, malhas,
de noite, falhas
(Ana Martins Marques, A vida submarina. Belo Horizonte: Scriptum, 2009, p. 105.)
a) Como as palavras “traça” (na segunda estrofe) e “traças” (na terceira estrofe) constroem uma relação antitética no poema?
b) No poema, a palavra “tramas” remete a Penélope por duas razões. Quais são elas? Explique.
a) Na segunda estrofe, “traça” é um verbo que indica a ação de tecer, remetendo à promessa de Penélope, cumprida ao longo do dia: a confecção do sudário antes de se casar novamente. Já na terceira estrofe, “traças” é um substantivo e designa um inseto que corrói tecidos, aludindo ao ato de Penélope desmanchar, durante a noite, o trabalho realizado. Dessa forma, tem-se uma relação antitética na oposição entre construção e destruição.
b) A palavra “tramas” pode ser entendida como o entrelaçamento dos fios, relacionando-se ao sudário que Penélope deve terminar de tecer como condição para aceitar um novo matrimônio. Ao mesmo tempo, “tramas” remete ao artifício ardiloso da personagem, que engana a todos, desfazendo seu trabalho às escondidas, e consegue, assim, adiar seu casamento e continuar à espera de Ulisses.
Leia abaixo alguns excertos do poema Menimelímetros, de Luz Ribeiro, poeta do Slam das Minas de São Paulo. Esse poema foi apresentado performaticamente em alguns slams de que ela participou no Brasil.
os menino passam liso
pelos becos e vielas
os menino passam liso
pelos becos e vielas
os menino passam liso
pelos becos e vielas
você que fala em becos e vielas
sabe quantos centímetros cabem em um menino?
sabe de quantos metros ele despenca
quando uma bala perdida o encontra?
Sabe quantos nãos ele já perdeu a conta? (...)
esses menino tudo sem educação
que dão bom dia, abrem até o portão
tão tudo fora das grades escolares
nunca tiveram reforço – de ninguém
mas reforçam a força e a tática
do tráfico, mais um refém (...)
que esses meninos sem nem carinho
não tem carrinho no barbante
pensa que bonito se fosse peixinho fora d’água
a desbicar no céu
mas é réu na favela
lhe fizeram pensar voos altos
voa, voa, voa...aviãozinho
e os menino corre, corre, corre
faz seus corres, corres, corres (...)
“ceis” já pararam pra ouvir alguma vez os sonhos
dos meninos?
é tudo coisa de centímetros:
um pirulito, um picolé
um pai, uma mãe
um chinelo que lhe caiba nos pés
um aviso: quanto mais retinto o menino
mais fácil de ser extinto
seus centímetros não suportam 9 milímetros
porque esses meninos
esses meninos sentem metros
a) O título Menimelímetros é um neologismo que funde ao menos duas palavras. Quais são essas palavras? Transcreva os versos que sintetizam o título do poema.
b) Na terceira estrofe, há um jogo de palavras. Identifique esse jogo de palavras e explique a relação de causa e consequência estabelecida por ele.
a) O neologismo “Menimelímetros”, título do poema, decorre da fusão das palavras “menino” e “milímetro”. Os versos que sintetizam os significados evocados por esse neologismo são “sabe quantos centímetros cabem em um menino?” e “seus centímetros não suportam 9 milímetros”.
b) A terceira estrofe apresenta um jogo entre as palavras “reforço” (substantivo com sentido de “auxílio”, “ajuda”) e “reforçam” (verbo com sentido de “intensificam”, “ampliam”). Considerando-se a estrofe em questão, essas palavras indicam como causa o abandono dos meninos, que “nunca tiveram reforço – de ninguém”, ou seja, não foram amparados nem no ambiente escolar, nem pela sociedade em geral, e, como consequência, ocorre a adesão desses meninos à criminalidade, reforçando “a força e a tática do tráfico”.
Texto A. Microplastics are tiny particles composed of plastic that have been becoming a worrisome problem in the oceans. Besides a direct contribution to pollution, microplastics can also release chemicals such as plasticizers and flame retardants into the water they are in. An investigation carried out by the Virginia Institute of Marine Science found that water temperature and salinity can have an effect on how much of these chemicals are released from microplastics, reinforcing the need to keep these materials out of the environment.
(Adaptado de https://marinedebris.noaa.gov/research/influence-environmental-conditions-contaminants-leaching-and-sorbing-marine-microplastic. Acessa-do em 30/09/2020.)
Texto B. The Guppyfriend Washing Bag is the most effective hands-on solution against microplastic pollution from washing. It reduces fiber shedding and protects your clothes. It filters the few fibers that do break and it’s a reminder to change our washing rituals.
(Na parte inferior da imagem, lê-se: “STOP Microwaste for a plastic free nature –Microfiber Filter Solution”)
(https://us.guppyfriend.com. Acessado em 30/09/2020.)
a) A partir da leitura do texto A, aponte uma consequência indireta dos microplásticos para a poluição. Justifique quimicamente por que essa consequência é afetada pela temperatura da água.
b) “O produto apresentado no texto B é uma medida efetiva para os problemas apontados no texto A”. Você concorda com essa afirmação, concorda parcialmente com ela ou discorda dela? Justifique de acordo com os textos e seus conhecimentos de química.
Traduzindo os textos temos:
Texto A. Microplásticos são partículas minúsculas compostas de plástico que vêm se tornando um problema preocupante nos oceanos. Além de uma contribuição direta para a poluição, microplásticos também podem liberar produtos químicos como plastificantes e retardantes de chama na água em que estão. Uma investigação realizada pelo Instituto de Ciências Marinhas de Virgínia descobriu que a temperatura da água e a salinidade podem ter um efeito sobre o quanto desses produtos químicos são liberados dos microplásticos, reforçando a necessidade de manter esses materiais fora do meio ambiente.
Texto B. O Saco de Lavagem Guppyfriend é a solução prática mais eficaz contra poluição de microplásticos da lavagem. Reduz a liberação de fibras e protege suas roupas. Ele filtra as poucas fibras que quebram e é um lembrete para mudarmos nossos rituais de lavagem.
a) Conforme mencionado na questão, a poluição dos oceanos por microplásticos é um problema ambiental que atinge drasticamente os oceanos.
Os efeitos negativos diretos desses materiais particulados incidem na fauna marinha, uma vez que têm sido frequentemente encontrados no trato digestório de uma ampla variedade de espécies e coloca em risco sobretudo a sobrevivência das filtradoras, como as milhares espécies de bivalves que integram complexas teias alimentares desse ambiente.
A questão aponta que, além dos efeitos diretos, existem também as consequências indiretas deste tipo de poluição. O texto menciona que os microplásticos podem liberar substâncias na água, como os plastificantes e os retardantes de chama, os quais configuram as consequências indiretas dos microplásticos para a poluição.
Os plastificantes são aditivos acrescentados ao plástico para conferir maior flexibilidade, processabilidade e extensibilidade ao material. Vários plastificantes, após décadas de uso, se mostraram impróprios para o uso, devido às suas propriedades tóxicas e, infelizmente, muito desse material ainda é produzido em alguns países e são encontrados em abundância nos oceanos, passando por uma decomposição lenta e gradual, afetando a comunidade marinha ao longo do tempo. Já os retardantes de chama são aditivos acrescentados ao plástico que visam reduzir sua inflamabilidade. Há mais de uma centena de retardantes, muitos deles tóxicos, lipofílicos e com grande potencial de acumulação nos tecidos biológicos, o que justifica os efeitos igualmente negativos sobre a comunidade viva marinha. Estudos realizados pelo Virginia Institute of Marine Science indicam que a temperatura da água pode interferir na liberação dessas substâncias citadas. Os microplásticos, constituidos por polímeros produzidos a partir do petróleo, são gradativamente degradados quando liberados no ambiente. A degradação se inicia a partir do rompimento de ligações covalentes existentes no material, processo que é favorecido pela existência de uma fonte de energia externa, tais como luz, tensão mecânica, ataque químico, radiação e, finalmente, o calor. Portanto, o aquecimento de águas contendo microplásticos, promove a liberação de substâncias tóxicas adicionadas ao plástico mais rapidamente, acentuando ainda mais os impactos desastrosos sobre a biota marinha. Adicionalmente, os plastificantes são adicionados ao plástico para reduzir a energia de ligação entre as cadeias poliméricas e, consequentemente, aumentar sua flexibilidade, fato que facilita a quebra das ligações citadas, acentuando a dispersão das partículas plásticas e seus aditivos nos mares e oceanos.
b) Uma parte significativa do microplástico liberado nos ambientes costeiros é proveniente de microfibras que se soltam durante a lavagem de roupas sintéticas, produzidas a partir de fibras de plástico, como o nylon, acrílico e poliéster. A lavagem de roupas, naturalmente, provoca agitação, fricção e atrito entre as fibras, resultando na liberação das microfibras em questão. O produto anunciado promete ser uma solução eficaz contra a poluição dessa categoria de microplásticos, sugerindo que, além de proteger as roupas e ser capaz de reduzir a liberação de fibras, também atuaria como filtro, impedindo a liberação do material particulado nos ecossistemas aquáticos. Já, a afirmação trazida no item (b), “O produto apresentado no texto B é uma medida efetiva para os problemas apontados no texto A”, solicita que o candidato avalie se o produto é uma medida efetiva para os problemas apontados. O candidato poderia concordar com a afirmação, concordar parcialmente ou discordar da afirmação, contanto que jusitificasse adequadamente sua escolha.
Argumentos favoráveis a concordar com a afirmação: o candidato poderia ter interpretado medida efetiva em contraposição a medida inócua, sem efeito e, uma vez que o saco de lavagem reduz a quebra das fibras dos tecidos e funciona como filtro, reduzindo a liberação de microplásticos na água, embora ele não seja suficiente para solucionar o problema da poluição dos oceanos, não se pode afirmar que ele seja uma medida inócua para combater o problema, sendo assim, é uma medida efetiva.
Argumentos favoráveis a concordar parcialmente com a afirmação: o candidato poderia interpretar medida efetiva como a solução do problema de poluição dos oceanos e, uma vez que os sacos de lavagem apenas contribuem para a atenuação do problema, não funcionando como solução plena ou definitiva, argumentar que os sacos de lavagem são uma medida parcialmente efetiva em evitar a poluição dos mares e oceanos.
Argumentos favoráveis a discordar da afirmação: o candidato poderia interpretar medida efetiva como a solução plena ou definitiva do problema de poluição dos oceanos e, uma vez que os sacos de lavagem não solucionam de forma plena ou definitiva o problema de poluição dos oceanos, argumentar que os sacos de lavagem não são uma medida efetiva para evitar a poluição dos mares e oceanos.
Durante o período de isolamento social, diversos museus colocaram à disposição do público visitas on-line a seus acervos. A imagem e o texto abaixo fazem parte deste contexto.
NATIONAL WOMEN’S HISTORY MUSEUM A simple act of defiance in 1955 ignited an important historical and social movement. As a seamstress in Montgomery, Alabama, and an active member of the local NAACP (National Association for the Advancement of Colored People) chapter, the woman in the photo refused to give up her seat in the assigned section for blacks in the bus to a white man. Her actions led to her immediate arrest. |
(Adaptado de https://artsandculture.google.com/exhibit. Acessado em 08/10/20.)
a) Que ato levou a mulher da imagem a ter reconhecimento mundial? Cite uma consequência histórica desse acontecimento.
b) Qual é a função de um museu? Explique por que essa foto está presente no referido museu.
a) Traduzindo o texto da questão, temos:
MUSEU NACIONAL DA HISTÓRIA DA MULHER
Um simples ato de desafio em 1955 acendeu um importante movimento histórico e social. Quando uma costureira em Montgomery, Alabama, e um membro ativo do NAACP local (Associação Nacional para o Avanço de Pessoas de Cor), a mulher da imagem recusou-se a dar seu assento na seção designada para negros no ônibus para um homem branco. Suas ações levaram à sua prisão imediata.
O ato foi um marco no movimento antirracista nos Estados Unidos. Em Montgomery, capital do Alabama, as primeiras filas dos ônibus eram, por lei, reservadas para passageiros brancos. Atrás vinham os assentos nos quais os negros podiam se sentar. No dia 1° de dezembro de 1955, Rosa Parks tomou um desses ônibus a caminho do trabalho para casa e sentou-se num dos lugares situados ao meio do ônibus. Quando o motorista exigiu que ela e outros três negros se levantassem para dar lugar a brancos que haviam entrado no ônibus, Parks negou-se a cumprir a ordem. Ela continuou sentada e, por isso, foi detida e levada para a prisão. O protesto silencioso de Rosa Parks propagou-se rapidamente. Os movimentos antirracistas organizaram, a partir daí, um boicote aos ônibus urbanos de Montgomery, como medida de protesto contra a discriminação racial no país, que durou mais de um ano e foi considerado bastante vitorioso, tendo a Suprema Corte dos EUA, no final de 1956, considerado anticonstitucionais as leis de segregação racial em transportes públicos no estado do Alabama. Nesse processo, Martin Luther King passou a liderar passou a liderar movimentos de boicote às empresas de ônibus do sul do país que praticavam segregação racial, tendo um importante papel na luta antirracista.
Como consequência histórica da recusa de Rosa Parks, podemos citar o fortalecimento do Movimento pelos Direitos Civis e uma de suas principais conquistas, a aprovação da Lei dos Direitos Civis de 1964. Assinada pelo presidente Lyndon B. Johnson, a lei proibiu a discriminação em locais públicos, nas contratações e nos programas de governo, além de acabar com alguns obstáculos relacionados à votação.
b) Os museus são lugares onde se mantêm coleções de objetos ou de produções históricas, sendo um dos principais objetivos a preservação da memória de algum grupo ou de algum tempo histórico especifico, tal como um povo, um estilo musical, uma época da história, a cultura de um país, de um estado ou de uma região, entre outras finalidades.
A foto de Rosa Parks está presente neste Museu Nacional de História da Mulher por ser um museu que pesquisa, coleta e expõe a história social, cultural, econômica e política das mulheres em um contexto da história mundial. O Museu utiliza meios inovadores e envolventes, incluindo exposições físicas e on-line, programas educacionais e esforços de divulgação para comunicar a amplitude das experiências e realizações das mulheres para o público mais amplo possível. Compartilhar esse conhecimento incentiva mulheres e homens, pessoas de todas as classes, raças e culturas a se moverem para o futuro com respeito, igualdade de direitos, maior parceria e oportunidade.
Nesse sentido, a presença da foto de Rosa Parks nesse museu evidencia como a ação de pessoas comuns podem provocar grandes mudanças nos rumos da História, além de homenagear a coragem e o protagonismo das mulheres negras na construção de um mundo mais igualitário, justo e antirracista.