Se o Ocidente procurava, através de suas invasões sucessivas, conter o impulso do Islã, o resultado foi exatamente o inverso.
Amin Maalouf, As Cruzadas vistas pelos árabes. São Paulo: Brasiliense, p.241, 2007.
Um exemplo do “resultado inverso” das Cruzadas foi a
a) |
difusão do islamismo no interior dos Reinos Francos e a rápida derrocada do Império fundado por Carlos Magno. |
b) |
maior organização militar dos muçulmanos e seu avanço, nos séculos XV e XVI, sobre o Império Romano do Oriente. |
c) |
imediata reação terrorista islâmica, que colocou em risco o Império britânico na Ásia. |
d) |
resistência ininterrupta que os cruzados enfrentaram nos territórios que passaram a controlar no Irã e Iraque. |
e) |
forte influência árabe que o Ocidente sofreu desde então, expressa na gastronomia, na joalheria e no vestuário. |
a) Incorreta. No período das Cruzadas já não existia mais o Reino dos Francos, o qual vigorou na Europa Ocidental do século V até o século IX (Alta Idade Média).
b) Correta. Os muçulmanos, que já apresentavam um bom desem-penho militar desde os séculos VII e VIII (quando iniciaram sua expansão), aperfeiçoaram suas técnicas militares durante as cruzadas. No século XV os muçulmanos tomam Constantinopla e já no século XVI exercem domínio por todo o Império Romano do Oriente, o qual na época já era chamado de Império Bizantino.
c) Incorreta. Alternativa incoerente por fazer alusão ao terrorismo na transição da Idade Média para a Moderna e também por falar em Império Britânico na Ásia no referido período. Além do mais, as repercussões e consequências das cruzadas foram sentidas sobretudo na Europa.
d) Incorreta. As áreas mencionadas ainda não eram países e nem caracterizados pelos respectivos nomes (Irã e Iraque). Além do mais, os cruzados não passaram a controlar territórios no Oriente.
e) Incorreta. A influência árabe no Ocidente tem início anteriormente às cruzadas. Ocorre devido ao processo de ocupação da Península Ibérica pelos Islâmicos, durante a Alta Idade Média. Tal ocupação proporcionou um grande intercâmbio cultural ao mesmo tempo em que os cristãos da Península Ibérica sentiram a necessidade de expulsar os islâmicos da região, o que gerou a chamada Guerra de Reconquista.
Quando a expansão comercial europeia ganhou os oceanos, a partir do século XV, rapidamente o mundo conheceu um fenômeno até então inédito: populações que jamais tinham tido qualquer contato umas com as outras passaram a se aproximar, em diferentes graus. Uma das dimensões dramáticas desses novos contatos foi o choque entre ambientes bacteriológicos estranhos, do qual resultou a “mundialização” de doenças e, consequentemente, altas taxas de mortalidade em sociedades cujos indivíduos não possuíam anticorpos para enfrentar tais doenças. Isso ocorreu, primeiro, entre as populações
a) |
orientais do continente europeu. |
b) |
nativas da Oceania. |
c) |
africanas do Magreb. |
d) |
indígenas da América Central. |
e) |
asiáticas da Indonésia. |
Ao longo do século XV os países ibéricos deram início ao processo de expansão marítima pelo qual, os europeus, que até então conheciam apenas os arredores do Mar Mediterrâneo e “Oriente Próximo”, se surpreenderam ao se deparar com gigantescos continentes e civilizações com culturas riquíssimas e muito diferentes da europeia.
Muitos apontam esse processo como o início do fenômeno que hoje chamamos de “globalização”, pois pela primeira vez culturas, pessoas e mercadorias do mundo todo começavam a circular e a se integrar.
Essas conexões logo mostraram um lado negativo: povos nativos da América foram grandes vítimas da colonização europeia sobre o continente. Entre os vários fatores que causaram um verdadeiro genocídio (como guerras, exploração de mão de obra e imposição cultural), destacam-se as doenças presentes nos organismos dos tripulantes europeus diante das quais não havia reação (produção de anticorpos) por parte dos organismos dos povos americanos, já que os vírus causadores de doenças como gripe e varíola até então não estavam presentes nesse continente, sendo que essa última, acreditasse, foi a doença que mais abalou as populações aqui nativas.
Tal mal abalou povos nativos em todo continente, mas começou na área central do continente, pois ali foi o ponto de chegada das primeiras embarcações ibéricas, consequentemente ponto de partida da colonização.
A varíola teria surgido na Índia, sendo descrita na África e Ásia antes da Era Cristã. Uma epidemia desse mal fora registrada na Antiga Grécia ainda no século V a.C., portanto, no contexto explorado pela questão, já era possível nessas áreas o convívio com esse vírus sem grandes riscos de epidemia, o que descarta definitivamente as alternativas A, C e E. Já a alternativa B é incorreta, pois vale lembrar que a chegada de europeus na Oceania ocorreu apenas no século XVI, portanto posteriormente ao início da colonização da América.
Quando os Holandeses passaram à ofensiva na sua Guerra dos Oitenta Anos pela independência contra a Espanha, no fim do século XVI, foi contra as possessões coloniais portuguesas, mais do que contra as espanholas, que os seus ataques mais fortes e mais persistentes se dirigiram. Uma vez que as possessões ibéricas estavam espalhadas por todo o mundo, a luta subsequente foi travada em quatro continentes e em sete mares e esta luta seiscentista merece muito mais ser chamada a Primeira Guerra Mundial do que o holocausto de 1914-1918, a que geralmente se atribui essa honra duvidosa. Como é evidente, as baixas provocadas pelo conflito ibero-holandês foram em muito menor escala, mas a população mundial era muito menor nessa altura e a luta indubitavelmente mundial.
Charles Boxer, O império marítimo português, 1415-1825. Lisboa: Edições 70, s.d., p.115.
Podem-se citar, como episódios centrais dessa “luta seiscentista”, a
a) |
conquista espanhola do México, a fundação de Salvador pelos portugueses e a colonização holandesa da Indonésia. |
b) |
invasão holandesa de Pernambuco, a fundação de Nova Amsterdã (futura Nova York) pelos holandeses e a perda das Molucas pelos portugueses. |
c) |
presença holandesa no litoral oriental da África, a fundação de Olinda pelos portugueses e a colonização espanhola do Japão. |
d) |
expulsão dos holandeses da Espanha, a fundação da Colônia do Sacramento pelos portugueses e a perda espanhola do controle do Cabo da Boa Esperança. |
e) |
conquista holandesa de Angola e Guiné, a fundação de Buenos Aires pelos espanhóis e a expulsão dos judeus de Portugal. |
a) Incorreta: Apesar das conquistas holandesas na Ásia durante o séc. XVII terem gerado conflitos contra portugueses, nem a conquista espanhola do México, nem a fundação da cidade de Salvador geraram conflitos entre ibéricos e holandeses.
b) Correta: Os holandeses conquistaram Pernambuco e, posteriormente, uma vasta área do litoral nordestino em busca da manutenção do domínio do comércio de açúcar já que passaram a sofrer com o embargo espanhol durante o período no qual o rei da Espanha também governava Portugal (União Ibérica – 1580-1640). Esse domínio teve fim em 1654 depois de quase 10 anos de conflitos entre colonos, tropas portuguesas e holandeses.
Muitos dos Holandeses expulsos do Brasil, principalmente judeus, partiram para a Ilha de Manhatan (área adquirida pelos holandeses poucos anos antes), território que hoje pertence à cidade de Nova York.
As Ilhas Molucas (Indonésia), ricas em especiarias, que até então eram consideradas domínio português pelo Tratado de Tordesilhas, foram conquistadas pelos holandeses no século XVII.
c) Incorreta: Durante o século XVI e XVII os holandeses dominaram algumas possessões portuguesas no litoral africano para garantir o abastecimento de escravos para os Engenhos que dominaram ao mesmo tempo no Brasil (colônia portuguesa), mas não houve conflitos entre essas nações na fundação de Olinda e tampouco colonização espanhola sobre o Japão.
d) Incorreta: A fundação da Colônia de Sacramento (Banda Oriental do Prata – território espanhol pelos limites de Tordesilhas) por portugueses gerou conflitos principalmente pela reação dos espanhóis que viviam em Bueno Aires, mas nada relacionado às guerras entre ibéricos e holandeses. Já o conflito entre Holandeses e Ingleses na África do sul ocorreu no século XIX, fora do contexto proposto pelo enunciado.
e) Incorreta: A fundação de Buenos Aires não se relaciona com o conflito seiscentista entre Holandeses e Portugueses. Ademais, a expulsão dos judeus de portugal ocorre em 1492, muito antes do contexto citado pela questão. Portanto, a alternativa está incorreta.
É assim extremamente simples a estrutura social da colônia no primeiro século e meio de colonização. Reduz-se em suma a duas classes: de um lado os proprietários rurais, a classe abastada dos senhores de engenho e fazenda; doutro, a massa da população espúria dos trabalhadores do campo, escravos e semilivres. Da simplicidade da infraestrutura econômica – a terra, única força produtiva, absorvida pela grande exploração agrícola – deriva a da estrutura social: a reduzida classe de proprietários e a grande massa, explorada e oprimida. Há naturalmente no seio desta massa gradações, que assinalamos. Mas, elas não são contudo bastante profundas para se caracterizarem em situações radicalmente distintas.
Caio Prado Jr., Evolução política do Brasil. 20ª ed. São Paulo: Brasiliense, p.28-29, 1993 [1942].
Neste trecho, o autor observa que, na sociedade colonial,
a) |
só havia duas classes conhecidas, e que nada é sabido sobre indivíduos que porventura fizessem parte de outras. |
b) |
havia muitas classes diferentes, mas só duas estavam diretamente ligadas a critérios econômicos. |
c) |
todos os membros das classes existentes queriam se transformar em proprietários rurais, exceto os pequenos trabalhadores livres, semilivres ou escravos. |
d) |
diversas classes radicalmente distintas umas das outras compunham um cenário complexo, marcado por conflitos sociais. |
e) |
a população se organizava em duas classes, cujas gradações internas não alteravam a simplicidade da estrutura social. |
No trecho, Caio Prado Jr. analisa as características da sociedade colonial brasileira, ligada à produção de açúcar (atividade principal desenvolvida por Portugal durante os dois primeiros séculos de colonização).
Tal sociedade (patriarcal, escravista, aristocrática e estamental), seria marcada por uma divisão acentuada: de um lado o grupo dominante formado pelos senhores de terras e de escravos. Do outro os dominados, trabalhadores braçais, principalmente escravos.
Apesar de notória divisão, o próprio autor ressalta a presença de algumas outras modalidades de trabalho não escravo e entre essas podemos citar como exemplo de emprego e suas respectivas atividades: o capitão do mato (responsável pela captura de escravos que tentavam fugir das fazendas), o feitor (responsável pela administração do engenho, fiscalização dos escravos e da produção) e alguns artesãos.
Fonte: Francisco José de Goya y Lucientes, 03 de maio [de 1808] em Madri.
A cena retratada no quadro acima simboliza a
a) |
estupefação diante da destruição e da mortalidade causadas por um tipo de guerra que começava a ser feita em escala até então inédita. |
b) |
Razão, propalada por filósofos europeus do século XVIII, e seu triunfo universal sobre o autoritarismo do Antigo Regime. |
c) |
perseverança da fé católica em momentos de adversidade, como os trazidos pelo advento das revoluções burguesas. |
d) |
força do Estado nacional nascente, a impor sua disciplina civilizatória sobre populações rústicas e despolitizadas. |
e) |
defesa da indústria bélica, considerada força motriz do desenvolvimento econômico dos Estados nacionais do século XIX. |
a) Correta: A obra de Francisco José de Goya y Lucientes (1808), remete ao processo de dominação da Espanha pelas tropas napoleônicas. De forma específica, o quadro refere-se a um levante da população civil espanhola contra os soldados franceses (tais levantes foram constantes na Espanha). Tal situação poderia ser inferida pela data e pela menção que faz a Madri. A expansão napoleônica objetivava, de forma inédita, formar uma Europa Unificada. Embora não tenha conseguido alcançar seu intuito, Napoleão disseminou sobre as áreas conquistadas da Europa os princípios liberais e burgueses contidos em seu código civil. As instituições e princípios levados por toda a Europa pelos soldados franceses foram fundamentais para a queda definitiva do Antigo Regime.
b) Incorreta: A obra de Francisco José de Goya y Lucientes é do início do século XIX, quando as forças do Antigo Regime já haviam caído (ao menos temporariamente), com a Revolução Francesa do final do século XVIII (1789). Vale destacar que não havia sido uma queda universal do Antigo Regime. Tal queda começaria a se tornar universal com a Expansão Napoleônica e sobretudo com as Revoluções de 1830 e 1848.
c) Incorreta: A obra não tem qualquer relação com o catolicismo.
d) Incorreta: Os Estados nacionais começam a nascer no fim da Idade Média (séc. XV) e a consolidação dos mesmos ocorre durante a Idade Moderna. Portanto não é possível falar em Estado nacional nascente, exceto nos casos de Alemanha e Itália (cujas Unificações ocorrem no século XIX).
e) Incorreta: Não existe relação do quadro com qualquer tipo de indústria. Além disso, a indústria bélica não foi a força motriz dos Estados nacionais do XIX.
Foi precisamente a divisão da economia mundial em múltiplas jurisdições políticas, competindo entre si pelo capital circulante, que deu aos agentes capitalistas as maiores oportunidades de continuar a expandir o valor de seu capital, nos períodos de estagnação material generalizada da economia mundial.
Giovanni Arrighi, O longo século XX. Dinheiro, poder e as origens do nosso tempo. Rio de Janeiro/São Paulo: Contraponto/Edunesp, p.237, 1996.
Conforme o texto, uma das características mais marcantes da história da formação e desenvolvimento do sistema capitalista é a
a) |
incapacidade de o capitalismo se desenvolver em períodos em que os Estados intervêm fortemente na economia de seus países. |
b) |
responsabilidade exclusiva dos agentes capitalistas privados na recuperação do capitalismo, após períodos de crise mundial. |
c) |
dependência que o capitalismo tem da ação dos Estados para a superação de crises econômicas mundiais. |
d) |
dissolução frequente das divisões políticas tradicionais em decorrência da necessidade de desenvolvimento do capitalismo. |
e) |
ocorrência de oportunidades de desenvolvimento financeiro do capital a partir de crises políticas generalizadas. |
a) Incorreta. A intervenção do Estado, tipicamente, é no sentido de desenvolver a economia, seja o regime capitalista ou não, portanto, não se pode afirmar que, necessariamente, a intervenção estatal inviabiliza o desenvolvimento do capitalismo.
b) Incorreta. A principal responsabilidade de recuperação do capitalismo é do Estado e não dos agentes privados.
c) Correta. Ao analisar os séculos XX e XXI é bastante perceptível a atuação do Estado nas diretrizes da economia, a fim de evitar a continuidade e/ou o alastramento de crises ocasionadas no interior do próprio modelo capitalista. Embora tenha passado por crises anteriores, a maior crise do capitalismo foi a de 1929. A partir daí, o Estado passou a promover intervenções na economia, finalizando-se assim a supremacia do modelo capitalista liberal proposto por Adam Smith. O modelo capitalista liberal já estava sendo criticado pelo economista John Maynard Keynnes desde o período anterior à crise de 1929. Keynnes propunha a intervenção do Estado na economia para criação de empregos e a consequente manutenção do consumo, o que evitaria crises econômicas. As medidas de Keynnes foram aplicadas por Franklin D. Roosevelt, através de um programa conhecido como New Deal. Com o considerável sucesso do New Deal, a prática de intervenções do estado em momentos de crise passou a ser uma constante, inclusive sendo adotada recentemente nos EUA com a recente crise e mesmo no Brasil, para evitar o alastramento da mesma.
d) Incorreta. Não se pode falar em “dissolução frequente das divisões políticas tradicionais em decorrência da necessidade de desenvolvimento do capitalismo”, uma vez que as divisões políticas têm se mantido por longos períodos. Alguns candidatos podem ter se confundido devido à formação dos blocos econômicos, porém, estes não dissolveram as divisões políticas tradicionais, apenas estabeleceram novas relações econômicas entre os países existentes.
e) Incorreta. Crises podem gerar oportunidades localizadas de desenvolvimento, isto é, sempre há setores que lucram com as crises. No entanto, não se pode afirmar que há “desenvolvimento financeiro do capital” em “crises políticas generalizadas”, pois, em decorrência das crises, no máximo, há crescimento de alguns poucos setores, havendo perdas na maior parte dos demais. Além disso, a alternativa fala em crises políticas, e não econômicas.
– Não entra a polícia! Não deixa entrar! Aguenta! Aguenta!
– Não entra! Não entra! repercutiu a multidão em coro.
E todo o cortiço ferveu que nem uma panela ao fogo.
– Aguenta! Aguenta!
Aluísio Azevedo, O cortiço, 1890, parte X.
O fragmento acima mostra a resistência dos moradores de um cortiço à entrada de policiais no local. O romance de Aluísio Azevedo
a) |
representa as transformações urbanas do Rio de Janeiro no período posterior à abolição da escravidão e o difícil convívio entre ex-escravos, imigrantes e poder público. |
b) |
defende a monarquia recém-derrubada e demonstra a dificuldade da República brasileira de manter a tranquilidade e a harmonia social após as lutas pela consolidação do novo regime. |
c) |
denuncia a falta de policiamento na então capital brasileira e atribui os problemas sociais existentes ao desprezo da elite paulista cafeicultora em relação ao Rio de Janeiro. |
d) |
valoriza as lutas sociais que se travavam nos morros e na periferia da então capital federal e as considera um exemplo para os demais setores explorados da população brasileira. |
e) |
apresenta a imigração como a principal origem dos males sociais por que o país passava, pois os novos empregados assalariados tiraram o trabalho dos escravos e os marginalizaram. |
a) Correta. A obra de Aluísio Azevedo ilustra características importantes do cotidiano e da sociedade da capital brasileira nos últimos anos do século XIX (ou seja, do Rio de Janeiro).
Entre outras coisas, esse período foi marcado pelo processo abolicionista e por uma política de atração de mão de obra europeia, já que teorias racistas apontavam que o Brasil só encontraria o progresso desejado se evitasse a integração dos negros à sociedade e promovesse aqui um “embranquecimento da raça”.
Dessa forma, ao conquistarem a liberdade, os negros iam se deparando com um novo problema, o racismo. Na cidade do Rio de Janeiro isso ficou claro na medida em que passaram a ocupar as piores habitações, os cortiços, e nas favelas que começaram a se formar no contexto em que os cortiços foram proibidos e demolidos.
Deve-se ainda salientar que, embora o romance apresente personagens que são escravos (Bertoleza, por exemplo, é uma escrava foragida), o romance enfoca as medidas abolicionistas e suas consequências, sendo que uma delas é a formação dos cortiços, os quais inspiraram o nome da obra. Assim, o cenário da obra se inicia antes da assinatura da Lei Áurea (1888), porém, enfatiza as transformações decorrentes da libertação dos escravos, as quais se iniciaram com medidas abolicionistas anteriores à Lei Áurea. Assim, embora o romance represente períodos anteriores à Lei Áurea (não necessariamente anteriores ao processo de abolição que começou algumas décadas antes) este representa também e principalmente “as transformações urbanas do Rio de Janeiro no período posterior à abolição da escravidão e o difícil convívio entre ex-escravos, imigrantes e poder público”, conforme cita a alternativa.
Nota: A alternativa considerada correta pela FUVEST apresenta um erro cronológico. O romance foi publicado em 1890, um ano após a abolição, no entanto, a história se passa em um contexto anterior à abolição (e não posterior conforme aponta aa alternativa).
b) Incorreta. A tensão social representada na obra decorre de uma omissão governamental. Não há defesa da monarquia na obra e sim crítica à precariedade social relacionada à falta de planejamento urbano.
c) Incorreta. No trecho se verifica que o problema maior não é falta de policiamento, mas falta de saneamento. Além disso, não há na obra menção à elite paulista.
d) Incorreta. A obra não menciona as lutas com o intuito de enaltecê-las nem de legitimar suas motivações, mas como um sintoma de uma doença social. Não há ‘simpatia’ do autor pelo grupo que ele representa.
e) Incorreta. O romance atribui os males sociais muito mais à avareza e ganância do que propriamente à imigração.
África vive (...) prisioneira de um passado inventado por outros.
Mia Couto, Um retrato sem moldura, In: HERNANDEZ, Leila,A África na sala de aula. São Paulo: Selo Negro, p.11, 2005.
A frase acima se justifica porque
a) |
os movimentos de independência na África foram patrocinados pelos países imperialistas, com o objetivo de garantir a exploração econômica do continente.
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b) |
os distintos povos da África preferem negar suas origens étnicas e culturais, pois não há espaço, no mundo de hoje, para a defesa da identidade cultural africana.
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c) |
a colonização britânica do litoral atlântico da África provocou a definitiva associação do continente à escravidão e sua submissão aos projetos de hegemonia europeia no Ocidente.
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d) |
os atuais conflitos dentro do continente são comandados por potências estrangeiras, interessadas em dividir a África para explorar mais facilmente suas riquezas.
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e) |
a maioria das divisões políticas da África definidas pelos colonizadores se manteve, em linhas gerais, mesmo após os movimentos de independência.
|
a) Incorreta. Os países imperialistas foram contrários aos processos de independência, uma vez que os países africanos eram até então colônias desses países imperialistas.
b) Incorreta. Os valores culturais são fundamentais para a preservação da identidade de um povo. Desde meados do século XX, os africanos (como forma de enfrentar os imperialistas) têm reforçado seus valores culturais através do chamado panafricanismo, valorizando hábitos culturais, religiosos e linguísticos comuns, reforçando-se a unidade cultural fragmentada pela Conferência de Berlim.
c) Incorreta. Primeiramente, não foi apenas a Inglaterra que colonizou o litoral atlântico da África, e as colônias inglesas nesse continente localizavam-se, em sua maioria, na parte centro-oriental do continente. Segundo, não podemos atribuir apenas ao processo de escravidão a justificativa para a frase citada. Embora os processos históricos de escravidão que ocorreram nesse continente tenham contribuído enormemente para o seu subdesenvolvimento, outras razões igualmente fortes podem ser apontadas, como os conflitos internos, herança da divisão do continente à época da colonização, como apontado na alternativa (e) abaixo.
d) Incorreta. Os conflitos atuais são decorrentes do Imperialismo do século XIX e do processo de descolonização a partir da 2ª Guerra Mundial, conforme o texto apresentado na alternativa (e) a seguir.
e) Correta. O século XIX é marcado pelo início da 2ª Revolução Industrial e o início do processo imperialista (dominação da África, da Ásia e da Oceania). Dentro de tal contexto, ocorre em 1885 a Conferência de Berlim, a qual estabeleceu a Partilha da África entre os países europeus. Com a conferência foram criadas fronteiras artificiais e, desta forma, povos de culturas e línguas/dialetos diferentes foram agrupados em um mesmo território, bem como povos de mesma cultura e língua/dialeto foram separados. Tais fronteiras foram mantidas mesmo após o processo de descolonização (a partir da 2ª Guerra Mundial), o que inclusive gerou uma série de conflitos étnicos e políticos, trazendo sérias consequências para o desenvolvimento do continente Africano, sobretudo da África Subsaariana.
A burca não é um símbolo religioso, é um símbolo da subjugação, da subjugação das mulheres. Quero dizer solenemente que não será bem-recebida em nosso território.
Nicolas Sarkozy, presidente da França, 22/6/2009, Estadão.com.br, 22/6/2009. http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,burcas-naotem-lugar-na-franca-diz-sarkozy,391152,0.htm – Acessado em 10/6/2010.
Deputados que integram a Comissão Parlamentar encarregada de analisar o uso da burca na França propuseram a proibição de todos os tipos de véus islâmicos integrais nos serviços públicos. (…) A resolução prevê a proibição do uso de tais vestimentas nos serviços públicos – hospitais, transportes, escolas públicas e outras instalações do governo.
Folha Online, 26/1/2010. http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u684757.shtml. Acessado em 10/6/2010.
Com base nos textos acima e em seus conhecimentos, assinale a afirmação correta sobre o assunto.
a) |
a) O governo francês proibiu as práticas rituais islâmicas em todo o território nacional. |
b) |
b) Apesar da obrigatoriedade de o uso da burca se originar de preocupações morais, o presidente francês a considera um traje religioso. |
c) |
c) A maioria dos Estados nacionais do Ocidente, inclusive a França, optou pela adoção de políticas de repressão à diversidade religiosa. |
d) |
d) As tensões políticas e culturais na França cresceram nas últimas décadas com o aumento do fluxo imigratório de populações islâmicas. |
e) |
e) A intolerância religiosa dos franceses, fruto da Revolução de 1789, impede a aceitação do islamismo e do judaísmo na França. |
a) Incorreta: Não foi cogitada a possibilidade de proibição de rituais islâmicos na França, país tradicionalmente defensor da liberdade religiosa, mas sim a proibição do uso da burca em locais públicos.
b) Incorreta: Segundo palavras do próprio presidente Sarkosy, ele considera a burca uma forma de “subjugação das mulheres” e não um traje religioso.
c) Incorreta: Tanto a ideologia iluminista quanto a Revolução Francesa, movimentos que influenciaram todo mundo ocidental, defenderam a liberdade religiosa, tradição mantida na maioria dos países dessa área do globo ate os dias atuais.
d) Correta: Durante o processo conhecido como neocolonialismo, quando no século XIX países europeus investiram sobre o continente africano em busca de vantagens econômicas, a França foi privilegiada com o domínio da maior parte do norte da África (podemos citar como exemplo os atuais territórios da Argélia, Marrocos e Tunísia), antiga área de domínio árabe e conhecida como África Islâmica.
Já no século XX, diante dos conflitos armados (luta por independência, guerras civis e terrorismo) e em busca de melhores condições de vida e trabalho, muitos africanos desses territórios começam um intenso movimento migratório em busca de refúgio na França. Desde então sofrem com a discriminação da sociedade francesa, o que fica notório no mercado de trabalho, habitações e preconceito religioso.
e) Incorreta: O marco principal da luta revolucionária francesa foi a defesa dos valores liberais, o que inclui a liberdade religiosa. Aliás, podemos apontar a Revolução Francesa como a primeira revolução ecumênica da história.
Esta foto ilustra uma das formas do relevo brasileiro, que são as chapadas.
Fonte: Opção Brasil Imagens
É correto afirmar que essa forma de relevo está
a) |
distribuída pelas regiões Norte e Centro-Oeste, em terrenos cristalinos, geralmente moldados pela ação do vento. |
b) |
localizada no litoral da região Sul e decorre, em geral, da ação destrutiva da água do mar sobre rochas sedimentares. |
c) |
concentrada no interior das regiões Sul e Sudeste e formou-se, na maior parte dos casos, a partir do intemperismo de rochas cristalinas. |
d) |
restrita a trechos do litoral Norte-Nordeste, sendo resultante, sobretudo, da ação modeladora da chuva, em terrenos cristalinos. |
e) |
presente nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, tendo sua formação associada, principalmente, a processos erosivos em planaltos sedimentares. |
a) A região Norte não se caracteriza pela presença de chapadas.
b) O litoral da região Sul caracteriza-se pela presença de falésias.
c) As regiões Sul e Sudeste são planálticas, com presença de cuestas (planalto ocidental) e mares de morros próximos ao litoral e ao interior de Minas Gerais.
d) O litoral Norte não tem chapadas.
e) As chapas caracterizam as regiões Centro-Oeste e Nordeste, tais como Parecis, Apodi, Guimarães, Veadeiros, Diamantina, etc.