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Unicamp 2021 - 2ª fase - dia 2


Questão 1 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Média Aritmética Sistemas Lineares

Durante a pandemia de Covid-19, a imprensa tem utilizado a “média móvel” para divulgar a evolução do número de casos notificados da doença. Para calcular a média móvel do dia 𝑑com respeito aos últimos 𝑘 dias, somamos o número de casos do dia 𝑑 com o número de casos registrados nos 𝑘 −1 dias anteriores e dividimos por 𝑘. Na tabela abaixo, indicamos, para uma dada cidade, a quantidade de casos notificado sem cada dia de um determinado mês, e também a média móvel de cada dia com respeito aos últimos 4 dias. Alguns dados foram perdidos, e não constam na tabela.

Analisando a tabela, calcule

a) a média móvel do dia 18;

b) a quantidade de casos notificados nos dias 8, 10 e 11.



Resolução

a) O enunciado nos diz que, para calcular a média móvel do dia 18 (com respeito aos últimos 4 dias), devemos somar o número de casos dos dias 15, 16, 17 e 18 e depois dividí-lo por 4:

30+28+28+264=28

Logo, a média móvel do dia 18 é 28.

b) Sejam xy e z o número de casos notificados nos dias 8, 10 e 11, respectivamente.

Note que os valores de média móvel conhecidos, envolvendo estes dias, são os valores de média móvel dos dias

  • 10: cuja média começa a ser contabilizada no dia 7 e é dada por

22+x+32+y4=28

  • 11: cuja média começa a ser contabilizada no dia 8 e é dada por

x+32+y+z4=31

  • 12: cuja média começa a ser contabilizada no dia 9 e é dada por

32+y+z+284=32

  Desta maneira, podemos construir o seguinte sistema linear:

22+x+32+y4=28x+32+y+z4=3132+y+z+284=32x+y=58x+y+z=92y+z=68

Subtraindo a primeira equação da segunda, temos 

 z=92-58=34,

Substiruindo na terceira, temos:

y+34=68y=34 

Substituindo na primeira, temos:

x+34=58x=24

Ou seja, quantidade de casos nos dias 8, 10 e 11 são, respectivamente: 24, 34 e 34.

Questão 2 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Probabilidade

Uma escola com 960 alunos decidiu renovar seu mobiliário. Para decidir quantas cadeiras de canhotos será necessário comprar, fez-se um levantamento do número de alunos canhotos em cada turma. A tabela abaixo indica, na segunda linha, o número de turmas com o total de canhotos indicado na primeira linha.

a) Qual a probabilidade de que uma turma escolhida ao acaso tenha pelo menos 3 alunos canhotos?

b) Qual a probabilidade de que um aluno escolhido ao acaso na escola seja canhoto?



Resolução

a) Tomemos o evento A sendo: Escolher uma turma com pelo menos 3 canhotos. Então, a probabilidade do evento A acontecer é dada por:

pA=nº de turmas com pelo menos 3 canhotostotal de turmas

Podemos observar que nosso espaço amostral (total de turmas) é dado por:

total de turmas=1+2+5+12+8+2=30

E o número de elementos do evento A (eventos favoráveis) é dado por:

nA=12+8+2=22

Assim, a probabilidade de sortear uma turma com pelo menos 3 canhotos é:

pA=2230=1115

b) Tomemos agora o evento B sendo: Escolher um aluno canhoto. Assim, a probabilidade deste evento acontecer é:

pB=nº de alunos canhotostotal de alunos

O número total de alunos da escola (espaço amostral) é dado no enunciado e é igual a:

total de alunos=960

Já, o número de alunos canhotos é:

nB=1·0+2·1+5·2+12·3+8·4+2·5=90

Logo, a probabilidade de escolher um aluno canhoto dentre todos os alunos da escola é:

pB=90960=332

Questão 3 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Matriz Inversa Arco Duplo

Considere um número real t[0,2π) e defina a matriz

H=1001-2cos2tcostsentcostsentsen2t

 

a) Mostre que a matriz 𝐻 é invertível.

b) Determine valores de 𝑡 tais que H·32=23. 



Resolução

a) A condição para que uma matriz seja invertível é que seu determinante seja não nulo. Assim, reescrevendo a matriz H, temos:

H=1001-2·cos2tcost·sentcost·sentsen2t

 

H=1-2cos2t-2cost·sent-2cost·sent1-2sen2t

 

Observe que, utilizando as relações de arco duplo e a relação fundamental da trigonometria, temos as três relações a seguir:

1) cos2t=cos2t-sen2t=1-sen2t-sen2t=1-2sen2t

 

2) cos2t=cos2t-sen2t=cos2t-1-cos2t=2cos2t-1

 

3) sen2t=2sent·cost

 

Substituindo as três relações acima na matriz H, temos:

H=1-2cos2t-2cost·sent-2cost·sent1-2sen2t=-cos2t-sen2t-sen2tcos2t

 

Deste modo, calculando o determinante da matriz H, temos:

detH=-cos2t-sen2t-sen2tcos2tdetH=-cos22t-sen22t

 

detH=-cos22t+sen22t=-1

Portanto, como o determinante da matriz H é não nulo, então a matriz H é invertível.

b) Reescrevendo a equação matricial, temos:

-cos2t-sen2t-sen2tcos2t·32=23

 

-3cos2t-2sen2t=2-3sen2t+2cos2t=3-3cos2t-2sen2t=2    2cos2t-3sen2t=3

Multiplicando a primeira equação por 2 e a segunda equação por 3, temos:

 

-3cos2t-2sen2t=2           ×2    2cos2t-3sen2t=3           ×3-6cos2t-4sen2t=4    6cos2t-9sen2t=9

 

Somando as duas equações, temos:

+-6cos2t-4sen2t=4    6cos2t-9sen2t=9-13sen2t=13sen2t=-1

Substituindo, na segunda equação:

2cos2t-3·-1=32cos2t=0cos2t=0

Deste modo, buscamos os arcos tais que:

sen2t=-1cos2t=02t=3π2+2π·kt=3π4+π·k, k

Como t[0,2π), então os valores de k que satisfazem a restrição são:

k=0t=3π4k=1t=7π4

 

 

Questão 4 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Área de polígonos Progressão Aritmética

Sejam 𝑎,𝑏 números reais positivos. Considere a sequência de polígonos P1, P2, ... , Pn, ... construídos da seguinte forma:

  • P1 é um retângulo de lados 𝑎 e 𝑏, como mostra a figura 1;
  • P2 é obtido de P1, retirando dele um retângulo de lados medindo 𝑎/2 e 𝑏/2, como mostra a figura 2;
  • P3 é obtido de P1, retirando dele 3 retângulos de lados medindo 𝑎/3 e 𝑏/3, como mostra a figura 3;
  • P4 é obtido de P1, retirando dele 6 retângulos de lados medindo 𝑎/4 e 𝑏/4, como mostra afigura 4;
  • E assim, sucessivamente, Pn é obtido de P1, como mostra a figura 5.

 

 

a) Determine o perímetro e o número de lados de P2021.

b) Seja An a área do polígono Pn, e seja 𝐴 a área do triângulo retângulo de catetos com medidas 𝑎 e 𝑏. Encontre a razão Rn=AnA, para 𝑛 arbitrário.



Resolução

a) Note que o polígono Pn, para qualquer n, possui na sua lateral direita n segmentos verticais de comprimento an. De maneira análoga, ele possui em sua borda n segmentos horizontais de comprimento bn .

Assim, sua borda é composta de n+1 segmentos horizontais e n+1 segmentos verticais, totalizando 2n+2 lados.

Logo, o número de lados de P2021 é

2·2021+2=4044

Além disso, o perímetro de Pn é, então, dado por

a+b+n·an+n·bn=2a+2b

daí que o perímetro de  P2021 é

2a+2b

 

b) Note, na figura a seguir, que o polígono Pn pode ser decomposto em um triângulo retângulo de catetos a e b (vermelho, de área A=ab2) e n pequenos triângulos retângulos de catetos an e bn (pequenos triângulos acima da hipotenusa vermelha):

Desta forma, a área do polígono Pn é dada por

An=ab2+n·an·bn2=ab2+ab2n

Logo, a razão Rn=AnA é

Rn=ab2+ab2nab2=1+1n

OBS: O aluno poderia notar que a n-ésima figura é formada por n fileiras de retângulos de lados an e bn, de maneira que a primeira fileira tenha um desses retângulos, a segunda tenha dois, a terceira tenha 3 e assim por diante.

Ou seja, o número de retângulos em cada fileira forma uma progressão aritmética de n termos, com razão r=1, primeiro termo a1=1 e an=n. Desta forma, o número total de retângulos que compõem a figura é dado pela soma dessa progressão aritmética.

Lembrando que a soma dos n primeiros termos de uma progressão aritmética é dada por

Sn=a1+an·n2

temos que o polígono Pn é formado por

Sn=1+n·n2

retângulos de área an·bn=abn2 tendo, então uma área

An=1+n·n2·abn2

Ora, a área A do triângulo retângulo de catetos ab é 

A=ab2

Logo,

Rn=AnA=1+n·n2·abn2ab2=1+nn=1n+1

 

 

 

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Geometria Analítica Área de polígonos

Em 2019, diversas praias brasileiras foram atingidas por manchas de óleo. Pesquisadores concentraram esforços na tentativa de localizar o ponto provável da emissão do óleo. Na figura abaixo, a origem do plano cartesiano está localizada no Distrito Federal e cada unidade equivale a 1.000 km.

a) Numa primeira investigação sobre a origem do óleo, um navio fez uma sondagem numa área poligonal de 63.000.000 km2, com vértices 𝐴,𝐵,𝐶,𝐷 e 𝐸,conforme indica a figura acima. Calcule o valor da ordenada do ponto E=19,h.

b) Após a investigação dos resíduos encontrados nas praias indicadas pelos pontos 𝐹 e 𝐺, descobriu-se que a fonte provável do óleo encontrava-se no Oceano Atlântico, a uma distância de 12.000 km do ponto 𝐹 e 18.000 km do ponto 𝐺. Encontre as coordenadas (𝑥,𝑦) da provável fonte do óleo.



Resolução

a) Observe que um quadrado de lado unitário no plano cartesiano corresponde, na realidade, a um quadrado de lado 1.000 km. Logo, sua área, que no plano é de uma unidade de área, corresponde a um quadrado de área 1.000.000 km2 . Desta forma, o polígono deve ter área 63 u.a..

Para calcular a área do pentágono ABCDE, podemos dividí-lo em um triângulo ABE e um trapézio BCDE e calcular a área de cada uma dessas partes.

  • O triângulo ABE, quando visto com base BE de medida h-5, tem altura 19-16=3 . Daí que sua área é dada por

AABE=h-5·32

  • O trapézio BCDE tem bases BE, de medida h-5 e CD de medida 6 com altura igual a 24-19=5. Portanto, sua área é dada por

ABCDE=h-5+6·52=h+1·52

Igualando a soma dessas áreas à área do polígono, temos:

h-5·32+h+1·52=634h+5=634h=58h=17

 

b) Seja Xx,y o ponto que representa a fonte do óleo.

Note que os pontos F e G são dados por F8,14 e G8,-4 e que, como as distâncias entre estes pontos ao ponto X são, respectivamente, 12.000 km e 18.000 km, respeitada a escala, estes valores representam 12 e 18 unidades, respectivamente.

Lembrando que a distância dAB entre dois pontos AxA,yA e BxB,yB é dada por

dAB=xA-xB2+yA-yB2

temos que:

12=dFX=x-82+y-142

e

18=dGX=x-82+y+42

o que nos fornece o seguinte sistema:

122=x-82+y-142182=x-82+y+42

Subtraindo as duas equações, obtemos que

y-142-y+42=-180 y2-28y+196-y2-8y-16=-180 

-36y=-360y=10

Substituindo em uma das equações, 

122=x-82+10-142144=x2-16x+64+16x2-16x-64=0

x=16±5122x=16±1622=8±82=8·1±2

No entanto, como a fonte se encontra no Oceano Atlântico temos, pela figura do enunciado, que a coordenada x desse ponto deve ser positiva, descartando a possibilidade  x=81-2.

Portanto, as coordenadas da fonte do óleo são:

8·1+2,10

 

 

 

Questão 6 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Polinômio Função Afim Derivada Tangentes e Normais a uma Curva

Seja fx=x3-2x+1 uma função polinomial real. A reta tangente ao gráfico de y=fx no ponto a,fa é definida pela equação y=mx+fa-ma, onde m=3a2-2.

a) Encontre os pontos do gráfico de y=fx cuja reta tangente é paralela à reta definida por x-y=0.

b) Sabendo que a>0 e que o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de y=fx no ponto a,fa é 10, determine os pontos de interseção da reta tangente com o gráfico de y=fx.



Resolução

a) Seja r a reta x-y=0, então

r:  y=x

Note que o coeficiente angular da reta r é dado por:

mr=1

Assim, como buscamos retas paralelas a r, então buscamos retas cujo coeficiente angular também seja igual a 1. Como dito no enunciado, as retas tangentes ao gráfico são escritas pela forma:

y=mx+fa-ma

Podemos observar que o coeficiente angular desta reta é igual a m. Logo, como ela deve ser paralela a r, temos:

m=mr=1

Deste modo, substituindo o valor de m encontrado na equação dada no enunciado, temos:

m=3a2-21=3a2-23a2=3a2=1a=±1

Portanto, para a=1,

f1=13-2·1+1=0

E o ponto a,fa é igual a 1,0.

Para  a=-1

f-1=-13-2·-1+1=2

E o ponto a,fa é igual a -1,2.

Logo, os pontos do gráfico de f que possuem tangentes paralelas à reta x-y=0 são 1,0 e -1,2.

OBS: O candidato que se sentisse confortável em utilizar os conceitos de cálculo diferencial poderia resolver este problema lembrando que o coeficiente angular da reta tangente a um gráfico em um determinado ponto é dado pela derivada da função naquele ponto (fato esse confirmado pela equação dada no enunciado m=3a2-2). Assim, como buscamos as retas tangentes de coeficiente angular igual a 1, teríamos:

f'x=13x2-2=13x2=3x=±1

Logo,

f1=13-2·1+1=0

E o ponto a,fa é igual a 1,0.

Analogamente,

 f-1=-13-2·-1+1=2

E o ponto a,fa é igual a -1,2.

b) Dado que o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico é igual a 10, então temos que:

m=10

Substituindo, temos:

10=3a2-23a2=12a2=4a=±2

 

Como a>0, então a=2. E calculando f2, temos:

f2=23-2·2+1=5

 

Assim, um dos pontos de intersecção é o ponto 2,5.

A reta tangente terá equação

y=10x+f2-10·2y=10x+5-20y=10x-15

 

Igualando à f temos:

x3-2x+1=10x-15x3-12x+16=0

Utilizando o dispositivo prático de Briot-Ruffini, pois sabemos que 2 é uma das raízes da equação, temos

2

1

0

–12

16

 

1

2

–8

0

 

Portanto,

 x3-12x+16=0x-2·x2+2x-8=0

Logo,

              x-2=0  x=2                           oux2+2x-8=0x=2  ou  x=-4

Assim, os pontos de intersecção são:

2,f2=2,5 e -4,f-4

Calculando f-4,

f-4=-43-2·-4+1=-64+8+1=-55

Portanto, -4,f-4=-4,-55.

Deste modo, os pontos de intersecção são 2,5 e -4,-55.

OBS: Ao chegar na equação

x3-2x+1=10x-15x3-12x+16=0

poderíamos fatorá-la ao invés de utilizar o dispositivo prático de Briot-Ruffini. Teríamos,

x3-12x+16=0x3-4x-8x+16=0x·x2-4-8·x-2=0

x·x-2·x+2-8·x-2=0x-2·x·x+2-8=0

x-2·x2+2x-8=0