Durante a pandemia de Covid-19, a imprensa tem utilizado a “média móvel” para divulgar a evolução do número de casos notificados da doença. Para calcular a média móvel do dia 𝑑com respeito aos últimos 𝑘 dias, somamos o número de casos do dia 𝑑 com o número de casos registrados nos 𝑘 −1 dias anteriores e dividimos por 𝑘. Na tabela abaixo, indicamos, para uma dada cidade, a quantidade de casos notificado sem cada dia de um determinado mês, e também a média móvel de cada dia com respeito aos últimos 4 dias. Alguns dados foram perdidos, e não constam na tabela.
Analisando a tabela, calcule
a) a média móvel do dia 18;
b) a quantidade de casos notificados nos dias 8, 10 e 11.
a) O enunciado nos diz que, para calcular a média móvel do dia 18 (com respeito aos últimos 4 dias), devemos somar o número de casos dos dias 15, 16, 17 e 18 e depois dividí-lo por 4:
Logo, a média móvel do dia 18 é 28.
b) Sejam , e o número de casos notificados nos dias 8, 10 e 11, respectivamente.
Note que os valores de média móvel conhecidos, envolvendo estes dias, são os valores de média móvel dos dias
Desta maneira, podemos construir o seguinte sistema linear:
Subtraindo a primeira equação da segunda, temos
,
Substiruindo na terceira, temos:
Substituindo na primeira, temos:
Ou seja, quantidade de casos nos dias 8, 10 e 11 são, respectivamente: , e .
Uma escola com 960 alunos decidiu renovar seu mobiliário. Para decidir quantas cadeiras de canhotos será necessário comprar, fez-se um levantamento do número de alunos canhotos em cada turma. A tabela abaixo indica, na segunda linha, o número de turmas com o total de canhotos indicado na primeira linha.
a) Qual a probabilidade de que uma turma escolhida ao acaso tenha pelo menos 3 alunos canhotos?
b) Qual a probabilidade de que um aluno escolhido ao acaso na escola seja canhoto?
a) Tomemos o evento A sendo: Escolher uma turma com pelo menos 3 canhotos. Então, a probabilidade do evento A acontecer é dada por:
Podemos observar que nosso espaço amostral (total de turmas) é dado por:
E o número de elementos do evento A (eventos favoráveis) é dado por:
Assim, a probabilidade de sortear uma turma com pelo menos 3 canhotos é:
b) Tomemos agora o evento B sendo: Escolher um aluno canhoto. Assim, a probabilidade deste evento acontecer é:
O número total de alunos da escola (espaço amostral) é dado no enunciado e é igual a:
Já, o número de alunos canhotos é:
Logo, a probabilidade de escolher um aluno canhoto dentre todos os alunos da escola é:
Considere um número real e defina a matriz
a) Mostre que a matriz 𝐻 é invertível.
b) Determine valores de 𝑡 tais que
a) A condição para que uma matriz seja invertível é que seu determinante seja não nulo. Assim, reescrevendo a matriz H, temos:
Observe que, utilizando as relações de arco duplo e a relação fundamental da trigonometria, temos as três relações a seguir:
Substituindo as três relações acima na matriz H, temos:
Deste modo, calculando o determinante da matriz H, temos:
Portanto, como o determinante da matriz H é não nulo, então a matriz H é invertível.
b) Reescrevendo a equação matricial, temos:
Multiplicando a primeira equação por 2 e a segunda equação por 3, temos:
Somando as duas equações, temos:
Substituindo, na segunda equação:
Deste modo, buscamos os arcos tais que:
Como , então os valores de k que satisfazem a restrição são:
Sejam 𝑎,𝑏 números reais positivos. Considere a sequência de polígonos construídos da seguinte forma:
a) Determine o perímetro e o número de lados de .
b) Seja a área do polígono , e seja 𝐴 a área do triângulo retângulo de catetos com medidas 𝑎 e 𝑏. Encontre a razão , para 𝑛 arbitrário.
a) Note que o polígono , para qualquer , possui na sua lateral direita segmentos verticais de comprimento . De maneira análoga, ele possui em sua borda segmentos horizontais de comprimento .
Assim, sua borda é composta de segmentos horizontais e segmentos verticais, totalizando lados.
Logo, o número de lados de é
Além disso, o perímetro de é, então, dado por
daí que o perímetro de é
b) Note, na figura a seguir, que o polígono pode ser decomposto em um triângulo retângulo de catetos e (vermelho, de área ) e pequenos triângulos retângulos de catetos e (pequenos triângulos acima da hipotenusa vermelha):
Desta forma, a área do polígono é dada por
Logo, a razão é
OBS: O aluno poderia notar que a -ésima figura é formada por fileiras de retângulos de lados e , de maneira que a primeira fileira tenha um desses retângulos, a segunda tenha dois, a terceira tenha 3 e assim por diante.
Ou seja, o número de retângulos em cada fileira forma uma progressão aritmética de termos, com razão , primeiro termo e . Desta forma, o número total de retângulos que compõem a figura é dado pela soma dessa progressão aritmética.
Lembrando que a soma dos primeiros termos de uma progressão aritmética é dada por
temos que o polígono é formado por
retângulos de área tendo, então uma área
Ora, a área do triângulo retângulo de catetos e é
Logo,
Em 2019, diversas praias brasileiras foram atingidas por manchas de óleo. Pesquisadores concentraram esforços na tentativa de localizar o ponto provável da emissão do óleo. Na figura abaixo, a origem do plano cartesiano está localizada no Distrito Federal e cada unidade equivale a 1.000 km.
a) Numa primeira investigação sobre a origem do óleo, um navio fez uma sondagem numa área poligonal de 63.000.000 km2, com vértices 𝐴,𝐵,𝐶,𝐷 e 𝐸,conforme indica a figura acima. Calcule o valor da ordenada ℎ do ponto .
b) Após a investigação dos resíduos encontrados nas praias indicadas pelos pontos 𝐹 e 𝐺, descobriu-se que a fonte provável do óleo encontrava-se no Oceano Atlântico, a uma distância de 12.000 km do ponto 𝐹 e 18.000 km do ponto 𝐺. Encontre as coordenadas (𝑥,𝑦) da provável fonte do óleo.
a) Observe que um quadrado de lado unitário no plano cartesiano corresponde, na realidade, a um quadrado de lado . Logo, sua área, que no plano é de uma unidade de área, corresponde a um quadrado de área . Desta forma, o polígono deve ter área .
Para calcular a área do pentágono , podemos dividí-lo em um triângulo e um trapézio e calcular a área de cada uma dessas partes.
Igualando a soma dessas áreas à área do polígono, temos:
b) Seja o ponto que representa a fonte do óleo.
Note que os pontos e são dados por e e que, como as distâncias entre estes pontos ao ponto são, respectivamente, e , respeitada a escala, estes valores representam 12 e 18 unidades, respectivamente.
Lembrando que a distância entre dois pontos e é dada por
temos que:
e
o que nos fornece o seguinte sistema:
Subtraindo as duas equações, obtemos que
Substituindo em uma das equações,
No entanto, como a fonte se encontra no Oceano Atlântico temos, pela figura do enunciado, que a coordenada desse ponto deve ser positiva, descartando a possibilidade .
Portanto, as coordenadas da fonte do óleo são:
Seja uma função polinomial real. A reta tangente ao gráfico de no ponto é definida pela equação , onde .
a) Encontre os pontos do gráfico de cuja reta tangente é paralela à reta definida por .
b) Sabendo que e que o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de no ponto é 10, determine os pontos de interseção da reta tangente com o gráfico de .
a) Seja a reta , então
Note que o coeficiente angular da reta é dado por:
Assim, como buscamos retas paralelas a , então buscamos retas cujo coeficiente angular também seja igual a 1. Como dito no enunciado, as retas tangentes ao gráfico são escritas pela forma:
Podemos observar que o coeficiente angular desta reta é igual a . Logo, como ela deve ser paralela a , temos:
Deste modo, substituindo o valor de encontrado na equação dada no enunciado, temos:
Portanto, para ,
E o ponto é igual a .
Para
E o ponto é igual a .
Logo, os pontos do gráfico de que possuem tangentes paralelas à reta são e .
OBS: O candidato que se sentisse confortável em utilizar os conceitos de cálculo diferencial poderia resolver este problema lembrando que o coeficiente angular da reta tangente a um gráfico em um determinado ponto é dado pela derivada da função naquele ponto (fato esse confirmado pela equação dada no enunciado ). Assim, como buscamos as retas tangentes de coeficiente angular igual a 1, teríamos:
Logo,
E o ponto é igual a .
Analogamente,
E o ponto é igual a .
b) Dado que o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico é igual a 10, então temos que:
Substituindo, temos:
Como , então . E calculando , temos:
Assim, um dos pontos de intersecção é o ponto .
A reta tangente terá equação
Igualando à temos:
Utilizando o dispositivo prático de Briot-Ruffini, pois sabemos que 2 é uma das raízes da equação, temos
2 |
1 |
0 |
–12 |
16 |
|
1 |
2 |
–8 |
0 |
Portanto,
Logo,
Assim, os pontos de intersecção são:
e
Calculando ,
Portanto, .
Deste modo, os pontos de intersecção são e .
OBS: Ao chegar na equação
poderíamos fatorá-la ao invés de utilizar o dispositivo prático de Briot-Ruffini. Teríamos,