Unicamp 2021 - 1ª fase - 1º dia

a) Incorreta. 1) Há uso de verbos no imperativo, como em “Corra, dá tempo. Dá tempo para você entender que vivemos essa desigualdade. Pegue um busão da Avenida Paulista para a Cidade Tiradentes, passe o valetransporte na catraca e simbora”. 2) Há trechos de linguagem informal, como no uso da gíria “busão”. 3) A linguagem do texto é predominantemente pessoal, já que traz uma perspectiva individual do autor sobre a desigualdade.

b) Incorreta. 1) Há marcas de coloquialidade, como no trecho “Podia matar de desesperança os leitores, os números rendem manchete, mas carecem de rostos humanos”, no qual o autor conjuga o verbo “poderia” como “podia”, uso comum na linguagem coloquial. 2) Há constante de primeira pessoa do singular, como em “Evitei as estatísticas nessa crônica”. 3) A linguagem do texto é predominantemente subjetiva, já que traz uma perspectiva individual do autor sobre a desigualdade.

c) Correta. 1) Há marcas de oralidade, como no trecho “Pegue um busão da Avenida Paulista para a Cidade Tiradentes, passe o valetransporte na catraca e simbora”. 2) Há uso expressivo de recursos ortográficos, como na menção aos usos comuns do prefixo “des” e na divisão silábica da palavra. 3) O autor apresenta sua opinião de maneira explícita, sem o compromisso de ser impessoal, como ocorre no trecho: “Evitei as estatísticas nessa crônica. Podia matar de desesperança os leitores, os números rendem manchete, mas carecem de rostos humanos”.

d) Incorreta. 1) Há o uso de uma variação escrita informal. 2) Não há linguagem neutra. O texto é construído com base na opinião autor. 3) Há presença constante do tom coloquial.

a) Incorreta. Segundo a ciência e a edição de “ACAPA”, a terra nunca foi plana. Segundo o texto reproduzido na imagem, quem acredita que a terra é plana é “biruta”, ou seja, é inconstante e/ou amalucado; insensato, leso.

b) Incorreta. “Birutas” faz referência ao contexto atual, no qual algumas pessoas defendem que a terra é plana, e não redonda.

c) Incorreta. O pronome “cujo” indica posse, fazendo menção o país que teve seu destino desenhado por ventos e velas há 520 anos.

d) Correta. O efeito humorístico da capa resulta da polissemia da palavra “biruta”, que faz referência ao objeto ilustrado no topo da imagem (que tem por função mostrar a intensidade e sentido do deslocamento do vento, instrumento essencial para navegação) e ao uso coloquial da palavra, comumente empregado para se referir a pessoas loucas ou sem juízo (como aquelas que defendem que a terra é plana).

Na tirinha, o Papai Noel pergunta à Sally: "O que você gostaria de Natal pequena Sally?"

E ela responde: "Um futuro livre de sexismo e sem dívida de empréstimo estudantil incapacitante."

E aí o Papai Noel diz: "Não, sério. O que você quer?"

Por este comentário do Papai Noel podemos perceber que ele questiona a viabilidade do pedido de Sally.

a) Incorreta. Quando o Papai Noel diz: "Não, sério. O que você quer? utilizando "what do you want?" ele não está conferindo uma maior formalidade à sua indagação. Para conferir formalidade à uma pergunta, utilizamos o would : What would you like?

b) Correta.  O Papai Noel está, de fato, questionando a viabilidade do pedido da Sally quando diz: "Não, sério."

c) Incorreta. O Papai Noel não está criticando posicionamentos sexistas presentes no pedido de Sally.

d) Incorreta. O Papai Noel não está satirizando as problemáticas da dívida estudantil e do machismo.

Greengo Dictionary, apresenta, em inglês, interpretações bem-humoradas de expressões do português com traduções literais para o inglês. Sabemos que expressões idiomáticas em Inglês, na maioria das vezes, não podem ser traduzidas literalmente para o Português e nem expressões idiomáticas em Português podem ser traduzidas literalmente para o Inglês.

Como neste exemplo:

A expressão "Little lecture"  traduzindo literalmente seria palestrinha, que, em Português, é utilizada quando queremos nos referir a alguém que fala excessivamente, não dando a vez para outros falarem.

little lecture

/palestrinha/ (n.) = noun = substantivo

1. defines a person who talks excessively, not letting others have their turn to speak. (define uma pessoa que fala excessivamente, não deixando os outros terem sua vez de falar).

2. a Brazilian term for "Mansplaining" (junção de man explaining = homem explicando) and "manterrupting" (junção de man interrupting = homem interrompendo) um termo Brasileiro para "mansplaining" e "manterrupting".

a) Correta. Podemos afirmar que a expressão little lecture abrange os sentidos das palavras “mansplaining” e “manterrupting”, contextualizando o uso da expressão no Brasil.

b) Incorreta.  A expressão little lecture não está contrastando com os sentidos das palavras “mansplaining” e “manterrupting”, e nem contemplando aspectos culturais específicos do Brasil.

c) Incorreta. A expressão little lecture não está expandindo os sentidos das palavras “mansplaining” e “manterrupting” e não indica um uso em contextos mais formais.

d) Incorreta. A expressão little lecture não modifica os sentidos das palavras “mansplaining” e “manterrupting” e nem destaca as diferenças culturais entre o inglês e o português.

Traduzindo o texto da escritora nigeriana Ayobami Adebayo temos:

Enquanto escrevia, eu também comecei a pensar sobre a classe média na Nigéria. Quando Yejide visita sua sogra, há uma cerca muito baixa na frente de sua casa. Quase nem é uma cerca. Quando Yejide e Akin constroem sua própria casa no início dos anos noventa, eles erguem uma cerca que é maior do que a casa. Você não consegue ver lá dentro.
Isso foi algo que eu observei sobre a arquitetura na Nigéria - que, em algum ponto, provavelmente nos anos oitenta e noventa, quando as coisas tornaram-se bastante turbulentas e havia toda essa insegurança, uma das maneiras que as pessoas que poderiam se dar ao luxo de se isolar contra o que estava acontecendo fizeram, foi construir cercas mais altas, para usar o dinheiro como um escudo, em certo sentido. Eu queria que a turbulência política atuasse em segundo plano.

a) Correta. O texto menciona o poder aquisitivo da classe média e sua tentativa de se distanciar da realidade política nos seguintes trechos: "While writing, I also started thinking about the middle class in Nigeria." e  "...when things became quite turbulent and there was all of this insecurity, one of the ways the people who could afford to insulate themselves against what was going on did was to build higher fences, to use money as a shield in a sense."

b) Incorreta.  Podemos perceber uma certa desigualdade social no texto quando é mencionado que só aqueles que podiam construíam altos muros,  mas não é isso que vai gerar impactos  para a turbulência política. 

c) Incorreta. A tentativa da classe média, mencionada no texto, não é a de exercer um impacto na realidade política nos anos 1980 e 1990, pelo contrário, a classe média, mediante a turbulência polítca, cria um escudo que são os muros altos.

d) Incorreta. No texto não é mencionado a violência e nem a corrupção dos anos 1980 e 1990 e os impactos nos personagens, são frutos da turbulência política.

BURNOUT É REAL?

Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde atualizou o burnout de um "estado" de exaustão para "uma síndrome" resultante do "estresse crônico no local de trabalho" em sua Classificação Internacional de Doenças. Essa é uma definição tão ampla que poderia muito bem se aplicar à maioria das pessoas em algum momento de suas vidas de trabalho. Quando um distúrbio é supostamente tão difundido, faz-me pensar se estamos em risco de “medicalizar” o sofrimento cotidiano. Se quase todo mundo sofre de burnout, então ninguém sofre e o conceito perde toda a credibilidade.

Por Richard A. Friedman

Tenho certeza que a geração do autor também experimentou estresse no local de trabalho. No entanto, sua geração também experimentou estabilidade econômica real e ganhos socioeconômicos. Havia uma luz no fim do túnel. Atualmente, estamos trabalhando incansavelmente para que fins? Não parece haver uma luz no fim do túnel. O burnout é psicológico e existencial tanto quanto físico.

Anna B. - Nova Iorque, 4 de junho de 2019

A partir da tradução do texto, podemos analisar as alternativas:

a) Correta. Enquanto o autor defende que o problema relacionado ao burnout está na maneira como este está sendo abordado e que sua classificação muito abrangente seria a responsável pelo grande número de casos na atualidade, conforme se observa em “Quando um distúrbio é supostamente tão difundido, faz-me pensar se estamos em risco de ‘medicalizar’ o sofrimento cotidiano.” e também na última frase de seu texto: “Se quase todo mundo sofre de burnout, então ninguém sofre e o conceito perde toda a credibilidade.”, ou seja, de acordo com o autor o elevado número de casos de burnout deve-se principalmente à alteração de sua classificação, que estaria considerando como burnout casos que no passado não eram classificados dessa forma, questionando, portanto, a real gravidade do problema. Já a leitora defende que a situação atual de esgotamento no local de trabalho é mais grave do que nas gerações passadas, uma vez que, “Atualmente, estamos trabalhando incansavelmente para que fins? Não parece haver uma luz no fim do túnel.”, isto é, para ela, a gravidade do problema é maior do que o apontado pelo autor, havendo um aumento real no número de casos, devido não apenas à nova forma de classificação.

b) Incorreta. A leitora menciona que tem certeza de que a geração do autor também experimentou estresse no local de trabalho, reconhecendo assim a existência do mal em gerações passadas, o qual, contudo, seria atenuado por estabilidade econômica e ganhos socioeconômicos, enquanto o autor não menciona possíveis mudanças na ocorrência do mal em si nem questiona a existência do mal no passado, apenas a forma como este é classificado atualmente, de modo que não podemos afirmar se discordam ou concordam neste ponto.

c) Incorreta. A leitora menciona a instabilidade econômica e a falta de ganhos socioeconômicos como agravantes para o burnout, mas o autor não menciona o fator econômico, de modo que não podemos afirmar se os dois discordam ou concordam neste ponto.

d) Incorreta. Ambos concordam que o ambiente de trabalho propicia o burnout.

Traduzindo o texto temos:

Todos a bordo do cruzeiro terra plana – só não conte a eles sobre navegação náutica

Um grupo de pessoas que acredita que a Terra é plana anunciou sua "aventura mais ousada até agora": um cruzeiro da Terra Plana programado para 2020. Os terráqueos planos desfrutarão de piscinas e talvez até mesmo uma onda artificial de surf. Há apenas um problema para aqueles que celebram o achatamento da Terra. Os sistemas de navegação de navios de cruzeiro, e outras embarcações, usam o fato de que a Terra não é plana. "Gráficos náuticos são projetados com isso em mente: que a Terra é redonda. O GPS conta com 24 satélites principais que orbitam a Terra para fornecer informações posicionais e de navegação. A razão pela qual 24 satélites foram usados é por causa da curvatura da Terra", disse Henk Keijer, um ex-capitão de navios de cruzeiro que navegou por todo o mundo durante uma carreira de 23 anos. "Pelo menos três satélites são necessários para determinar uma posição. Mas alguém localizado do outro lado da Terra também gostaria de saber sua posição, então eles também requerem um certo número de satélites. Se a Terra fosse plana, um total de três satélites teriam sido suficientes para fornecer essa informação a todos na Terra. Mas não é suficiente, porque a Terra é redonda."

a) Correta. Podemos observar pelo texto que há uma contradição pois as pessoas que acreditam que a terra é plana pretendem fazer um cruzeiro utilizando os gráficos náuticos, mas eles foram projetados justamente utilizando o fato da terra ser redonda.

b) Incorreta.  Podemos perceber pelo texto que o autor não está confirmando o fato.

c) Incorreta. Podemos observar pelo texto que não se trata de um equívoco científico.

d) Incorreta. O texto não trata de juízo de valores e nem da inversão deles.

O cartaz divulgado pela Organização Mundial da Saúde no contexto da atual pandemia diz:

Government can help protect women and their children from violence during COVID-19

Covid-19 policy

Include violence against women essential services in COVID-19 emergency preparedness and response plans.

Support hotlines, shelters and other specialized services in the context of COVID-19 prevention measures.

Traduzindo temos:

Governo pode proteger mulheres e seus filhos da violência durante o COVID-19

Política covid-19

Inclui a violência contra as mulheres, serviços essenciais nos planos de preparação e resposta de emergência covid-19.

Apoio com linhas diretas, abrigos e outros serviços especializados no contexto das medidas de prevenção do COVID-19.

a) Incorreta. O projeto não se trata de oferecer medidas de proteção e prevenção a mulheres e crianças, mais vulneráveis aos sintomas da doença.

b) Correta.  O cartaz explica exatamente isto, o apoio às mulheres e crianças vitimas de situações domésticas agravadas pela COVID-19.

c) Incorreta. O propósito do projeto não é incluir mulheres e crianças entre aqueles que merecem prioridade em tratamentos de emergência da doença.

d) Incorreta. O projeto não é para preparar serviços de suporte para atender mulheres e crianças diretamente afetadas pela doença, mas sim indiretamente afetadas.

a) Incorreta. Não há passagens no texto que indiquem que a mulher não o ama da mesma forma que ele a ama.

O trecho "Even if you did not love me I could not help an entire devotion to you:  how much more deeply then must I feel for you knowing you love me." indica que "Mesmo que você não me amasse eu não poderia evitar minha total devoção por você: quão mais profundo meu sentimento por você sabendo que você me ama".

b) Incorreta. A passagem a seguir indica que o amor por esta mulher lhe trouxe pensamentos positivos. 

"I never felt my Mind repose upon anything with complete and undistracted enjoyment – upon no person but you."

"Eu nunca senti minha mente repousar sobre qualquer coisa com prazer completo e sem distrações, em ninguém além de você."

c) Incorreta. O trecho abaixo indica questionamentos que o autor faz quando a mulher indica que ele apenas amava a sua beleza, mostrando que ele a admirava por outras características que não apenas a beleza.

 "You uttered a half complaint once that I only loved your Beauty. Have I nothing else then to love in you but that? Do not I see your heart?"

"Você esboçou uma reclamação uma vez que eu apenas amava sua beleza. Não tenho nada além disso para amar em você? Eu não vejo seu coração?"

d) Correta. Como visto no item a, o autor indica que mesmo se a mulher não o amasse, seus sentimentos não mudariam.

"Even if you did not love me I could not help an entire devotion to you:  how much more deeply then must I feel for you knowing you love me." 

"Mesmo que você não me amasse, eu não poderia evitar minha total devoção por você: quão mais profundo meu sentimento por você sabendo que você me ama".

Os termos equality (igualdade) e equity (equidade) são complexos e muitas vezes tratados da mesma maneira. 

Segundo o texto, Equidade é tornar as coisas justas. Isso não é o mesmo que igualdade ou justiça social, nem é o mesmo que a desigualdade. É dar mais para aqueles que precisam, que é proporcional às suas próprias circunstâncias, a fim de garantir que todo mundo tenha as mesmas oportunidades; por exemplo, fornecendo mais suporte para um estudante desfavorecido para que ele possa chegar ao seu pleno potencial.

a) Incorreta. Equidade não é acesso desigual a oportunidades. Na primeira imagem, podemos perceber que há um acesso desigual entre as duas crianças, pois a criança da esquerda está tendo acesso à parte da árvore que tem mais frutos e está pendendo mais para a esquerda, sendo, portanto, privilegiada. A criança da direita não está tendo um acesso igual, elas estão tendo um acesso desigual aos frutos e isso não é equidade.

b) Incorreta. Equidade não é distribuir ferramentas iguais. Na segunda imagem, as crianças receberam escadas iguais, então elas estariam sendo tratadas com igualdade, mas pelo fato de a árvore estar pendendo para a esquerda, inclusive pelo fato de ter mais frutos, ainda assim haveria uma desigualdade entre elas. Portanto, não estariam sendo tratadas com equidade.

c) Correta. Equidade é distribuir ferramentas específicas que identificam e lidam com a desigualdade, dando oportunidades iguais aos menos favorecidos. A terceira imagem retrata exatamente a equidade, pois a criança da direita recebeu uma escada maior, dando a ela condições iguais para colher os frutos.

d) Incorreta. Equidade não é corrigir o sistema para oferecer acesso igual a ferramentas e oportunidades. Na quarta imagem vemos que foram usadas ferramentas para endireitar a árvore, de modo que os frutos ficassem igualmente distribuídos, mas, novamente, isto não é equidade.