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Unicamp 2020 - 2ª fase - dia 2


Questão 1 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Impulso e Quantidade de Movimento

Estudos indicam que uma massa m=1000 kg de poeira cósmica, composta por minúsculas partículas, colide com a superfície da Terra a cada intervalo Δt=20 min. Considere, para simplificar, que as partículas de poeira têm velocidade média nula antes de serem arrastadas pela Terra no seu movimento em torno do Sol. Logo após colidirem com a superfície do nosso planeta, elas passam a se deslocar juntamente com a Terra, com velocidade média de módulo igual a VTerra=30 km/s.Considere também que o movimento da Terra num intervalo Δt=20 min é retilíneo e uniforme.

a) Qual é a densidade da poeira na região do espaço atravessada pela Terra? Ver ilustração acima.
b) Qual é o módulo da força média aplicada pela Terra sobre a massa de poeira cósmica que ela intercepta durante um intervalo Δt=20 min?



Resolução

a) O comprimento L do cilindro atravessado pela Terra é igual a seu deslocamento no intervalo de tempo considerado, Δt=20 min=1200 s, percorrido com velocidade v=30 km/s=3·104 m/s. Como o movimento é uniforme, em unidades do S.I., vem que

L=Δs      L=v·Δt      L=3·104·1200      L=36·106 m.

O volume do cilindro "varrido" pela Terra é, então,

V=A·L      V=1,25·1014·36·106      V=4,5·1021 m3.

Com isso, a densidade da poeira na região é

ρ=mV      ρ=10004,5·1021      ρ=209·10-19 kg/m32,2·10-19 kg/m3.

Outra resposta possível, expressando as distâncias em quilômetros, é

ρ=209·10-10 kg/km32,2·10-10 kg/km3.

b) A força aplicada pela Terra sobre a poeira é a responsável por fazê-la adquirir a mesma velocidade do planeta, 30 km/s. Desta forma, o impulso da força aplicada pela Terra é igual à variação da quantidade de movimento da poeira. Considerando a força média, aplicada pela Terra, de módulo Fm, vem que

I=ΔQ      Fm·Δt=m·Δv.

Como a velocidade inicial v0 da poeira é nula,

Δv=v-v0=3·104 m/s,

então, com as grandezas em unidades do S.I.,

Fm·1200=1000·3·104      Fm=2,5·104 N.

Questão 2 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Empuxo Arquimediano Energia Potencial Gravitacional na Dinâmica

Um densímetro de posto de combustível, usado para analisar o etanol, consiste de um tubo de vidro que fica parcialmente submerso no etanol. O peso do tubo é fixo, de forma que o volume do tubo que fica submerso depende da densidade do etanol. Uma escala na parte superior do tubo indica o valor da densidade medida.

a) O etanol combustível é hidratado, ou seja, contém uma porcentagem de água. A figura acima ilustra duas medidas de densidade de etanol. A primeira é de uma amostra de etanol hidratado dentro da especificação, cujo valor é ρ1=0,810 g/cm3. Nessa medida, o volume submerso do densímetro é V1 . A segunda medida, realizada com o mesmo densímetro, é de uma amostra fora da especificação e, nesse caso, o volume submerso do densímetro é V2 . A diferença dos volumes submersos é de 10% de V1 , ou seja, ΔV=V1-V2=0,1V1. Qual é a densidade ρ2 da segunda amostra?


b) Num posto de combustível, a gasolina é bombeada do reservatório subterrâneo até o tanque do veículo, numa altura h=3,0 m acima do nível superior do reservatório. A gasolina, que é sempre retirada da parte superior do reservatório, encontra-se inicialmente parada e é despejada no tanque do veículo a uma velocidade v=0,8 m/s. Qual é o aumento da energia mecânica da gasolina proporcionado pela bomba ao encher um tanque de volume V=40 litros?
Dado: ρgasolina=0,75 g/cm3.



Resolução

a) A fim de que o densímetro fique parcialmente submerso nos fluidos sem tocar o fundo do recipiente, a força de empuxo aplicada por cada fluido deve ter módulo E igual ao do peso P do objeto. Na primeira medida, o volume V1 encontra-se submerso na amostra; na segunda medida, o volume submerso vale

V1-V2=0,1·V1      V2=0,9·V1.

Seja E1 o módulo do empuxo produzido pela amostra de densidade ρ1 quando o volume V1 encontra-se submerso, e E2 o análogo relativo à segunda medida, temos que

E1=E2      ρ1·V1·g=ρ2·V2·g      0,81·V1=ρ2·0,9·V1      ρ2=0,9 g/cm3.

b) O volume de gasolina que será movimentado pela bomba é de

V=40 L=40·103 cm3,

portanto a massa de gasolina, de densidade ρgasolina=0,75 g/cm3, que será levada ao tanque do veículo é

m=ρgasolina·V      m=0,75·40·103      m=30·103 g=30 kg.

O aumento de energia mecânica se deve ao aumento da energia potencial gravitacional e ao aumento da energia cinética da gasolina. Para a energia potencial gravitacional, em unidades do S.I.,

ΔEPOT=m·g·Δh      ΔEPOT=30·10·3=900 J.

Como a gasolina está em repouso no tanque, v0=0, e a variação da energia cinética é igual à energia cinética final. Assim, também em unidades do S.I.,

ΔECIN=ECIN,F-ECIN,I      ΔECIN=12m·v2-0      ΔECIN=1230·0,82      ΔECIN=9,6 J.

Logo, a variação de energia mecânica é de

ΔEMEC=ΔEPOT+ΔECIN      ΔEMEC=900+9,6      ΔEMEC=909,6 J.

A variação ser positiva indica que houve aumento da energia mecânica, tal como o enunciado da questão sugere.

Questão 3 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Energia Potencial Elástica Resistores em Série

Relês são dispositivos eletromecânicos usados para abrir e fechar contatos elétricos através da deflexão de uma lâmina metálica (armadura) que é atraída pelo campo magnético gerado por uma bobina, conforme ilustra a Figura A.

a) No relê da Figura A, a constante elástica da mola presa à armadura é k = 1500 N/m. Quando a bobina é ligada, qual é a energia potencial da mola, se ela for distendida de Δx=0,8 mm em relação à sua posição de equilíbrio?
b) Resistores LDR (Resistor Dependente de Luz) apresentam alta resistência elétrica na ausência de luz, e baixa resistência quando iluminados. Um uso frequente desses resistores se verifica no acionamento de relês. A Figura B (no espaço de resposta) fornece a resistência do LDR do circuito da Figura C em função da intensidade luminosa. Qual é a tensão no LDR quando a intensidade de luz solar nele incidente é igual a I=0,5 W/m2?

CAMPO DE RESOLUÇÃO E RESPOSTA



Resolução

a) A energia potencial elástica presente em uma mola de constante elástica k distendida ou comprimida por Δx é EPOT,EL=12k·Δx2. Como a deformação da mola, distensão, no caso, é de

Δx=0,8 mm=8·10-4 m,

temos, em unidades do S.I.,

EPOT,EL=121500·8·10-42      EPOT,EL=4,8·10-4 J.

b) Do gráfico, podemos perceber que quando a intensidade vale I=0,5 W/m2 a resistência do LDR vale RL=7·103 Ω (ponto destacado em vermelho na figura abaixo).

Como o LDR está associado em série com o resistor de resistência R1=3·103 Ω, o conjunto possui resistência equivalente

Req=RL+R1=7·103+3·103=10·103 Ω.

Devido a isso, a corrente que circulará pela associação possui intensidade que pode ser determinada pela lei de Ohm aplicada ao circuito. Usando unidades do S.I.,

i=εReq=510·103      i=0,5·10-3 A.

Assim, a tensão (diferença de potencial) no LDR é

UL=RL·i=7·103·0,5·10-3      UL=3,5 V.

Questão 4 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Caráter Dual da Luz

Filtros ópticos têm muitas aplicações: óculos de sol, equipamentos fotográficos, equipamentos de proteção individual (EPI) em atividades profissionais, etc. A densidade óptica de um filtro (OD) é definida por OD=-log10T , sendo T a transmitância óptica, que é dada pela razão entre a intensidade luminosa transmitida e a intensidade incidente. Nas máscaras de soldador, bem como naquelas usadas para a observação direta do Sol durante um eclipse, são necessários filtros de densidades ópticas muito elevadas, ou seja, filtros que transmitem muito pouca luz, tanto na região visível (de 400 nm a 700 nm) quanto no ultravioleta e no infravermelho.

a) No espaço de resposta, apresenta-se um gráfico da densidade óptica em função do comprimento de onda λ para vários filtros, sendo que para cada um deles a densidade óptica na região visível é aproximadamente constante. Quanto vale a transmitância para λ=900 nm do filtro de OD~0,4 na região visível?

b) A água é um bom filtro óptico no infravermelho próximo, e tem um pico de absorção em comprimentos de onda ligeiramente inferiores a 3,0 μm. A energia do fóton é dada por E=hf, em que h=6,6 x 10-34J·s é a  constante de Planck, e f é a frequência da onda eletromagnética. Quanto vale a energia do fóton absorvido no comprimento de onda λ=3,0μm ?


*A velocidade da luz no vácuo vale c=3,0×108 m/s.

CAMPO DE RESOLUÇÃO E RESPOSTA



Resolução

a) A figura abaixo destaca em verde o gráfico da densidade óptica (OD) do filtro que possui OD de aproximadamente 0,4 para a luz visível, compreendida no intervalo de comprimentos de onda entre 400 nm e 700 nm.

Note no gráfico que este filtro, no comprimento de onda de 900 nm, possui OD=1,0 (ponto marcado em vermelho no gráfico acima). Da definição dada no enunciado para a densidade óptica, vem que:

OD=-log10T1,0=-log10TT=10-1T=0,1=10%.

b) A frequência de uma onda eletromagnética no vácuo pode ser expressa em função da velocidade da luz no vácuo e do comprimento de onda como:

f=cλ.

Aplicando esta expressão à da energia do fóton, temos, utilizando unidades do S.I. comλ=3,0 μm=3,0·10-6 m:

E=h·f=h·cλ=6,6·10-34·3,0·1083,0·10-6E=6,6·10-20 J.

Questão 5 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Construção Geométrica (Espelhos Esféricos) Potência Térmica sem Mudança de Fase

As vidraças de um arranha-céu em Londres, conhecido como “Walkie Talkie”, reproduzem a forma de um espelho côncavo. Os raios solares refletidos pelo edifício provocaram danos em veículos e comércios próximos.

a) Considere um objeto em frente e ao longo do eixo do espelho côncavo de raio de curvatura R = 1,0 m, conforme mostra a figura no espaço de resposta. Complete os raios luminosos na figura. Em seguida, calcule a distância d do objeto ao vértice do espelho (ponto O), de forma que a intensidade de raios solares, incidentes paralelamente ao eixo do espelho, seja máxima na posição do objeto.


b) Um objeto metálico de massa m=200 g e calor específico  c = 480 J/(kg·°C) absorve uma potência P=60 W de radiação solar focalizada por um espelho côncavo. Desprezando as perdas de calor por radiação, condução e convecção, calcule a variação de temperatura do objeto após Δt=32 s de exposição a essa radiação.

FOLHA DE RESPOSTAS



Resolução

a) A figura a seguir mostra os caminhos dos raios luminosos.

Observe que na figura acima está representada a continuação da trajetória do raio 1 que, por incidir paralelamente ao eixo principal do espelho, deverá ser refletido passando pelo foco do espelho (ponto F), assumindo válidas as condições de Gauss para este espelho. O raio 2 que incide formando um ângulo α com o eixo principal deverá ser refletido mantendo este mesmo ângulo com o eixo principal.

Lembremos que a abscissa focal corresponde ao comprimento do segmento OF da figura e este comprimento corresponde à metade do comprimento do segmento OC=R, em que R é o raio do espelho esférico. Assim:

f=R2f=0,5 m.

Como os raios que incidem paralelamente ao eixo principal convergem para o foco após refletirem, é no ponto F onde a intensidade de raios solares será máxima e, portanto, é ali que deverá estar localizado o objeto. Desta forma,

d=f=0,5 m.

b) Lembrando da equação do calor sensível

Q=m·c·Δθ          (1)

que relaciona a quantidade de calor Q que um corpo de massa m e calor específio c recebe (Q>0) ou cede Q<0 produzindo uma variação de temperatura Δθ.

Por outro lado, a potência P pode ser relacionada com a energia entregue ao objeto na forma de calor Q num tempo Δt por:

P=QΔt

Q=P·Δt          (2)

Igualando as equações (1) e (2):

P·Δt=m·c·Δθ          (3)

Substituindo os dados na equação (3), incluindo as unidades de medidas para garantirmos que os dados estão nas unidades adequadas, temos:

60 W·32 s=200 g·480 Jkg·°C·Δθ

60 Js·32 s=0,2 kg·480 Jkg·°C·Δθ

Δθ=20 °C.

Questão 6 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Lançamento Vertical Trajetória Circular de uma Carga

Julho de 2019 marcou o cinquentenário da chegada do homem à Lua com a missão Apollo 11. As caminhadas dos astronautas em solo lunar, com seus demorados saltos, são imagens emblemáticas dessa aventura humana.

a) A aceleração da gravidade na superfície da Lua é gL=1,6 m/s2. Calcule o tempo de queda de um corpo solto a partir do repouso de uma altura de 1,8 m com relação à superfície lunar.

b) A espectrometria de massas é uma técnica que pode ser usada na identificação de moléculas da atmosfera e do solo lunar. A figura abaixo mostra a trajetória (no plano do papel) de uma determinada molécula ionizada (carga q=1,6×10-19C) que entra na região de campo magnético do espectrômetro, sombreada na figura, com velocidade de módulo v=3,2×105m/s. O campo magnético é uniforme e perpendicular ao plano do papel, dirigido de baixo para cima, e tem módulo B=0,4 T. Como ilustra a figura, na região de campo magnético a trajetória é circular de raio R=36 cm, e a força centrípeta é dada pela força magnética de Lorentz, cujo módulo vale F=q·V·B. Qual é a massa m da molécula?

 



Resolução

a) Sabendo a altura de queda e a aceleração da gravidade, podemos determinar o tempo de queda usando a equação horária da posição. Assim:

s=s0+v0·t+g·t22.

Considerando como orientação positiva de cima para baixo, s0=0s=3 m  e sabendo que o objeto partiu do repouso (t=0), temos:

1,8=0+0·t+1,6·t22

36=16·t236=16·t2

t=1,5 s pois t>0.

b) Como a resultante das forças é centrípeta (Fcp) e é devido à força de Lorentz (Fmag), podemos escrever que:

Fmag=Fcp

q·v·B=m·v2R

m=q·B·Rv.

Substituindo os dados nesta equação, temos:

m=1,6·10-19·0,4·0,363,2·105

m=7,2·10-26 kg.

Observe que substituimos todos os dados no Sistema Internacional (S.I.) e que apenas o raio não estava no S.I.

(R=36 cm =0,36 m).