Uma pessoa produz oscilações periódicas em uma longa corda formada por duas porções de materiais diferentes 1 e 2, nos quais a velocidade de propagação das ondas é, respectivamente, de 5 m/s e 4 m/s. Segurando a extremidade feita do material 1, a pessoa abaixa e levanta sua mão regularmente, completando um ciclo a cada 0,5 s, de modo que as ondas propagam‐se do material 1 para o material 2, conforme mostrado na figura. Despreze eventuais efeitos de reflexão das ondas.
a) Circule, dentre os vetores na folha de respostas, aquele que melhor representa a velocidade do ponto P da corda no instante mostrado na figura.
b) Calcule a frequência e o comprimento de onda no material 1.
c) Calcule a frequência e o comprimento de onda no material 2.
FOLHA DE RESPOSTA
a)
a) A figura a seguir representa a onda se propagando no material 1, da esquerda para a direita, em determinado instante (linha cheia) e em um instante de tempo muito pequeno após.
Como cada elemento da corda oscila apenas na vertical, podemos perceber que o ponto P se desloca da posição inicial para uma posição P' logo abaixo, assim podemos afirmar que a velocidade do ponto P é para baixo uma vez que consideramos um intervalo de tempo muito pequeno.
O vetor escolhido deve ser:
b) A frequência da onda depende apenas da frequência da fonte, sendo neste caso a mão da pessoa. Sabendo que a frequência é o inverso do período e que o período foi dado no enunciado (), podemos determinar a frequência da onda nos dois meios:
.
Pela equação fundamental da ondulatória, o comprimento de onda no meio 1 () pode ser determinado por:
,
sendo dado no enunciado. Portanto:
.
c) Conforme discutido no item anterior, a frequência da onda não muda e vale .
Novamente pela equação fundamental da ondulatória podemos determinar agora o comprimento de onda no meio 2 (), por:
,
sendo dado no enunciado. Portanto:
.
Um mol de um gás ideal monoatômico é resfriado adiabaticamente de uma temperatura inicial até uma temperatura final .
Com base nessas informações, responda:
a) O gás sofreu expansão ou compressão ao final do processo? Justifique sua resposta.
b) Encontre o valor do trabalho realizado pelo gás nesse processo em termos da constante universal dos gases ideais R e de.
c) Encontre a razão entre as pressões final e inicial do gás após o processo.
a) Em uma transformação adiabática, não há troca de calor com o ambiente, logo, . De acordo com a primeira lei da Termodinâmica, o calor que um gás troca com o ambiente se transforma em variação de energia interna e trabalho :
desta forma,
Como a temperatura do gás diminui na transformação, , a energia interna também diminui, pois a energia interna é proporcional à temperatura , de modo que
Logo, o gás realiza trabalho nesta transformação adiabática: ; isto é possível se ele sofrer expansão.
b) De acordo com a equação anterior, sendo a energia interna inicial e a energia interna final,
Como , vem que
Note que este valor é positivo, em acordo com o descrito no item (a).
c) A fim de determinar a razão entre as pressões, tendo como dados as temperaturas, é necessário reescrever a relação entre pressão e volume para a transformação adiabática em termos da pressão e da temperatura. Isto pode ser feito utilizando a equação de estado de um gás ideal, . Segundo o enunciado, , então
Sendo o coeficiente adiabático de um gás monoatômico ideal e e as pressões inicial e final, respectivamente, temos que
Como e ,
A tomografia por emissão de pósitrons (PET) é uma técnica de imagem por contraste na qual se utilizam marcadores com radionuclídeos emissores de pósitrons. O radionuclídeo mais utilizado em PET é o isótopo 18 do flúor, que decai para um núcleo de oxigênio‐18, emitindo um pósitron. O número de isótopos de flúor‐18 decai de forma exponencial, com um tempo de meiavida de aproximadamente 110 minutos
A imagem obtida pela técnica de PET é decorrente da detecção de dois fótons emitidos em sentidos opostos devido à aniquilação, por um elétron, do pósitron resultante do decaimento. A detecção é feita por um conjunto de detectores montados num arranjo radial. Ao colidir com um dos detectores, o fóton gera cargas no material do detector, as quais, por sua vez, resultam em um sinal elétrico registrado no computador do equipamento de tomografia. A intensidade do sinal é proporcional ao número de núcleos de flúor‐18 existentes no início do processo.
a) Após a realização de uma imagem PET, o médico percebeu um problema no funcionamento do equipamento e o reparo durou 3h40min. Calcule a razão entre a intensidade do sinal da imagem obtida após o reparo do equipamento e a da primeira imagem.
b) Calcule a energia de cada fóton gerado pelo processo de aniquilação elétron‐pósitron considerando que o pósitron e o elétron estejam praticamente em repouso. Esta é a energia mínima possível para esse fóton.
c) A carga elétrica gerada dentro do material do detector pela absorção do fóton é proporcional à energia desse fóton. Sabendo se que é necessária a energia de 3 eV para gerar o equivalente à carga de um elétron no material, estime a carga total gerada quando um fóton de energia 600 keV incide no detector.
a) A intensidade do sinal da imagem é proporcional à taxa de emissão de pósitrons (pósitrons emitidos por unidade de tempo), que por sua vez é proporcional ao número de radionuclídeos que ainda não decaíram. Assim, devemos determinar a quantidade de radionucídeos que não decaíram nas duas situações, sendo a quantidade inicial de radionuclídeos e quantidade de radionuclídeos após o reparo.
De acordo com o exposto acima, podemos concluir que
sendo a intensidade inicial da imagem antes do reparo e a intensidade final da imagem, após 3h40min. Como 3h40min corresponde a 220 minutos, isto é, a dois tempos de meia vida do flúor-18 (110 minutos, segundo o enunciado), a quantidade de raionuclídeos radioativos reduziu à metade duas vezes, ou seja:
isto é
.
Portanto temos:
.
b) Devido à conservação de energia, a energia total dos dois fótons, , é igual à energia devido à massa total, , do pósitron e do elétron; pela relação de Einstein, temos então
.
Assim, a energia de cada fóton será:
.
c) Como a carga elétrica é proporcional à energia, podemos montar a seguinte proporção:
Ou seja:
.
Em um ambiente do qual se retirou praticamente todo o ar, as placas de um capacitor estão arranjadas paralelamente e carregadas com cargas de mesma magnitude Q e sinais contrários, produzindo, na região entre as placas, um campo elétrico que pode ser considerado uniforme, com módulo igual a V/m. Uma partícula carregada negativamente, com carga de módulo igual a , é lançada com velocidade de módulo igual a 100 m/s ao longo da linha que passa exatamente pelo centro da região entre as placas, como mostrado na figura. A distância d entre as placas é igual a 1 mm. Despreze os efeitos gravitacionais.
a) Aponte, entre as trajetórias 1 e 2 mostradas na figura, aquela que mais se aproxima do movimento da partícula na região entre as placas.
b) Sabendo que a massa da partícula é igual a , determine a que distância horizontal x a partícula atingirá uma das placas, supondo que elas sejam suficientemente longas.
c) Quais seriam o sentido e o módulo de um eventual campo magnético a ser aplicado na região entre as placas, perpendicularmente ao plano da página, para que a partícula, em vez de seguir uma trajetória curva, permaneça movendose na mesma direção e no mesmo sentido com que foi lançada?
a) Segundo o enunciado, a partícula lançada no interior das placas é negativa, assim ela deve ser atraída para a placa positiva (superior), portanto concluímos que a trajetória da partícula é a 1.
b) Para determinar a distância é necessário determinar quanto tempo leva para a partícula atingir a placa superior. Para isso, vamos decompor o movimento em duas direções: a horizontal, que chamaremos de x, e a vertical, que chamaremos de y.
Observe que em y há a ação de uma força elétrica vertical para cima, pois a carga é negativa, como discutido no item (a), assim podemos determinar a aceleração em termos de sua massa , do módulo de sua carga elétrica e do campo elétrico , todos dados no enunciado:
.
Como o movimento vertical é uniformemente variado, pois a aceleração é constante, e considerando que a posição inicial em y é zero, a posição no instante , medido a partir de , em que ela tocar a placa será . Usando estas informações, a aceleração obtida na equação (1) e o fato da velocidade inicial na direção y ser nula, obtemos:
.
Substituindo os dados do enunciado na equação (2), temos:
.
Aqui devemos ter cuidado com as unidades, pois devemos substituir os dados com unidades do sistema internacional. Abaixo apresentamos estes valores:
Assim, sabemos que, na direção horizontal, a partícula percorre a distância em , portanto:
.
Como o enunciado não determinou a unidade de referência, poderíamos responder 1 cm ou 10 mm.
c) Para que a partícula tenha uma trajetória retilínea, a força magnética deve agir de cima para baixo. Note que a carga é negativa e se desloca da esquerda para a direita, assim podemos usar a regra da mão esquerda considerando a velocidade como sentido convencional de uma corrente, ou seja, considerando a velocidade como sendo da direita para a esquerda.
Assim concluímos que o campo magnético está perpendicular ao plano da figura e entrando na figura.
Por fim, impondo que a força elétrica e a força magnética possuem mesmo módulo, para que a resultante sobre a carga seja nula e que a trajetória seja retilínea, temos:
.
Em janeiro de 2019, a sonda chinesa Chang'e 4 fez o primeiro pouso suave de um objeto terrestre no lado oculto da Lua, reavivando a discussão internacional sobre programas de exploração lunar. Considere que a trajetória de uma sonda com destino à Lua passa por um ponto P, localizado a do centro da Terra e a do centro da Lua, sendo a distância entre os centros da Terra e da Lua.
a) Considerando que a massa da Terra é cerca de 82 vezes maior que a massa da Lua, determine a razão entre os módulos da força gravitacional que a Terra e a Lua, respectivamente, exercem sobre a sonda no ponto P.
Ao chegar próximo à Lua, a sonda foi colocada em uma órbita lunar circular a uma altura igual ao raio da Lua (), acima de sua superfície, como mostra a figura. Desprezando os efeitos da força gravitacional da Terra e de outros corpos celestes ao longo da órbita da sonda,
b) determine a velocidade orbital da sonda em torno da Lua em termos da constante gravitacional G, da massa da Lua e do raio da Lua ;
c) determine a variação da energia mecânica da nave quando a altura da órbita, em relação à superfície da Lua, é reduzida para 0,5. Expresse seu resultado em termos de , , e da massa da sonda .
a) Segundo o enunciado, a massa da Terra é . O módulo da força gravitacional que a Terra exerce sobre a sonda quando esta se encontra no ponto P, distante do centro da Terra, é dada por
Já o módulo da força gravitacional que a Lua exerce sobre a sonda quando esta está em P, distante do centro da Lua, é dada por
Note que , portanto,
b) Em uma órbita circular guiada somente pela força gravitacional, esta atua como a força resultante centrípeta do movimento. Para uma órbita de raio ao redor da Lua, isto implica que a velocidade com que a órbita é executada é dada por
Quando a altura da órbita for , o raio da órbita em relação ao centro da Lua é , portanto,
c) A energia mecânica de um corpo em movimento é dada pela soma de suas energias cinética e potenciais:
No movimento da sonda (nave) ao redor da Lua, haverá energia potencial gravitacional, de modo que para uma órbita de raio ,
Na passagem acima, foi usada a equação do item (a). Quando a altura da órbita for , o raio da órbita é , quando a altura da órbita for , o raio da órbita é . As energias mecânicas de cada órbita são iguais a
assim, a variação da energia mecânica da sonda ao mudar de órbitas é dada por
Uma equilibrista de massa desloca‐se sobre uma tábua uniforme de comprimento L e massa m apoiada (sem fixação) sobre duas colunas separadas por uma distância () de modo que o centro da tábua esteja equidistante das colunas. O ponto de apoio da equilibrista está a uma distância (tal que ) do centro da tábua, como mostra a figura.
a) Considerando que a tábua está em equilíbrio, faça um diagrama indicando todas as forças que atuam sobre a tábua e seus respectivos pontos de aplicação.
b) Calcule o torque resultante exercido pelos pesos da equilibrista e da tábua em relação ao ponto A (ponto de apoio da tábua na coluna mais próxima da equilibrista). Escreva sua resposta em termos de grandezas mencionadas no enunciado (, , , , ) e da aceleração da gravidade .
c) Calcule a distância máxima da equilibrista ao centro da tábua para que o conjunto permaneça em equilíbrio estático. Considere os seguintes dados: comprimento da tábua: ; massa da tábua: , massa da equilibrista: , distância entre as colunas: .
a) Há quatro forças que atuam sobre a tábua: seu peso , aplicado em seu centro de massa - que coincide, neste caso, com seu centro geométrico, pois é uniforme -, as forças de reação normal e devidas às colunas da esquerda e da direita, respectivamente, e a força de reação normal da roda do monociclo da equilibrista, tal como identificado na figura abaixo.
b) As forças e as distâncias relevantes para o cálculo estão identificadas na figura abaixo, em que o peso da equilibrista é .
Primeiramente, notemos que ambas as forças são perpendiculares à tábua e que os braços de ação das forças são para o peso da tábua e para o peso da equilibrista. Assumindo o sentido de giro anti-horário ao redor de A como positivo, o torque devido ao peso da tábua é
O torque devido ao peso da equilibrista é
Desta forma, o torque resultante destas duas forças é dada por
c) Quando a equilibrista se encontrar na distância máxima em relação ao centro da tábua, a tábua estará na iminência de perder contato com a coluna da esquerda, prestes a tombar para a direita girando no sentido horário ao redor de A, ou seja, nesta condição, . Além disso, a força normal de contato sobre a coluna da direita não exerce torque sobre a tábua em relação ao ponto A, de modo que o torque total agindo sobre a tábua é aquele determinado no item anterior.
Para haver equilíbrio de rotação, o torque resultante deve ser nulo, logo