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Unicamp - 2ª fase - Química e História


Questão 11 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Sistemas Soluções

Na construção do Centro Olímpico de Tianjin, onde ocorreram os jogos de futebol, o teto foi construído em policarbonato, um polímero termoplástico menos denso que o vidro, fácil de manusear, muito resistente e transparente à luz solar. Cerca de 13.000 m2 de chapas desse material foram utilizados na construção.

a) A figura abaixo ilustra a separação de uma mistura de dois polímeros: policarbonato (densidade 1,20 g/cm3) e náilon (densidade 1,14 g/cm3). Com base na figura e no gráfico identifique os polímeros A e B. Justifique.

b) Qual deve ser a concentração mínima da solução, em gramas de cloreto de sódio por 100 gramas de água, para que se observe o que está representado na figura da esquerda?



Resolução

a) Com base na figura e no gráfico podemos concluir que a solução de cloreto de sódio tem uma densidade maior que 1. Assim, o polímero de menor densidade flutuará, enquanto o polímero de maior densidade ficará no fundo do recipiente, portanto, o polímero A é o náilon (densidade 1,14 g/cm3) e o B é o policarbonato (densidade 1,20 g/cm3).

b) 23,4 g de NaCl em 100 g de H2O

Questão 12 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Estequiometria

Enquanto o jamaicano Usain Bolt utilizava suas reservas de PCr e ATP para “passear” nos 100 e 200 m, o queniano Samuel Kamau Wansiru utilizava suas fontes de carboidratos e gorduras para vencer a maratona. A estequiometria do metabolismo completo de carboidratos pode ser representada por 1CH2O:1O2, e a de gorduras por 1CH2:1,5O2. O gráfico 1 mostra, hipoteticamente, o consumo percentual em massa dessas fontes em função do tempo de prova para esse atleta, até os 90 minutos de prova. O gráfico 2 mostra a porcentagens de energia de cada fonte em função da %VO2 máx.

a) Considere que, entre os minutos 60 e 61 da prova, Samuel Kamau tenha consumido uma massa de 2,20 gramas, somando-se carboidratos e gorduras. Quantos mols de gás oxigênio ele teria utilizado nesse intervalo de tempo?

b) Suponha que aos 90 minutos de prova Samuel Kamau estivesse correndo a 75 % de seu VO2 máx e que, ao tentar uma “fuga”, passasse a utilizar 85 % de seu VO2 máx. Quais curvas (1,2,3,4,5,6) melhor representariam as porcentagens em massa de carboidratos e gorduras utilizadas, a partir desse momento? Justifique.

Observações não necessárias à resolução: 1- VO2 máx é um parâmetro que expressa o volume máximo de oxigênio consumido por quilograma de massa corporal do atleta por minuto sob determinada condição bioquímica. 2- Samuel Kamau não tentou a aludida “fuga” aos 90 minutos de prova. 3- Os gráficos são ilustrativos.

 



Resolução

a) Através do gráfico 1, temos que a porcentagem de carboidratos aos 60 minutos é aproximadamente 63% da massa total, logo a de gosrduras é igual a 37%.

Assim, temos:

Carboidratos

2,20 g ---- 100%     x     ----  63% x = 1,386 g de CH2O

Como  a relação, segundo o enunciado é 1 CH2O : 1 O2, temos:

1 mol CH2O ---- 1 mol O2              30 g ---- 1 mol        1,386 g  ---- n1               n1=0,046 mol O2

Gorduras

2,20 g ---- 100%     x     ----  37% x = 0,814 g de CH2

Como  a relação, segundo o enunciado é 1 CH2 : 1,5 O2, temos:

1 mol CH2 ---- 1,5 mol O2           14 g ---- 1,5 mol    0,814 g  ---- n2               n2=0,087 mol O2

Portanto, o número de mols de O2 consumido nesse período é de: n1+n2=0,046+0,087=0,133 mol

b) Ao aumentar o seu VO2máx de 75% para 85% a porcentagem de energia associada ao carboidrato aumenta enquanto a associada à gordura diminui. Assim, a porcentagem em massa de carboidrato consumido deve aumentar, sendo representado pela curva 1 e a massa de gordura consumida deve diminuir, representada pela curva 6.

Questão 13 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Cristianismo Queda do Império

Após a tomada e o saque de Roma pelos visigodos, em 410, pagãos e cristãos interrogaram-se sobre as causas do acontecimento. Para os pagãos, a resposta era clara: foram os maus princípios cristãos, o abandono da religião de Roma, que provocaram o desastre e o declínio que se lhe seguiram. Do lado cristão, a queda de Roma era explicada pela comparação entre os bárbaros virtuosos e os romanos decadentes: dissolutos, preguiçosos, sendo a luxúria a origem de todos os seus pecados.

(Adaptado de Jacques Le Goff, “Decadência”, em História e Memória. Campinas, Ed. da Unicamp, 1990, p. 382-385.)

a) Identifique no texto duas visões opostas sobre a queda de Roma.

b) Entre o surgimento do cristianismo e a queda de Roma, que mudanças ocorreram na relação do Império Romano com a religião cristã?



Resolução

a) O texto permite identificar as seguintes visões sobre a queda do Império Romano:

A dos pagãos: para os pagãos (politeístas), a queda de Roma estava associada às mudanças na concepção religiosa, pois, segundo eles, a conversão dos romanos ao cristianismo significava “o abandono da religião de Roma”.

A dos cristãos: para os cristãos, a queda de Roma estava relacionada aos costumes romanos (considerados pecado pela óptica cristã), tais como a luxúria (os romanos não eram monogâmicos e tinham relações homoeróticas antes da consolidação do cristianismo) e a preguiça (os romanos formavam o maior Império escravista da Antiguidade, portanto relegavam o trabalho aos escravos).

 

b) Os romanos eram politeístas, e possuíam crenças que, assim como seus cultos, tinham como base a mitologia, sendo que os deuses romanos eram basicamente os mesmos da Grécia Antiga, só que com nomes diferentes. Na época do Império (27 a.C. – 476 d.C.), o próprio Imperador romano passou a ser considerado divino, recebendo o título de Augustus (divino) do Senado, fato que reforça o caráter politeísta da religião romana.

O cristianismo foi introduzido no Império Romano a partir das pregações de Jesus Cristo. Um dos principais pontos de divergência entre o cristianismo e as crenças romanas relaciona-se ao monoteísmo pregado pelos cristãos. Acreditando na existência de um único Deus, os cristãos negavam a divindade do Imperador.

Pregavam também o pacifismo, o que diminuía o poderio militar romano, e a igualdade, fazendo com que a religião conseguisse adeptos principalmente entre as massas populares, que algumas vezes se negaram a pagar os impostos diante da tamanha desigualdade da sociedade romana.

Inicialmente, entretanto, o cristianismo não conseguiu muitos adeptos, de modo que o fato de negar a divindade do Imperador não incomodou as autoridades imperiais. A partir dos anos 60 da era cristã, porém, as idéias pregadas por Jesus Cristo passaram a ser transmitidas pelos apóstolos e aceitas por parte considerável da população romana da Palestina.

Desta forma, entre os anos 70 e 313, os cristãos foram perseguidos e punidos pelo Estado Romano, já que negavam a divindade do Imperador. Como punição, os cristãos eram “jogados” para leões ou outros animais ferozes, em espetáculos que ocorriam em arenas, alimentando a política do Pão e Circo praticada pelo Estado Romano. Outro tipo de punição, menos comum, era o empalamento do cristão.

No ano de 313, o Imperador Constantino, convertido ao cristianismo, e também buscando agradar uma grande “massa de cristãos” que fazia parte do Império, decretou o Edito de Milão, concedendo liberdade de culto aos cristãos.

Na segunda metade do século IV, o Imperador Teodósio decretou o Edito da Tessalônica, documento que tornou o cristianismo religião oficial do Império Romano.

Portanto, a grande mudança na relação entre Império Romano e religião cristã foi: a perseguição do Império Romano sobre os cristãos e a posterior oficialização do cristianismo como religião do Império Romano.

Questão 14 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Expansão europeia Cruzadas

Os motivos que levaram Colombo a empreender a sua viagem evidenciam a complexidade da personagem. A principal força que o moveu nada tinha de moderna: tratava-se de um projeto religioso, dissimulado pelo tema do ouro. O grande motivo de Colombo era defender a religião cristã em todas as partes do mundo. Graças às suas viagens, ele esperava obter fundos para financiar uma nova cruzada.

(Adaptado de Tzvetan Todorov, “Viajantes e Indígenas”, em Eugenio Garin. O Homem Renascentista. Lisboa: Editorial Presença, 1991, p. 233.)

a) Segundo o texto, quais foram os objetivos da viagem de Colombo?

b) O que foram as cruzadas na Idade Média?



Resolução

a) Segundo o texto, diferentemente do que é difundido pela historiografia mais tradicional, Colombo tinha como objetivo “defender a religião cristã em todas as partes do mundo”. As viagens permitiriam ao conquistador/navegador obter fundos para financiar uma nova Cruzada, ou seja, financiar um novo processo de expansão do cristianismo.

Embora o texto não mencione, Colombo tinha um claro objetivo de expandir o cristianismo na Ásia, conforme as anotações de seu diário. Vale lembrar que o contexto da época era mercantilista, assim para convencer reis a financiarem as suas viagens e navegadores a participarem de um empreendimento tão arriscado, Colombo sempre utilizava como elemento motivador a possibilidade de conquista de ouro.

b) As Cruzadas foram expedições militares, comandadas pelos cristãos, com o objetivo de reconquistar Jerusalém e outros locais sagrados das mãos dos muçulmanos (considerados infiéis pela cristandade). Ocorreram, entre os anos de 1096 e 1270, oito Cruzadas oficiais.

Sabe-se que, no contexto das Cruzadas, a Europa Ocidental passava por graves problemas ocasionados pelo excedente populacional. A Igreja Católica, como principal instituição da época, convocou as Cruzadas com o objetivo de encaminhar parte do excedente populacional da Europa Ocidental para outras áreas, resolvendo assim inúmeros problemas, tais como a fome e a violência. Era também evidente o interesse da Igreja Católica em reunificar-se com a Igreja Ortodoxa no contexto das Cruzadas, pois ambas poderiam acabar com suas divergências para lutar contra um verdadeiro inimigo, o seguidor do Islamismo.

Além das questões mencionadas acima, vale destacar outros dois pontos relacionados às cruzadas: mercadores buscavam beneficiar-se, pois era latente a possibilidade de comércio entre o “mundo ocidental e o mundo oriental”, de modo que, além de estimularem, os mercadores participaram das mesmas. E nobres, principalmente os não primogênitos, também ingressavam nas Cruzadas com o interesse de conquistar terras, o principal símbolo de poder da época.

Questão 15 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Reforma Protestante

A base da teologia de Martinho Lutero reside na ideia da completa indignidade do homem, cujas vontades estão sempre escravizadas ao pecado. A vontade de Deus permanece sempre eterna e insondável e o homem jamais pode esperar salvar-se por seus próprios esforços. Para Lutero, alguns homens estão predestinados à salvação e outros à condenação eterna. O essencial de sua doutrina é que a salvação se dá pela fé na justiça, graça e misericórdia divinas.

(Adaptado de Quentin Skinner, As fundações do pensamento político moderno. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 288-290.)

a) Segundo o texto, quais eram as idéias de Lutero sobre a salvação?

b) Quais foram as reações da Igreja Católica à Reforma Protestante?



Resolução

a) Lutero é um dos adeptos da teria da predestinação, segundo a qual Deus, sendo onisciente, onipresente e onipotente, conhece aqueles que serão salvos e aqueles que serão condenados, conforme o texto da questão evidencia: (...) “Para Lutero, alguns homens estão predestinados à salvação e outros à condenação eterna” (...).

No entanto, o principal ponto das idéias de Lutero utilizado no contexto da Reforma foi o de que a salvação (na Bíblia encontra-se justificação) é dada pela fé, o que também é explicitado pelo texto: (...) “O essencial de sua doutrina é que a salvação se da pela fé na justiça, graça e misericórdia divinas”.

A salvação pela fé como ponto essencial da doutrina luterana deveu-se ao fato de que Lutero contestava a venda de indulgência pela Igreja Católica, e dizia que Deus não salva os que praticaram boas obras (doações ou compra de indulgências), mas salva aquele que tem fé em sua graça e misericórdia.

b) Para reagir contra a Reforma protestante, a Igreja Católica convocou o Concílio de Trento (reuniões da cúpula do clero ocorridas entre 1545-1563). Em tais reuniões, os prelados decidiram:

– Criar o Index Librorium Proibitoriu: uma lista de livros que seriam proibidos para os seguidores do catolicismo. Os livros do Índex tratavam em sua maioria de ciência ou das novas concepções protestantes.

– Reativar o Tribunal da Inquisição (Santo Ofício): Criado no século XIII, o Tribunal da Inquisição tinha a função de combater as diversas seitas religiosas que surgiram durante a Idade Média e eram consideradas heréticas pela Igreja Católica. A Inquisição também punia pessoas acusadas de heresia, bruxaria ou que tivessem práticas sexuais consideradas pecados gravíssimos, como sodomia e relações homoeróticas. A Inquisição medieval durou até o século XIV, sendo reativada no século XVI, agora com a função principal de combater o protestantismo.

– Utilizar a Cia de Jesus no processo de expansão da fé católica na Europa, na Ásia e, sobretudo, na América. A Cia de Jesus foi uma ordem militar e religiosa fundada por Inácio de Loyola em 1534. Tinha como principal objetivo, a partir de seus fiéis cavaleiros, expandir o cristianismo em qualquer local em que estivesse atuando. A partir do Concílio de Trento, a Cia de Jesus passou a ter uma atuação oficial, sendo subordinada ao alto clero católico.

– Criar Seminários de debate para organizar e sistematizar os princípios do catolicismo, inibindo os abusos cometidos por membros do clero, buscando assim a moralização da instituição.

– Defesa de todos os dogmas católicos difundidos até aquele momento, excetuando-se a venda de indulgências, que foi o foco da Reforma.

– Difusão da cultura barroca, estilo artístico marcado pela intensa religiosidade, usado para manter o homem centrado na fé católica.

As medidas tomadas pela Igreja Católica em seu conjunto são denominadas Contra Reforma.

Questão 16 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

União Ibérica

A união de Espanha e Portugal, em 1580, trouxe vantagens para ambos os lados. Portugal era tratado pelos monarcas espanhóis não como uma conquista, mas como um outro reino. Os mercados, as frotas e a prata espanhóis revelaram-se atraentes para a nobreza e para os mercadores portugueses. A Espanha beneficiou-se da aquisição de um porto atlântico de grande importância, acesso ao comércio de especiarias da Índia, comércio com as colônias portuguesas na costa da África e contrabando com a colônia do Brasil.

(Adaptado de Stuart B. Schwartz. Da América Portuguesa ao Brasil. Lisboa: Difel, 2003, p. 188-189.)


a) Segundo o texto, quais foram os benefícios da União Ibérica para Portugal e para a Espanha?

b) No contexto da União Ibérica, o que foi o sebastianismo?



Resolução

a) União Ibérica é o nome dado ao período no qual Portugal e Espanha foram governados pelo mesmo rei, no período de 1580 à 1640. Segundo o texto, as duas nações foram beneficiadas nesse período: a nobreza e os mercadores portugueses puderam usufruir dos mercados, das frotas e da prata oriunda da extração espanhola na América; já os espanhóis ganharam o domínio do porto (cidade do Porto), importante pela grandeza e pela circulação de riquezas, da colônia portuguesa na América (Brasil) e das rotas comerciais estabelecidas pelos portugueses desde o século XV para África e Ásia.

Obs: A União Ibérica teve fim em 1640 com a chamada “Restauração” quando um nobre português, Duque de Bragança, com ajuda britânica, expulsou os espanhóis e assumiu o trono português.

b) A União Ibérica teve sua origem no sumiço do rei D. Sebastião quando ele combatia os mouros (muçulmanos) no norte da África em 1578. Sem herdeiros, o trono foi ocupado por um tio-avô, o cardeal D. Henrique, que morre em 1580 sem possuir também um sucessor. É nessa ocasião que Felipe II, rei de Espanha, se aproveita para invadir Portugal e se apoderar do seu trono.

Todavia, em Portugal sempre existiu a idéia de que havia uma predestinação, baseada em crenças cristãs, no sentido de que eles formariam um grande Império Cristão na Terra. Por ser D. Sebastião um rei jovem, com fama de corajoso e de cristão fervoroso, todas as esperanças de concretização dessa crença recaíram sobre ele, por isso a negativa dos portugueses em acreditar em sua morte. Os portugueses passaram a crer no retorno do rei desaparecido e na concretização do Império idealizado através dele, crença essa que passou a ser chamada de “sebastianismo”.

Posteriormente, mesmo sendo humanamente impossível o retorno do rei D. Sebastião, o mito do sebastianismo permaneceu e foi retomado, por exemplo, no movimento de Canudos aqui no Brasil, no final do século XIX.

Questão 17 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Revoltas coloniais

No quadro das revoltas ocorridas em Minas Gerais na primeira metade do século XVIII – entre 1707 e 1736 –, verificamos, em algumas delas, elementos de marcante originalidade, por contestarem abertamente os direitos do Rei e envolverem participação ativa de segmentos procedentes dos estratos sociais inferiores.

(Adaptado de Luciano Raposo de Almeida Figueiredo, “O Império em apuros: notas para o estudo das relações ultramarinas no Império Português, séculos XVII e XVIII”, em Júnia Furtado (org.). Diálogos oceânicos: Minas Gerais e as novas abordagens para uma história do Império Ultramarino Português. Belo Horizonte: UFMG, 2001, p. 236.)

a) Segundo o texto, quais eram as características originais apresentadas por algumas revoltas ocorridas na primeira metade do século XVIII?

b) Dê duas características da Inconfidência Mineira que a diferenciam das revoltas ocorridas na primeira metade do século XVIII.



Resolução

a) O contexto abordado refere-se às primeiras décadas de extração de ouro na chamada região das Minas do Brasil colonial. Diante da importância econômica da região, Portugal intensificou sua administração e a fiscalização sobre essa área e, assim, muitos indivíduos que se aventuraram em dirigir-se para lá na busca ilusória de enriquecimento fácil se desiludiram, e foram constantes as revoltas contra a forte repressão metropolitana no que diz respeito à exploração de ouro. Segundo o texto, nessas revoltadas elementos de camadas inferiores da população participaram e suas reivindicações contestavam a autoridade real, apesar de nunca trazerem a questão da emancipação política. Podemos citar como exemplo a chamada Revolta de Filipe dos Santos, ocorrida em 1720, quando alguns mineradores de Vila Rica (atual Ouro Preto) foram até Mariana, sede da autoridade regional, questionar a cobrança do “quinto”, através da instalação das Casas de Fundição.

b) A Inconfidência Mineira já se enquadra em outro contexto político, quando devido à influência dos ideais liberais iluministas, os colonos passaram a não só questionar algumas práticas metropolitanas, mas a defender um ideal emancipacionista, ou seja, a independência da colônia. Almejavam, com isso, a fundação de uma República na região, que contaria com uma Constituição, universidades e incentivo à industrialização. Vale lembrar que se tratava de um movimento elitista, contando com a participação de proprietários de terras e escravos, além de intelectuais.

Questão 18 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Tráfico negreiro

No ano de 1808, entrou em vigor a proibição do tráfico negreiro, tanto nos Estados Unidos como no Império Britânico. No caso do Império Britânico, a proibição teria maior impacto em escala mundial. Enquanto isto, no Império Português, o porto do Rio de Janeiro continuaria a comprar escravos da zona congo-angolana em quantidade cada vez maior.

(Adaptado de João Paulo Pimenta & Andréa Slemian, A corte e o mundo. Uma história do ano em que a família real portuguesa chegou ao Brasil. São Paulo: Alameda, 2008, p. 82-83.)

a) Segundo o texto, quais as mudanças relativas ao tráfico negreiro ocorridas em 1808?

b) Quais eram os interesses do Império Britânico na proibição do tráfico negreiro na primeira metade do século XIX?

 



Resolução

a) Logo no início do século XIX, a Inglaterra e os EUA proibiram o tráfico de escravos em seus domínios. Enquanto isso, Portugal mantinha suas colônias escravistas, pois devido a sua dependência desse regime, a diminuição do fornecimento de escravos colocaria sua economia, já abalada naquele momento, em risco maior. Além disso, o período marca o início da economia cafeeira, que vai fazer uso crescente de escravos até o início efetivo do processo de abolição do tráfico no Brasil, que ocorre somente em 1850, com a Lei Eusébio de Queirós, proibindo definitivamente o tráfico de escravos da África para o Brasil.

b) Os ideais liberais que se difundiram ao longo do século XVIII mudaram a perspectiva européia sobre a escravidão, pois ela negava todos os princípios de “igualdade, liberdade, fraternidade e propriedade” disseminados na época, passando a ser encarada então como um peso moral para a sociedade. Além disso, diante de sua industrialização, a Inglaterra tinha real interesse na abolição desse regime de mão-de-obra, pois acreditava na ampliação do mercado consumidor, com substituição por trabalhadores assalariados. Vale lembrar também que a Inglaterra produzia açúcar em algumas de suas colônias com mão-de-obra livre, o que encarecia a produção e dificultava o seu comércio diante da concorrência em relação ao açúcar produzido pelas colônias ibéricas, com mão-de-obra escrava.

Questão 19 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Primeiro Reinado

O progresso econômico no Brasil da segunda metade do século XIX acarretou profundo desequilíbrio entre poder econômico e poder político. Na década de 1880, o sistema político concebido a partir de 1822 parecia pouco satisfatório aos setores novos. O Partido Republicano recrutou adeptos nesses grupos sociais insatisfeitos.

(Adaptado de Emília Viotti da Costa, Da monarquia à república: momentos decisivos. São Paulo: Editorial Grijalbo, 1977, p. 15-16.)

a) Dê duas características do sistema político brasileiro concebido em 1822.

b) Quais as transformações ocorridas no Brasil da segunda metade do século XIX que levaram ao desequilíbrio entre poder econômico e poder político?



Resolução

a) Com emancipação política brasileira em relação a Portugal, ocorrida em 1822, tentou-se a instalação de um regime constitucional que favorecesse uma maior descentralização administrativa e um poder imperial limitado. Entretanto, com a dissolução da Assembléia Constituinte de 1823 e a outorga da Constituição de 1824, ficou estabelecida uma monarquia centralizadora, graças ao Poder Moderador e à falta de autonomia das províncias, e aristocrática, devido às eleições indiretas estruturadas com critérios censitários. Outro ponto de destaque do sistema político brasileiro pós independência foi a estruturação do catolicismo como religião oficial, sendo estabelecidos os regimes de beneplácito e padroado, sendo o imperador considerado uma figura sagrada e inviolável.

b) O Brasil passou por uma série de mudanças econômicas ligadas principalmente ao café, que acabaram abalando a estrutura política monárquica brasileira. Devido ao grande volume de exportações, o Brasil acabou atraindo uma extraordinária quantidade de divisas que, acompanhando a expansão dos cafezais, puderam ser investidas em infra-estrutura, como portos e ferrovias. Nesse contexto, ocorreu também a substituição do escravismo pela mão-de-obra livre, o que, além de aumentar a produtividade das fazendas, gerou um mercado interno, abrindo espaço, junto com outros fatores, para um surto industrial conhecido como “Era Mauá”. Entretanto, essa nova aristocracia, chamada de “burguesia cafeeira”, não concordava com o caráter centralizador que a monarquia brasileira trazia desde sua fundação, passando assim a fazer oposição através dos partidos republicanos, que começavam a surgir no Brasil a partir de 1870. O ideal republicano brasileiro sempre veio acompanhado da idéia de federalismo, ou seja, descentralização do poder, inspirado no modelo estadunidense. O que, mesmo que de forma limitada, acabou sendo implantado na República brasileira, proclamada em 1889.

Questão 20 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Guerra de Secessão

Nos Estados Unidos da década de 1870, o projeto político sulista de excluir os negros venceu. Os Republicanos Radicais ficaram isolados em sua defesa dos negros e tiveram que enfrentar a oposição violenta do terrorismo branco no sul. A Ku Klux Klan, formada por veteranos do exército confederado, virou uma organização de terroristas, perseguindo os negros e seus aliados com incêndios, surras e linchamentos. A depressão de 1873 apressou o declínio dos Republicanos Radicais, que sentiram a falta do apoio financeiro dos bancos. Para o público, a corrupção tolerada pelos Republicanos Radicais agora parecia um desperdício inaceitável.

(Adaptado de Peter Louis Eisenberg, Guerra Civil Americana. São Paulo: Brasiliense, 1982, p. 102-105.)

a) De acordo com o texto, aponte dois fatores que levaram à vitória do projeto de exclusão dos negros no sul dos Estados Unidos após a Guerra da Secessão.

b) Quais foram as causas da Guerra da Secessão?



Resolução

a) Segundo o texto, os dois fatores que levaram os negros ao processo de exclusão no Sul dos Estados Unidos foram:

– Terrorismo branco no Sul: formaram-se grupos que enfrentavam violentamente os Republicanos Radicais (defensores da inclusão de negros) e que perseguiam negros, cometendo atentados através de incêndios e atos de extrema violência, como espancamentos e linchamentos. O principal grupo que praticou o chamado terror branco foi o da Ku Klux Klan.

– Declínio dos Republicanos Radicais: em 1873, os países já industrializados passavam por uma forte crise econômica, uma das primeiras crises do capitalismo, na época também denominada depressão. Com a crise (ocasionada pelo excedente de capitais, sobretudo na Europa, levando a um processo de desvalorização monetária), o Partido Republicano Radical perdeu apoio financeiro dos bancos, enfraquecendo assim o seu poder de atuação diante dos opositores.

b) A Guerra Civil Americana, conhecida como Guerra de Secessão, esboçou-se em um violento conflito entre os estados do norte contra os estados do sul dos EUA. As causas da guerra devem-se aos seguintes fatos:

Os estados do norte defendiam:

– Não-escravismo nos estados do oeste que estavam se formando, já que o norte adotava trabalho livre e possuía uma incipiente indústria, que pretendia aumentar o seu mercado consumidor. Tal mercado somente seria ampliado com a mão de obra livre;

– Aumento das taxas alfandegárias de importação (protecionismo), já que, devido ao processo de industrialização citado, o norte desejava eliminar a concorrência com os importados.

Os estados do sul defendiam:

– O escravismo nos estados do oeste, pois a mão de obra predominante no sul era escrava, e existia um claro temor de que a não adoção da escravidão no oeste geraria o fim da escravidão também no sul;

– Livre cambismo (fim das taxas alfandegárias), pois o sul era agrário e dependia da compra de industrializados, de modo que seria interessante se as tarifas alfandegárias fossem baixas ou inexistentes, o que obrigaria o norte a reduzir o preço de seus produtos.

Com a eleição de Abraham Lincoln em 1861, eclode a Guerra, já que ele era defensor das propostas do norte. Diante da vitória de Lincoln, os estados do sul separam-se dos demais estados da federação, formando o grupo conhecido como Estados Confederados ou Confederação. Devido a tal separação, os estados do norte formam, por sua vez o grupo denominado União, entrando em guerra com a Confederação devido aos fatores mencionados acima, e também para promover a “reunificação” de todos os estados (norte com o sul).