TEXTO I
Herança - o legado de crenças, conhecimentos, técnicas, costumes, tradições, transmitido por um grupo social de geração para geração; cultura.
HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009 (adaptado).
TEXTO II
As culturas africanas e afro-brasileiras foram relegadas ao campo do folclore com o propósito de confiná-las ao gueto fossilizado da memória. Folclorizar, nesse caso, é reduzir uma cultura a um conjunto de representações estereotipadas, via de regra, alheias ao contexto que produziu essa cultura.
OLIVEIRA, E. D. A epistemologia da ancestralidade. Entrelugares: revista da sociopoética e abordagens afins, 2009.
TEXTO III
PAULINO, R. Ainda a lamentar. In: GONÇALVES, A. M. Um defeito de cor: romance. Rio de Janeiro: Record, 2024 (adaptado).
TEXTO IV
História afro-brasileira nas escolas: professoras comentam avanços e dificuldades
As aulas sobre escravidão eram motivo de vergonha para uma professora quando ela estudava em uma escola municipal na zona sul de São Paulo. "Era o meu pior momento na escola", lembra a ex-aluna. Naquela época, a história da população negra no Brasil era reduzida ao horror do periodo escravocrata. Não se falava na escola sobre temas como a história e a cultura afro-brasileira, muito menos sobre as grandes personalidades negras do país, como Luiz Gama e Carolina Maria de Jesus.
A pedagoga, que é negra, tem orgulho de oferecer uma experiência diferente da que viveu em sala de aula para seus alunos. Agora os livros infantis levados para as turmas têm protagonistas pretos. Temas como a beleza do cabelo crespo e o combate ao racismo fazem parte do dia a dia da escola.
Disponivel em: https://jomal.unesp.br. Acesso em: 3 jun. 2024 (adaptado)
TEXTO V
Histórias para ninar gente grande
G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (samba-enredo de 2019)
Brasil, meu nego
Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra
Brasil, meu dengo
A Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato
Brasil, o teu nome é Dandara
E a tua cara é de cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati
Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês
Disponivel em: www.mangueira.com.br. Acesso em: 30 maio 2024 (fragmento).
TEXTO VI
Alunos de escola municipal conhecem pontos do Rio que retratam relação com a África
Foto: Brenno Carvalho/ O Globo
Alunos admiram grafite de Zumbi dos Palmares na Pedra do Sal.
Disponlvel em: www.oglobo.com. Acesso em: 29 maio 2024 (adaptado).
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema "Desafios para a valorização da herança africana no Brasil", apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
O tema proposto pela prova de redação ENEM 2024 foi “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. A discussão, como de costume, apresenta uma situação-problema que atinge o país e que, portanto, precisa de ações interventivas que a minimize. Neste ano, a banca optou por manter a tendência já verificada nos últimos anos, já que nos processos de 2022 e 2023 também balizou a discussão em “desafios” para a valorização de minorias sociais: respectivamente, povos e comunidade tradicionais e mulheres. O tema selecionado para este ano é atual e pertinente para avaliar a matriz do ensino médio, uma vez que, desde 2003, com a Lei 10.639, há obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira dentro das disciplinas que já fazem parte das grades curriculares dos ensinos fundamental e médio. A lei também estabelece o dia 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra no calendário escolar. Logo, estando bem-informado sobre o tema, o candidato deve refletir sobre a falta de valorização, de reconhecimento e de visibilidade da herança africana em nosso país.
O primeiro texto da coletânea apresenta ao candidato o conceito, retirado do dicionário Houaiss, de herança, uma das balizas centrais da discussão. De acordo com verbete, uma herança é definida por um conjunto de conhecimentos e tradições que foram transmitidas por um grupo de geração em geração. Associando o conceito ao recorte temático, é pertinente relembrar que a herança africana foi subjugada como inferior por séculos – quando comparada com a europeia, por exemplo. Em vista disso, é possível inferir que, devido a uma visão eurocêntrica e racista, a herança africana foi sendo perdida e enfraquecida ao longo dos séculos. Ao optar por essa análise, repertórios socioculturais históricos são bem-vindos e relacionam-se adequadamente à temática.
O segundo texto afirma que as culturas africanas e afro-brasileiras foram “folclorizadas”, isto é, reduzidas a um conjunto de representações estereotipadas. Embora o excerto não mencione, cabe ao candidato refletir sobre quais são os estereótipos comumente relacionados à cultura afro e quais as causas disso. É pertinente refletir sobre o fato de que muitos preconceitos são gerados pelo desconhecimento. Nesse sentido, embora a Lei 10.639 seja um avanço rumo à informação, outras medidas são necessárias para que essa cultura passe a ser valorizada e não mais confinadas “ao gueto”.
O terceiro texto da coletânea é composto por elementos verbais e não verbais. Na imagem, extraída do romance “Um defeito de cor”, de Ana Maria Gonçalves, vê-se um indivíduo negro com uma mala amarrada em seu corpo por cordas. A bagagem, que parece pesada, faz com que o sujeito caminhe penosamente para que consiga levá-la consigo. Logo adiante, há um provérbio africano: “Quando não souberes para onde ir, olha pra trás e saiba pelo menos de onde vens”. Articulando tais elementos, é possível supor que o provérbio visa estimular que a população africana (e afro-brasileira) não se esqueça de seu passado (representado pela bagagem pesada), pois, mais importante que saber para onde ir, é saber de onde vem. Nesse sentido, mais uma vez, a banca lança luz à importância da herança africana, a qual, como mencionada no Texto 1, precisa ser passada de geração a geração para que não se perca.
No texto quatro, somos apresentados a uma mudança positiva quanto ao ensino da cultura africana. De acordo com o excerto, em décadas anteriores, os negros eram representados nas escolas apenas como sujeitos escravizados, sob a lente do colonizador. Ao longo dos anos, no entanto, felizmente essa representação vem sendo modificada. Atualmente, grandes personalidades negras são estudadas por sua grandiosidade histórica e poética. Como exemplo, temos Luiz Gama (advogado, orador, jornalista e escritor brasileiro, considerado Patrono da Abolição da Escravidão no Brasil) e Carolina Maria de Jesus (escritora, compositora, cantora e poetisa brasileira. É autora de “Quarto de Despejo: Diário de uma favelada”, no qual relata sua vivência como mãe, moradora da favela e catadora de papel). Ademais, muitos livros infantis têm protagonistas pretos e tratam temas como a beleza do cabelo crespo. Os exemplos ilustrados demonstram como a escola tem papel essencial na educação antirracista, a qual é construída a partir do rompimento de estereótipos que reduzem a cultura afro como inferior e desimportante. Medidas como essa podem auxiliar o candidato a pensar em propostas de intervenção que visem dar maior visibilidade ao assunto.
O texto quatro traz ao candidato o samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira de 2019, cujo título, “Histórias para ninar gente grande”, faz referência às inverdades contadas pela historiografia brasileira. Ao longo da samba-enredo, somos apresentados a uma certa revolta do eu lírico frente à representação do povo preto [A Mangueira chegou / Com versos que o livro apagou / Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento / Tem sangue retinto pisado / Atrás do herói emoldurado], que logo se inunda de orgulho por aqueles que representam a cultura afro-brasileira [Salve os caboclos de julho / Quem foi de aço nos anos de chumbo / Brasil, chegou a vez / De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês]. Novamente, a banca busca demonstrar a importância de revisitar a história, esclarecendo à população brasileira as barbáries ocorridas no período pré e pós abolição da escravatura, e cultuar os grandes nomes da cultura afro, os quais foram figuras centrais para que o Brasil se consolidasse como país.
O sexto e último texto apresenta a imagem de estudantes admirando um mural, no qual se vê grafitada a imagem de Zumbi dos Palmares, o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, o maior dos quilombos do período colonial. Zumbi é uma figura que representa ainda hoje a resistência dos escravizados. Mais uma vez, a coletânea de textos demonstra a importância da ação das escolas frente ao movimento antirracista.
Em suma, fica claro que a cultura africana foi e é essencial à construção do Brasil como nação. Devido a isso, é primordial relegar estereótipos racistas e eurocêntricos que diminuem a grandiosidade e importância cultural desse grupo. Para isso, é preciso superar desafios que impeçam a devida valorização da herança africana.
Disponível em: www.hongkiat.com.Acesso em: 18 ago. 2017 (adaptado).
O texto estabelece uma relação entre elementos da natureza e comandos de um programa de computador para
a) |
alertar as pessoas sobre a rápida destruição da natureza. |
b) |
conscientizar os indivíduos sobre a passagem acelerada do tempo. |
c) |
apresentar aos leitores os avanços tecnológicos na área da agricultura. |
d) |
orientar os usuários sobre o emprego sustentável das novas tecnologias. |
e) |
informar aos interessados sobre o tempo de crescimento de novas árvores. |
Tradução do texto:
70% Deletada
(Abaixo da frase "70% deletada" encontra-se uma imagem do planeta Terra seguida de uma sequência de árvores, fazendo uma alusão à imagem de arquivos sendo deletados de um computador - mas, no caso destas imagens, são as árvores e a natureza que estão sendo deletadas do planeta Terra. Seguida das imagens está uma barra cuja parte azul indica a quantidade da natureza que já foi deletada)
Tempo estimado restante: 2 décadas (713 KB de milhões de itens removidos)
Removido por: Usuários do Mundo ("World Users")
Taxa de remoção: 1000 por segundo
Resolução:
a) Correta. A alternativa A está correta pois o texto, ao relacionar os comandos de um programa de computador com a natureza, está comunicando ao leitor o quanto a humanidade vêm destruindo o planeta de forma acelerada (o que está explícito nas passagens "713 KB de milhões de itens removidos", e "Taxa de remoção: 1000 por segundo").
b) Incorreta. Apesar de deixar claro que a destruição da natureza está acontecendo rapidamente, a passagem do tempo em si não é o intuito principal do texto.
c) Incorreta. Em nenhum momento a área da agricultura ou os avanços tecnológicos são citados ou relacionados aos elementos do texto. Portanto, esta alternativa está incorreta.
d) Incorreta. Esta alternativa também está incorreta, já que não há menção ou referência a empregos sustentáveis no texto.
e) Incorreta. Apesar de haver imagens de árvores acompanhando o texto, pode-se perceber que as imagens mostram uma árvore que está se deteriorando referindo-se à natureza no nosso planeta, e não ao seu tempo de crescimento. Portanto, a alternativa E também está incorreta.
Holy War
Oh, so we can hate each other and fear each other
We can build these walls between each other
Baby, blow by blow and brick by brick
Keep yourself locked in, yourself locked in
[...]
Oh, maybe we should love somebody
Oh, maybe we could care a little more
So maybe we should love somebody
Instead of polishing the bombs of holy war
Keys, A. Here. Estados Unidos: RCA Records, 2016.
Nessa letra de canção, que aborda um contexto de ódio e intolerância, o marcador "instead of" introduz a ideia de
a) |
mudança de comportamento. |
b) |
panorama de conflitos. |
c) |
rotina de isolamento. |
d) |
perspectiva bélica. |
e) |
cenário religioso. |
Tradução do texto:
Guerra Santa
"Oh, então podemos odiar um ao outro e temer um ao outro
Podemos construir essas paredes entre nós
Bebê, golpe a golpe e tijolo por tijolo
Mantenha-se trancado, trancado
Oh, talvez devêssemos amar alguém
Oh, talvez pudéssemos nos importar um pouco mais
Então talvez devêssemos amar alguém
Ao invés de polir as bombas da guerra santa"
Resolução:
a) Correta. A expressão "instead of" significa "ao invés de" ou "em vez de" e estabelece uma relação de contraste entre duas ideias. De acordo com o trecho da música "Então talvez devêssemos amar alguém ao invés de polir as bombas da guerra santa", percebe-se que a expressão foi usada para introduzir uma ideia de mudança de comportamento.
b) Incorreta. Esta alternativa está incorreta pois, apesar de a música tratar de temas que resultam em conflitos, a expressão "instead of" não foi usada para introduzir a ideia de panoramas destes conflitos.
c) Incorreta. Apesar de, na primeira estrofe, o texto tratar da construção de barreiras entre as pessoas, remetendo a um isolamento, a expressão "instead of" não está conectada a essa ideia.
d) Incorreta. Esta alternativa está errada pois a expressão "instead of" introduz a ideia de troca de um comportamento "bélico" ("polir as bombas da guerra santa") para um comportamento pacífico ("amar alguém"), portanto, não introduz uma ideia de perspectiva bélica.
e) Incorreta. Apesar de tanto a letra quanto o título da música mencionarem a Guerra Santa, a expressão "instead of" não está conectada à ideia de cenário religioso, e sim à ideia de mudança de comportamento.
Disponível em: http://thumbpress.com. Acesso em: 28 out. 2013.
A relação entre as citações atribuídas ao físico Albert Einsten e ao cantor e compositor Bob Marley reside na crença de que é necessário
a) |
dar oportunidade a pessoas que parecem necessitadas. |
b) |
identificar contextos que podem representar perigo. |
c) |
tirar proveito de situações que podem ser adversas. |
d) |
evitar dificuldades que parecem ser intransponíveis. |
e) |
contestar circunstâncias que parecem ser harmônicas. |
Tradução do texto:
"Da desordem, encontre a simplicidade.
Da discordância, encontre a harmonia.
No meio da dificuldade,
está a oportunidade."
- Albert Einstein -
"Algumas pessoas sentem a chuva,
outras só ficam molhadas."
- Bob Marley -
Resolução:
a) Incorreta. Nenhuma das citações acima se relacionam à necessidade de dar oportunidade a pessoas necessitadas, portanto esta resposta está incorreta.
b) Incorreta. As citações não têm a intenção de identificar contextos que podem representar perigo, mas justamente afirmar que uma situação desconfortável pode também ter um aspecto positivo.
c) Correta. Tanto Albert Einstein como Bob Marley sugerem ao leitor que encontre um um aspecto construtivo em um momento mais difícil, ou seja, tire proveito de situações adversas.
d) Incorreta. As citações não afirmam que deve-se evitar dificuldades que parecem intransponíveis, mas sim que mesmo uma situação difícil pode ter um lado benéfico.
e) Incorreta. Esta alternativa está incorreta pois as citações não tratam e nem contestam circunstâncias que parecem ser harmônicas, mas sim sugerem que o leitor procure sempre algo proveitoso em uma situação mais complexa ou difícil.
March 9th, 1981
Ms. Walker,
While your piece "The Color Purple" presents a compelling and thoroughly moving narrativa, we were bothered by your decision to end every sentence with a exclamation point. As a reader, this was extremely jarring. I am afraid, for this reason, we are forced to make the difficult decision to pass on your manuscript.
Best of luck.
Stephanie Allen-Nichols
Disponível em: www.clickhole.com. Acesso em: 26 out. 2015.
A carta da editora Stephanie Allen-Nichols à escritora Alice Walker tem o propósito de
a) |
problematizar o enredo de sua obra. |
b) |
acusar o recebimento de seu manuscrito. |
c) |
solicitar a revisão ortográfica de seu texto. |
d) |
informar a transferência de seu livro a outra editora |
e) |
comunicar a recusa da publicação de seu romance. |
Tradução do texto:
9 de março de 1981
Srta. Walker,
Embora sua peça "A Cor Púrpura" apresente uma narrativa convincente e completamente comovente, ficamos incomodados com sua decisão de terminar cada frase com um ponto de exclamação. Como leitor, isso foi extremamente chocante. Receio que, por esse motivo, sejamos forçados a tomar a difícil decisão de recusar seu manuscrito.
Boa sorte.
Stephanie Allen-Nichols
Vocabulary:
Extremely jarring é algo chocante e tão diferente ou inesperado que tem um efeito forte e desagradável em algo ou alguém.
Resolução:
a) Incorreta. Esta alternativa está incorreta porque a editora não menciona problemas no enredo. Pelo contrário, ela reconhece que a narrativa é "convincente e completamente comovente," o que indica que a qualidade da história em si não é o problema.
b) Incorreta. Embora a carta demonstre que o manuscrito foi lido, o foco não está em acusar o recebimento, mas sim em comunicar a recusa. A menção ao manuscrito serve para explicar a decisão de rejeição, não para confirmar seu recebimento.
c) Incorreta. Apesar de a editora criticar o uso excessivo de pontos de exclamação, não é feito um pedido para que Alice Walker revise ou corrija o texto. Ela apenas menciona a razão da recusa, sem sugerir modificações ou oferecer uma segunda chance.
d) Incorreta. Não há nenhuma menção de que o manuscrito será encaminhado para outra editora. A editora apenas comunica sua própria decisão de recusar a publicação e deseja "boa sorte," mas sem indicar uma alternativa para a publicação em outro lugar.
e) Correta. A carta da editora indica claramente que o manuscrito de Alice Walker foi recusado para publicação, especialmente devido ao uso excessivo de pontos de exclamação. Stephanie Allen-Nichols menciona que, apesar da qualidade da narrativa, tomou "a difícil decisão de recusar seu manuscrito." Portanto, o objetivo da carta é informar sobre a recusa.
I remember being caught speaking Spanish at recess [...] I remember being sent to the corner of the classroom for "talking back" to the Anglo teacher when ali I was trying to do was tell her how to pronounce my name. "lf you want to be American, speak 'American'. lf you don't like lt, go back to Mexico where you belong".
"I want you to speak English [...]", my mother would say, mortified that I spoke English like a Mexican. At Pan American University, I and all Chicano students were required to take two speech classes. Their purpose: to get rid of our accents.
ANZALDÚA, G. Borderlands/La Frontera: The New Mestiza.
San Francisco: Aunt Lute Books, 1987.
O problema abordado nesse texto sobre imigrantes residentes nos Estados Unidos diz respeito aos prejuízos gerados pelo(a)
a) |
repúdio ao sotaque espanhol no uso do inglês. |
b) |
resignação diante do apagamento da língua materna. |
c) |
escassez de oportunidades de aprendizado do espanhol. |
d) |
choque entre falantes de línguas distintas de diferentes gerações. |
e) |
concorrência entre as variações linguísticas do inglês e as do espanhol. |
Tradução do texto:
"Lembro-me de ser pego falando espanhol no recreio [...] lembro-me de ser mandado para o canto da sala de aula por "responder" à professora anglo-saxônica quando tudo o que eu estava tentando fazer era dizer a ela como pronunciar meu nome. "Se você quer ser americano, fale 'americano'. Se você não gostar, volte para o México, onde você pertence."
"Eu quero que você fale inglês [...]", dizia minha mãe, mortificada por eu falar inglês como um mexicano. Na Universidade Pan-Americana, eu e todos os alunos chicanos fomos obrigados a fazer duas aulas de oratória. Seus propósitos: livrar-se do nosso sotaque."
Resolução:
a) Correta. O texto descreve experiências de discriminação linguística pelo autor, que foi punido por falar espanhol e teve que lidar com a desaprovação de seu sotaque. A fala da mãe e o fato de ter que fazer aulas de discurso para “se livrar do sotaque” reforçam a ideia de que a sociedade rejeita o sotaque espanhol no uso do inglês.
b) Incorreta. Essa alternativa está incorreta porque o texto não fala sobre aceitação ou conformidade em relação ao apagamento do espanhol. Pelo contrário, o narrador mostra resistência e incompreensão diante da imposição de “falar ‘americano’ ”, indicando que houve uma tentativa de manter sua identidade linguística.
c) Incorreta. Não é mencionada a falta de oportunidades para aprender o espanhol. A questão principal do texto está na repressão ao uso do espanhol e à presença do sotaque espanhol no inglês, não na ausência de acesso ao aprendizado da língua espanhola.
d) Incorreta. Essa alternativa sugere um conflito geracional, mas o problema descrito é mais sobre a imposição de um padrão linguístico dominante aos falantes de espanhol, independentemente da geração. Além disso, a mãe também enfrenta o preconceito contra o sotaque espanhol, o que reforça que o problema não é geracional.
e) Incorreta. Esta alternativa é incorreta, pois o texto não descreve uma "concorrência" entre variantes linguísticas. A questão é a imposição do inglês padrão sem sotaque espanhol, e não uma disputa entre formas linguísticas do inglês e do espanhol.
O festival folclórico de Parintins, no Amazonas, anunciou que o Boi Caprichoso levou, em 2018, seu 23º título - contra 31 do adversário Boi Garantido. Desde o fim do evento que não paro de cantar duas músicas que aprendi no Bumbódromo (arena onde ocorre o espetáculo). Revezo entre "meu amor, eu sou feliz, ééé azul o meu país", obviamente do boi azul, o Caprichoso; e "vermelhou o curral, a ideologia avermelhou", do boi vermelho, o Garantido. Esse revezamento seria proibido em Parintins, cidade tão dividida entre as torcidas dos bois. Em Parintins, você tem que ter um lado. Há aqueles que tentam fugir e dizem que são "garanchoso", com os quais me identifiquei, mas esses são vistos com certo desdém.
DYNIEWICZ, L. Disponivel em: https://viagem.estadao.com.br. Acesso em: 22 nov. 2018 (adaptado)
A apropriação de elementos como rivalidade, competitividade, torcida e gritos de guerra pelo festival de Parintins evidencia a
a) |
escolha de um local especifico para a festa. |
b) |
importância atribuída pelos turistas aos bois. |
c) |
interação social estabelecida após o evento. |
d) |
aproximação da manifestação folclórica com o esporte. |
e) |
composição de enredos musicais pelos "garanchosos". |
a) Incorreta. O festival ocorre em Parintins, no Amazonas, portanto, os elementos citados (competitividade, rivalidade etc.) não influenciam na escolha do local.
b) Incorreta. O texto não menciona a importância que os turistas atribuem aos bois. O próprio enunciador afirma identificar-se como alguém “sem lado”, que reveza os cânticos das duas torcidas, ou seja, nega a rivalidade e a competitividade.
c) Incorreta. O texto não cita a aproximação entre o público após o evento. Além disso, os elementos como rivalidade, competitividade, torcida etc. estão associados a uma “cidade dividida”, o que se opõe à ideia de interação social.
d) Correta. Elementos como torcidas, gritos de guerras e competitividade são características do esporte, como o futebol. Nesse sentido, é possível verificar a semelhança entre a manifestação folclórica com os jogos esportivos.
e) Incorreta. Os “garanchosos” são aqueles que não querem definir a torcida, ou seja, negam a competitividade e a rivalidade características do festival.
O Brasil somou cerca de 60 mil novos casos de câncer de mama até o final de 2019, número que corresponde a 25% de todos os diagnósticos da condição registrados no país, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Apesar de o Outubro Rosa ser o mês de conscientização sobre a questão voltada para as mulheres, é muito importante lembrar que um dos grandes mitos da medicina é o de que o câncer de mama não afeta o sexo masculino.
Fatores importantes para detectar o câncer de mama masculino:
1. Genética: se houver casos na família, as chances são um pouco mais elevadas.
2. Hormônios: homens podem desenvolver tecido real das glândulas mamárias por tomarem certos medicamentos ou apresentarem níveis hormonais anormais.
3. Caroços: é necessário que os médicos se atentem a alguns sintomas suspeitos, como um caroço na área do tórax.
4. Retração na pele: em situações mais graves do câncer de mama masculino, é possível também ocorrer uma retração do mamilo.
Disponível em:https://pebmed.com.br. Acesso em: 24 nov. 2021 (adaptado).
As informações dessa reportagem auxiliam no combate ao câncer de mama masculino por apresentarem um alerta sobre o(s)
a) |
sinais indicadores da doença. |
b) |
índice de crescimento de casos. |
c) |
exames para diagnóstico do tumor. |
d) |
mitos a respeito da herança genética. |
e) |
período de campanhas de conscientização. |
a) Correta. Ao expor alguns “fatores importantes para detectar o câncer de mama masculino”, como aspectos genéticos e hormonais, o texto auxilia na identificação e, consequentemente, no combate ao câncer nesse público.
b) Incorreta. A menção aos novos casos não se refere especificamente ao câncer de mama em homens. Além disso, o texto afirma que as campanhas de conscientização, como o Outubro Rosa, estão focadas no público feminino.
c) Incorreta. O texto não apresenta qualquer tipo de “exame para diagnóstico do tumor”, e sim orienta sobre fatores sobre os quais homens devem ficar atentos.
d) Incorreta. Segundo o texto, o “mito da medicina” é de que “câncer de mama não afeta homens” e a genética pode ser, sim, um fator relevante para a detecção do tumor.
e) Incorreta. O período de campanha de conscientização, como o mês de outubro, não é citado como um elemento que auxilia no combate ao câncer de mama em homens. O texto também afirma que a campanha ocorre durante o mês está voltada para as mulheres.
Feijoada à minha moda
Amiga Helena Sangirardi
Conforme um dia prometi
Onde, confesso que esqueci
E embora - perdoe - tão tarde
(Melhor do que nunca!) este poeta
Segundo manda a boa ética
Envia-lhe a receita (poética)
De sua feijoada completa.
Em atenção ao adiantado
Da hora em que abrimos o olho
O feijão deve, já catado
Nos esperar, feliz, de molho.
Uma vez cozido o feijão
(Umas quatro horas, fogo médio)
Nós, bocejando o nosso tédio
Nos chegaremos ao fogão
[...]
De carne-seca suculenta
Gordos paios, nédio toucinho
(Nunca orelhas de bacorinho
Que a tornam em excesso opulenta!)
[...]
Enquanto ao lado, em fogo brando
Desmilinguindo-se de gozo
Deve também se estar fritando
O torresminho delicioso
Em cuja gordura, de resto
(Melhor gordura nunca houve!)
Deve depois frigir a couve
Picada, em fogo alegre e presto.
[...]
Dever cumprido. Nunca é vã
A palavra de um poeta... - jamais!
Abraça-a, em Brillat-Savarin,
O seu Vinicius de Moraes.
MORAES, V. ln: CICERO, A.; QUEIROZ, E. (Org.). Vinicius de Moraes: nova antologia poética.
São Paulo: Cia. das Letras, 2005 (fragmento).
Apesar de haver marcas formais de carta e receita, a característica que define esse texto como poema é o(a)
a) |
nomeação de um interlocutor. |
b) |
manifestação de intimidade. |
c) |
descrição de procedimentos. |
d) |
utilização de uma linguagem expressiva. |
e) |
apresentação de ingredientes culinários. |
a) Incorreta. A nomeação de um interlocutor não é um elemento constituinte do poema. Essa característica pode ser associada à carta.
b) Incorreta. Os poemas podem revelar a subjetividade e, por conseguinte, intimidade. No entanto, essa não é uma característica encontrada no texto, cujo conteúdo é uma receita.
c) Incorreta. A descrição de procedimentos é característica de textos injuntivos, como a receita.
d) Correta. Poemas são estruturas textuais que se valem de recursos como ritmo, musicalidade, possíveis a partir de escolhas lexicais que repetem um mesmo som; figuras de linguagem, como a personificação do feijão (que “deve nos esperar, feliz, de molho.”); e pontuação, como o uso do sinal de exclamação (!).
e) Incorreta. A apresentação de ingredientes culinários é uma marca formal da receita, não do poema.
Expressões e termos utilizados no Amazonas são retratados em livro e em camisetas
"Na linguagem, podemos nos ver da forma mais verdadeira: nossas crenças, nossos valores, nosso lugar no mundo", afirmou o doutor em linguística e professor da Ufam em seu livro Amazonês: expressões e termos usados no Amazonas. Portanto, o amazonense, com todas as suas "cunhantãs" e "curumins", acaba por encontrar um lugar no mundo e formar uma unidade linguística, informalmente denominada de português "caboco", que muito se diferencia do português "mineiro", "gaúcho", "carioca" e de tantos outros espalhados pelo Brasil. O livro, que conta com cerca de 1100 expressões e termos típicos do falar amazonense, levou dez anos para ser construído. Para o autor, o principal objetivo da obra é registrar a linguagem.
Um designer amazonense também acha o amazonês "xibata", tanto é que criou uma série de camisetas estampadas com o nome de Caboquês Ilustrado, que mistura o bom humor com as expressões típicas da região. A coleção conta com sete modelos já lançados, entre eles: Leseira Baré, Xibata no Balde e Até o Tucupi, e 43 ainda na fila de espera. Para o criador, as camisas têm como objetivo "resgatar o orgulho do povo manauara, do povo do Norte".
Disponível em: https://g1 .globo.com.Acesso em: 15 jan. 2024 (adaptado).
A reportagem apresenta duas iniciativas: o livro Amazonês e as camisetas do Caboquês Ilustrado. Com temática em comum, essas iniciativas
a) |
recomendam produtos feitos por empreendedores da região Norte. |
b) |
ressaltam diferenças entre o falar manauara e outros falares.
|
c) |
reverenciam o trabalho feito por pesquisadores brasileiros. |
d) |
destacam a descontração no jeito de ser do amazonense. |
e) |
valorizam o repertório linguístico do povo do Amazonas. |
a) Incorreta. A iniciativas expostas na reportagem (o livro e as camisetas) não recomendam produtos de empreendedores, mas sim registram expressões e termos específicos da região, tanto no livro como na vestimenta.
b) Incorreta. O comentário sobre as diferenças entre o português caboco, mineiro, carioca etc. é feito pela reportagem ao analisar a relevância do livro. Portanto, não é possível afirmar que “ressaltar as diferenças entre o caboco e outras variantes linguísticas” seja o tema das iniciativas. Ainda, conforme destaca o final do texto, o "objetivo [das iniciativas] é 'resgatar o orgulho do povo manauara, do povo do Norte'.".
c) Incorreta. A produção do livro e a confecção das camisetas têm em comum o registro de expressões típicas dos manauaras e não a reverência ao trabalho de pesquisadores brasileiros.
d) Incorreta. A iniciativas referem ao registro da linguagem dos amazonenses, não ao “jeito de ser descontraído” dos manauaras.
e) Correta. As iniciativas, ao registrarem a linguagem utilizada pelos amazonenses e expô-las, seja no livro seja nas camisetas, possibilita a “visualização dos valores, crenças, do lugar no mundo”, segundo o autor do livro, e a “retomada do orgulho do povo”, como afirma o designer. Assim, verifica-se um movimento de valorização do repertório linguístico manauara.
Conheça histórias de atletas paralímpicas que
trocaram de modalidade durante a carreira esportiva
Jane Karla: a goiana de 45 anos teve poliomielite aos três anos, o que prejudicou seus movimentos das pernas. Em 2003, iniciou no tênis de mesa e conseguiu conquistar títulos nacionais e internacionais. Mas conheceu o tiro com arco e, em 2015, optou por se dedicar somente à nova modalidade. Em seu ano de estreia no tiro, já faturou a medalha de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015.
Elizabeth Gomes: a santista de 55 anos era jogadora de vôlei quando foi diagnosticada com esclerose múltipla em 1993. Ingressou no Movimento Paralímpico pelo basquete em cadeira de rodas até experimentar o atletismo. Chegou a praticar as duas modalidades simultaneamente até optar pelas provas de campo em 2010. No Campeonato Mundial de Atletismo, realizado em Dubai, em 2019, Beth se sagrou campeã do lançamento de disco e estabeleceu um novo recorde mundial da classe F52.
Silvana Fernandes: a paraibana de 21 anos é natural de São Bento e nasceu com malformação no braço direito. Aos 15 anos, começou a praticar atletismo no lançamento de dardo. Em 2018, enquanto competia na regional Norte-Nordeste, foi convidada para conhecer o paratae kwon do. No ano seguinte, migrou para a modalidade e já faturou o ouro na categoria até 58 kg nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019.
Disponível em: https://cpb.org.br. Acesso em: 15 jan. 2024 (adaptado).
Esse conjunto de minibiografias tem como propósito
a) |
escrever as rotinas de treinamento das atletas. |
b) |
comparar os desempenhos de atletas de alto rendimento. |
c) |
destacar a trajetória profissional de atletas paralímpicas brasileiras. |
d) |
indicar as categorias mais adequadas a adaptações paralímpicas. |
e) |
estimular a participação de mulheres em campeonatos internacionais. |
a) Incorreta. O texto não faz menção às rotinas de treino das atletas, apenas descreve as histórias de suas trajetórias no esporte.
b) Incorreta. O texto não faz comparações entre as atletas mencionadas, apenas retrata e menciona as modalidades e campeonatos em que competiram.
c) Correta. As informações do texto destacam a trajetória das atletas paralímpicas do Brasil.
d) Incorreta. O texto não faz menção às categorias mais adequadas a adaptações paralímpicas.
e) Incorreta. O texto não tem como foco estimular a participação de mulheres em campeonatos internacionais, mas antes o de ilustrar a história de três atletas paralímpicas brasileiras.