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Unicamp 2020 - 2ª fase - dia 2


Questão 1 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Vírus Doenças (Vírus)

O Ministério da Saúde divulgou em 2018 o boletim epidemiológico que informa a taxa de detecção de AIDS na população brasileira. Os gráficos abaixo apresentam a taxa de detecção por 100 mil habitantes em distintas faixas etárias de homens e mulheres. No período entre 2007 e 2017, a taxa de detecção média da AIDS no Brasil apresentou redução de aproximadamente 9,4%. O Ministério da Saúde destacou, porém, a estatística referente a homens adolescentes e jovens adultos de até 29 anos.


a) O que é a AIDS? Considerando os dados apresentados nos gráficos, justifique o destaque estatístico feito pelo Ministério da Saúde.


b) Na AIDS, as células mais atingidas são os linfócitos T do tipo CD4. Qual é a relação entre medula óssea, timo e linfócitos T? Medicamentos utilizados no tratamento da AIDS podem envolver distintos mecanismos de ação. Explique por que os inibidores da enzima integrase são alvos farmacológicos no tratamento da AIDS.

 



Resolução

a) A AIDS (síndrome da imunodeficiência humana adquirida) é uma doença que atinge as células de defesa do humano portador, provoca deficiência na sua resposta imunológica e resulta na fragilidade do organismo a outros agentes patogênicos. O vírus causador é o HIV, vírus da imunodeficiência humana. Um indivíduo só será considerado com AIDS quando a contagem de alguns determinados tipos de células de defesa estiver muito baixa. Nos casos dos indivíduos com alta contagem de células de defesa, mesmo na presença do HIV, não ocorre redução significativa da resposta imunológica, e portanto, o indivíduo é soropositivo para o HIV, mas não tem AIDS.

Entre as mulheres, em todas as faixas etárias, houve redução da taxa de detecção de AIDS, no período considerado. Nos homens a redução ocorreu apenas nas faixas etárias entre 30 a 39 anos, nas outras faixas etárias, referente a homens adolescentes e jovens adultos de até 29 anos, houve aumento da taxa de detecção. Tal fato justifica o destaque estatístico, motrando a maior preocupação do Ministério da Saúde com essas faixas etárias. 

b) A medula óssea vermelha é formada pelo tecido conjuntivo hematopoiético, responsável pela produção das células encontradas no sangue e também no sistema linfático. No tecido referido existem células-tronco hematopoiéticas que podem originar uma grande variedade de células especializadas. Na diferenciação da linhagem mieloide são originadas a maioria da células sanguíneas, a exemplo os eritrócitos, basófilos, eosinófilos, megacariócitos, neutrófilos e muitos outros tipos celulares. Já na linhagem linfoide de diferenciação são originadas células como os linfócitos T, linfócitos B, células NK e outras. Assim que os linfócitos T são produzidos na medula óssea vermelha os mesmos são enviados ao Timo, um órgão pertencente ao sistema linfático que tem a função de estimular hormonalmente o amadurecimento dos linfócitos T. O estímulo nos linfócitos da linhagem T pelo hormônio timosina produz modificações funcionais neles indispensáveis para o desempenho de suas atividades na defesa do organismo.

O vírus HIV é um retrovírus formado por um capsídeo proteico e um envelope contendo lipídios e proteínas. Dentro do capsídeo são encontrados o RNA viral, proteases, a enzima transcriptase reversa e a enzima integrase. Após a entrada do vírus na célula alvo, principalmente linfócitos CD4, a enzima transcriptase reversa se responsabiliza pela conversão do RNA viral em DNA viral, em seguida o DNA viral adentra ao núcleo e é integrado ao DNA da célula hospedeira pela ação da enzima integrase. Feita a integração, os genes virais são transcritos e os RNAs mensageiros produzidos são traduzidos no citoplasma. As proteases virais são responsáveis por quebras na cadeia polipeptídica traduzida para gerar fragmentos menores que originam as proteínas do vírus. Medicamentos utilizados no tratamento da AIDS podem envolver distintos mecanismos de ação, dificultando a entrada o vírus, bloqueando a ação da transcriptase reversa, inibindo a integrase ou a ação das proteases. Os inibidores da enzima integrase são alvos farmacológicos no tratamento da AIDS pois impedem a integração do DNA viral ao DNA da célula no núcleo celular, sem essa integração os genes virais não seriam transcritos interrompendo o ciclo viral reprodutivo dentro da célula

Questão 2 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Ciclo celular Citoesqueleto

Células imortalizadas são capazes de proliferar em cultura. A imortalização ocorre quando mecanismos de morte celular são desativados, permitindo a manutenção das células. Por meio de técnicas específicas, é possível isolar uma ou mais células e deixá-las proliferarem em cultura, dando origem a outras células com características semelhantes. As células HeLa foram isoladas de um câncer uterino e são as primeiras células humanas a se estabelecerem como linhagem imortalizada.


a) Utilizando células HeLa, um experimento avaliou os efeitos antitumorais do nocodazol, um agente que interfere na polimerização dos microtúbulos. Os gráficos abaixo apresentam a quantidade de DNA no grupo HeLa controle (painel A) e no grupo HeLa na presença de nocodazol (painel B). Explique por que no painel B há concentração de células estacionadas na fase G2/M.


 

 
b) As células do painel A são originárias de células somáticas. Considerando que sejam células germinativas, qual seria a quantidade de DNA no final da meiose? Justifique sua resposta.



Resolução

a) O nocodazol é um agente que interfere na polimerização dos microtúbulos, filamentos proteicos formados por inúmeras unidades da proteína tubulina. Os microtúbulos são componentes do citoesqueleto, que exercem funções diversas como:

- formação de cílios e flagelos, responsáveis pelo movimento celular e movimento de moléculas na superfície celular;

- transporte de vesículas no citoplasma, incluindo vesículas de exocitose, constantemente formadas em células secretoras;

- formação das fibras do fuso durante as divisões celulares (mitose e meiose).

As fibras da divisão celular começam a ser formadas na primeira fase denominada prófase. A fibras crescem pela polimerização de monômeros de tubulina a partir dos centrossomos localizados em polos opostos da célula. As extremidades livres destas fibras se ligam aos centrômeros dos cromossomos, o que favorece os eventos que ocorrerão nas fases posteriores conforme listado a seguir:

- na metáfase, as fibras garantem o posicionamento dos cromossomos na placa equatorial da célula;

- na anáfase, ocorre o encurtamento das fibras devido à despolimerização das mesmas, o que acarreta na separação das cromátides irmãs (na mitose e na meiose II) ou na separação dos cromossomos homólogos (na meiose I).

Para interpretar os painéis fornecidos, é fundamental que o aluno tenha conhecimento sobre o ciclo celular: toda divisão celular é antecedida pela interfase, fase responsável por preparar a célula para a divisão celular que está por vir. A interfase ocupa a maior parte do ciclo celular e é subdividida em três momentos: G1, S e G2, sendo a fase S responsável por duplicar a quantidade de DNA através do processo de replicação. Algumas células (como os neurônios) mantêm-se em uma interfase diferenciada em G0, condição na qual a célula está exercendo suas atividades vitais, porém, não está se preparando para a divisão celular.

O painel A fornecido pelo exercício mostra as quantidades de DNA nas células do grupo controle, ou seja, sem a adição do nocodazol. A célula em G0 ou no início de G1 apresenta quantidade de DNA igual a 40. Após a fase S, a célula atinge G2 com quantidade de DNA igual a 80, o que é justificável pelo fato de a fase S ser responsável pela duplicação da quantidade de DNA. Com a presença de microtúbulos intactos, após G2, a célula prossegue para a divisão celular (M) que após separação das cromátides irmãs e citocinese durante a mitose, reestabelece a quantidade de DNA inicial igual a 40.

O painel B, e perfil diferenciado, mostra as quantidades de DNA nas células que sofreram a adição do nocodazol, que interfere na formação dos microtúbulos. A célula em G0 ou no início de G1 apresenta quantidade de DNA igual a 40. Após a fase S, a célula atinge G2 com quantidade de DNA igual a 80, assim como no painel A. Porém, sem a formação dos microtúbulos, a divisão celular (M) não irá progredir corretamente, já que não ocorrerá a separação das cromátides irmãs durante a mitose, e a quantidade de DNA nas células-filhas será mantida em 80.  

b) A meiose é um tipo de divisão celular reducional responsável por formar células haploides (n) a partir de células diploides (2n). Em animais, a meiose permite a formação de gametas com metade do número cromossômico que o organismo adulto. Na espécie humana, especificamente, a partir de uma célula com 46 cromossomos, a meiose origina células com 23 cromossomos que podem ser óvulos ou espermatozoides. Assim como na mitose, a meiose é precedida pela interfase na qual há duplicação da quantidade de DNA da célula. Entretanto, a quantidade de DNA nas células-filhas será diferente, uma vez que a meiose consiste em duas divisões nucleares consecutivas, conforme é exibido no diagrama resumido abaixo:

Conforme o diagrama acima, a célula germinativa que possui quantidade de DNA igual a 40 em G1, deverá atingir a quantidade igual a 80 após a fase S e formar células-filhas com quantidade de DNA igual a 20 no final da meiose.

Imagens: REECE, J. B. et al. Biologia de Campbell. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015 / Lopes, Sônia. Bio 1: conect live. 3. Ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

Questão 3 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Transcrição do DNA Movimentos vegetais

Em 20 de julho de 1969, Neil Armstrong se tornou o primeiro homem a pisar na superfície lunar, após viajar a bordo da Apollo 11 com Edwin Aldrin e Michael Collins. O espaço é um desafio para a Biologia e vários experimentos na área vêm sendo realizados na Estação Espacial Internacional. Pesquisadores compararam o perfil de transcritos em plantas crescidas no espaço, o que permitiu avaliar como os organismos detectam a ausência de gravidade (ou a microgravidade) e desvendar os mecanismos fundamentais envolvidos na resposta das plantas ao voo espacial.


a) No contexto apresentado, o que é um transcrito? Considerando o processo de síntese proteica para o entendimento do metabolismo celular, qual é a limitação da análise exclusiva do perfil de transcritos?

b) As imagens (A) e (B) abaixo mostram plantas cultivadas em ambiente terrestre ou no espaço. Considerando seus conhecimentos sobre tropismo, identifique o ambiente em que cada planta cresceu e justifique a sua resposta.



Resolução

a) Um transcrito consiste em uma molécula de RNA formada pela transcrição a partir de um segmento de DNA ativo denominado gene. Na maior parte das vezes, o transcrito é uma molécula de RNAm (mensageiro) que contém a informação responsável pela síntese de um peptídeo. Entretanto, os transcritos também podem ser moléculas de RNAr (ribossômico) ou RNAt (transportador) essenciais para a síntese proteica. Células de tipos diferentes devem gerar transcritos diferentes, mesmo sendo células com genomas idênticos e extraídas de um mesmo indivíduo. O que justifica a diferença nos transcritos gerados é a expressão gênica diferencial. Durante a diferenciação celular, há a definição de quais genes serão ativos em cada tipo celular, por isso, os genes ativos em um neurônio são diferentes dos genes ativos em uma célula da pele, e, portanto, os transcritos gerados por estas células irão diferir também. É de extrema importância salientar que os transcritos são gerados a partir apenas de genes ativos e que a maior parte dos cromossomos não é formada por genes! Os cromossomos humanos, por exemplo, abrigam aproximadamente 20 mil genes que correspondem à 1,5% de todo o DNA humano. Ou seja, 98,5% das bases nitrogenadas que formam os cromossomos humanos não formam genes e tampouco são transcritas.

As moléculas de RNAm originadas a partir da transcrição serão, posteriormente, traduzidas em peptídeos ou proteínas que podem ser detectáveis e são capazes de moldar o fenótipo de um organismo. Por exemplo, quando ativo, o gene da melanina será transcrito e traduzido, acarretando a formação da proteína melanina que irá determinar o fenótipo da pigmentação da pele.

A análise exclusiva dos transcritos oferece limitação uma vez que esta não corresponde a todos os genes existentes no individuo, afinal, apenas os genes ativos são transcritos; e nem à todas as bases nitrogenadas que formam os cromossomos do indivíduo, afinal, nem todas as bases formam genes.

Adicionalmente, de acordo com o texto, a análise dos transcritos foi feita a partir em plantas crescidas no espaço e, aparentemente, não houve comparação com os transcritos gerados em plantas cultivadas e crescidas na Terra (grupo controle). Na metodologia científica, a comparação só seria efetiva caso os transcritos das plantas do espaço e da Terra fossem comparados, assim, poderia ser feita uma análise de como a gravidade do espaço poderia interferir na formação de transcritos. A transcrição de genes não depende apenas dos genes que formam o genoma do ser vivo, mas também das condições fisiológicas e ambientais às quais o vegetal está submetido e que são capazes de interferir na transcrição.

Outro aspecto relevante é o fato dos transcritos não refletirem, necessariamente, na atividade metabólica dos vegetais, afinal os transcritos podem formar proteínas completas ou unidades proteicas que dependem de outros fatores e condições para controlar as diversas reações e vias metabólicas. Portanto, a análise dos transcritos pode fornecer pistas sobre a atividade metabólica do vegetal, porém, oferece diversas limitações conforme argumentos citados acima.

b) O tropismo é resultante da ação do hormônio auxina e consiste em um movimento vegetal orientado de acordo com o estímulo e pode ser de tipos diversos como o fototropismo (movimento orientado de acordo com a luz), tigmostropismo (movimento orientado de acordo com o toque) e geotropismo ou gravitropismo (movimento orientado de acordo com a gravidade. No caso da planta crescida no espaço, a ausência de gravidade ou a microgravidade irão interferir na direção de crescimento do geral, uma vez que em condições de gravidade do planeta Terra, o geotropismo prevê que:

- ocorra crescimento da raiz a favor da gravidade, fenômeno denominado geotropismo positivo

- ocorra crescimento do caule contra a gravidade, fenômeno denominado geotropismo negativo

Imagem: Lopes, Sônia. Bio 1: conect live. 3. Ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

A imagem B mostra, nitidamente, o crescimento regular e orientado das raízes do vegetal, o que é resultado da presença da gravidade encontrada no ambiente terrestre. De forma contrária, a imagem A mostra o crescimento irregular e desordenado das raízes do vegetal cultivado no espaço, que, por não crescerem em um ambiente com gravidade significativa, não apresentam o geotropismo orientando o crescimento regular.

Questão 4 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Protozooses

Os estudos desenvolvidos pelo brasileiro Carlos Chagas (1879-1934) o levaram a descobrir o protozoário Trypanosoma cruzi, sendo o pesquisador responsável por descrever completamente uma doença infecciosa: o patógeno, o vetor, os hospedeiros, as manifestações clínicas e a epidemiologia. Ações realizadas no controle de vetores ajudaram o Brasil a receber a certificação internacional da interrupção de transmissão vetorial da Doença de Chagas. 


a) Comparando as formas prováveis de transmissão da Doença de Chagas atualmente no país, observa-se que 72% dos casos da doença ocorreram por transmissão oral, 9% por transmissão vetorial e 19% por forma de transmissão não identificada. Explique como pode ocorrer a transmissão do Trypanosoma cruzi por via oral e quais são as medidas profiláticas recomendadas para a redução dessa forma de transmissão.

b) Em 2018, pesquisadores descobriram um composto capaz de impedir que o Trypanosoma cruzi saísse do intestino do inseto vetor. Além disso, o composto evitou a contaminação dos ovos da fêmea vetor com o Trypanosoma cruzi e reduziu a quantidade de ovos. Explique como essa descoberta pode reduzir o ciclo de transmissão da Doença de Chagas.

(Fonte: C. M. Ferreira e outros, Heme crystallization in a Chagas disease vector acts as a redox-protective mechanism to allow insect reproduction and parasite infection. PLOS Neglected Tropical Diseases, San Francisco, v. 12, n. 7, p. e0006661, jul. 2018.)



Resolução

a) A Doença de Chagas também chamada de tripanossomíase é uma doença causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi, um organismo eucarionte unicelular pertencente ao Reino Protoctista (ou Protista). Os sintomas desta doença incluem febre prolongada, fraqueza, aumento do volume do coração e insuficiência cardíaca. De acordo com dados do Ministério da saúde (acessado em 13/01/2020 em http://saude.gov.br/saude-de-a-z/doenca-de-chagas), 95% dos casos desta enfermidade concentra-se na região Norte, sendo 83% dos casos localizados no estado do Pará. A doença é adquirida, principalmente, através de duas formas principais:

- 9% por transmissão vetorial, ou seja, mediante a entrada das fezes do inseto barbeiro (contaminado com T. cruzi) através do orifício na pele originado pela picada após repasto sanguíneo da fêmea do inseto

- 72% por transmissão oral, ou seja, pela ingestão de fezes do inseto barbeiro contaminado ou de fragmentos do inseto contaminado que tenham sido triturados juntamente com alimentos como açaí e caldo de cana-de-açúcar

Algumas medidas profiláticas recomendadas para evitar este tipo de transmissão oral são:

- combate ao inseto barbeiro, afinal, a redução populacional deste inseto irá acarretar na diminuição da presença do mesmo em alimentos,

- inspeção visual e lavagem minuciosa dos alimentos antes destes serem triturados, afinal, algumas espécies de barbeiro são robustas facilmente identificáveis e

- pasteurização do açaí e do caldo cana-de-açúcar antes destes serem consumidos, uma vez que este método de tratamento térmico consiste em aquecimento seguido de resfriamento que eliminam patógenos termossensíveis, promovendo a esterilização do alimento.

b) A Doença de Chagas é transmitida pelas fezes contaminadas do vetor (inseto barbeiro). O composto descoberto pelos cientistas pode reduzir o ciclo de transmissão da doença porque ao impedir que o T. cruzi saia do intestino no inseto, evita que as fezes deste invertebrado estejam contaminadas pelo protozoário. Dessa forma, mesmo que o vetor estivesse contaminado, suas fezes não estariam contaminadas e seriam incapazes de transmitir a doença e manter o ciclo de transmissão. Outro benefício promovido pelo composto descoberto está no fato desta molécula evitar a contaminação dos ovos e reduzir a quantidade dos mesmos. O vetor barbeiro é um inseto triatomídeo cujo ciclo reprodutivo inclui a postura de ovos, sendo eliminados cerca de 200 ovos a cada 30 dias (http://www.saude.sp.gov.br/sucen-superintendencia-de-controle-de-endemias/programas/doenca-de-chagas/vetores acesso em 13/01/2020). Transcorridos o amadurecimento, eclosão e mudas, os ovos irão gerar insetos adulto capazes de manter o ciclo de transmissão, caso alimentem-se do sangue de mamíferos contaminados com o T. cruzi. Com a redução do número de ovos provocada pelo composto, espera-se também a redução de insetos adultos presentes no ambiente e capazes de manter o ciclo de transmissão. Por fim, ao evitar a contaminação dos ovos, o composto iria minimizar os casos de transmissão vetorial da doença pois os novos insetos não seriam hospedeiros dos exemplares de T. cruzi maternos.

Questão 5 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Evolução Evidências da evolução

O fóssil de um vertebrado quadrúpede, Peregocetus pacificus, foi descoberto na costa do Peru. O animal deve ter vivido há aproximadamente 42 milhões de anos. A descoberta fornece novas informações sobre como os ancestrais das baleias fizeram a transição da terra para o mar. Especialistas notaram que os pés com cascos e a forma das pernas permitiam suportar o peso do animal, que apresentava uma grande cauda, indicando um estilo de vida semiaquático.   

(Fonte: O. Lambert e outros, An amphibious whale from the middle eocene of Peru reveals early South Pacific dispersal of quadrupedal cetaceans. Current Biology, Cambridge, v. 29, n. 8, p. 1352-1359, abr. 2019.) Para facilitar a visualização, as duas imagens não estão na mesma escala.   
 


a) O espécime descoberto preenche uma lacuna crucial no conhecimento sobre a forma como as baleias evoluíram e se espalharam pelos oceanos, pois até então não havia uma indicação clara sobre suas habilidades de caminhada e de natação. Defina evolução divergente. Considerando as imagens e as informações apresentadas, explique por que podemos considerar o caso como um exemplo de evolução divergente.
 
b) As primeiras baleias totalmente aquáticas teriam surgido entre 41 e 35 milhões de anos atrás, preenchendo um nicho ecológico deixado vago quando os últimos répteis marinhos, juntamente com os dinossauros, foram extintos há 66 milhões de anos. Cite e explique duas características associadas às adaptações das baleias a um meio completamente aquático.
 
 



Resolução

a) A evolução biológica é um fenômeno que transcorre ao longo do tempo, ao longo desse processo espécies mais antigas originaram linhagens distintas de descendentes mediante ao fenômeno de especiação. As diferentes espécies originadas a partir de um ancestral comum ainda guardarão várias semelhanças bioquímicas, anatômicas e embriológicas, todas herdadas desse mesmo ancestral, porém, esses descendentes também apresentam diferenças da mesma ordem, resultantes de uma outra força evolutiva, a seleção natural. As espécies aparentadas, embora resultem de um mesmo ancestral, podem estar em ambientes diferentes, sofrendo pressões ambientais distintas, com diferentes características sendo selecionadas. Dessa forma as adaptações particulares observadas na história evolutiva de cada espécie podem torná-las cada vez mais distintas ao longo do tempo. Essa evolução diferenciada dos descendentes de um mesmo ancestral, resultante da ação de pressões ambientais diversas, é conhecida como divergência evolutiva ou irradiação adaptativa. 

A imagem apresentada, junto o texto exposto, corresponde a um caso de divergência evolutiva ao sugerir que as baleias atuais são descendentes de tetrápodes terrestres, sendo a espécie do Peregocetus pacificus um possível ancestral importante na transição que ocorreu do meio terrestre para o meio exclusivamente aquático. A imagem apresentada evidencia as semelhanças anatômicas do sistema esquelético dos dois animais, tais semelhanças seriam explicadas pela ancestralidade comum das duas espécies. Além disso, as informações sobre pés com cascos e a forma das pernas que indicam um estilo de vida semiaquático situam os possíveis ancestrais das baleias em um ambiente com pressões ambientais necessárias para selecionar as características observadas nas baleias modernas. 

b)   Ao longo da história evolutiva das baleias o ambiente selecionou características que foram favoráveis à sobrevivência nesse ambiente. Várias características podem ser associadas à adaptação à vida totalmente aquática. São elas:

  • Hidrodinâmica; o corpo das baleias apresenta um formato anatômico favorável à natação, reduzindo o atrito e favorecendo o deslocamento no ambiente líquido.

  • Ausência de pelos; diferente dos seus ancestrais, a ausência quase total de pelos também reduz o atrito com a água durante o deslocamento, proporcionando um aumento na velocidade e diminuindo o gasto energético durante a movimentação. 

  • Patas modificadas em nadadeiras; os membros anteriores são adaptados à natação, e diferente das patas de seus ancestrais, as nadadeiras em forma de pá, ao serem movimentadas, promovem a propulsão no meio líquido.  

  • Perda dos membros posteriores. A redução gradativa dos membros posteriores até a sua ausência completa é mais uma adaptação promovida pela seleção natural.

Questão 6 Visualizar questão Compartilhe essa resolução

Poluição e interferências humanas

Um estudo associou o nível de desmatamento com a biodiversidade de organismos em duas regiões próximas, com mesma extensão territorial e flora similar. As quantidades de áreas com florestas tropicais conservadas (florestas com estrutura vertical bem definida e sem sinais de perturbação ambiental) e com pastos limpos (pastos com baixa densidade de espécies lenhosas, com uma forrageira dominante) foram avaliadas e estão representadas no gráfico A. O gráfico B apresenta o número de espécies de plantas encontradas nos estratos inferior (espécies de baixo porte) e superior (espécies de alto porte) da vegetação em cada região.


a) Considerando a cobertura vegetal e a biodiversidade, associe as regiões 1 e 2 mostradas no gráfico A com as regiões X e Y mostradas no gráfico B. Justifique sua resposta.


 
 

(Fonte: I. do Vale e outros, Riqueza de plantas em mosaicos rurais na região do “arco do desmatamento”, Amazônia Oriental, Brasil. Revista Espacios, Caracas, v. 38, n. 36, p. 29-45, 2017.)

b) Serviços ecossistêmicos são os benefícios da natureza para as pessoas, os quais são vitais para o bem-estar humano e para as atividades econômicas. Entre tais serviços, há os classificados como serviços ecossistêmicos de regulação do ambiente, tais como os que afetam o ciclo biogeoquímico. Cite e explique dois serviços ecossistêmicos de regulação afetados pelo desmatamento e por queimadas.
 
 



Resolução

a) A região 1 corresponde à região X; e a região 2 corresponde à região Y.

De acordo com a análise e interpretação do gráfico, a região 1 possui cobertura vegetal predominante de pastos limpos (que podem ser naturais ou resultantes de degradação ambiental), enquanto na região 2 predominam as florestas conservadas. Assim, na região 1 predominam pastos limpos que possuem menor cobertura vegetal e menor fornecimento de alimento, sendo capazes de abrigar menor número de espécies que habitam, predominantemente, estratos inferiores conforme encontrado na região X. Regiões de florestas conservadas apresentam vegetação em diversos estratos, o que favorece a instalação de maior diversidade de espécies, além de relações tróficas mais diversas. Na região 2, predominam florestas conservadas capazes de abrigar um maior número de espécies total e maior número de espécies de estratos superiores, característica correspondentes à região Y do segundo gráfico. 

b) Desmatamentos e queimadas têm um potencial devastador para o ambiente e podem comprometer seriamente os serviços ecossistêmicos. A eliminação da cobertura vegetal pode ter um impacto no ciclo da água e alterar o microclima de uma região, modificando as temperaturas locais, a umidade do ar, a vazão de rios e a disponibilidade da água para consumo humano. A cobertura vegetal reduz a evaporação superficial e retém a água no solo, dessa forma garantem maior umidade do ar e a manutenção da água localmente. A eliminação da floresta poderia tornar o ar mais seco e produzir um agravamento de doenças pulmonares e tendo um impacto negativo na qualidade de vida da população. As florestas também são importantes para manter a vazão dos rios e seus afluentes, com a retirada da mata ciliar poderá ocorrer erosão e assoreamento dos rios, reduzindo a quantidade de água disponível para captação e consumo humano, bem como água para irrigação. Também devemos lembrar que a retirada de florestas provoca um declínio das populações de espécies polinizadoras. Essas espécies são importantes na polinização tanto da floresta nativa conservada como também nos campos de cultivos. A redução de polinizadores pode gerar impactos econômicos significativos, encarecer produtos e comprometer o oferta de alguns produtos às populações.