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Questão 1 Unicamp 2020 - 2ª fase - dia 2

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Questão 1

Vírus Doenças (Vírus)

O Ministério da Saúde divulgou em 2018 o boletim epidemiológico que informa a taxa de detecção de AIDS na população brasileira. Os gráficos abaixo apresentam a taxa de detecção por 100 mil habitantes em distintas faixas etárias de homens e mulheres. No período entre 2007 e 2017, a taxa de detecção média da AIDS no Brasil apresentou redução de aproximadamente 9,4%. O Ministério da Saúde destacou, porém, a estatística referente a homens adolescentes e jovens adultos de até 29 anos.


a) O que é a AIDS? Considerando os dados apresentados nos gráficos, justifique o destaque estatístico feito pelo Ministério da Saúde.


b) Na AIDS, as células mais atingidas são os linfócitos T do tipo CD4. Qual é a relação entre medula óssea, timo e linfócitos T? Medicamentos utilizados no tratamento da AIDS podem envolver distintos mecanismos de ação. Explique por que os inibidores da enzima integrase são alvos farmacológicos no tratamento da AIDS.

 



Resolução

a) A AIDS (síndrome da imunodeficiência humana adquirida) é uma doença que atinge as células de defesa do humano portador, provoca deficiência na sua resposta imunológica e resulta na fragilidade do organismo a outros agentes patogênicos. O vírus causador é o HIV, vírus da imunodeficiência humana. Um indivíduo só será considerado com AIDS quando a contagem de alguns determinados tipos de células de defesa estiver muito baixa. Nos casos dos indivíduos com alta contagem de células de defesa, mesmo na presença do HIV, não ocorre redução significativa da resposta imunológica, e portanto, o indivíduo é soropositivo para o HIV, mas não tem AIDS.

Entre as mulheres, em todas as faixas etárias, houve redução da taxa de detecção de AIDS, no período considerado. Nos homens a redução ocorreu apenas nas faixas etárias entre 30 a 39 anos, nas outras faixas etárias, referente a homens adolescentes e jovens adultos de até 29 anos, houve aumento da taxa de detecção. Tal fato justifica o destaque estatístico, motrando a maior preocupação do Ministério da Saúde com essas faixas etárias. 

b) A medula óssea vermelha é formada pelo tecido conjuntivo hematopoiético, responsável pela produção das células encontradas no sangue e também no sistema linfático. No tecido referido existem células-tronco hematopoiéticas que podem originar uma grande variedade de células especializadas. Na diferenciação da linhagem mieloide são originadas a maioria da células sanguíneas, a exemplo os eritrócitos, basófilos, eosinófilos, megacariócitos, neutrófilos e muitos outros tipos celulares. Já na linhagem linfoide de diferenciação são originadas células como os linfócitos T, linfócitos B, células NK e outras. Assim que os linfócitos T são produzidos na medula óssea vermelha os mesmos são enviados ao Timo, um órgão pertencente ao sistema linfático que tem a função de estimular hormonalmente o amadurecimento dos linfócitos T. O estímulo nos linfócitos da linhagem T pelo hormônio timosina produz modificações funcionais neles indispensáveis para o desempenho de suas atividades na defesa do organismo.

O vírus HIV é um retrovírus formado por um capsídeo proteico e um envelope contendo lipídios e proteínas. Dentro do capsídeo são encontrados o RNA viral, proteases, a enzima transcriptase reversa e a enzima integrase. Após a entrada do vírus na célula alvo, principalmente linfócitos CD4, a enzima transcriptase reversa se responsabiliza pela conversão do RNA viral em DNA viral, em seguida o DNA viral adentra ao núcleo e é integrado ao DNA da célula hospedeira pela ação da enzima integrase. Feita a integração, os genes virais são transcritos e os RNAs mensageiros produzidos são traduzidos no citoplasma. As proteases virais são responsáveis por quebras na cadeia polipeptídica traduzida para gerar fragmentos menores que originam as proteínas do vírus. Medicamentos utilizados no tratamento da AIDS podem envolver distintos mecanismos de ação, dificultando a entrada o vírus, bloqueando a ação da transcriptase reversa, inibindo a integrase ou a ação das proteases. Os inibidores da enzima integrase são alvos farmacológicos no tratamento da AIDS pois impedem a integração do DNA viral ao DNA da célula no núcleo celular, sem essa integração os genes virais não seriam transcritos interrompendo o ciclo viral reprodutivo dentro da célula