KEEFER, M. Disponível em: www.nj.com. Acesso em: 3 dez. 2018.
A relação dos vocábulos shower, bus e homeless, no texto, refere-se a
a) |
empregar moradores de rua em lava a jatos para ônibus.
|
b) |
criar acesso a banhos gratuitos para moradores de rua.
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c) |
comissionar sem-teto para dirigir os ônibus da cidade.
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d) |
exigir das autoridades que os ônibus municipais tenham banheiros.
|
e) |
abrigar dois mil moradores de rua em ônibus que foram adaptados.
|
a) Incorreta. Não há nenhuma menção de lava a jatos para ônibus e oferta desemprego no texto.
b) Correta. O texto afirma que a cidade de San Francisco tem apenas 10 a 16 locais de banho para os desabrigados (San Francisco has only 10 to 16 shower stalls to accomodate them), que Doniece Sandoval pretende mudar isso (Doniece Sandova has made it her mission to change that.) e que o ônibus seria um espécie de ducha sobre rodas (showers on wheels.)
c) Incorreta. Decommissioned, em português, significa retirar de. No caso, “decommissioed city buses” significa “ônibus retirado de circulação”, e não contratar motoristas, como é mencionado na alternativa.
d) Incorreta. No texto, está claro que Sandoval pretende transformar ônibus retirados de circulação em banheiros com duchas.
e) Incorreta. Sandoval espera oferecer 2000 banhos por semana (Sandoval expects that they will be able to provide 2000 showers a week), e não abrigar pessoas.
Para responder às questões de 02 a 06, leia o trecho de uma carta enviada por Antônio Vieira ao rei D. João IV em 4 de abril de 1654.
No fim da carta de que V. M.1 me fez mercê me manda V. M. diga meu parecer sobre a conveniência de haver neste estado ou dois capitães-mores ou um só governador.
Eu, Senhor, razões políticas nunca as soube, e hoje as sei muito menos; mas por obedecer direi toscamente o que me parece.
Digo que menos mal será um ladrão que dois; e que mais dificultoso serão de achar dois homens de bem que um. Sendo propostos a Catão dois cidadãos romanos para o provimento de duas praças, respondeu que ambos lhe descontentavam: um porque nada tinha, outro porque nada lhe bastava. Tais são os dois capitães-mores em que se repartiu este governo: Baltasar de Sousa não tem nada, Inácio do Rego não lhe basta nada; e eu não sei qual é maior tentação, se a 1 , se a 2 . Tudo quanto há na capitania do Pará, tirando as terras, não vale 10 mil cruzados, como é notório, e desta terra há-de tirar Inácio do Rego mais de 100 mil cruzados em três anos, segundo se lhe vão logrando bem as indústrias.
Tudo isto sai do sangue e do suor dos tristes índios, aos quais trata como tão escravos seus, que nenhum tem liberdade nem para deixar de servir a ele nem para poder servir a outrem; o que, além da injustiça que se faz aos índios, é ocasião de padecerem muitas necessidades os portugueses e de perecerem os pobres. Em uma capitania destas confessei uma pobre mulher, das que vieram das Ilhas, a qual me disse com muitas lágrimas que, dos nove filhos que tivera, lhe morreram em três meses cinco filhos, de pura fome e desamparo; e, consolando-a eu pela morte de tantos filhos, respondeu-me: “Padre, não são esses os por que eu choro, senão pelos quatro que tenho vivos sem ter com que os sustentar, e peço a Deus todos os dias que me os leve também.”
São lastimosas as misérias que passa esta pobre gente das Ilhas, porque, como não têm com que agradecer, se algum índio se reparte não lhe chega a eles, senão aos poderosos; e é este um desamparo a que V. M. por piedade deverá mandar acudir. Tornando aos índios do Pará, dos quais, como dizia, se serve quem ali governa como se foram seus escravos, e os traz quase todos ocupados em seus interesses, principalmente no dos tabacos, obriga-me a consciência a manifestar a V. M. os grandes pecados que por ocasião deste serviço se cometem.
(Sérgio Rodrigues (org.). Cartas brasileiras, 2017. Adaptado.)
1 V. M.: Vossa Majestade.
O romance 1984 descreve os perigos de um Estado totalitário. A ideia evidenciada nessa passagem é que o controle do Estado se dá por meio do(a)
a) |
boicote a ideais libertários. |
b) |
veto ao culto das tradições.
|
c) |
poder sobre memórias e registros.
|
d) |
censura a produções orais e escritas.
|
e) |
manipulação de pensamentos individuais.
|
a) Incorreta. Não há nenhuma referência a “boicote a ideais libertários” no texto.
b) Incorreta. Também não há nenhuma indicação de “veto ao culto das tradições”.
c) Correta. O texto diz que o “Estado” (the “Party”) controla todos os registros e todas as memórias (We, the Party, control all records, and we control all memories).
d) Incorreta. O texto debate o controle sobre memórias (we control all memories), e não produções orais e escritas, como a alternativa afirma.
e) Incorreta. O texto mantém-se em torno do controle de todos os registros e das memórias humanas; do controle do passado (we control the past”), não propriamente dos “pensamentos individuais”.
Para responder às questões de 02 a 06, leia o trecho de uma carta enviada por Antônio Vieira ao rei D. João IV em 4 de abril de 1654.
No fim da carta de que V. M.1 me fez mercê me manda V. M. diga meu parecer sobre a conveniência de haver neste estado ou dois capitães-mores ou um só governador.
Eu, Senhor, razões políticas nunca as soube, e hoje as sei muito menos; mas por obedecer direi toscamente o que me parece.
Digo que menos mal será um ladrão que dois; e que mais dificultoso serão de achar dois homens de bem que um. Sendo propostos a Catão dois cidadãos romanos para o provimento de duas praças, respondeu que ambos lhe descontentavam: um porque nada tinha, outro porque nada lhe bastava. Tais são os dois capitães-mores em que se repartiu este governo: Baltasar de Sousa não tem nada, Inácio do Rego não lhe basta nada; e eu não sei qual é maior tentação, se a 1 , se a 2 . Tudo quanto há na capitania do Pará, tirando as terras, não vale 10 mil cruzados, como é notório, e desta terra há-de tirar Inácio do Rego mais de 100 mil cruzados em três anos, segundo se lhe vão logrando bem as indústrias.
Tudo isto sai do sangue e do suor dos tristes índios, aos quais trata como tão escravos seus, que nenhum tem liberdade nem para deixar de servir a ele nem para poder servir a outrem; o que, além da injustiça que se faz aos índios, é ocasião de padecerem muitas necessidades os portugueses e de perecerem os pobres. Em uma capitania destas confessei uma pobre mulher, das que vieram das Ilhas, a qual me disse com muitas lágrimas que, dos nove filhos que tivera, lhe morreram em três meses cinco filhos, de pura fome e desamparo; e, consolando-a eu pela morte de tantos filhos, respondeu-me: “Padre, não são esses os por que eu choro, senão pelos quatro que tenho vivos sem ter com que os sustentar, e peço a Deus todos os dias que me os leve também.”
São lastimosas as misérias que passa esta pobre gente das Ilhas, porque, como não têm com que agradecer, se algum índio se reparte não lhe chega a eles, senão aos poderosos; e é este um desamparo a que V. M. por piedade deverá mandar acudir. Tornando aos índios do Pará, dos quais, como dizia, se serve quem ali governa como se foram seus escravos, e os traz quase todos ocupados em seus interesses, principalmente no dos tabacos, obriga-me a consciência a manifestar a V. M. os grandes pecados que por ocasião deste serviço se cometem.
(Sérgio Rodrigues (org.). Cartas brasileiras, 2017. Adaptado.)
1 V. M.: Vossa Majestade.
A poetisa Kamala Das, como muitos escritores indianos, escreve suas obras em inglês, apesar de essa não ser sua primeira língua. Nesses versos, ela
a) |
usa a língua inglesa com efeito humorístico.
|
b) |
recorre a vozes de vários escritores ingleses.
|
c) |
adverte sobre o uso distorcido da língua inglesa.
|
d) |
demonstra consciência de sua identidade linguística.
|
e) |
reconhece a incompreensão na sua maneira de falar inglês.
|
a) Incorreta. Ela diz que o Inglês que ela fala pode ser engraçado (The language I speak / ... / funny perhaps).
b) Incorreta. No texto, a autora afirma que a língua que ela fala expressa suas alegrias, anseios e esperanças. (It voices my joys, my longings my / Hopes...).
c) Incorreta. A autora apenas afirma que o seu Inglês tem distorções (its distortions), mas não faz nenhuma advertência
d) Correta. A autora diz claramente que a língua que ela fala torna-se dela com suas distorções, estranhezas, meio inglês, meio indiano:
(...The language I speak / Becomes mine, its distortions, its queerness
/ All mine, mine alone, it is half English, half / Indian).
e) Incorreta. Ela afirma, na verdade, que a língua usada por ela consegue transmitir suas alegrias, anseios e esperanças (It voices my joys, my longings my / Hopes...), portanto, não há reconhecimento da incompreensão na sua maneira de falar inglês.
Para responder às questões de 02 a 06, leia o trecho de uma carta enviada por Antônio Vieira ao rei D. João IV em 4 de abril de 1654.
No fim da carta de que V. M.1 me fez mercê me manda V. M. diga meu parecer sobre a conveniência de haver neste estado ou dois capitães-mores ou um só governador.
Eu, Senhor, razões políticas nunca as soube, e hoje as sei muito menos; mas por obedecer direi toscamente o que me parece.
Digo que menos mal será um ladrão que dois; e que mais dificultoso serão de achar dois homens de bem que um. Sendo propostos a Catão dois cidadãos romanos para o provimento de duas praças, respondeu que ambos lhe descontentavam: um porque nada tinha, outro porque nada lhe bastava. Tais são os dois capitães-mores em que se repartiu este governo: Baltasar de Sousa não tem nada, Inácio do Rego não lhe basta nada; e eu não sei qual é maior tentação, se a 1 , se a 2 . Tudo quanto há na capitania do Pará, tirando as terras, não vale 10 mil cruzados, como é notório, e desta terra há-de tirar Inácio do Rego mais de 100 mil cruzados em três anos, segundo se lhe vão logrando bem as indústrias.
Tudo isto sai do sangue e do suor dos tristes índios, aos quais trata como tão escravos seus, que nenhum tem liberdade nem para deixar de servir a ele nem para poder servir a outrem; o que, além da injustiça que se faz aos índios, é ocasião de padecerem muitas necessidades os portugueses e de perecerem os pobres. Em uma capitania destas confessei uma pobre mulher, das que vieram das Ilhas, a qual me disse com muitas lágrimas que, dos nove filhos que tivera, lhe morreram em três meses cinco filhos, de pura fome e desamparo; e, consolando-a eu pela morte de tantos filhos, respondeu-me: “Padre, não são esses os por que eu choro, senão pelos quatro que tenho vivos sem ter com que os sustentar, e peço a Deus todos os dias que me os leve também.”
São lastimosas as misérias que passa esta pobre gente das Ilhas, porque, como não têm com que agradecer, se algum índio se reparte não lhe chega a eles, senão aos poderosos; e é este um desamparo a que V. M. por piedade deverá mandar acudir. Tornando aos índios do Pará, dos quais, como dizia, se serve quem ali governa como se foram seus escravos, e os traz quase todos ocupados em seus interesses, principalmente no dos tabacos, obriga-me a consciência a manifestar a V. M. os grandes pecados que por ocasião deste serviço se cometem.
(Sérgio Rodrigues (org.). Cartas brasileiras, 2017. Adaptado.)
1 V. M.: Vossa Majestade.
Com o impacto das tecnologias e a ampliação das redes sociais, consumidores encontram na internet possibilidades de opinar sobre serviços oferecidos. Nesse sentido, o segundo texto, que é um comentário sobre o site divulgado no primeiro, apresenta a intenção do autor de
a) |
elogiar o trabalho proposto para a educação nessa era tecnológica.
|
b) |
reforçar como a mídia pode contribuir para revolucionar a educação.
|
c) |
chamar a atenção das pessoas influentes para o significado da educação.
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d) |
destacar que o site tem melhores resultados do que a educação tradicional.
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e) |
criticar a concepção de educação em que se baseia a organização.
|
a) Incorreta. Ela faz ressalvas e críticas à forma como a mídia e as pessoas com dinheiro veem a educação (For me, the problem is the way Khan Academy is being promoted. The way the media sees it as “revolutionizing education”. The way people with power and Money view education).
b) Incorreta. Ela apenas questiona a mídia no sentido de que a mídia não tem um efeito positivo sobre a educação (The way the media sees it as “revolutionizing education”. The way people with power and money view education as simply “sit-and-get”).
c) Incorreta. Ela apenas menciona que as pessoas influentes têm uma posição semelhante à da mídia (The way the media sees it as “revolutionizing education”. The way people with power and money view education as simply “sit-and-get”).
d) Incorreta. Ao afirmar que educadores progressistas fazem coisas melhores, o texto faz uma crítica, e não um elogio a Khan Academy (But TRUE progressive educators, TRUE education visionaries and revolutionaries don’t want to do these things better. We want to DO BETTER THINGS).
e) Correta. O segundo texto diz que se ensinar é contar e aprender é escutar, Khan Academy faz isso melhor (Teaching is telling and learning is listening, then Khan Academy is way more efficient than classroom lecturing. Khan Academy does it better), mas que verdadeiros educadores querem fazer coisas melhores, e não fazer melhor essas coisas (But TRUE progressive educators, TRUE education visionaries and revolutionaries don’t want to do these things better. We want to DO BETTER THINGS).
Para responder às questões de 02 a 06, leia o trecho de uma carta enviada por Antônio Vieira ao rei D. João IV em 4 de abril de 1654.
No fim da carta de que V. M.1 me fez mercê me manda V. M. diga meu parecer sobre a conveniência de haver neste estado ou dois capitães-mores ou um só governador.
Eu, Senhor, razões políticas nunca as soube, e hoje as sei muito menos; mas por obedecer direi toscamente o que me parece.
Digo que menos mal será um ladrão que dois; e que mais dificultoso serão de achar dois homens de bem que um. Sendo propostos a Catão dois cidadãos romanos para o provimento de duas praças, respondeu que ambos lhe descontentavam: um porque nada tinha, outro porque nada lhe bastava. Tais são os dois capitães-mores em que se repartiu este governo: Baltasar de Sousa não tem nada, Inácio do Rego não lhe basta nada; e eu não sei qual é maior tentação, se a 1 , se a 2 . Tudo quanto há na capitania do Pará, tirando as terras, não vale 10 mil cruzados, como é notório, e desta terra há-de tirar Inácio do Rego mais de 100 mil cruzados em três anos, segundo se lhe vão logrando bem as indústrias.
Tudo isto sai do sangue e do suor dos tristes índios, aos quais trata como tão escravos seus, que nenhum tem liberdade nem para deixar de servir a ele nem para poder servir a outrem; o que, além da injustiça que se faz aos índios, é ocasião de padecerem muitas necessidades os portugueses e de perecerem os pobres. Em uma capitania destas confessei uma pobre mulher, das que vieram das Ilhas, a qual me disse com muitas lágrimas que, dos nove filhos que tivera, lhe morreram em três meses cinco filhos, de pura fome e desamparo; e, consolando-a eu pela morte de tantos filhos, respondeu-me: “Padre, não são esses os por que eu choro, senão pelos quatro que tenho vivos sem ter com que os sustentar, e peço a Deus todos os dias que me os leve também.”
São lastimosas as misérias que passa esta pobre gente das Ilhas, porque, como não têm com que agradecer, se algum índio se reparte não lhe chega a eles, senão aos poderosos; e é este um desamparo a que V. M. por piedade deverá mandar acudir. Tornando aos índios do Pará, dos quais, como dizia, se serve quem ali governa como se foram seus escravos, e os traz quase todos ocupados em seus interesses, principalmente no dos tabacos, obriga-me a consciência a manifestar a V. M. os grandes pecados que por ocasião deste serviço se cometem.
(Sérgio Rodrigues (org.). Cartas brasileiras, 2017. Adaptado.)
1 V. M.: Vossa Majestade.
No cartum, a crítica está no fato de a sociedade exigir do adolescente que
a) |
se aposente prematuramente.
|
b) |
amadureça precocemente.
|
c) |
estude aplicadamente.
|
d) |
se forme rapidamente.
|
e) |
ouça atentamente.
|
Tradução do trecho relevante:
“Quando eu tinha 5 anos, todos me falaram para ser um menino crescidinho. Quando eu tinha 10, me falaram para ser mais maduro. Agora dizem que está na hora de começar a agir como adulto.”
“Crescidinho”, “maduro” e “adulto” remetem à maturidade, e as idades (5 anos, 10 anos e hoje – adolescente), a períodos da vida que antecedem a “maturidade” descrita no texto. Assim, o cartum tem como objetivo criticar o fato de a sociedade exigir do adolescente que amadureça precocemente, conforme se lê na alternativa B.
Para responder às questões de 02 a 06, leia o trecho de uma carta enviada por Antônio Vieira ao rei D. João IV em 4 de abril de 1654.
No fim da carta de que V. M.1 me fez mercê me manda V. M. diga meu parecer sobre a conveniência de haver neste estado ou dois capitães-mores ou um só governador.
Eu, Senhor, razões políticas nunca as soube, e hoje as sei muito menos; mas por obedecer direi toscamente o que me parece.
Digo que menos mal será um ladrão que dois; e que mais dificultoso serão de achar dois homens de bem que um. Sendo propostos a Catão dois cidadãos romanos para o provimento de duas praças, respondeu que ambos lhe descontentavam: um porque nada tinha, outro porque nada lhe bastava. Tais são os dois capitães-mores em que se repartiu este governo: Baltasar de Sousa não tem nada, Inácio do Rego não lhe basta nada; e eu não sei qual é maior tentação, se a 1 , se a 2 . Tudo quanto há na capitania do Pará, tirando as terras, não vale 10 mil cruzados, como é notório, e desta terra há-de tirar Inácio do Rego mais de 100 mil cruzados em três anos, segundo se lhe vão logrando bem as indústrias.
Tudo isto sai do sangue e do suor dos tristes índios, aos quais trata como tão escravos seus, que nenhum tem liberdade nem para deixar de servir a ele nem para poder servir a outrem; o que, além da injustiça que se faz aos índios, é ocasião de padecerem muitas necessidades os portugueses e de perecerem os pobres. Em uma capitania destas confessei uma pobre mulher, das que vieram das Ilhas, a qual me disse com muitas lágrimas que, dos nove filhos que tivera, lhe morreram em três meses cinco filhos, de pura fome e desamparo; e, consolando-a eu pela morte de tantos filhos, respondeu-me: “Padre, não são esses os por que eu choro, senão pelos quatro que tenho vivos sem ter com que os sustentar, e peço a Deus todos os dias que me os leve também.”
São lastimosas as misérias que passa esta pobre gente das Ilhas, porque, como não têm com que agradecer, se algum índio se reparte não lhe chega a eles, senão aos poderosos; e é este um desamparo a que V. M. por piedade deverá mandar acudir. Tornando aos índios do Pará, dos quais, como dizia, se serve quem ali governa como se foram seus escravos, e os traz quase todos ocupados em seus interesses, principalmente no dos tabacos, obriga-me a consciência a manifestar a V. M. os grandes pecados que por ocasião deste serviço se cometem.
(Sérgio Rodrigues (org.). Cartas brasileiras, 2017. Adaptado.)
1 V. M.: Vossa Majestade.
Na apresentação da paisagem e da personagem, o narrador estabelece uma correlação de sentidos em que esses elementos se entrelaçam. Nesse processo, a condição humana configura-se
a) |
amalgamada pelo processo comum de desertificação e de solidão. |
b) |
fortalecida pela adversidade extensiva à terra e aos seres vivos. |
c) |
redimensionada pela intensidade da luz e da exuberância local. |
d) |
imersa num drama existencial de identidade e de origem. |
e) |
imobilizada pela escassez e pela opressão do ambiente. |
a) Correta. A personagem feminina, “magra, ossuda”, cujo rosto “está lanhado de vento”, é descrita como “uma aridez sufocante”. Essa secura desértica se imiscui na paisagem arenosa, em que “o sol explode”.
b) Incorreta. Em vez de adversa, a descrição aproxima personagem e cenário no mesmo plano de sequidão. Não se descreve a passagem de um estado menos forte ao outro de maior força, mas dilui-se a mulher no seu entorno.
c) Incorreta. Não se trata da exuberância, mas do vazio, da escassez dos recursos que rodeiam a mulher ressequida que se iguala à pedra a que se apõe, “é quase de pedra como a pedra a seu lado”.
d) Incorreta. A personagem está em consonância com o ambiente que a cerca, sem que se note drama ou tensão ontológica, sua existência passa apenas a ser.
e) Incorreta. A mobilidade de sua sombra é “que adoça como um gesto a claridade esquelética”. Assim, não se fala em uma mulher “imobilizada”, mas que se move segundo seu arredor.
Aconteceu mais de uma vez: ele me abandonou. Como todos os outros. O quinto. A gente já estava junto há mais de um ano. Parecia que dessa vez seria para sempre. Mas não: ele desapareceu de repente, sem deixar rastro. Quando me dei conta, fiquei horas ligando sem parar – mas só chamava, chamava, e ninguém atendia. E então fiz o que precisava ser feito: bloqueei a linha.
A verdade é que nenhum telefone celular me suporta. Já tentei de todas as marcas e operadoras, apenas para descobrir que eles são todos iguais: na primeira oportunidade, dão no pé. Esse último aproveitou que eu estava distraído e não desceu do táxi junto comigo. Ou será que ele já tinha pulado do meu bolso no momento em que eu embarcava no táxi? Tomara que sim. Depois de fazer o que me fez, quero mais é que ele tenha ido parar na sarjeta. [...] Se ainda fossem embora do jeito que chegaram, tudo bem. [...] Mas já sei o que vou fazer. No caminho da loja de celulares, vou passar numa papelaria. Pensando bem, nenhuma das minhas agendinhas de papel jamais me abandonou.
FREIRE, R. Começar de novo. O Estado de S. Paulo, 24 nov. 2006.
Nesse fragmento, a fim de atrair a atenção do leitor e de estabelecer um fio condutor de sentido, o autor utiliza-se de
a) |
primeira pessoa do singular para imprimir subjetividade ao relato de mais uma desilusão amorosa. |
b) |
ironia para tratar da relação com os celulares na era de produtos altamente descartáveis. |
c) |
frases feitas na apresentação de situações amorosas estereotipadas para construir a ambientação do texto. |
d) |
quebra de expectativa como estratégia argumentativa para ocultar informações |
e) |
verbos no tempo pretérito para enfatizar uma aproximação com os fatos abordados ao longo do texto. |
a) Incorreta.O texto que acompanha o último emoticon compromete a assertiva que se faz nessa alternativa, uma vez que há descontentamento com os rótulos nesse caso.
b) Incorreta. A crítica feita ao autor não tem a ver com a durabilidade dos aparelhos ou com a obsolescência programada deles. Parece ser mais a constatação de sua incapacidade de manter-se com os celulares em seu poder.
c) Correta. As escolhas discursivas feitas pelo autor no primeiro parágrafo do texto remetem o leitor à temática amorosa. A personificação do celular, com o qual já se esteve junto antes, numa relação que parecia ser para sempre e que termina com o abandono etc., é indício dessa estratégia de criar uma expectativa que será frustrada a seguir.
d) Incorreta. Não se pode falar de ocultação de informações, mas de uma narrativa que vai aos poucos revelando o seu tema, exposto criativamente pela analogia com uma relação afetiva.
e) Incorreta. O pretérito perfeito que predomina nas passagens narrativas da crônica não tem a finalidade de aproximar os eventos. Nesse caso, a enunciação poderia preferir o presente do indicativo.
Enquanto isso, nos bastidores do universo
Você planeja passar um longo tempo em outro país, trabalhando e estudando, mas o universo está preparando a chegada de um amor daqueles de tirar o chão, um amor que fará você jogar fora seu atlas e criar raízes no quintal como se fosse uma figueira.
Você treina para a maratona mais desafiadora de todas, mas não chegará com as duas pernas intactas na hora da largada, e a primeira perplexidade será esta: a experiência da frustração.
O universo nunca entrega o que promete. Aliás, ele nunca prometeu nada, você é que escuta vozes.
No dia em que você pensa que não tem nada a dizer para o analista, faz a revelação mais bombástica dos seus dois anos de terapia. O resultado de ume exame de rotina coloca sua rotina de cabeça para baixo. Você não imaginava que iriam tantos amigos à sua festa, e tampouco imaginou que justo sua grande paixão não iria. Quando achou que estava bela, não arrasou corações. Quando saiu sem maquiagem e com uma camiseta puída, chamou a atenção. E assim seguem os dias à prova de planejamento e contrariando nossas vontades, pois, por mais que tenhamos ensaiado nossa fala e estejamos preparados para a melhor cena, nos bastidores do universo alguém troca nosso papel de última hora, tornando surpreendente a nossa vida.
MEDEIROS, M. O Globo. 21 jun. 2015.
Entre as estratégias argumentativas utilizadas para sustentar a tese apresentada nesse fragmento, destaca-se a recorrência de
a) |
estruturas sintáticas semelhantes, para reforçar a velocidade das mudanças da vida.
|
b) |
marcas de interlocução, para aproximar o leitor das experiências vividas pela autora.
|
c) |
formas verbais no presente, para exprimir reais possibilidades de concretização das ações.
|
d) |
construções de oposição, para enfatizar que as expectativas são afetadas pelo inesperado.
|
e) |
sequências descritivas, para promover a identificação do leitor com as situações apresentadas.
|
a) Incorreta. Ainda que haja a recorrência de algumas estruturas sintáticas, a intenção não é ressaltar a “velocidade das mudanças da vida”, mas a imprevisibilidade dos “bastidores do universo”.
b) Incorreta. Ao contrário, a interlocução, repetidas vezes frisando “você”, tem como objetivo levar o leitor a imaginar situações que corroboram a tese da contingência, defendida pelo texto.
c) Incorreta. Não se trata de “reais possibilidades”, mas de situações hipotéticas que seguem a fórmula “[se] você pensa x, o universo entrega y”.
d) Correta. A fim de sustentar sua tese, o autor apresenta situações que levariam a um certo encaminhamento e seu desfecho improvável, que contrariaria as expectativas criadas. Em duas passagens, a presença da conjunção “mas” reforça o caráter de oposição: “Você planeja passar um longo tempo em outro país, […] mas...”; “Você treina para a maratona mais desafiadora de todas, mas...”.
e) Incorreta. As sequências não são meramente descritivas, mas argumentativas, pois lidam com a não confirmação das expectativas previamente estabelecidas.
Leia o soneto “VII”, de Cláudio Manuel da Costa, para responder
às questões de 09 a 13.
Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado,
E em contemplá-lo, tímido, esmoreço.
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado;
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!
Árvores aqui vi tão florescentes,
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.
Eu me engano: a região esta não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera!
(Cláudio Manuel da Costa. Obras, 2002.)
Da perspectiva do usuário, o pajubá ganha status de dialeto, caracterizando-se como elemento de patrimônio linguístico, especialmente por
a) |
ter mais de mil palavras conhecidas. |
b) |
ter palavras diferentes de uma linguagem secreta. |
c) |
ser consolidado por objetos formais de registro. |
d) |
ser utilizado por advogados em situações formais. |
e) |
ser comum em conversas no ambiente de trabalho. |
a) Incorreta. O número de palavras de um dialeto ou variedade linguística não é suficiente para justificar o status para seus usuários. Eles procuram a referendação em outras instâncias sociais.
b) Incorreta. O pajubá é um código de circulação restrita à comunidade LGBT+, que a notícia descreve como “dialeto secreto”, portanto, “ter palavras diferentes de uma linguagem secreta” não seria o critério para atribuir-lhe status de dialeto.
c) Correta. Senso comum, os falantes de uma língua procuram nos “objetos formais de registro”, como dicionários, gramáticas e livros didáticos, a validação de suas intuições como usuários de uma variedade da língua. É o que, talvez inconscientemente, faça o advogado entrevistado: “Tá na internet, tem até dicionário”. Além dessa formalização escrita, evidentemente, podemos considerar um dialeto como um feixe de marcas linguísticas de natureza semântico-lexical, morfossintática e fonético-morfológica, circunscrito a uma comunidade inserida numa comunidade maior de usuários da mesma língua, o que já atribuiria ao pajubá esse referido status.
d) Incorreta. Essa alternativa não encontra sustentação no texto, uma vez que o advogado afirma que não emprega o pajubá em “ambientes mais formais”.
e) Incorreta. Esse uso mais generalizado, que invade inclusive os locais de trabalho, como noticiado no texto da matéria, não necessariamente dá status de dialeto a uma variedade.