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Questão 9 Enem 2018 - dia 1

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Questão 9

textos científicos e de divulgação científica

Leia o soneto “VII”, de Cláudio Manuel da Costa, para responder
às questões de 09 a 13.
Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado,
E em contemplá-lo, tímido, esmoreço.
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado;
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!
Árvores aqui vi tão florescentes,
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.
Eu me engano: a região esta não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera!
(Cláudio Manuel da Costa. Obras, 2002.)


Da perspectiva do usuário, o pajubá ganha status de dialeto, caracterizando-se como elemento de patrimônio linguístico, especialmente por

 



a)

ter mais de mil palavras conhecidas.

b)

ter palavras diferentes de uma linguagem secreta.

c)

ser consolidado por objetos formais de registro.

d)

ser utilizado por advogados em situações formais.

e)

ser comum em conversas no ambiente de trabalho.

Resolução

a) Incorreta. O número de palavras de um dialeto ou variedade linguística não é suficiente para justificar o status para seus usuários. Eles procuram a referendação em outras instâncias sociais.

b) Incorreta. O pajubá é um código de circulação restrita à comunidade LGBT+, que a notícia descreve como “dialeto secreto”, portanto, “ter palavras diferentes de uma linguagem secreta” não seria o critério para atribuir-lhe status de dialeto.

c) Correta. Senso comum, os falantes de uma língua procuram nos “objetos formais de registro”, como dicionários, gramáticas e livros didáticos, a validação de suas intuições como usuários de uma variedade da língua. É o que, talvez inconscientemente, faça o advogado entrevistado: “Tá na internet, tem até dicionário”. Além dessa formalização escrita, evidentemente, podemos considerar um dialeto como um feixe de marcas linguísticas de natureza semântico-lexical, morfossintática e fonético-morfológica, circunscrito a uma comunidade inserida numa comunidade maior de usuários da mesma língua, o que já atribuiria ao pajubá esse referido status.

d) Incorreta. Essa alternativa não encontra sustentação no texto, uma vez que o advogado afirma que não emprega o pajubá em “ambientes mais formais”.

e) Incorreta. Esse uso mais generalizado, que invade inclusive os locais de trabalho, como noticiado no texto da matéria, não necessariamente dá status de dialeto a uma variedade.